Um dos maiores cérebros da propaganda golpista

Por Jota A. Botelho

Joseph Goebbels, o cérebro da propaganda nazista de Hitler, nos é denunciado através do ator que lê as páginas de seu diário revelando o interior do homem e a maior parte dos seus pensamentos. 

Joseph Goebbels (1897-1945) era um símbolo do regime nazista da Alemanha do século vinte e um ícone maníaco da crueldade. Seu nome foi sinônimo de cinismo e sem escrúpulos. A vida de Goebbels é bem mais complexa e perturbadora do que rótulos como “gênio da propaganda” ou “mentiroso-geral do Reich” iriam sugerir. O documentário mostra como Goebbels continuamente reinventou-se, desde seus primeiros tempos como um radical “popular socialista” até o seu trágico fim. O filme deixa que ele fale por si mesmo (via o ator que lê suas páginas), através do diário que manteve sem interrupção de 1924 a 1945, como nunca visto antes em filmagens históricas no cinema alemão. Os arquivos traçam a vida do segundo homem mais poderoso do Terceiro Reich, detalhando sua primeira atração para o partido nazista de Hitler e sua adoração pelo Führer. Um golpista inigualável até os nossos dias, apesar de tantos imitadores pelo mundo afora, sobretudo no Brasil de hoje em dia.

O EXPERIMENTO DE GOEBBELS 

Muito já foi produzido sobre Adolf Hitler. Documentários e filmes nos ajudaram a tentar entender o que se passava em sua mente. Mas, e sobre os seus asseclas? Em O Experimento de Goebbels (Das Goebbels-Experiment, 2005) temos contato com as ideias do ministro da propaganda nazista e braço direito do Führer.

O ótimo documentário do cineasta Lutz Hachmeister apresenta um perfil definitivo da personalidade de Joseph Goebbels. O seu conteúdo é uma coleção de imagens de arquivo pontuadas com a sensacional narração do ator Kenneth Branagh. Suas falas são tiradas diretamente do diário de Goebbels. O ministro alemão mantinha um relato preciso de suas ideias e acontecimentos desde 1924 até a sua morte, em 1945. Branagh as lê de forma tão convincente que, depois de algum tempo, acreditamos ser o próprio Goebbels quem está nos revelando suas ideias.

Suas crises de depressão estão lá, como também está a sua obsessão por dinheiro. Ele fala até de sua dificuldade em arrumar uma namorada durante a sua juventude e vemos como ele praticamente santifica sua mãe. O mais irônico é que ele não acreditava em nenhuma religião que não fosse o partido. Percebemos no texto paranoia, oportunismo e suas jogadas políticas.

No começo, Goebbels achava que o seu cargo no regime alemão era uma manobra para limitar o seu poder. Conforme vai passando, ele percebe o quanto o seu departamento foi importante para a ascensão do nazismo. No filme, temos contato também com a sua lista de desafetos. O chefe da SS Heinrich Himmler o odiava. Ele não consegue se decidir sobre Hermann Goering. Primeiro é um viciado em morfina, depois um cara bacana. Mais tarde muda de opinião e diz que ele é uma vergonha para o partido. Fora essas picuinhas, no diário descobrimos sua opinião sobre propaganda e cinema. Ele reconhece no cinema russo um belo discurso do regime comunista.

Um fator que merecia ser lembrado era o brilhante documentário O triunfo da vontade (1935), da diretora Leni Riefenstahl, considerado até hoje o maior exemplo de como se fazer propaganda. Ignorar essa obra-prima num documentário sobre o Goebbels é um equívoco. Pelo menos ele mostra Leni recebendo uma premiação do próprio Goebbels por Olympia, dirigido por ela em 1936.

Sua arrogância a cada vitória do exército alemão é descrita com um ar de superioridade que talvez nem Freud conseguiria explicar. Sua segunda paixão avassaladora é por sua esposa Magda. Mas sua devoção por Hitler é doentia. Ele via em seu governante uma espécie de Messias. No filme, ficamos sabendo como ele ficava triste toda vez que não estava perto de Hitler ou era obrigado a se despedir dele. Ele chega colocar o Führer e o partido acima de qualquer outro sentimento, inclusive de sua família. Tanto que ele não hesitou em matar seus filhos, sua esposa e a si mesmo logo depois do suicídio de Hitler.

Suas ideias sobre os judeus são tão estapafúrdias que chegam a provocar gargalhadas, tamanhos são os absurdos. Talvez o diretor devesse ter intercalado nesse momento cenas da barbárie cometidas pelos nazistas, para que a reação fosse outra. Por trás de toda a insanidade notamos um talento para enganar as massas. Infelizmente temos que dar a mão à palmatória, pois ele foi um dos alicerces do regime. Os filmes produzidos pelo governo enganaram o povo alemão. E suas manobras e táticas até hoje iludem os menos esclarecidos. (…)
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Crítica de Mário ‘Fanaticc’ Abbade, publicada no Site Omelete-Sobre/Críticas quando da exibição do filme na Mostra SP – 2005 – Fotomangens: Jota A. Botelho 
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O Experimento de Goebbels / Das Goebbels-Experiment
Alemanha, 2005 / Documentário, Biografia / Direção: Lutz Hachmeister / Roteiro: Lutz Hachmeister, Michael Kloft  / Narração: Kenneth Branagh 

https://www.youtube.com/watch?v=xqDiS3ICchI align:center
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Saiba sobre os Diários de Goebbels AQUIAQUI & AQUI
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Jota Botelho

16 Comentários

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  1. Por falar em propaganda. O

    Por falar em propaganda. O Senhor Jornalista MITRE do Jornal da Band, esta convocando indiretamente a população a participar da manifestação do dia 16/08/2015 em seus comentários golpistas.

     

     

  2. O artigo acerta em cheio.

    O artigo acerta em cheio. Quem conhece um mínimo da história da propaganda política não deixou de notar que os ensinamentos de Goebbels estão por detrás de todas as artimanhas da imprensa direitosa nativa. Não quero fazer um juízo de valor sobre Goebbels, mas apenas focar o “técnico” e aqui não tenho dúvidas: tanto ele quanto Hitler foram geniais ao constatar que para controlar a vontade das massas é necessário despertar nela e utilizar contra ela seus preconceitos e medos mais profundos. Nisso foram insuperáveis. O pessoal do PiG nunca teve uma ideia nova. Sempre foram serviçais, mas isto, ao menos eles aprenderam direito. É só ver o resultado da campanha de ódio e do preconceito irrestrito contra o PT para comprovar o que escrevo. O homem comum, por incauto e ignorante, nem tem ideia do que acontece. E quando abre os olhos (se porventura o fizer) já é tarde demais.

    1. Parabéns pelo perfeito comentário!

      É verdade: ” O homem comum, por incauto e ignorante, nem tem ideia do que acontece “. Conheço muitas pessoas que jamais entenderam ou se importaram com política, que hoje tornaram-se ” experts”, mas apenas na condição de que política, é estar contra o governo, seguindo fanaticamente as informações obtidas através da mídia, e sem a menor percepção, têm seus cérebros lavados diariamente.  

      1. Marcos e Marly!

        Um ponto muito interessante do Globo como PIG é também sua técnica, como abordou Marcos em seu comentário  e que assombra.

        Quanto mais pobre e miserável a comunidade do mesmo modo religiões.

         Todos sabem e faz parte da tradição religiosa dos Marinhos serem católicos, logo a rede Globo sempre foi ativista e participante do clerical católico. Na década de 80 e 90 com a dificuldade econômica e politica do Brasil há um avanço muito grande das religiões cristas e ou evangélicas, por suas facilidades e flexibilidade em movimento e dinâmica com a pobreza, há de observa que a igreja tradicional no Brasil cresceu por comunidades e as evangélicas nas comunidades pobres, seja aqui, na América e em qualquer lugar do mundo, do que a católica e no outro extremo existe também as inflexibilidades evangélicas em seu crescimento contra determinada liberdades, sociais e politica, como drogas, gays, roupas e etc., inverso da modernização da católica no mesmo período.  

        Enfim, o que assombra são os malabarismos técnicos que a rede Globo faz e organiza em suas programações do jornal ate numa novela, se observa a técnica de enfrentamento e de posicionamento que não se mostrando aberto mais atuante são muito interessantes.

  3. Goebbels foi o inventor do

    Goebbels foi o inventor do moderno marketing politico mas a expressão “propaganda golpista”” é impropria. Hitler chegou ao poder não por um golpe mas por processo politico regular dentro da Constituição de Weimar, portanto não por golpe.

    Depois de instalado no poder como Chanceler Hitler atropelou a Constituição mas ai não necessitava mais de propaganda, foi pela força mesmo.

      1. Só tem uma “pequena”

        Só tem uma “pequena” diferença: Chaves não perseguiu etnias. Aliás, no lugar de perseguir e matar, entregou direitos sociais a camadas sociais historicamente desprotegidas. 

        1. 3200 presos politicos não é

          3200 presos politicos não é perseguição.

          O socialismo marxista a perseguição e sobre “classes”, não sobre etnias, apesar da antiga URSS, leste europeu,  e outros regimes socialistas perseguirem varias minorias.

      2. Quando Chaves tentou um golpe

        Quando Chaves tentou um golpe de estado na Venezuela o país vivia com metade da população na miséria. A pobreza chegava a 80%! Não existia democracia séria no país e até massacres contra a população o governo estava promovendo!

        Chaves também foi vítima de um golpe que encerrou com algumas canetadas vários dos principais direitos democráticos dos venezuelanos! Voltou ao poder nos braços do povo! O mesmo povo que tinha sido excluído do golpe oligárquico!

  4. “Por trás de toda a

    “Por trás de toda a insanidade notamos um talento para enganar as massas.”

    (Imprensa mercantilista… Algumas lideranças “evangélicas”… Movimentos “espontâneos” com financiamento duvidoso…)

    Ausência de autoridade do Estado legítimo e de lideranças populares robustas, antagônicas aos crescentes atos de violência (agressões públicas, atentados…), hoje como antanho permitem, estimulam, o manuseio (dominação) de relevante parcela da população que permanece distanciada das discussões políticas.

     

     

  5. Medo e poder
    “Adolf Hitler escreveu em sua autobiografia, Mein Kampf, que você tem que deixar o país sempre com medo se quiser permanecer na liderança. Mantenha o país sempre com medo de que o vizinho vá atacar, de que existam países que estejam planejando um ataque, que estejam se preparando para atacar — continue criando rumores. Nunca deixe as pessoas sossegadas, porque quando estão sossegadas elas não se importam com os políticos.

    Quando as pessoas estão realmente tranquilas, os políticos perdem o sentido.
    Mantenha as pessoas com medo e o político será poderoso.
    Sempre que há uma guerra, o político vira um grande homem. Churchill ou Hitler ou Stalin ou Mao — eles foram todos produtos da guerra. Se não houvesse uma Segunda Guerra Mundial, não haveria Winston Churchill e nenhum Hitler ou Stalin. A guerra cria situações, dá oportunidades para que as pessoas dominem e se tornem líderes. Com a política da mente acontece o mesmo.

    Osho

    1. Moises foi muito mais

      Moises foi muito mais pernicioso a humanidade que os líderes citados por vosmecê, meu caro Ze. Os meninos que envolveram o mundo na carnificina das duas Grandes Guerras do século XX, se confrontados com a obra que devasta a humanidade, desde o velho testamento até os massacres do povo palestino, não dá para achar que evoluimos.

       

      Orlando

       

  6. A cobertura que a impressa deu e dará ao atentado ao iLula

    Provará todas as teses que os blogs progressistas denunciam ao longo de todos esses anos: evidenciará o atributo golpista da mídia brasileira.

  7. E

    Estes traidores que almejam alvejar nossa democrocia, não passam de midiotas a serviço do PIG e do império.

    Aliás a ABIN, deveria investigar estes elementos, e confirmar o que cito!!

    Está mais que provado, pelas ações, que estão a soldo de interesses internacionais, e desesperados para tomarem o poder e serem estuprados como autrora !!!!!!!!!!!

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