Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Essa Nêga Fulô, em composições de Oswaldo Santiago e Waldemar Henrique

Por Luciano Hortencio

Pouca gente sabe, porém o poema Essa Negra Fulô, de Jorge de Lima, serviu de inspiração a dois compositores brasileiros, Oswaldo Santiago e Waldemar Henrique.

A primeira ESSA NÊGA FULÔ, um jongo,  foi gravada por Dorival Caymmi, acompanhado pelo Grande Conjunto de Benedicto Lacerda em disco Columbia 55292-A, matriz 435-2, no ano de 1941, sendo lançado no mesmo ano. Já a segunda, bem mais conhecida de todos, foi gravada por Jorge Fernades em 1955, disco Sinter. Recebeu ainda belíssima interpretação da soprano paraense Maria Helena Coelho Cardoso, acompanhada ao piano pelo próprio Waldemar Henrique.

Nosso agradecimento ao Arquivo Nirez, na pessoa de seu dirigente e idealizador Miguel Angelo Azevedo, pela disponibilização do fonograma gravado por Dorival Caymmi, em 1941.

Luciano Hortencio

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  1. Lanço o meu olhar sobre o Brasil

                       E não entendo nada

                       Os brancos ficam vermelhos
                       E os negros não

                       A dança das ancas
                       O andar das mulatas

    o preto é bonito 2 Black is Beautiful (34 Fotos) o preto é bonito 7 Black is Beautiful (34 Fotos)

                      Os brancos têm culpa e castigo
                      E os negros têm os santos

    [video:https://youtu.be/MSjzKbkbFeg width:520]

  2. Essa Nêga Furou

     

                       Essa nêga “furou comigo”

                       Marquei um encontro no boteco

                       Ela foi se benzer com o pastor

                     Reco reco Madeira

                       Deixou a minha cuíca e o reco reco

                       Pra orar pra nosso Senhor

                       Ninguém merece esse castigo

                                        

    1. Qual o quê!

      Meu Rei,

      Só se a Nêga não tivesse juízo. Onde já se viu?  Releve. A Nêga deve ter tido que cuidar da vida logo cedo e não foi ao boteco, mas chorou de saudade e lamentou cada momento longe de você. Já, já, ela estará de volta e vai te acalentar e te reencontrar ainda mais saudosa.

      É bem capaz dela ter deixado algum recado para você lá pelo boteco.  Passa lá depois, quem sabe tem um bilhete pra você…

      A Nega feita apenas para amar, como ensinou o Poetinha, está contigo! Não se perca dela, Guru! 

      E falando em Nêga e na tua Nêga, vamos lembrar de Sinal Fechado, do trovador maravilhoso, elegante e de alma totalmente negra: Paulinho da Viola.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=IEUPH1A7YkM%5D

      Não se perca, não esqueça…

    1. Com carinho

                          Receba Mestre
                          O GRANDE PERÚ NEGRO

      “Toro Mata” foi politicamente desenvolvida como reação à conquista do Peru pela Espanha.

      A dança de “Toro Mata” também zomba e parodia as valsas estilizadas dos conquistadores europeus. 

      [video:https://youtu.be/4NY0FqpZ1jQ width:600]

      “Toro Mata” é  influenciada por ritmos afro-peruanos e, ao longo dos anos, tornou-se um hino popular no Peru.

      Até o início do século 20, “Toro Mata” foi perdendo popularidade, mas ressurgiu junto com o renascimento da música criolla a partir da década de 1950.

      Uma das versões mais famosas de “Toro Mata” foi entregue por Carlos Soto de la Colina – também conhecido como Caitro Soto – em 1973.

      “Toro Mata” também tem sido interpretada por músicos peruano como Susana Baca, Eva Ayllon, Peru Negro e Lucila Campos. 

      Há muitas versões diferentes de “Toro Mata” dentro do Peru, com ligeiras diferenças de conteúdo, embora todas estejam inspiradas em um touro matador. 

      A canção ganhou popularidade fora do Peru, quando a artista cubana Celia Cruz gravou uma versão da música jogada como salsa.

      As informações são blog Pancocojams.

  3. Ô fulô, ô Fulô!

    Mestre Lulu, explique o que não consigo atinar: ontem no post do Sebastião Nunes sobre preconceito — que entendi como uma provocação aos sinhozinhos herdeiros da Casa Grande — comentei que Vinicius, apesar de burgês, foi o “branco mais negro do Brasil”, o maior baiano desde Caribé, inclusive se casou como uma baiana mestiça. Enfim, nunca senti na essência de Vinicius qualquer preconceito de classe ou de cor. Mas parece que la no post, onde postei o Samba da Benção, deixaram entender que sim. E você, Lulu, que é “entendido” ai no ‘pessoar’ da boa musica brasileira, que pensa disso ? Vinicius, tais quais Freire, Bandeira, Nava e Cabral de Mello Neto, seria mais um enrustido preconceituoso sinhozinho disfarçado de abolicionista moderno? Quanta provocação, diria o Abujamra, não é ? 🙂

    [video:https://youtu.be/xs_tLGrYbE4%5D

    1. Apertando sem abraçar…

      Amiga Maria Luisa,

      Aqui usamos muito essa expressão popular ” me apertou sem  me abraçar”, sempre que um amigo faz uma pergunta difícil ou indiscreta, etc. etc. etc.

      Em realidade me senti apertado sem abraço com a pergunta. Dificílimo julgar, sobretudo o preconceito. Sabe-se lá o que vai no âmago das pessoas? Gonzaguinha, em MUU CORAÇÃO É UM PANDEIRO, que anexo abaixo na interpretação de Marlene, diz em certo trecho “aqui não há preconceito, o negro tem alma branca”… Alma branca por que? Isso não seria preconceito? Não acredido, de sã consciência, que Gonzaguinha fosse preconceituoso, até porque poderia ser tudo, menos branco! Tinha adoração por Dina, que praticamente o criou e adorava o ambiente em que foi criado “Diga pra dina que eu volto, que seu guri não sumiu”… No entanto consta essa frase na composição. Devolvo a pergunta para Madame: é ou não preconceituosa essa frase?

      Há algum tempo postei o cearense Catulo de Paula interpretando PAU DE ARARA, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes. confesso humildemente que quase desisto de fazer a edição. Na condição de nordestino e cearense me dói profundamente qualquer vislumbre de preconceito, por mais velado que seja. Mais uma vez, volto a devolver a pergunta: há preconceito na letra que se quer humorística?

      Quem somos nós para julgar quem quer que seja. Eu não creio em bruxas, porém, que existem, existem… Ora se se…

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=m8n6e-po-_o%5D

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=oQ11KSjtbC4%5D

      1. Sem explicação

         

                           E a vida que ardia
                           Sem explicação

                           Derrubando com assombro exemplar
                           O que os astrônomos diriam se tratar
                           de um outro cometa

                           Não digo que não me surpreendi
                           Antes que eu visse, você disse
                           E eu não pude acreditar

                           Poetas do apocalispse, visionários e loucos e não têm explicação…

                          [video:https://youtu.be/1xdS-9zOUZQ%5D

      2. Na vida, a gente tem que ter lado

        Sim, nunca se sabe o que vai no âmago das pessoas e nem até que ponto o preconceito, muito mais que o racismo, nos é intrinseco. Mas essa frase de Gonzaguinha é uma provocação, uma ironia com o Brasil onde todos fingem que não tem preconceito, não é ? Inclusive o negro, durante muito tempo, fingia que não era discriminado e alguns faziam de tudo para se parecerem com os brancos. A violência do preconceito à brasileira era/é tanta, que muitos sucubem para “fazer parte da sociedade.” 

        Tenho um colega jornalista, que certa vez, no aeroporto do Rio, foi resolver um problema com a reserva dele, e no guichet havia um atendende “branco”, que lhe disse “para um negro, você até que é bem educado…” Então, meu colega sabia qual era o seu lugar, não é? E isso data de alguns anos apenas. 

         

          1. pá e bola

             

            Diga o queijo: Neymar posa com um jovem fã do Sul Africano, que invadiu o campo Levantá-lo: O menino olha encantado como jogadores do Brasil segurá-lo sobre suas cabeças Chappy insolente: Marcelo compartilha uma piada com um jovem fã antes do jogo

            Imagem de orgulho: O menino olha encantado em Soweto como os superstars mostrar seu lado tipo

            Diversão inofensiva: David Luiz, Neymar, Marcelo e Co levantar o garoto em campo

            05/03/2014: um glorioso dia para um atrevido fã do futebol brasileiro na África do Sul

            [video:https://youtu.be/cMYLJiK2jag width:530]                 

                                bato bola invasivo
                                meto os pés pelas mãos
                                nos “postinhos” do lulu
                                que aceita provocação
                                e mete a bola no chão
                                não tem sentido
                                ser repetitivo
                                caga-regra
                                aporrinhativo
                                onde não há interação
                                curo o meu estresse
                                neste papo de boteco
                                (golaço: goool do messi)
                                o jogo é frenético
                                (mais um: goool do neymar)

                                Resultado de imagem para neymar champions league juventus goal

                                (gol da anna prá fechar a tampa do caixão… ela pode)

                                lulú pára de olhar prá mulata gostosa; não é pro seu bico

                                                      mas
                                                      aproveita
                                                      molha o bico
                                                      solta mais um post

            [video:https://youtu.be/J0peI8f6W3U width:530]                  

          2. A realidade era/é essa

            Mas essas duas musicas são restratos do Brasil ! Ou não somos isso? Qual o problema com elas? Não são essas musicas que são racistas e preconceituosas. Eu acho, e você sabe, que os autores quiseram falar de nossas misérias social e cultural. No mais, encerro questão com o Jair e a Anna. 

             

    2. “Nossa” tradição cultural é

      “Nossa” tradição cultural é mesmo patriarcal, machista e racista, e dela sempre fica algum resíduo mesmo em quem luta contra ela. Mas isso não quer dizer que esses artistas sejam só isso, ou tudo isso. Aliás, colaboraram no combate à ignorância e ao preconceito que alicerçam grande parte das elites sociais no Brasil, através de sua arte. E a arte, como toda linguagem, é ambígua, e deixa transparecer o que liga alguma de suas manifestações ao seu solo cultural e ao que formou esses artistas, tanto individualmente quanto em termos de classe e origem étnica. Alguns diriam hoje que o belo e famoso poema de Jorge de Lima, por exemplo, é patriarcal e machista ao louvar a jovem negra como objeto de desejo sexual. Mas a coisa é tão ambígua que esse ponto de vista acaba por abalar o próprio racismo que o fundamentaria. Basta ler e ouvir com atenção.

      1. Nossa História

        E quem pode ser definido por um verso, uma reminiscência da infância, uma condicionante cultural?  Este tipo de discussão é relevante para quem?

        A depuração dos nossos atavismos ainda não se completou – basta olhar para nossa vida cotidiana. E quem sabe se um dia se completará, pois neste mesmo instante, tantas outras marcas culturais estão a entranhar-se em nós!  Tantas outras impressões que nem sequer percebemos; sensações ainda não depuradas, mas já experimentadas e registradas na psiquê.

        O conhecimento estéril é parlatório. A arte nos tocou? A beleza das moças é real?  Nos encheu os olhos, nos fez viver?  Vai nos transformar e nos tornar mais sensíveis?

        Carpe diem!

  4. a fila andou

                      A Nêga furou comigo
                      e pode querer repeteco,
                      ao sentir saudade de mim,
                      da pegada, do reco-reco,
                      do pandeiro ou de um tamborim.
                      Mas não aceito o argumento.
                      Ela merece o castigo.
                      Acabou o nheco nheco,
                      porque a fila andou enfim.

                      [video:https://youtu.be/T1gB9Dwn7Ek%5D

  5. Raridade, hem, Luciano? Não conhecia essa versão.

    Jorge de Lima em sua segunda fase, a dos poemas “negristas”. Segue então a “Mulata sarará”, poema do grande e hoje pouco lembrado Ascenso Ferreira, outro belo poeta modernista do nordeste.  Tinha um vozeirão e gravou muito bem alguns de seus poemas. Aliás, Luciano, se achar esse disco, avise-me, por favor. Sou grande fã do poeta de “Vou danado pra Catende”. Tenho até um livro dele autografado. Mas nunca achei o disco.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=a2pDljBY0E%5D

     

    1. Amigo Jair,

      Além de MULATA SARARÁ, Ascenso Ferreira gravou, pelos menos, esses quatro poemas:

      A cavalhada (Ascenso Ferreira) Ascenso Ferreira (declamação) Poema; Sertão (Ascenso Ferreira) Ascenso Ferreira (declamação); Sucessão de São Pedro (Ascenso Ferreira) Ascenso Ferreira (declamação) Poema;Trem de Alagoas (Ascenso Ferreira) Ascenso Ferreira (declamação) Poema. Vou ver se consigo alguma coisa, ok? Abração do luciano

          1. Obrigado, Luciano!

            Vou guardar entre as gravações preferidas. Incrível como Ascenso Ferreira fala os próprios versos. Sobre isso escreveu Manuel Bandeira: “Quem nunca ouviu Ascenso dizer, cantar, declamar, rezar, cuspir, dançar, dançar, arrotar os seus poemas, não pode fazer ideia das virtualidades verbais neles contidas, do movimento lírico que lhes imprime o autor”. Segue homenagem de DJ Dolores & Orchestra Santa Massaa Ascenso Ferreira, com gravação de sua voz: “Catimbó”. Ao vivo é até melhor.

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=Z7xTvf0Nvpk%5D

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=a86BKp4lAmg%5D

  6. Que mulheres lindas!

    Cara, a força daquele olhar da garota de tranças! (na 1ª foto em “Imagens”)

    Que peles maravilhosas, que bocas fantásticas!

    É a beleza por definição!

  7. sem repeteco
    A Nêga e a Ponta encaram

    Dança e jogo nesta arena. À vista, “coração” na anca e na ponta da chuteira, desafinos e contusões expostos. Sem concentração nem treino secreto, nada de resenhas e batuques privados, ensaios e cantos sussurrados. Só improviso.

    Pesada, mas libertadora, desvantagem.  Nenhuma voz. Não há trova sem tristeza.

    Penélope observa e tece

    Encontro com sereias e harpias nos portos até Ítaca; sintonia com Polifemo, que insidioso e recompensado comemora na bruma do marzão esmeralda: pensamento e coração te conduzem!

    O sudário. O tempo.

    A Bruxa da Água perde o Cavaleiro

    Não há colheita de morangos na seara estéril. Não é permitido à bruxa-fada derrogar esta Lei em favor do amado Cavaleiro Prateado.

    Vencidos: o lenço de Morgana tingido do carmim de sua ferida e o brasão do Cavaleiro, coroa e estrela agora cadente, sobre cinzas.

    Na vida que arde e prossegue, na cegueira que inflama e separa, Anna, silente, oferta amorosamente ao Bardo:

    “Imperdoável é o erro
    De transbordar de amor
    E não oferecê-lo todo
    Restringir-se a limites impróprios
    Afogar-se no próprio sentimento
    E não saciar a sede do outro…”

    Exertos de “Submerso” de Isabela Xavier, em Exteriorizando.

    Atendendo a pedidos, sem repeteco.

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