Moody’s rebaixa nota do Brasil, citando fraqueza da economia

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating dos títulos do Brasil para Baa3 de Baa2. A agência de rating alterou também a perspectiva do rating para estável de negativa. Esse é o último degrau do “grau de investimento”, ou seja, o país ainda é considerado um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro.

Em comunicado, a agência diz que “o desempenho econômico mais fraco que o esperado, a tendência de alta das despesas do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirão as autoridades de atingir superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência de aumento da dívida este ano e no próximo, além de desafiar sua capacidade de fazê-lo depois”.

A entidade afirma ainda que “será um desafio” para o país sustentar a melhora da trajetória fiscal. O governo revisou suas projeções macroeconômicas em julho e, segundo a Moody’s, “os números confirmam que as autoridades não têm sido capazes de apresentar superávits primários grandes o suficiente para evitar um aumento dos níveis da dívida em 2015-16, e enfrentam desafios significativos na concretização dos objetivos fixados no programa fiscal de médio prazo”. As estimativas da agência consideram um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de pelo menos 2% e superávits primários de pelo menos 2% do PIB para estabilizar os índices de dívida. A agência de rating não espera que o Brasil cumpra estas condições este ano ou no próximo.

Como consequência, a entidade diz que a carga de endividamento do governo e a comportabilidade da dívida continuarão a deteriorar significativamente em 2015 e 2016 em comparação com as expectativas anteriores da agência de rating, para níveis substancialmente piores que os de outros pares do Brasil com classificação Baa. A agência acredita que “o crescente endividamento só estabilizará no fim do governo atual”.

A Moody’s estima que a relação dívida/PIB subirá para 67% em 2016 e continuará a aumentar lentamente depois, se aproximando de 70% em 2018 – em ambos os casos será significantemente mais alto que o nível de 53% atingido em 2013. Depois disso, a agência de classificação espera que os níveis de dívida permaneçam em torno desse nível elevado. A carga de juros também será substancialmente maior, com pagamentos de juros superiores a 20% das receitas do governo em 2015 e 2016 em comparação com 16% em 2013.

“Na visão da Moody’s, o Brasil apresenta uma série de vantagens com relação ao seu crédito que está refletida no rating Baa3: a habilidade de suportar choques financeiros externos tendo em vista as abundantes reservas internacionais; o balanço patrimonial do governo com exposição relativamente limitada à dívida em moeda estrangeira e a títulos de dívida em poder de não residentes quando comparado com seus pares; assim como uma economia grande e diversificada”, pontua o comunicado.

Além de rebaixar o rating dos títulos do Brasil, a Moody’s também rebaixou o rating da dívida sênior sem garantia de ativos reais para Baa3 de Baa2, e o rating shelf sênior sem garantia de ativos reais para (P)Baa3 de (P)Baa2. A agência de rating também alterou os tetos soberanos em moeda estrangeira do Brasil como parte de sua ação de rating. O teto de dívida em moeda estrangeira foi alterado para Baa2 de Baa1, enquanto o teto de depósito em moeda estrangeira mudou para Baa3 de Baa2. Os tetos soberanos em moeda local não foram modificados.

9 Comentários

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  1. Grande coisa…

    Essa agências não têm a menor credibilidade!….Peguem seus históricos, principalmente na iminência da crise nos EUA e na Europa!..

  2. Me lixando…

    Estou me lixando, verdadeiramente… A Moody’s foi uma daquelas que davam notas altas aos bancos americanos antes da quebradeira …

  3. É a (i)lógica do mercado

    Quanto mais dinheiro sobrar para o setor produtivo, geração de empregos e combate a fome, menor será o rating do Brasil. É a lógica do mercado…

  4. Não adianta vir com essa

    Não adianta vir com essa conversa que as agencias não tem credibilidade porque erraram com o banco Lehman.

    Eles erram sim e erraram antes, na cris de 29 mas se elas não tivesse crebilidade não existiriam mais como negocio

    e ao contrario, elas são muito prosperas PORQUE as empresas e governos que emitem bonus PAGAM uma boa nota para ter o rating das agencias, é disso que elas vivem. Se pagam é PORQUE PRECISAM, uma empresa brasileira que faz uma emissão de US$100 milhões de bonus e vai vender nos EUA, SÓ VENDE se tiver rating, porisso pagam 100 ou 200 mil dolares para a agencia dar a nota.

    O que de fato existe é que elas são hoje MENOS IMPORTANTES do que ja foram porque muitos fundos de pensão e fundos de investimento montaram grandes departamentos de analise de risco proprios e não precisam mais das agencias.

    Cito como exemplo o CPP-Canadian Pension Plan, o fundo de pensão dos funcionarios publicos federais do Canada, que tem um otimo departamento de analise, interagi com eles em duas missões de pesquisa de investimentos no Brasil, otimos analistas proprios do fundo, muito bem pagos, tem inclusive bonus por acertos, como os bancos de investimento..

    Infelizmente não é desprezando as agencias que elas se tornam desimportantes.

  5. Prá ficar certo a Moody’s

    Prá ficar certo a Moody’s devia mudar sua razão social, de agência de riscos para agência de propaganda.

    – “Ela distorce tudo mas é nossa amiga. E a gente é que financia ela, viu?”

  6. O Brasil que está mal ou o Modes que não lê o Correio do Povo?

    O único jornal que assino é o Correio do Povo, pois o mesmo em termos de cópias das agencias noticiosas internacionais sem fazer uma mínima crítica é o máximo, logo leio o que os gringos escrevem em português.

    Mas hoje quase morri de rir com as duas manchetes uma de baixo da outra, como podem ver a seguir:

    Fica claro que não é só os jornalistas do Correio do Povo que não tem noção, para rebaixar os valores dos títulos da dívida de um país este pelo menos deve estar elevando o grau de probabilidade de incumprimento da mesma, porém como não notaram os jornalistas ou como de propósito o Modess fêz que não sabia é que quando aumenta o Superhávit de um país ele fica com mais recursos para pagar a dívida, logo as duas notícias são completamente contraditórias.

    Quem aumenta o risco de incumprimento da dívida a cada ano ou de pagar com moeda que pode virar podre, é os USA e não o Brasil, e eles são AAAAAA+++++++ (?) entendam se forem capazes.

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