Abusos e amadorismo da mídia para cobrir as truculências da Polícia Federal, por Luis Nassif

Paula Cesarino Costa é uma ombudsman à altura dos melhores que a precederam, como Marcelo Beraba e Mário Magalhães.

Sua crítica de hoje, ao espaço dado às operações policiais contra Universidades, permite levantar uma característica não muito nova, mas que se estratificou nos últimos anos: a incapacidade dos jornais de se renovarem. Nos programas de qualidade existe o método PDCA, ou Planejar, Fazer, Checar e Agir. Trata-se do bê-a-bá da qualidade.

Os jornais, que tratam a questões da eficiência, da qualidade como palavras mágicas, são incapazes de reavaliar procedimentos básicos. No caso, como se comportar ante uma denúncia da polícia.

Desde o caso Escola Base já se sabia do risco de se fiar na palavra de um delegado – ou de um procurador, ou de um juiz, ou de um repórter quando acha que conseguiu o grande furo.

Nos últimos anos, com a disseminação das forças tarefas, da operação-espetáculo, a submissão à versão do policial se tornou uma epidemia.

Explica o editor de “Cotidiano: “a cobertura segue o mesmo critério jornalístico de outras ações policiais e não há adesão à qualquer campanha. Publicamos o fato, as alegações da corporação e os outros lados dos citados.

Evidente que há um conjunto de falhas na cobertura.

Fossem empresas do setor moderno da economia, os jornais procederiam ao PCDA desse processo de cobertura de operações policiais.

A incapacidade de relativizar denúncias

É ampla a  incapacidade da imprensa de relativizar episódios. É só conferir o discurso dos jornalistas econômicos da Globo sobre o fim de recessão, com a economia no fundo do poço. A economia estava em 10. Caiu para 2 e subiu para 2,1. Todos os comentários salientam a recuperação, sem qualificá-la: a intensidade, a comparação do PIB com o de pré-crise etc.

É como se uma recuperação de 4% tivesse o mesmo significado de outra de 0,1%.

No campo penal, é pior. Todos os crimes são tratados da mesma maneira, seja um desvio de verba, uma irregularidade administrativa ou a alta corrupção. Essa ignorância da mídia acaba se espraiando por toda a sociedade, ajudando a consolidar o espírito de linchamento cada vez mais presente.

A apuração da denúncia

Segundo o editor, o repórter publica a denúncia e ouve o outro lado . A polícia falará genericamente em desvios. Para valorizar a manchete incluirá o valor total do empreendimento como se fosse desvio. E só. Não há um detalhe sobre a natureza do objeto investigado.

Principalmente porque nesses tempos bicudos de abusos policiais, as vítimas sequer sabem do que estão acusadas.

No caso da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) só depois do suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier apareceram as informações de que não havia nenhuma espécie de envolvimento dele com os fatos denunciados. A ficha do delator apareceu apenas nas reportagens dos Jornalistas LIvres, não dos jornalões. E os abusos da delegada Erika Marega apareceram apenas nos sites e blogs independentes. Mesmo tendo torrado dinheiro público para transportar 120 policiais para deter 8 pacatos professores universitários.

No caso da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), tome-se a sentença da juíza Raquel Vasconcelos Alves Lima, que articulou com a Polícia Federal a invasão.  A sentença vazou apesar do processo ser considerado sigiloso. Lá se fala em organização criminosa e apresenta como um dos crimes a distribuição de bolsas. Diz que o crime é suficientemente grave para justificar a condução coercitiva. E a mídia aceitou normalmente, porque no pé da matéria, escondido, havia algum outro lado negando sabe-se lá o que.

Ora, um mínimo de discernimento mostraria o ridículo dessa armação, de uma perigosíssima quadrilha que desviava dinheiro para bolsas de estudo.

Em nenhum momento, os jornalistas procuraram entender a natureza do trabalho denunciado. Nem se preocuparam em checar o ridículo da acusação com a juíza ou os delegados.

Pior. Havia a informação de que o Ministério Público Federal (MPF) de Minas Gerais considerou abusivas as ordens de condução coercitiva. Mas não se procurou um procurador para apresentar suas razões.

Coube a portais alternativos – como o GGN – apurar a armação da juíza com os delegados, visando impedir os procuradores de segurar a condução coercitiva.

Um Manual de Bom Jornalismo 

O que se tem claramente – do mesmo modo que nos episódios da Escola Base e Bar Bodega – são repórteres policiais comendo nas mãos de policiais repórteres, juízes delegados, e procuradores juízes.

Se se quiser praticar um mínimo de jornalismo, há que se seguir um conjunto de princípios da boa técnica:

Toda declaração de delegado é, em princípio, suspeita. O delegado é um vendedor do seu trabalho, assim como o repórter pretendendo emplacar a manchete.

O último veio descoberto pelas milícias de Estado é a criminalização de procedimentos administrativos nas Universidades. Se se quiser impedir o transbordamento do arbítrio e praticar um jornalismo minimamente decente, os jornais deveriam orientar seus repórteres na seguinte direção.

  1. Nunca confiar na palavra do delegado. A informação é ponto de partida. A delegada Erika é responsável pelo suicídio de uma pessoa meramente porque pretendeu turbinar uma operação corriqueira, de suspeita de desvio de recursos.
  2. Não se fiar nas conclusões do despacho do juiz, se não vier acompanhado de elementos de provas.  O despacho que autorizou os abusos na UFMG não foi questionado em nenhum ponto pela mídia, mesmo quando apresenta como prova da organização criminosa a concessão de bolsas.
  3. Procurar qualificar a natureza do suposto crime que está sendo apurado. Na burocracia pública, desvios de verba nem sempre são indicativos de corrupção. Podem ser recursos remanejados de um lugar para tapar buracos em outro. Enquadram-se no campo das irregularidades administrativas, sujeitas a multas pecuniárias. Mas não são crimes de corrupção.
  4. Se não tiver discernimento, o repórter deve ouvir especialistas para analisar a dimensão da operação, ante o crime tratado. Por exemplo, supostos desvios de verbas podem ser apurados nos registros da Universidade, do Ministério que liberou as verbas. A condução coercitiva só se justifica quando há riscos do acusado ser alertado e eliminar provas. Se são ilícitos administrativos, e se são convidadas a depor pessoas sem suspeita direta, nada justifica a violência.
Luis Nassif

22 Comentários

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  1. E não é tudo

    O problema é que se parte da suposição de que é só incopetência  decorrente da pressa. Não apuram porque sabem que é picaretagem, que o objetivo não é, nem nunca foi, acabar com a corrupção. Fosse pressa e matéria mal apurada pediriam desculpas públicas, não é o que ocorre.  O caso simplesmente some e ponto. Quem foi envolvido teve a imagem exposta, se quiser, que procure a justiça. Justiça que aliás nunca coibiu os excessos, nunca  associou o direito de expressão com a responsabilidade de informar corretamente.  Aliás os brasileiros ocupam o 2o. lugar no ranking da falta de noção da realidade, é o lugar onde a novela o jornal nacional se misturam.

  2. O responsável

    O dono do jornal é o responsável. Fora ele uma pessoa séria cumpridor das leis, um democrata, jamais permitiria que jornalistas procedessem da forma como procedem hoje no Brasil. A máfia age mais ou menos do mesmo jeito. Homens que frequentam a alta sociedade, ricos finos e educados mais que na calada da noite fecham os olhos para todo tipo de crime cometido por seus asseclas.

  3. O Verdadeiro Jornalismo
    Sempre que um jornalista é designado para cobrir coletiva de autoridade policial, do ministério público, ou cobrir as casas do poder judiciário; uma coisa essencial de seu fazer deve estar em sua mente: ou ele provoca o contraditório diante dessa pseudo autoridade ou não faz sentido o seu fazer jornalístico…
    Colocar apenas um lado da questao é tarefa que as assesorias de imprensa conseguem desempenhar a contento. Isto não é reportagem jornalística.
    Aceitar sem reflexão a declaração que está posta é ser moleque de recado. Não jornalista. O verdadeiro jornalista sabe que o término de uma entrevista coletiva não é o ápice de sua reportagem.
    É tão somente seu ponto de partida…

  4. Gastar vela com defunto ruim

    Me impressiona a persistência que o bravo L.Nassif tem com a FSP, para que ela seja algo digno de algum crédito. Pode ser que no pasado foi, mas lá ficou.

    Ele insiste em apontar rumos e soluções a serem adotadas, como conselhos de bom senso e de quem ainda alimenta esperança de melhora. Não há melhora por eles decidiram ser ruins, não é por falta de saber, foi por opção.

    Situação similiar vejo volta-e-meia ele gastar tinta e tutano dando pitadas para o PSDB ser algo que algum dia se pensou que ele fosse (ou seria).

    Tanto o PSDB como a FSP deve tem um lugar de carinho guardado na lembança de L.Nassif, que sempre o remete a essas desventuras altruístas. Desapegue, eles estão num outro campo.    

  5. Tudo isto está longe de ser amadorismo ou incompetência.

    Isto tudo está longe de ser amadorismo e ou  incompetência. O que se tem são  ações bem planejadas nas editorias de revistas jornais e midia televisiva. O jornal nacional e os jornais também na rede, do tipo uol etc…. na ausência de critica a todo o fisiologismo, o autoritarismo, a manipulação a compra explicita de votos, a venda de cargos publicos de governo por troca de votos, prefere no momento tratar os temas de política, como relatos de ações de políticos. Assim os jornalistas se atem a relatar o dia a dia do planalto, suas reuniões e as estratégias. De forma completamente diferente da época do impeachment em nenhum momento manifestam opiniões e ou análises. A imprensa de agora não é incompetente é simplesmente cúmplice. Ela vem reconstruindo a história para pavimentar as reformas que tanto jogam contra a população. O cinismo é enorme, pois escondem isto, fazendo uma pseudo critica aos golpistas. Desapareceu todo o discurso sobre a ética , e agora o que aparece diuturnamente é um magnificador da crise por um lado, ( quando se fala que o sacrificio do povo é para o bem do país) e um diminuidor da crise quando se fala que a economia está melhorando.  Isto tudo não é erro ou incompetência, mas apenas uma trupe inteira de jornalistas que estão de forma consciente ou inconsciente, ou porque também tem a mesma convicção, de seguir as ordens dos ideologos deste golpe. Jornalistas que só tem olhos para o mercado e para entrega do país. Jornalistas que apoiam e reforçam as reformas que tantos direitos tiraram  vão continuar apoiando o seu Belzebu, chamado mercado.

    Este onbudsman é também um falsário, pois chamar isto que está ai de amadorismo é falsear a realidade. Não há amadorismo, mas sim o profissionalismo golpista defendendo os interesses de seus patrões. A parte disto é ridiculo ver que todos os jornais televisivos se transformaram em plantão de polícia.

  6. Sabe de nada, inocente…

    Não nos enganemos, a imprensa empresafinanceira sabe muito bem qual o seu papel nessas narrativas da disputa de poder político. Não adianta avaliar o ombusdman, os manuais continuam… para os estagiários…

  7. O caso da Escola Base foi

    O caso da Escola Base foi amadorismo sem má fé. Vivíamos em outra época, acreditava-se mais facilmente em palavra de delegado e eles também diziam a verdade com mais frequência. A imprensa noticiou o fato acreditando nele. Creio mesmo que até o delegado acreditava no crime. Um erro clamoroso mas um erro, muitos perderam, ninguém ganhou. Hoje os grupos estão mancomunados nos objetivos. O grupo da “grande” imprensa aplica e aplica muito bem o PCDA. Planejam, fazem, checam e agem, sem qualquer amadorismo, são PhD. E atingem o objetivo, muitos perdem mas aqui uns poucos ganham. No fatídico caso da UFSC e no quase fatídico da UFMG, o objetivo é a Universidade Pública, não as pessoas, essas são desimportantes, morrendo alguma no caminho é mero efeito colateral. Planejaram, fizeram, checaram e agiram DENTRO DA LEI, ao menos a lei ora vigente. É isso amadorismo ?  E as fake news não é alimento para as hienas ? Quantos não acreditam que o Reitor morto de SC não é um corrupto, envolvido em maracutaias, deu fim à vida porque foi descoberto ?  E que a mafia de MG se locupletava ? Quem duvida faça uma pesquisas entre os bolsonaros e kataguiris, que não são poucos. Repetisse hoje o episódio Escola Base e fosse VERDADEIRO, os pais dos alunos estariam presos por falso testemunho, o delegado promovido e os donos da Escola ocupando os Ministérios da Educação e da Cultura.

  8. pode ser também…

    porque jornalistas robóticos são mais baratos…………….

    tendo em mente, eu, apenas as despesas associadas à busca da verdade, mas sem visão positiva de minha parte e muito longe de achar que eles estão certos.

    Muito mais dignos de pena do que certos ou errados

    A automação é muito cruel, assim como o principal algoritmo do fascismo profissionalizante que não ensina a pensar

  9. Cortina de fumaça.

    Qual outro assunto aconteceu ou irira acontecer quando surgiu esta operração?

    Então todos estão perdidos no meio da fumaça e não conseguiram ver as verdadeiras noticias.

    Procurem em leis aprovadas, setenças emitidas, viagens realizadas, negocios fechados, e alguns mais, nestes dias de cobertura da invasão da universidade.

    1. cortina de fumaça….

      Onde estão as imagens e reportagens sobre a PM do Picolé de Chuchu atirando e jogando bombas contra crianças, mulheres, jovens, cidadãos, que tentavam de bicicleta descer a Serra do Mar, em direção às praias de Santos? Picolé e sua tática de se esconder atrás de decisões judiciais fraudulentas. Diz aí Caetano, qual era o perigo de fazer show em uma Ocupação? Fora a censura de algum Juizeco, é claro. Livrar a cara de ditatorial Picole? A mesma coisa quanto aos Ciclistas e excepcional passeio até as praias. Algo que de bicicleta é maravilhoso. O Caminho do Mar que foi destruído por um pária como Mario Covas. Seria uma rota fantástica. Mas então dinamitaram um trecho da rodovia para não haver tal passeio ou caminhada. O Parque Estadual da Serra do Mar, com infraestrutura, trilhas, pontos de apoio, entre a Capital e o litoral a pouco mais de 50 Kms. seria outra alternativa extraordinária. Onde está o Parque? A outra é esta de seguir de bicicleta até o litoral pelo Sistema Anchieta- Imigrantes. Mas a ditadura de pedágios extorsivos e suas Concessionárias, quer gente indo até a praia de bicicleta? E os 50 paus da praça de pedágio?!! Ah! Tá bom, o problema é a segurança e não o pedágio? ‘Me engana que eu gosto’

  10. Mania do Nassif isso aí. A

    Mania do Nassif isso aí. A mídia mundial já está mais ou menos assim, a serviço dos mesmos. Já tivemos até quem disse que fez matéria completamente falsa para ajudar nas tais invasões em países como Iraque, Libia. Isso é antigo. É só ver o papel que por exemplo FH fez e seus patrocinios externos ainda professor. Num país onde brasileiros considerados como tal, defendem uma teoria como a da dependência que esperar?  É que no Brasil, estão dadas todas as condições para as experiências mais aprofundadas no que tange ao nosso processo de dominação. Este ocorre com as instituições MP e judiciário e os agentes consorciados com a mídia. Aliás, não existe um país importante que tenha uma concentração tão grande na mão de um grupo e onde mais quatro ou cinco famílias, controlam o resto. Quer dizer o seguinte: desde sempre estas instituições são imprestáveis a republica, a democracia, ao estado de direito. Juntaram-se todos, uns foram nos States preparar melhor a coisa e estamos no que estamos. Nunca jornalista, procurador, juiz ou coisa que o valha, pode ser avaliado individualmente. O processo é outro. O capital financeiro hoje engendra as empresas produtivas e os States estão tendo dificuldades geopolíticas que nunca tiveram, então é pau moçada. Essa gente aí está aí pra isso mesmo, liquidar com o PT, com Lula, e todo grupamento que possa fazer frente a uma agenda fora dos interesses do Norte e dos rentistas. 

  11. Impressionante são as tres

    Impressionante são as tres revistas semanais desta semana, nunca a imprens brasileira caiu tão baixo, parecem revistas de propaganda de partidos a serviço de causas palanqueiras, estão muito pior que jornais, meros panfletos ideologicos.

  12. A grande imprensa devia

    A grande imprensa devia colocar cartazes e propagandas do tipo: “Aceitamos qualquer denúncia contra Lula, PT, ala decente

    do PMDB, escolas publicas, qualquer repartição pública, como Correios, Caixa Econômica. Prometemos não averiguar a

    veracidade da informação”.

    Exemplo clássico é revista ” Isto É ” edição  17/fevereiro /2017: ” Levei uma mala de dinheiro para Lula”.

    Pegaram um  cara totalmente maluco para fazer uma reportagem, que sinceramente, a justiça deveria fechar a revista,

    porque foi uma piada. Algo sem pé nem cabeça. Fica claro o ódio cego o jornalista.

    Caso do Jornal da globo com o caso do reitor Cancellier da UFSC…é inacreditável como um idiota assina uma reportagem

    assim, desprovida de qualquer fato concreto.

    Aliás, acho que a globo deveria criar já uma repetidora em curitiba dentro do MPF, o “DD” faria o papel de Bonner,

    acho que ele iria adorar. Assim evitaria intermediários e garantir o impacto negativo do blefe.

  13. Falta o compromisso com a qualidade

    Nassif sua análise é válida se partisse do pressuposto de que há um compromisso com a qualidade, elemento básico para qualquer processo de qualidade. E esse é o problema: infelizmente nosso jornalismo, praticado nos grandes veículos, não tem compromisso com a qualidade. Simples assim.

  14. Miriam Leitão
    Talvez ela tenha acertado na mosca sem querer. Não dá para misturar Geddel e O reitor da UFSC.
    De fato salta aos olhos a truculência da PF. E chutar um reitor, comparado a
    um Geddel, é como chutar cachorro morto.

  15. Discordo. Isso é método, não

    Discordo. Isso é método, não falha. Se fosse a PF nos tempo do PT a prender o reitor da USP os jornais tratariam a matéria com todo PCDA, ouviria o “outro lado”, questionaria o delegado, o juiz, o MP. “Stalinismo” estaria em algum lugar do texto, assim como “perseguição ao inimigo” e “Estado policial”.

  16. Mesmo que aprendam a fazer

    Mesmo que aprendam a fazer isso, vai valer contra PPPP? Duvido. Nem daqui a mais duas gerações.

    Nassif, há um bode expiatório a ser sacrificado, incinerado em praça pública. Qualquer coisa que se mexa e pareça representação popular ou “de esquerda” é alvo.

    Da mesma maneira que os charadeiros do serviço público internalizaram o papo MBA, a ideologia da “meritocracia’, nas redações dos jornalões a limpeza ideológica já foi concluída, lá na década de 90, como você bem sabe.

  17. Abusos nas Universidades.

    Eu não queria entrar em teorias conspiratórias, mas estes abusos contra as Universidades Federais, podem indicar que esta Gangue Jurídica quer pegar alguém maior. Talvez o Haddad, que foi durante anos Ministro da Educação.

  18. Pode transparecer pretensão,

    Pode transparecer pretensão, arrogância e até mesmo precipitação, mas não me furto ao desabafo: jamais na história da imprensa brasileira houve uma quadra(últimos quinze anos) tão horrosa em termos de qualidade jornalística. Qualquer que seja o gênero: investigativo, opinativo, noticioso, de entrevistas, seja lá mais do que for, impera de saída o substrato político-ideológico emanado dos patrões. A partir daí, as idiossincrasias, as vaidades, os pedantismos, o claro viés de agradar as chefias, e por aí vai. Lá na rabeira em termos de prioridade vem o compromisso com o factual e com sua majestade o leitor/ouvinte/telespectador(que no caso é tratado como plebeu).

    Restou-nos as mídias alternativas, a exemplo desta, e, para sermos justos, alguns profissionais que honram a profissão, a exemplo de ícones como Mauro Santayana, Luiz Nassif, Ricardo Kotscho, Hérodoto Barbeiro, Luiz Carlos Azenha, Paulo Moreira Leite, Kennedy Alencar, e mais um punhado que ora fogem da lembrança. 

    O resultado na dimensão econômica é a perda de clientes, com o consequente desemprego na área,  e na jornalística a corrosão do prestígio e do respeito. Quem hoje se referencia, por exemplo, nos mervais, noblats, catanhedes, reinaldos, camarrottis e “coisas” do gênero. Até os reaças-analfas, popularmente conhecidos como “coxinhas”, há tempos os abandonaram. 

    1. Assino com você, JB

      O interessante é que muitos jornalistas pensam que a queda das vendas de seus jornais ou perda de audiência se da por uma so variavel: a internet. Eles esquecem a degradação do jornalismo nos exatos ultimos 15 anos, dos quais você fala. Os jornalistas ficam numa bolha, estão fazendo cada vez menos jornalismo e mais proselitismo politico – e é a mesma coisa que acusam os blogs ditos de esquerda – e vão descendo a ladeira sem mais questionamentos. O caso do suicidio do reitor Cancellier, do Tacla Duran e da UFMG são os ultimos casos mais notaveis dessa dislexia da imprensa.

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