Banqueiros contra brasileiros – retrógrados pensamentos para ações golpistas, por Pedro Augusto Pinho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Banqueiros contra brasileiros – retrógrados pensamentos para ações golpistas

por Pedro Augusto Pinho

Não poucas vezes, ouvindo ou lendo os golpistas de 2016, impostores agentes do capital apátrida em nosso País, me vem à lembrança o magnífico conto de Lima Barreto (1881-1922): O Homem Que Sabia Javanês.

Se o prezado leitor não está lembrado, este personagem de Lima Barreto, lendo anúncio que pedia um professor de javanês, consulta, na Biblioteca Nacional, informações sobre a ilha de Java e o idioma malaio. Sua precária situação financeira lhe dá coragem de enfrentar o autor do anúncio e, ao fim, faz, deste conhecimento que não tinha e nunca chegou a ter, uma carreira de sucesso. É a glória da trapaça, da hipocrisia.

Vou discorrer na linha dos ensinamentos do professor François Morin, da Universidade de Toulouse, que escreveu recentemente “L’ Économie Politique du XXIe. Siècle” (Lux Éditeur, Montréal, fevereiro de 2017).

Obviamente nem todos estarão concordes com Morin, mas não é despropositado pedir que tenham idêntica consistência acadêmica para suas objeções.

Começo tratando das falácias conceituais e dos equívocos propositais para que os golpistas possam apresentar, como soluções únicas e verdadeiras, as agressões ao bom senso e à vida dos brasileiros que consistem, por exemplo, no congelamento de gastos públicos por 20 anos, nas “reformas” trabalhista e previdenciária e no fim de programas sociais, como a farmácia popular.

Esclareço que não apenas os membros do executivo mas parlamentares e magistrados, em todos os níveis, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), que aprovam ou deixam as medidas golpistas serem executadas, são cúmplices, coniventes e parceiros neste esbulho dos cidadãos brasileiros e na destruição da soberania nacional.

Começaremos enumerando e discorrendo sobre os logros, vendidos como verdades incontestáveis, pelos veículos de comunicação de massa.

Primeiro ardil: as ações econômicas são tomadas por agentes racionais. Logo, a economia deixada a seus próprios movimentos será sempre a mais perfeita, a mais consistente, a única verdadeiramente correta.

O pós-keynesiano economista australiano Steve Keen (Can we avoid another financial crisis, WEA Commentaries, Real-World Economics Review Blog, maio/2017) se diverte perguntando: podem pessoas, que não sabem a mais rudimentar aritmética, ter ação racional sobre um preço futuro? Podemos crer que somos dotados de um poder de cálculo infinito?

Ficando em J.M. Keynes (1883-1946); ele afirmava que eram as “emoções, os sentimentos humanos” que influenciavam o comportamento e a tomada de decisões dos agentes econômicos, num “contexto de incerteza”. Idêntica e mais recente postura encontramos no jornalista da Associação dosJornalistas Econômicos e Financeiros (JEF), Gérard Moatti: “L’économiste et le “facteur psy”, em Les Échos, 29/10/2009, cujo título já diz tudo.

Segunda mentira: economia e política não se misturam. É crer nos economistas seres extraterrenos, descendo do Olimpo com a solução dos problemas. Pobres e tristes deuses que nos deixam a miséria, o desemprego, um círculo vicioso de pobreza e de desigualdade.

A economia, tal qual a política, a administração, a sociologia, é uma ciência social. Ela guarda a surpresa das ações humanas, das movimentações sociais e políticas, dos rigores e dos relaxamentos morais.

Gilles Dostaler (“Qu’est-ce que l’économie politique”. Bulletin de l’Association d’économie politique. Vol. 16. Número especial, 1995) afirma “nenhum problema é de natureza puramente economica”.

Terceira falsidade: o mundo é capitalista e o neoliberalismo é o fim da história. Sua prática hegemônica deve ser adotada em todo mundo.

Um manifesto foi divulgado na França, em 2015, coordenado por André Orléan, Diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) e Presidente da recém constituída Associação Francesa de Economia Política (AFEP), e teve o título: “Para que servem os economistas se eles dizem sempre a mesma coisa? Manifesto por uma economia pluralista”.

Pouparei meus prezados leitores da digressão história. Lembrarei, apenas, que o falecido liberalismo do século XIX, ressurge na roupagem monetarista de Milton Friedman (1912-2006), nos anos 1970, adotado pela ditadura do corrupto carrasco Augusto Pinochet, no Chile. Ganha força com as desregulamentações de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, nos anos 1980, e chega ao Brasil pelas mãos dos Fernandos, Collor e Cardoso. Com ele, o próprio debate acadêmico, condição primeira de qualquer evolução social, passa a ser incrivelmente prejudicado.

Como vemos naquele manifesto francês e em artigos e manifestações de professores ingleses e estadunidenses, prejudicando todo mundo, é uma estratégia neoliberal evitar o debate acadêmico. Como exclamam estes professores: já não se ensina economia, mas engenharia financeira e marketing para fundos de investimentos.

Quarta trapaça: é a conjugação da autonomia econômica – com a questionável garantia de suas soluções técnicas – e a avaliação política; em outras e simples palavras, a exclusão do povo das decisões que mais lhe afetam a vida cotidiana.

Tomemos a obra histórica de 1615, de Antoine de Montchrestien (1575-1621): “Traicté de l’oeconomie politique”. Este normando, aventureiro, escritor, discípulo do cientista político Jean Bodin (1530-1596), autor de “Os Seis Livros da República”, foi o primeiro a usar a expressão “política econômica”. Em tradução livre, da transcrição de François Morin, lemos em Montchrestien:

“Pode-se manter, convincentemente, a opinião contrária a Aristoteles e Xenofonte, que não se dividiria a economia da política sem desmembrar a parte principal do todo, e que a ciência de adquirir bens, como a nomeiam, é comum a Estados e às famílias”. E no comentário de Morin: “o debate entre economia e política permanece fechado pela vontade das poderosas forças políticas e intelectuais contemporâneas”.

Observe o caro leitor que, nas falas dos “especialistas”, dos “técnicos”, dos “profissionais” que dão suporte à propaganda da banca ou dos golpistas, em suas intervenções nos noticiários da televisão ou em entrevistas publicitárias, não há afirmações. Eles se escondem na terminologia de “apostas”, “opiniões”, como se a economia – e realmente é esta a economia da banca – fosse um jogo, um cassino, onde só um lucra: o banqueiro.

Afastar a ação do sistema financeiro internacional (a banca) da avaliação do povo, em sua ação política eleitoral, é, efetivamente, a manifestação hipócrita dos que pretendem submeter o poder da maioria ao da mais ínfima, excludente e cruel minoria: os rentistas.

Quinta léria: globalização. Apenas as finanças e as guerras provocadas pela banca são globais. O termo globalização (globalization) surge nos anos 1980 em oposição ao local, quer dizer, que tem um raio de ação amplo, que ocupa todo mundo. Os franceses chamam “mondialisation”.

Esta dispersão provoca uma pressão sobre os monitoramentos soberanos dos Estados. E, longe de provocar a repulsa nacional, ela incentiva a submissão, o conformismo, a apatia que decorre da compreensão que nada adianta fazer em relação a tão avassaladora dominação.

Em suma, a burla neoliberal é irreal, não encontra sustentação na vida   econômica; é antidemocrática e totalitária, quer na ação política quer para o pensamento criador.

A economia é, também, um estudo do valor. Um curioso e divertido livro, editado em 1927, por Payot (Paris), de título “Histoire de la Fortune Française – La Fortune Privée A Travers Sept Siècles”, escrito pelo historiador visconde Georges d’Avenel, tem toda sua primeira parte destinada a discutir o estabelecimento da medida de valor que deva ser utilizada. E conclui: “em resumo, se enriquecia, nos tempos feudais, despojando seus vizinhos; nos tempos modernos, roubando o Estado; e, hoje, enriquecendo seus vizinhos e o Estado; operação certamente mais honesta” (tradução livre).

As principais teses sobre o valor – valor-trabalho e valor-utilidade – colocam-no diante de medida objetiva e de uma avaliação qualitativa. Ou seja, a quantidade de trabalho (homem/hora) gasta para produção de um bem ou a a quantidade de prazer pela posse do bem.

Para nossos efeitos adotaremos o valor como quantidade de trabalho ou como uma quantidade de moeda. Esta última simplifica a questão subjetiva.

Na verdade, se o caro leitor recordar a história, verá que a moeda sempre teve um valor simbólico ou atrelado a um metal (ouro, prata). Este último variava permanentemente conforme sua produção, sua disponibilidade, seu  entesouramento etc.

Se erigirmos nossa economia em bases tão fluidas, como o faz o pensamento propagado pelo sistema financeiro internacional (a banca), estaremos abrindo as portas da corrupção, dos engodos, dos golpes pois ficará indemonstrável, incomprovável qualquer afirmação. Assim, sem qualquer pudor, os golpistas atuais afirmam que a renúncia fiscal de R$ 2,5 trilhões para petroleiras estrangeiras é bom para a economia e o progresso do Brasil (sic).

Por outro lado, a moeda é um atributo essencial da soberania. Ela precisa reconquistar um referencial consistente. Recordemos que as moedas, desde o Acordo de Bretton Woods (julho de 1944) até 15 de agosto de 1971 – quando foi denunciado por decisão arbitrária de Richard Nixon, ratificada em 1973 pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) –, estavam referenciadas aos 35 dólares, valor atribuído a uma onça troy (31,1g) de ouro.

Este período, que François Morin denomina os “Trinta Gloriosos”, foi aquele que a história contemporânea conheceu o maior desenvolvimento econômico e social. Esta época de iniciativas produtivas e conquistas sociais teve o combate dos financistas que ora alegando razões ideológicas, ora condições ecológicas, ora simplesmente se apoderando das comunicações de massa e das academias, instalaram, a partir dos anos 1990, o regime de opressão e concentração de renda: o neoliberalismo.

Neste surgem ideias toscas como a independência dos bancos centrais. Independência de quem? Do povo? da Nação? Para depender de quem? Dos bancos? Do sistema financeiro internacional (leia-se 40 famílias que dominam as finanças mundiais)?

A moeda é um atributo essencial da soberania. Transcrevo, mais uma vez, François Morin:

“É muito fácil demonstrar que a moeda se transformou, depois da globalização dos mercados monetários e financeiros, em bem privado, gerido no essencial pelo oligopólio dos poderosos bancos. Esta privatização da moeda é a origem das crises ocorridas desde meados do anos 1990, e, mais particularmente, de 2007/2008.

Com a perda da soberania dos Estados sobre a criação e gestão de suas moedas, estes Estados tornaram-se refens do oligopólio bancário, fonte de seu enfraquecimento econômico e político atual”.

A banca também se vale de uma pletora de órgãos internacionais, cujos representantes seguem suas instruções. Não serei exaustivo, mas não é possível deixar de assinalar, como intrusos mandantes, o FMI, o Banco Mundial (WB), o Institute of International Finance (IIF), a Organização Mundial de Comércio (OMC), o Comitê da Basiléia entre outros.

A respeito das “regulamentações” da Basileia, lemos, em trabalho de 2010 do Banco Central do Brasil, esta preciosidade: “durante uma fase de expansão, os agentes, inebriados pela onda de otimismo, reduzem suas margens de segurança”. Só faltou distribuir enormes orelhas ou nariz de palhaço aos destinatários desta pérola.

E, além da ausência de regulamentações, da criação de moedas, pela via do crédito, os agentes da banca inundam os mercados com derivativos

Se o prezado ainda tem alguma dúvida, permita-me exemplificar. Um banco faz um contrato de garantia de preço para um comprador de petróleo. Serão 1000 unidades para entrega em março de 2018 a USD 60,00/barril.

Este papel, que “vale” 60.000 dólares estadunidenses, passa imediatamente a caucionar outro título que vai elencar um Fundo Multimercado, o qual, por seu turno, participará de um Fundo Misto de Fundos e assim por diante. Em resumo, os mil barris passam a ser multiplicados inúmeras vezes.

Morin faz um levantamento desta nova indústria: papéis ao vento. Classificando os derivativos pelas taxas de juros, pelas taxas de câmbio e por outros créditos. Em 1998, quando a banca mal comemorava uma década de empoderamento mundial, a soma dos derivativos atingia US$ 80,3 trilhões. Em 2013, último levantamento, mesmo mostrando a rota suicida com a crise de 2008, os derivativos já atingiam US$ 710,2 trilhões. Quase 10 vezes mais.

E querem nos impingir as “regulações” (!) da Basileia como garantia do sistema bancário internacional? É chamar-nos todos de imbecis ou como clamaram os argentinos, ao derrotar a reforma da previdência nas ruas, e para nossa vergonha: “aqui não é Brasil”, casa de golpistas e da mãe Joana.

Volto a Morin: “Os Estados devem reconquistar seu poder de atores centrais das novas arquiteturas monetárias. Para tanto são necessárias as ações em duas dimensões: de um lado no financiamento da ação pública, quer local quer global, de outro lado na formação de dois preços fundamentais da moeda: a taxa de câmbio e a taxa de juros.

É neste poder de projetar o futuro pelo crédito que a moeda pode fecundar o valor-trabalho, não o deixando enredar nas malhas do valor-capital e na lógica da privatização dos lucros e do valor”.

Este é um tema de vários desdobramentos, e espero fazê-los no próximo ano, desejando a todos melhor 2018 e o Brasil Soberano já em 1º de janeiro de 2019.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado. 

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Nome aos bois

    Ficou faltando dizer que a entidade ‘mercado’  são meia dúzia de bancos e fundos, quase todos com sede em são paulo, onde aliás, as maiores manifestações contra a corrupção ocorreram. E para onde o controle e os maiores lucros de quase todas as privatizações foram parar. Está na hora de dar nome aos bois para que fique claro quem financia o cartel midiático.

  2. Chicago boys

    chega ao Brasil pelas mãos dos Fernandos, Collor e Cardoso

    Chegou antes. Com Geisel e a leva dos foram estudar em Chicago e implantaram o passado no Brasil.

    Vou explicar o passado. Quando o estudo é feito é sobre uma realidade passada. Então acreditando piamente estar na crista da onda (e não estavam) aplicaram sua “receita de bolo” na realidade tupiniquim.

    Mas foi suavizado pelo discernimento do Czar Delfim Netto!

  3. Cassino virtual e falência humana

    Nassif e especialistas em economia, socorram os leigos para que seja possível entender a grande trapaça ensaiada no capitalismo vertiginoso de buraco negro atual: como o mercado financeiro se tornou um grande cassino virtual, em que o vício na jogatina, com sua compulsão e ausência de limites, é a marca psicológica da dependência, com o dinheiro fruto da acumulação do  trabalho alheio, a nova onda das criptomoedas é um assunto que precisamos entender para desmistificar, ou para contrapor se representar mesmo a nova bolha ou a jogada final rumo à ditadura definitiva e irretornável do mercado financeiro-bancário. 

    Estão fechando o torniquete eletrônico com a privatização da Internet – iniciada nos EUA mas que tende a se disseminar, o oligopólio da comunicação em redes sociais eletrônicas, e a concretização da virtualização financeira com a criação de moedas para especulação e centralização operacional  e sequestro definitivo do poder político pela jogatina financeira impassível de regulamentação. 

    Abaixo, um artigo do site Sputnik Brasil sobre o assunto, cujo entrevistado, o especialista russo Valentim Katasonov, revela informações estarrecedoras sobre a participação dos maiores bancos do mundo, privados e estatais, nessa última fase de concentração das operações financeiras de modo a capturar a autonomia das sociedades, o papel da economia, o poder democrático da política e nos tornar a todos reféns da virtualização econômica em marcha acelerada rumo à falência da maioria. É como se o capitalismo estivesse várias fases à frente do que a mobilização política e popular é capaz de compreender e combater, cujos mecanismos tradicionais de atuação não são mais suficientes para fazer frente à avalanche da imposição dos interesses dos “donos do dinheiro” – o pacote de sonegação fiscal dos ricos proposto pelo Trumpocalyptico nos EUA e a derrota da mobilização popular na reforma previdenciária argentina são eventos íntima e tragicamente relacionados como sinais de que o mercado financeiro e os “donos do dinheiro” estão vencendo de lavada e a democracia foi definitivamente cooptada como mera avalista formal hipócrita da ditadura dos oligopólios: se não desvendarmos o funcionamento dessa máquina para agir estrategicamente, não haverá ruas e revoltas suficientes para descarilar o trem da destruição dos povos pela ideologia do dinheiro. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=6aIzRH9ghMA%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=7yMyOIl6KLI%5D

     

    DA SPUTNIK BRASIL (https://br.sputniknews.com/economia/2017121810096540-katasonov-bitcoin-fed-criptomoeda/

    ” 11:27 18.12.2017(atualizado 08:44 19.12.2017)

    Tatyana Yudina

    Tema:  Criptomoedas: a revolução financeira silenciosa (28)

    Criptomoedas estão dando o que falar em 2017; o preço do bitcoin aumentou mais de 2.000% e muitos falam em verdadeira revolução no mundo financeiro. Entretanto, o economista Valentin Katasonov disse à Sputnik Brasil que o bitcoin está preparando a humanidade para mudanças sem precedentes.

    Em 2017, o mercado de criptomoedas bateu numerosos recordes e se tornou um dos temas mais discutidos na mídia. No entanto, para o economista e professor da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO) Valentin Katasonov é apenas um passo para a criação da única moeda global.Ele lembrou o projeto denominado Utility Settlement Coin (USC) que foi lançado há um ano pelas empresas financeiras UBS, BNY Mellon, Deutsche Bank, Santander e NEX. Os bancos multinacionais Barclays, CIBC, Credit Suisse, HSBC, MUFG e State Street se uniram à iniciativa em agosto.

    “Em 2018, eles planejam lançar a moeda digital chamada Utility Settlement Coin. Devem ajustar a sua circulação com as instituições correspondentes, incluindo a Reserva Federal [Fed, o banco central norte-americano] e o Banco Central Europeu. Não posso excluir que os bancos nacionais europeus, como Bundesbank [banco central alemão] e Banco Central da Itália também participem disso”, explicou o economista.

    “Esses bancos estão certos de que os reguladores financeiros aprovarão o projeto. Para mim, é evidente que ele foi lançado a pedido dos bancos centrais. Os bancos fazem declarações diferentes em relação às criptomoedas: às vezes eles querem proibir o seu uso, às vezes afirmam que as moedas digitais têm potencial e que vão estudá-las. Tais declarações servem de cortina de fumaça para ocultar planos reais – a criação da moeda global única”, disse Katasonov.

    De acordo com o especialista, a ideia da moeda global não é nova. Ele lembrou um artigo intitulado “Esteja pronto para uma moeda mundial” publicado na revista norte-americana The Economist em 1988. No artigo era explicado que, por volta de 2018, o mundo estaria usando uma única moeda, denominada Phoenix.”Li esse artigo: o seu autor não é indicado, tudo é vago e impreciso. É claro que é um artigo encomendado, levando em consideração que a revista pertence à família Rothschild, foram os Rothschild que o encomendaram”, opinou o professor.

    Para Katasonov, apesar de o dólar norte-americano ser considerado por muitos como a divisa global, na realidade não desempenha esse papel por existir outras moedas usadas em pagamentos internacionais (euro, libra esterlina, iene japonês e franco suíço). Quanto à nova moeda global, trata-se da divisa que com o tempo substituirá todas as moedas nacionais e até regionais, como o euro.

    “O mesmo algoritmo foi aplicado durante a criação do euro. Nos anos 70, no âmbito da União Monetária Europeia, foi introduzida ECU [Unidade de Conta Europeia], usada nas transações internacionais. Depois entrou em vigor o euro: em 1999 em forma não material [transferências, cheques] e em 2002 em notas e moedas. A abolição das moedas nacionais ocorreu até 2003. Todo o algoritmo levou apenas 25 anos”, disse o economista.O projeto atual da moeda global é patrocinado pelos maiores bancos centrais, entre eles estão a Reserva Federal dos EUA, Banco da Inglaterra, Banco Central Europeu, Banco do Japão e o Banco Central da Suíça. Seria uma espécie da Reserva Federal atual, que, por sua vez, é composta por 12 bancos de reserva regionais. Em algum momento os atuais bancos centrais se tornariam apenas divisões regionais do Banco Central Global.

    “Quem se beneficiaria? Os donos do dinheiro. Trata-se dos acionistas principais da Reserva Federal. Mas os donos do dinheiro querem se tornar donos de todo o mundo. Por isso eles estão criando a moeda digital global, emitida pelo Banco Central Global”, disse ele.

    De acordo com o especialista, “as criptomoedas atuais como o bitcoin ou ethereum é uma preparação psicológica para o mundo sem cédulas no qual todas as pessoas se encontrariam no campo de concentração eletrônico-bancário”.”No campo de concentração eletrônico-bancário existiria controle muito rigoroso. Agora há um controle rigoroso nas contas bancárias, mas uma parte das transações – transações com cédulas – está fora de controle. Quando forem eliminadas as cédulas, a liberdade desaparecerá”, afirmou Katasonov.Segundo o economista, o bitcoin é uma chama destinada a preparar as pessoas para o mundo sem cédulas e distrair a sociedade dos eventos importantes que estão fora da atenção da mídia internacional. Para ele, o lendário criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, não existe na realidade e é um projeto, provavelmente, da inteligência norte-americana.”Os donos do dinheiro são pessoas pacientes. Agem pouco a pouco, testando através dos projetos-piloto seus algoritmos para no futuro realizar seu projeto mais importante”, concluiu o economista.

    A opinião do entrevistado pode não corresponder à opinião da redação” 

     

    SP, 19/12/2017 – 14:34

    1. Álvaro de CamposUm
      Álvaro de Campos

      Um especialista é um homem que sabe qualquer coisa…

      Um especialista é um homem que sabe qualquer coisa de uma coisa e nada de todas as coisas. De uma coisa não se pode saber senão qualquer coisa, porque o conhecimento humano é limitado. E, para perceber qualquer coisa seria preciso perceber todas as coisas, pois uma coisa é parte de todas as coisas. O especialista, pois, é um homem que não sabe nada e vive dessa ciência.

      O especialista é util apenas quando a sua especialidade é tão restrita que não tem importância. Pode haver bons especialistas de pregar pregos; não pode haver bons especialistas de construção de civilizações. Há muito bons cavadores e nenhum bom psiquiatra.

      O especialista é um homem que tem a opinião dos outros, embora sobre um só assunto. O especialista é incapaz de iniciativa. Por isso os especialistas são muitos e felizes.

       

      http://arquivopessoa.net/textos/3825

       

       

  4. Banqueiros e juízes – Justiça e Capital

    Juiz condena ex-gerente do ITAÚ a pagar R$ 67 mil em custas de ação trabalhista.

    Jornal do Brasil

    A reforma trabalhista do governo de Michel Temer aprovada pelo Congresso Nacional já provoca algumas mudanças no entendimento de alguns juízes da Justiça do Trabalho. No final de novembro,  o juiz substituto Thiago Rabelo da Costa, da 2ª Vara Trabalhista de Volta Redonda (RJ), condenou uma ex-funcionária do Itaú, autora de uma ação contra o banco, a pagar R$ 67 mil de custas do processo.

    Na ação, a ex-gerente do Itaú pedia indenização por diversas irregularidades praticadas pela empresa, como acúmulo de função e nas horas extras e intervalos de descanso, bem como assédio moral, conforme alegou a defesa da autora. Os advogados pediam indenização de R$ 40 mil, mas o próprio juiz considerou que havia um descompasso entre o pedido inicial e o total de pedidos, e subiu o valor para R$ 500 mil.

    Na decisão do último dia 27, contudo, o juiz Thiago Rabelo da Costa considerou que a ex-funcionária tinha direitos apenas no item referente à ausência de intervalo para descanso antes das horas extras. Ele condenou o banco a pagar R$ 50 mil à ex-gerente. 

    Com a mudança na reforma sobre as custas dos processos trabalhistas, o juiz sentenciou o Itaú e determinou que o banco pague R$ 7.500 pelo único item vencido e que a ex-funcionária – por ter pedidos todas as reivindicações, à exceção de uma única – pague outros R$ 67 mil referentes aos honorários judiciais.

    http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/12/13/juiz-condena-ex-gerente-do-itau-a-pagar-r-67-mil-em-custas-de-acao-trabalhista/

    Juíza condena trabalhador que se acidentou a pagar 20 mil reais.

    Uma juíza de Canoas, Rio Grande do Sul, rejeitou pedido de um almoxarife que queria ser indenizado por causa de acidente quando estava a caminho do serviço. Ao perder a ação, o trabalhador foi condenado a pagar 20.000 reais de honorários ao advogado da empresa. As informações foram publicadas no site do Conjur.

    De acordo com o portal, o funcionário terá um prazo de dois anos para se estruturar financeiramente. Se, ainda assim, ele não conseguir reunir o montante, a dívida será extinta.

    O autor da ação sofreu um acidente de motocicleta em 2011, quando estava a caminho do trabalho. Geralmente, ele fazia o percurso com o ônibus da empresa. No dia do acidente, porém, o motorista não passou no horário combinado.

    Após o acidente, ele ficou afastado e teve sequelas. Voltou ao trabalho meses depois com restrição parcial das atividades. Em 2015, ele foi demitido e, então, entrou com processo cobrando pensão vitalícia, alegando que a empresa teve culpa no acidente.

    “É irrelevante na espécie o fato de o ônibus ter ou não passado na casa do autor, porquanto dito acidente também poderia ter ocorrido com ônibus em que os empregados da reclamada são levados ao trabalho e ainda assim a reclamada não teria responsabilidade, visto que decorrente do descuido do outro motorista que acessou a via principal, em confronto com o outro veículo que já transitava nesta mesma via”, diz a sentença da juíza Adriana Kunrath, da 5ª Vara do Trabalho de Canoas, segundo o Conjur.

    O ex-funcionário foi condenado a pagar 10% do valor da causa, de 200.000 reais. A juíza baseou a decisão nas novas regras estabelecidas pela reforma trabalhista.

    http://www.noticiaextra.com/as-extras/juiza-condena-trabalhador-que-se-acidentou-a-pagar-20-mil-reais

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