Biden enfrentará “anarquia da desinformação” na imprensa e redes sociais de ultradireita

Articulistas americanos questionam se Biden pode usar agência governamental para reinar sobre as fake news em meios de massa

Jornal GGN – Joe Biden toma posse nesta quarta (20) e tem, entre outros inúmeros desafios, o de enfrentar setores ultraconservadores da mídia norte-americana que se entregou ao desespero de propagar fake news durante a pandemia e após a derrota de Donald Trump, na tentativa de ganhar a audiência dos grupos extremistas que se articulam sobretudo nas redes sociais.

Segundo artigo publicado por Lúcia Guimarães, na Folha de S. Paulo, “articulistas americanos passaram a perguntar se Biden pode e deve usar a FCC para reinar sobre a anarquia da desinformação que se tornou tão danosa à democracia.”

A Fox, que ataca presidentes democratas há 24 anos, é produto de decisões de Ronald Reagan, o ícone conservador, cujo assessor de mídia, Roger Aisles, tornou-se o diretor fundador da Fox News e inventou o estilo combativo de jornalismo de cabo nos EUA.

A FCC (Comissão Federal de Comunicações) relaxou o controle sobre o conteúdo de estações de rádio e emissores de TV ainda nos anos 1980. A decisão do governo Ronald Reagan fez nascer a primeira safra de talk shows com forte tendência ultradireitista. Quando a Fox News foi criada, 24 anos atrás, o “estilo combativo de jornalismo de cabo nos EUA” já tinha solo fértil para crescer por causa desse papel fraco da FCC.

Biden, que toma posse com 35% dos americanos convencidos de que ele não é o presidente eleito dos Estados Unidos, pouco pode fazer, pelas leis atuais, em relação ao conteúdo propagado em meios de massa. “A FCC não concede licenças de canais de cabo. Quem decide distribuir os canais são as grandes operadoras, como AT&T, Comcast, Charter, Dish Network e Verizon.” E essas empresas atuam com interesse em conquistar o público, mesmo aquele que acredita e difunde fake news.

O artigo narra ainda como o dono da Fox News, Rupert Murdoch, investiu nesse modelo de opinião sobre o jornalismo durante a eleição, apesar de considerar Donald Trump um imbecil. A postura ocorreu depois do canal perder 20% de sua audiência para pequenas emissoras que surgiram na esteira dos movimentos de ultradireita.

A Fox então dobrou a aposta e, agora, alguns de seus âncoras falsificam sem pudor os fatos sobre a invasão no Capitólio, incitada por Trump, e repetem que a eleição de Biden é questionável por uma suposta fraude eleitoral.

“Nenhum presidente na história moderna americana chega à Casa Branca com um desafio tão extraordinário do ecossistema da mídia conservadora ou extremista quanto Joe Biden”, diz.

Redação

3 Comentários

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  1. Aqui no Brasil o ministro Alexandre Moraes mostrou que basta apertar um pouco que eles, a direita, a mãe/pai da mentira, peida.
    No nosso caso alguns fugiram para os EUA se escondendo atras do ex-presidente trump. Se apertarem lá, para onde fugirão?

  2. Bem, “anarquia da desinformação” de quem, caras-pálidas, de quem adotou este termo?
    Não há anarquia, muito menos desinformação.

    É uma estrutura econômica, colossal, voltada politicamente a explorar dados minerados nas infovias, estabelecendo públicos-alvos de narrativas discrepantes, para gerar as oscilações necessárias a:

    a) chacoalhar aos algoritmos dos mercados financeiros, e gerar as assimetrias e movimentos bruscos que garantem as taxas altíssimas de corretagem, e mantêm a roleta dos derivativos rodando 24 h/7 dd;

    b) deslocar os eixos conhecidos da política institucional até aqui estabelecida, para soterrar narrativas anti-estamento (ou anticapitalistas), enquanto “brinca” de dois extremos precisam de um “centro”.

    Isso não tem nada a ver como anarquia, muito menos de desinformação.

    Desinformação é não-informar.

    O que temos é informação dirigida a um consumo e fins específicos, e que só prolifera porque já há um campo fértil, e previamente identificado.

    Mais ou menos como os grandes grupos de mídia tentaram fazer de forma vertical e com uso de pesquisas qualitativas dos receptores/espectadores.

    Boimate, lembram?

    Ou o tão celebrado aqui, caso Bodega, Escola-Base, ou a edição do debate Lula-Collor, ou lá em 1935, com a divulgação do Plano Cohen (e a famosa carta) sem nenhuma apuração, ou a atuação da mídia contra JK, Jango, etc.
    Ou nos EUA do macartismo (bom assistir ao filme Trumbo).
    Ou nos EUA das armas químicas do Iraque.

    Então, Nassif, a atual época é só uma sofisticação em larguíssima escala daquilo que se dava em modo analógico.

    Eu até compreendo que suas definições buscam um refúgio, afinal, admitir que fez parte deste processo imundo de cooptação e manipulação feita pela mídia deve pesar na consciência, apesar de que reste como última cabeça de ponte a questão da “retidão individual”.

    Mas olhando de longe, sem este seu filtro afetivo, o cheiro é horrível, e tende a ficar pior.

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