Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. O Globo: quem pergunta o que quer ouve o que não quer

    Essa matéria já tem três dias e não sei se foi comentada aqui. Mas acho que vale a pena. O incorrigível jornal carioca entrevistou o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda com o objetivo de sempre: arrancar do entrevistado críticas ao governo brasileiro. E o jornal até consegue isso, em parte, quando se trata da Ucrânia e da Venezuela, o que evidentemente é destacado no título da matéria, mas tem de engolir (sem vestir a carapuça, é claro) uma crítica à mídia brasileira e internacional quando se trata do México – isso feito por alguém que está longe de ser um “esquerdista contra a liberdade de imprensa”.

    ‘Brasil é neutro demais para quem quer ser uma potência’, diz Jorge Castañeda

    Autor de ‘Utopia Desarmada’ e ex-chanceler do mexicano Vicente Fox pede mais críticas à VenezuelaPara escritor, desempenho econômico melhor da Aliança do Pacífico em relação ao Mercosul é uma ficção criada pelos mercados na mídia internacional
    
Jorge Castañeda esteve em São Paulo participando de debate no Instituto Fernando Henrique Cardoso
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo 

    RIO – Ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda critica omissão do Brasil sobre Ucrânia e diz que silêncio sobre a repressão na Venezuela é ‘especialmente grave’

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma crítica ao Brasil dizendo que o país não se manifesta em relação às violações de direitos humanos na Venezuela. O senhor compartilha dessa opinião?

    O Brasil tem adotado uma política demasiadamente neutra, passiva, sobre muitos temas internacionais, um deles é o da Venezuela. Mas há muitos outros. Por exemplo, ele se absteve na Assembleia Geral da ONU há três semanas sobre a Ucrânia. Se absteve sobre a Líbia, há alguns anos. Não se manifesta, não opina. Se o Brasil quer ser realmente uma potência regional, com voz internacional, deve opinar, expressar-se sobre esses temas, o que não está fazendo. No caso da Venezuela, o silêncio brasileiro é especialmente grave porque é um país fronteiriço com o Brasil e a repressão lá tem aumentado enormemente nos últimos três meses. E o Brasil tem uma influência muito grande lá.

    O Brasil estagnou em seus anseios econômicos e se encolheu no que diz respeito à projeção internacional?

    O Brasil tem um papel econômico internacional muito importante. É uma voz que se escuta. Mas, obviamente, as expectativas de crescimento do Brasil há seis anos, em 2008, 2009, eram muito mais elevadas que agora. A economia brasileira cresceu muito menos pelas expectativas que o Brasil mesmo criou. O erro do Brasil, como o do México agora, foi gerar expectativas excessivas que são difíceis de cumprir. O problema com o Brasil é que parecia ser uma potência econômica emergente, com crescimento assegurado por dez anos, o que não ocorreu.

    O presidente Barack Obama perdeu o interesse pelo Brasil e América do Sul?

    Há dois temas centrais aqui: um é o conjuntural e o outro é histórico. O tema conjuntural é que Obama está muito mais centrado hoje em questões de outras partes do mundo, como Ucrânia, Irã e Oriente Médio. Não há nada acontecendo na América Latina hoje que seja uma preocupação para os Estados Unidos. O fator histórico é que, depois da Guerra Fria, há menos interesse na região. A América Latina é um mercado interessante, mas não é um mercado gigantesco como a China, Índia, Europa e Rússia.

    Os países da Aliança do Pacífico têm crescido mais que os do Mercosul? Por quê?

    Isso é falso. O Brasil cresce mais que o México. E “países do Pacífico” não existem. Há um país grande, que é o México, há um país mediano, que é a Colômbia, e dois países pequenos, que são Peru e Chile. Não é certo que os do Pacífico cresceram mais. Essa é uma ficção criada pelos mercados na mídia internacional. O que se sucede é que as expectativas sobre o Brasil foram muito elevadas. Afirma-se que o México cresce mais que o Brasil, mas, no ano passado, o Brasil cresceu mais. E este ano o Brasil vai crescer mais que o México.

    Como avalia o governo do presidente do México, Enrique Peña Nieto?

    É um governo que teve muitas boas ideias, boas intenções, algumas realizações, mas os resultados ainda não vemos. Há por um lado impaciência e , por outro, ceticismo.As pessoas estão impacientes e céticas. É possível que haja resultados. Mas é uma incógnita.

    Quando a economia brasileira começou a estagnar, a imprensa internacional passou a dizer que a nova potência da América Latina seria o México.

    Isso é um pouco falso. O Brasil continua recebendo muito mais investimento estrangeiro que o México. A mídia brasileira é ruim, a mexicana é muito ruim e a mídia internacional, quando fala de Brasil e do México, é péssima. É muito mau conselho escutar o que diz a mídia internacional tanto sobre Brasil quanto sobre o México, porque ela sempre se equivoca.

    Como o senhor vê a situação da presidente Dilma Rousseff agora nas eleições brasileiras?

    Me parece claro que, em primeiro lugar, há um pouco de cansaço com o PT, que teve três governos bons, mas sempre as pessoas se cansam. As pessoas querem mudança. Assim, a situação da presidente é menos segura do que a do presidente Lula nas duas eleições. Em segundo lugar, creio que houve excessos nos gastos econômicos e sociais durante os anos de Lula, mas os custos quem paga é Dilma. Ela é quem paga o pato. Tudo indica que esta será uma eleição mais difícil para ela do que se havia pensando um ou dois anos atrás.

      

     

  2. O volume morto e o dinheiro vivo

    Como não intuir o peso da riqueza de US$ 22,8 bilhões da família Marinho na esférica oposição da Globo a uma reforma fiscal que taxe as grandes fortunas?

    por: Saul Leblon 

    A família mais rica do Brasil – os Marinho e seu oceânico pecúlio de US$ 22,8 bilhões, conforme noticia a revista Forbes – é também a proprietária do maior conglomerado midiático do país.

    A supremacia das Organizações Globo é conhecida.

     Mas o fato de que essa casamata  dispare diuturnamente  contra qualquer variável que afronte  a lógica argentária,  da qual seus donos são os maiores expoentes e beneficiários, presta-se a algumas considerações.

    Olhada  dessa ótica, a fortuna  dos Marinhos  figura como uma questão política, talvez uma das mais sensíveis da política brasileira.

    Ou será que  quando  interesses marmorizados em uma riqueza da ordem de R$ 50 bilhões –seis vezes o custo dos estádios da Copa–  se entrelaçam ao poder de fogo de um dos maiores impérios midiáticos do mundo,  seu poder de vigiar e punir  em causa própria  não  assume proporções de uma ameaça  à democracia?

    O conjunto remete à metáfora de uma sociedade panóptica.

    Nela a presença de um poder  ubíquo exerce  sobre os cidadãos uma vigilância equivalente à do sentinela da torre no controle diuturno dos encarcerados.

     A onipresença asfixiante do vigia que tudo enxerga e avalia deu ao francês Michel Foucault (1926-1984), autor de “Vigiar e Punir”, a inspiradora metáfora  para abordar  a exasperação do controle social no século XX.

    A torre do panóptico não assegura apenas a disciplina do sistema.

    Sua perversidade consiste em aprisionar a subjetividade social tornando-a  carcereira de suas próprias vontades.

    Parece devaneio?

    Quantas agendas o sistema político brasileiro  não rebaixou ou protelou e protela (caso da regulação da mídia), para não se indispor  com o poder de fogo da oceânica fortuna armada de irrespondível dispositivo emissor?

    Essa invasiva capacidade  de inocular agendas e interditar debates lubrificou,  entre outras coisas,  a imposição da cosmologia neoliberal no imaginário  brasileiro nos anos 80/90.

    Como não intuir o peso dos US$ 22,8 bilhões, por exemplo, na esférica oposição das Organizações Globo a uma reforma fiscal que  taxe adicionalmente  as grandes fortunas?

    Ou  na peroração incansável dos seus  editoriais, a desafiar o Estado brasileiro ‘a fazer mais com menos’ – evocação  à austeridade emitida do alto de uma montanha de dólares equivalente a 10% do PIB de Portugal?

    Ou duas vezes  o orçamento total do Bolsa Família que beneficia 50 milhões de brasileiros pobres.

    Ainda: como elidir o interesse argentário  da maratona vitoriosa dos seus veículos e disciplinados colunistas contra o imposto do cheque, em 2007?

    A CPMF, recorde-se, de baixíssima alíquota, funcionava  como um incômodo sensor  de movimentações financeiras graúdas, nem sempre alinhadas à legalidade.

    Foi decepada do orçamento brasileiro em 2007.

    Um comparativo da OMS mostra o quanto há de perversidade na fotografia que imortalizou aquele  ato, cometido na madrugada de 13 de dezembro, depois de  encorajadora campanha sistemática das Organizações Globo & assemelhados.

    A imagem estampada no jornal dos Marinhos  no dia seguinte ao sacrifício, mostra a nata do retrocesso político, em festa obscena pela subtração de R$ 40 bilhões por ano à saúde pública.

     A indecência,  se  panfletada nas filas do SUS,  ainda guarda um teor de nitroglicerina para sublevar o país.

    Mais com menos?

    Segundo a OMS, o gasto público mundial per capita com a saúde  chegou a US$ 571 por ano em 2010. Inclua-se  nessa média os US$ 6 mil da Noruega e os US$ 4 per capita do Congo.

    O valor brasileiro é de US$ 466/ano ( US$ 107 per capita ao final do governo FHC).

    O deserto real é  ainda mais árido:  apenas 42% daquilo que o país gasta com saúde tem origem e destino público. Sai do governo e chega na fila do SUS, que atende mais de 75% da população.

     Outros 58% só circulam entre os 25% que tem plano de saúde.

    Os mesmos que gargalhavam na madrugada de 13 de dezembro de 2007 fuzilariam o ‘Mais Médicos’ seis anos depois, com igual despudor e patrocínio da mesma  emissora & veículos da família mais rica do país.

    É só uma ilustração do ardil  que encurrala a sociedade em um labirinto de impasses e protelações  angustiantes  (veja o  ensaio fotográfico de Roberto Brilhante sobre a ocupação  ‘Copa do Povo’,  em Itaquera, SP; nesta pág).

    Cinicamente, o desespero é  acolhidos pelo dispositivo dos Marinhos & assemelhados como uma evidência do malogro progressista na condução do desenvolvimento brasileiro. 

    Seria apenas um escárnio.

    Não fosse, sobretudo,  a moldura de uma campanha sucessória.

    Através dela pretende-se incensar candidatos e agendas que preconizam adicionar  ao desespero  uma renúncia  disfarçada de audácia.

    Em nome de desobstruir canais que impedem o crescimento, preconiza-se recuar ainda mais o papel coordenador do Estado  sobre a economia.

    Um exemplo da ardilosa cicuta oferecida em favos de mel.

    É sabido que o portfólio de investimentos dos Marinhos  inclui uma bilionária carteira de ações da Petrobrás.

    A república dos acionistas  tem nos donos  da Globo  o porta-voz incansável de um sonho reprimido.

    Qual?

     ‘Realizar’  depressa o valor potencial das maiores reservas de petróleo descobertas no planeta nos últimos 30 anos: o pré-sal, que Lula regulamentou e fundiu ao destino da sociedade pelo regime da partilha.

    O nome do atalho cobiçado é petroleiras internacionais.

    O método: remeter in bruto o óleo, sem refino.

    E gerar caixa.

     Uma dinheirama como nunca o mercado viu, nem verá.

    A república dos dividendos  saliva.

    Ganharia duplamente se  a Petrobrás deixasse de gastar como investidora universal da exploração, com pelo menos 30% em cada poço, como manda a lei.

    A economia numa ponta engordaria as carteiras dos acionistas na outra.

    A pilha de US$ 22,8 bilhões dos Marinhos subiria mais depressa.

    Incharia, ademais,  se o petróleo fosse bombeado direto para fora do país.

    Sem alimentar impulsos industrializantes, sem investir em quatro refinarias ao mesmo tempo; sem expandir polos tecnológicos; sem engatar cadeias de equipamentos com elevados índices de nacionalização e prazos mais largos de exploração.

    Tudo isso, afinal, que  só gera corrupção e desperdício…

    Nove em cada dez  referências das Organizações Globo à Petrobrás são desse teor, muito embora a etatal tenha dado um lucro de R$ 23 bilhões em 2013.

    Eles querem mais .

    A república dos acionistas gostaria de ficar com o equivalente projetado para o fundo soberano, formado de royalties do pré-sal, que permitirá elevar a 10% do PIB o orçamento da educação pública, ademais de suprir  lacunas da saúde brasileira.

    Transitamos, como se vê, no campo da injeção de interesses direto na veia do noticiário.

    A Sabesp, em São Paulo, conforme mostra reportagens do Viomundo e de Carta Maior,  fez exatamente o que os Marinhos  preconizam para a Petrobrás e para o Brasil.

    Afastou o interesse público do comando estratégico da gestão.

    Em vez de investir, tucanos distribuíram nos últimos anos cerca de R$ 500 milhões, em média, aos acionistas da empresa.

    Sobrou para a sociedade o volume morto da Cantareira.

    A partir deste domingo, as torneiras de milhões de residências estarão gotejando   neoliberalismo líquido.

    A sociedade que emergiu das conquistas sociais e econômicas acumuladas a partir de 2002 não cabe nos limites estreitos que essa lógica oferece.

    Dito de outra forma.

    A coexistência de um Brasil urgente, disposto a comandar seu próprio destino, é imiscível  com a estrutura  de riqueza e comunicação simbolicamente condensada no caricato papel que a família Marinho e seus negócios protagonizam no país.

     Seu poder desmedido  para manipular conflitos , desqualificar projetos  e usufruir privilégios distorce e constrange  as vozes que precisam ser ouvidas nesse Rubicão da nossa história.

    A travessia  só se completará  de forma emancipadora se o campo progressista souber erguer linhas de passagem feitas de reformas, prazos e metas críveis aos olhos da população.

    Trata-se de estender o horizonte da sociedade para além do volume morto, ao qual os campeões da Forbes gostariam de  circunscrevê-la.

    E começar por dizê-lo, claramente, nesta campanha eleitoral.

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/O-volume-morto-e-o-dinheiro-vivo/30942

  3. Lula assume nova missão de

    Lula assume nova missão de renovar PT: “Tente você”

    Ex-presidente pede à militância para “enfrentar o debate sobre tudo, inclusive a corrupção”; ele procura acordar o partido para a campanha eleitoral e, ainda, animar uma renovação interna; “Ao invés de negar a política, faça política. É o Lula que não presta? Tira o Lula, tente você”, incentivou; ao hastear uma bandeira objetiva, cravou que a regulação da mídia é “imperiosa”; essas frases dirigidas aos blogueiros, na sexta-feira 16, não renderam destaque em primeira página no pool da cobertura da mídia tradicional, que preferiu ficar na “babaquice” de se chegar de metrô num estádio de futebol; isso foi o menos importante que Lula disse; o que vale são as brigas que ele está comprando

    Encoberto pelo destaque à “babaquice”, o discurso feito pelo ex-presidente Lula aos blogueiros, na sexta-feira 16, foi nada menos que a mais completa mensagem do chefe político à sua militância nesta campanha eleitoral. Ele se postou como candidato a renovador do próprio partido que fundou, preocupado com a crescente despolitização da sociedade e a baixa movimentação da militância do PT. Sabe que pode ser a primeira vítima desse novo momento:

    – Ao invés de negar a política, faça política. É o Lula que não presta? Tira o Lula, tente você, pediu ele próprio. “Mas não negue a política. Não existe exemplo de país que melhorou sem ela”.

    Às portas da Copa do Mundo e no meio de uma campanha eleitoral marcada por duras críticas ao governo e ao PT, Lula sabe que o cenário não está completo. Ele teme que manifestações violentas deem margem para o recrudescimento do que chamou de desmoralização das instituições.

    – Antes, a gente acordava cinco da manhã para ir para a porta de fábrica e ninguém falava nada. Agora, toda manifestação tem cobertura de imprensa, sai em todo lugar, comparou, indicando temer um possível incentivo ao descontrole.

    A opinião de Lula de que seria uma “babaquice” chegar a um estádio de futebol de metrô foi dada para arrancar gargalhadas da plateia. Naquele contexto, o ex-presidente defendia o governo das acusações de falta de legado significativa do Copa do Mundo em relação ao transporte público. A parte verdadeiramente forte foi a admissão, por Lula, dos estragos que podem ser feitos ao projeto de poder do PT pela falta de aguerrimento do partido em superar suas dificuldades.

    – Devemos enfrentar todo o debate, inclusive o da corrupção. Ninguém fez mais pela transparência do governo do que nós fizemos a partir do meu governo, frisou Lula.

    Em meio a uma escalada de críticas à mídia tradicional e familiar, Lula detalhou, no que chamou de “conversa” com os blogueiros, exatamente o que pensa sobre a regulação da mídia. Ele citou, como nunca fizera antes, legislações específicas de diferentes sobre a mídia:

    – E não citei a Venezuela para não dizerem que eu sou esquerdista, disse Lula, após ter lembrado da lei de meios aprovada na Argentina, “que derrotou um monopólio (o grupo El Clarín), das restrições ao gigantismo das empresas de comunicação existentes nos Estados Unidos e das batalhas do governo inglês contra os tablóides sensacionalistas e, “onde o Murdoch perdeu”.

    – A regulação dos meios de comunicação é imperiosa, cravou Lula.

    É de se compreender, assim, porque nos meios tradicionais de comunicação mais valeu angular que, para Lula, em última análise o metrô é uma “babaquice”. O ex-presidente tocou em pontos que incomodam a muitos ouvidos poderosos:

    – A virulência e a falta e respeito com que estão tratando o nosso governo só tem uma explicação, sublinhou Lula para seu público.

    – E qual é a preocupação deles? Eu fico pensando será que eles estão pensando ‘puta, se essa Dilma ganha agora depois esse Lula volta? Ai é demais!’ “.

    Na conversa com os blogueiros, Lula de fato deu frases suficientes para muitas manchetes.

    http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/140190/Lula-assume-nova–miss%C3%A3o-de-renovar-PT-Tente-voc%C3%AA.htm

  4. Democracia e participação

    Democracia e participação fazem bem à saúde

    “Demorou 50 anos para o Brasil se recuperar do estrago que a política de arrocho salarial do regime militar e a inflação fizeram na distribuição de renda brasileira. O Índice de Gini, que mostra o nível de concentração de renda no país e que, quanto mais perto de zero, mais igualitária é a sociedade, voltou atualmente aos 0,500 nos rendimentos de todos os trabalhadores, o mesmo índice de 1960 captado pelo Censo Demográfico. Em 1970, a taxa já tinha subido para 0,56; em 1980 para 0,59; e em 1991 para 0,63. A queda só começou a acontecer sistematicamente no Século XXI. Segundo o economista Edmar Bacha, 70% do crescimento da renda entre 1960 e 1970 foram apropriados pelos 10% mais ricos da população: O período militar apenas agravou a desigualdade” (50 anos do Golpe – Desigualdade – Meio século para recuperar – País começa a voltar ao nível de concentração de renda dos anos 60, um dos mais baixos da História – O Globo, 24.03.14, p. 17).

    Há 50 anos o golpe civil-militar abortou o processo de reformas de base em curso e impediu a mobilização social por mais igualdade, mais democracia. Por décadas, não houve democracia no Brasil. Sob muita pressão popular – luta pela Anistia, Diretas-Já, Constituinte, greves, ocupações no campo e na cidade -, a democracia voltou a florescer, embora nos anos 1990, com o neoliberalismo reinante e dominante no Brasil e no mundo, tenha aumentado a concentração de renda e a democracia tenha sofrido atrasos e revezes.

    O final dos anos 1990 e especialmente os anos 2000 trouxeram de volta não só a democracia, mas também à diminuição de desigualdade, a melhoria do emprego e da renda, as políticas de participação social no Brasil e em toda América latina, com governos progressistas e democrático-populares.

    Nos anos 1980 e 1990, surgiu o Orçamento Participativo como grande novidade de participação social e popular, com repercussão mundial. A população não só é ouvida, mas decide o orçamento público.

    Nos anos 2000, os governos Lula e Dilma avançaram na participação social. Lula abriu o Palácio do Planalto aos movimentos sociais, ao movimento sindical, aos sem terras, quilombolas, indígenas, hansenianos. Conferências, Conselhos, Ouvidorias, Audiências Públicas, Mesas de Diálogo passaram a fazer parte do cotidiano da sociedade.

    Isso não quer dizer que tudo está feito e pronto. 2013/2014, os jovens e os trabalhadores estão na rua, não contra a ditadura, mas na e a favor da democracia. Felizmente. A institucionalidade vigente, democrática, está em questionamento. Não para uma volta à ditadura, mas sim para ampliar a democracia, seus benefícios, melhorar a condição de vida da população, ter políticas públicas de qualidade. Felizmente.

    O histórico déficit democrático do Brasil mobilizou jovens es trabalhadores. E recebeu resposta positiva da presidenta Dilma, que disse, em 23 de junho de 2013, no lançamento de cinco pactos para a sociedade brasileira: “Meu governo está ouvindo a voz democrática, as vozes democráticas que saem e emergem das ruas e pedem mudanças. É preciso escutar a voz das ruas. Só ela é capaz de nos impulsionar a andar mais rápido. O Brasil criou um amplo mercado de massas e avançou na construção da cidadania. O povo agora está nas ruas, dizendo que deseja que as mudanças continuem, que elas se ampliem, que elas ocorram ainda mais rápido. Ele está nos dizendo que quer mais cidadania, quer uma cidadania plena. As ruas estão nos dizendo que o país quer serviços públicos de qualidade, quer mecanismos mais eficientes de combate à corrupção que assegurem o bom uso do dinheiro público, quer uma representação política permeável à sociedade onde o cidadão e não o poder econômico esteja em primeiro lugar. É muito bom que o povo esteja dizendo isso em alto e bom som. Cabe a cada um de nós, presidenta, ministros, governadores, prefeitas, prefeitos, cumprir essa nova e decisiva dimensão popular.”

    Agora, maio de 2014, a presidenta Dilma, no evento Arena da Participação Social, lança a Política Nacional de Participação Social e um Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. E são criados canais de diálogo direto com a sociedade, como o Portal Participa.Br, o Participatório da Juventude, e outros tantos espaços de interlocução entre governo e sociedade. Está sendo lançado o Marco de Referência da Educação Popular para as Políticas públicas, caminho para uma Política Nacional de Educação Popular.

    A frase síntese é: Participação social como método de governo. Novas vozes nas políticas públicas dão sentido e densidade à democracia.

    Democracia e participação social fazem bem à saúde do corpo, da mente, das ideias de quem acredita numa sociedade ativa, de espírito jovem, com sujeitos de direitos, de quem tem na esperança o sonho de um futuro de paz, igualdade, felicidade. Democracia na veia é o que o Brasil e o mundo precisam mais que tudo.

    Selvino Heck é assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República

    http://www.sul21.com.br/jornal/democracia-e-participacao-fazem-bem-a-saude/

  5. Copa do Mundo e eleições:

    Copa do Mundo e eleições: alguns paradoxos e o papel da perspectiva histórica

    O historiador Geoff Eley escreveu um livro colossal e extremamente relevante para pensar o momento que vivemos no Brasil e no mundo. “Forjando a Democracia. A história da esquerda na Europa, 1850-2000” (Editoria Fundação Perseu Abramo) traduz em suas 766 páginas o que é mesmo essa tal de perspectiva histórica e porque ela é indispensável para pensar a política, a democracia e a própria vida. A história, nos lembra Eley, não anda de trem, nem de bonde. Ela não está presa a trilhos, podendo servir tanto para “bloquear o presente como para libertá-lo”. Partindo da década de 1860, seu relato avança por meio de uma série de conjunturas revolucionárias, passando pelas duas guerras mundiais e pelo processo de reconstrução que se seguiu a elas. Todos esses períodos, escreve, são marcados por um enigma que persegue os historiadores e os pensadores da política: a articulação complexa e muitas vezes paradoxal entre continuidade e mudança.

    Em determinados períodos históricos, diz Eley, “as relações dadas, social e politicamente, parecem inertes e fixas (…) e a política se transforma na máquina da permanência e da rotina”. Mas em outras épocas, “o presente afrouxa as garras”, escreve: “os horizontes se alteram. A história se acelera. Torna-se possível ver os fragmentos e contornos de uma forma diferente (…) as estruturas aparentemente inamovíveis da vida política se abalam (…) Quando isso acontece, os mundos institucionais e formais da política, numa nação ou cidades, e os muitos mundos corriqueiros do privado, do pessoal e do dia-a-dia se movem em conjunto. Ocupam o mesmo tempo e o presente começa a se mover”.

    Em seu livro, Eley percorre esses períodos de continuidade e de mudança que marcam a história política recente da Europa. E o faz, sem perder de vista nunca a perspectiva histórica, compondo uma importante reflexão sobre a trajetória da esquerda europeia no período em questão. Ele aponta que “a degeneração da revolução bolchevique sob Stalin e a stalinização da Europa Oriental depois da Segunda Guerra Mundial comprometeram o lugar do socialismo”. No resto da Europa, porém, ressalta, “os socialistas foram fundamentalmente responsáveis por tudo o que nos é caro na democracia, desde a busca das garantias democráticas, das liberdades civis, e a aprovação das primeiras constituições democráticas até os ideais mais conflitivos de justiça social, a ampliação das definições de cidadania e o Estado de bem-estar”. E conclui:

    “A democracia sempre foi uma fronteira em movimento, cujas projeções idealistas porém irrealizadas foram tão importantes quanto os ganhos efetivos. Portanto, à medida que nos movermos pela paisagem desconhecida do século XXI, estaremos diante de um futuro do qual precisaremos nos lembrar. E, ao construirmos nossos mapas, vamos precisar do conhecimento contido no rico passado de esquerda”.

    O horizonte da perspectiva histórica: o Brasil e seus paradoxos

    No momento em que a Europa enfrenta um grave risco de retrocesso que ameaça direitos e conquistas sociais construídas com suor e sangue, e o Brasil atravessa um período de efervescência social, a sabedoria da experiência e o horizonte da perspectiva histórica podem nos ajudar a ver com mais clareza o que, de fato, está sendo despertado e alimentado no país. Como lembra Eley, a experiência humana já mostrou diversas vezes que a história não anda de trem. Se esquecermos disso, poderemos ser pegos de surpresa quando ela tomar direções absolutamente inesperadas e mesmo indesejáveis.

    O Brasil vive uma situação paradoxal. O país vive o seu melhor momento na história, do ponto de vista do combate à fome, à pobreza e à desigualdade. O país vive também uma situação de pleno emprego no momento em que economias tradicionais da Europa enfrentam uma grave crise de desemprego. No entanto, quem passa o dia exposto ao bombardeio midiático tem a impressão de que vivemos uma situação de caos. A situação beira o surreal. Vale a pena lembrar alguns números.

    No final de 2002, cerca de 55 milhões de brasileiros viviam na pobreza, sobrevivendo com o valor mensal de meio salário mínimo por pessoa. Deste universo, aproximadamente 24 milhões de pessoas viviam com menos de ¼ de salário mínimo, em uma situação de extrema pobreza. A meta inicial firmada pelo governo brasileiro com a Organização das Nações Unidas (ONU) era de, até 2015, reduzir a pobreza à metade do nível de 1990. Em 2005, essa meta foi voluntariamente ampliada pelo Brasil, definindo que a redução da pobreza deveria atingir um quarto do nível de 1990. Esse resultado foi alcançado em 2007 e superado em 2008. Em 7 anos, mais de 27 milhões deixaram a pobreza.

    Segundo dados do IPEA e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 2003 e 2009, 27,9 milhões de pessoas superaram a pobreza e 35,7 milhões ascenderam para classes sociais mais elevadas. O índice da população vivendo em situação de pobreza extrema caiu de 12% (2003) para 4,8% (2008). A taxa de desnutrição em crianças menores de cinco anos no Brasil caiu de 12,5%, em 2003, para 4,8%, em 2008 – uma queda de 62%. A diarreia aguda, uma das maiores causas de mortalidade infantil, que havia causado 2.913 óbitos em 2003, fechou o ano de 2008 com 1.410 óbitos, uma redução de 51,6%.

    Isso significa que todos os problemas do país foram resolvidos. Claro que não? Mas significa muito menos que o país está descendo a ladeira. O período que estamos vivendo no Brasil coloca algumas armadilhas no caminho: as tentações da terra arrasada, do adventismo, de achar que a história que está começando agora, de lançar pela janela o bebê com a água do banho, de subordinar o maior ao menor, de tomar a parte como o todo, nos espreitam a todos.

    Neste contexto vale a pena ler a obra de Geoff Eley e refletir sobre as armadilhas que cercam a relação entre continuidade e mudança. A democracia e a própria história, assinala, têm fronteiras em permanente movimento. Nas próximas semanas essas fronteiras serão atravessadas por diferentes agentes sociais e políticos que apostam em um clima caótico durante a Copa do Mundo como fator capaz de influir no resultado das eleições presidenciais deste ano. A situação pode ficar bastante confusa, o que exigirá mais do que nunca algo que Eley aponta em seu livro como um elemento indispensável para se situar nas fronteiras em movimento da democracia e da política: perspectiva histórica. E uma das principais coisas que a perspectiva histórica nos indica é que os movimentos políticos em torno da Copa do Mundo estão todos subordinados, goste-se ou não, à eleição presidencial deste ano no Brasil que definirá o futuro do maior país da América Latina e, de modo indireto, de todo o continente. É neste terreno que a política e a democracia brasileira se moverão nas próximas semanas.

    http://www.sul21.com.br/jornal/copa-do-mundo-e-eleicoes-alguns-paradoxos-e-o-papel-da-perspectiva-historica/

  6. Revolucionários ao contrário:

    Revolucionários ao contrário: os jovens conservadores

    Por Luiz Vendramin Andreassa, do Diário do Centro do Mundo

    O estereótipo do jovem, principalmente após a década de 1960 e, em especial, das revoltas de maio de 1968, é formado por características como a rebeldia, o questionamento da autoridade dos pais, a liberação sexual e o uso de drogas. Entretanto, os estereótipos são sempre uma simplificação pobre da realidade, ainda mais num país tão fora dos padrões e difícil de classificar como o Brasil. Por isso, alguns jovens fazem questão de contrariar esta definição ao adotar ideias e comportamentos bem diferentes.

    A internet tem sido um meio bastante usado por esses jovens para se reunirem, trocarem afinidades e expressarem sua opinião a respeito dos temas citados acima – e muitos outros. Rafael de Carvalho é um deles: em 2013, o administrador de sistemas de 25 anos criou o Canal da Direita, presente como canal no Youtube e página no Facebook (esta última com 77.454 curtidas). Segundo ele, “nossa missão é, antes de tudo, ajudar a formar uma oposição pró-Brasil ao invés de partidária como vemos por aí”.

    Rafael avalia que o Brasil, especialmente a juventude, é vítima de uma doutrinação do pensamento de esquerda, presente em universidades e no meio cultural. “Apesar de ter a hegemonia política e cultural nas mãos, a esquerda não tem toda a juventude aos seus pés. Se tivéssemos no Brasil uma educação aliada à formação política sem doutrinação, certos políticos que chegaram ao planalto não seriam eleitos nem para vereador”. Esta percepção é compartilhada por Weverlim Cavalcante, estudante de direito em Maceió, 18 anos, criador da página UJC (União Juventude Conservadora, 3.473 curtidas no Facebook): “Quando o PT entrou no poder começou a haver uma doutrinação pesada do marxismo, leninismo, gramscismo, entre outras teorias comunistas, que foi moldando os modos de pensar da nossa juventude”.

    O professor e pesquisador da FESPSP, Rodrigo Estramanho de Almeida, 31 anos, discorda da ideia de que as universidades sejam pólos esquerdistas: “professor não é a única classe que forma opinião política, e não há dados para provar que eles pensam assim. Não existe relação de causa e efeito, o perfil tem a ver com passado, história, construção da realidade, instituições”. Todavia, ele aponta para um perfil progressista da juventude paulistana, como notado na pesquisa O jovem e o futuro na cidade de São Paulo, coordenada por ele e produzida pelo Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais da FESPSP. Quase metade dos 409 entrevistados concordou totalmente com a afirmação “As recentes manifestações políticas são positivas para a cidade de São Paulo”. Este desejo por mudança, expressado nas ruas em junho de 2013, é, para Rodrigo, uma mostra da insatisfação do jovem brasileiro com a ordem política e social atual, o que nos impede de classificá-lo como conservador (no sentido de querer conservar a ordem vigente ou voltar a alguma anterior).

    Apesar desse desejo por mudanças, Renato Essenfelder, professor do curso de jornalismo na ESPM e no Mackenzie, 33 anos, observa tendências conservadoras em alguns jovens. “Embora o discurso público seja um, em privado vejo o conservadorismo arraigado: a menina que faz sexo é depravada, o homossexual que demonstra afeto em público é sem vergonha, o usuário de droga é marginal ou ‘lesado’”. Além de professor, Renato escreve crônicas no blog Males Crônicos, do Estadão, e recebeu muitas críticas em seu texto, explicitamente irônico, Ai, que

    Saudades da ditadura. “Foram mais de 500 comentários, e pelo menos 70% eram pró-ditadura. Não sei dizer quantos dos internautas eram jovens, o público era muito heterogêneo”.

    A adoção desse papel de minoria mal-representada é um ponto-chave para entender o motivo de alguns jovens – a até ex-rebeldes como o músico Lobão – assumirem posições conservadoras. Essa postura é resumida claramente por Rafael de Carvalho: “numa sociedade coletivista como a nossa, que crê que os interesses das abstrações sociais (classe, raça, gênero etc.) são mais importantes que o indivíduo, o jovem conservador é o verdadeiro revolucionário”. Rodrigo Estramanho, por sua vez, percebe uma contradição neste posicionamento e acredita que “isso é uma confusão semântica enorme, que deriva de uma confusão em relação à realidade. Quem é conservador quer manter ou voltar a uma situação. Isso é um ponto de vista, não vejo que esteja assim”.

    No campo político, Rodrigo nota a presença de “questões religiosas e institucionais, que orientam certo tipo de comportamento” e acabam por influenciar candidatos progressistas, impedindo-os de assumir opiniões como a defesa do aborto. “Precisamos avançar muito no debate dessas questões”, completa. Em relação a esses temas, Weverlim é taxativo ao declarar sua oposição ao “aborto, pedofilia, prostituição, redução da maioridade sexual, casamento homo afetivo e a legalização das drogas”, colocando a discussão de direitos, como o casamento entre homossexuais, no mesmo grupo de crimes como a pedofilia.

    Como referências do pensamento conservador atual, Weverlim cita “a família Bolsonaro, Rachel Sheherazade e Paulo Eduardo Martins”, acrescentando que na UJC Margareth Thatcher e Ronald Reagan também assumem esse papel. Renato Essenfelder lamenta a influência de Bolsonaro e Sheherazade por seu discurso raso: “Um país que teve Roberto Campos, para citar um político, e Paulo Francis, para ficar em um jornalista, não pode se contentar com eles”.

    Apesar de usar um tom aparentemente radical na defesa de suas ideias, o discurso desses jovens alia-se ao pluralismo para o desenvolvimento da sociedade, pois “sendo assim, haverá um equilíbrio ideológico e social”, nas palavras de Weverlim. E como todos os opostos e rivais na história, esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo nos costumes, parecem não sobreviver sem o outro. “Precisamos incentivar a diversidade, as vocações”, diz Rodrigo. Para ele, o conservadorismo de uma parcela dos jovens, assim como a popularidade de figuras conservadoras, os protestos de junho de 2013 e a Comissão da Verdade, “são sintomas de democracia”. “Precisamos definir o Brasil que queremos, e é a juventude que vai fazer isso”, conclui.

    http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/05/revolucionarios-ao-contrario-os-jovens-conservadores/

  7. POR QUE NÓS, CIDADÃOS DO MUNDO, TOLERAMOS OS EUA?

    POR QUE NÓS, CIDADÃOS DO MUNDO, TOLERAMOS OS EUA?
     

    Publicado no Diário do Centro do Mundo, em 17 de maio de 2014.
    Em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quebrando-o-silencio-na-ucrania-uma-guerra-mundial-esta-na-esquina/
    Publicado originalmente no Asian Times Online, em 14 de maio de 2014
    Em http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/CEN-01-140514.html
     

    Quebrando o silêncio na Ucrânia: uma guerra mundial está na esquina

    Por John Pilger (repórter desde 1958, ganhador do prêmio Britain`s Journalist of the Year na área dos Direitos Humanos, correspondente de guerra no Vietnã, Camboja e Biafra)

    Por que toleramos a ameaça de mais uma guerra mundial em nosso nome? Por que permitimos todas as mentiras que justificam esse risco? A escala em que somos doutrinados, escreveu Harold Pinter, é:

    (…) “brilhante, inteligente, se se pode dizer, uma encenação muito bem sucedida de hipnose coletiva”, como se “os fatos jamais tivessem acontecido, mesmo que estivessem acontecendo à nossa vista”.

    Todos os anos, o historiador norte-americano William Blum publica seu “sumário atualizado dos feitos da política externa dos EUA”, que mostra que, desde 1945, os EUA já tentaram derrubar mais de 50 governos, muitos dos quais democraticamente eleitos; interferiram pesadamente em eleições em 30 países; bombardearam populações civis em 30 países; usaram armas químicas e biológicas; e tentaram assassinar líderes estrangeiros.

    Em muitos casos, a Grã-Bretanha trabalhou ao lado dos EUA como colaboradora. O grau de sofrimento humano, para nem falar da criminalidade, é apagado no Ocidente, apesar de aí estarem ativos os sistemas mais avançados de comunicações e, supostamente, o jornalismo mais “livre” do planeta. É absolutamente proibido noticiar que o maior número de vítimas de ações terroristas não são “ocidentais”, mas, sim, muçulmanos.

    Esse jihadismo extremo, que levou ao 11/9, foi nutrido como arma de política anglo-norte-americana (“Operação Ciclone” no Afeganistão). Em abril, o Departamento de Estado observou que, depois da campanha da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em 2011, “a Líbia foi convertida em paraíso seguro para terroristas”.

    O nome do “nosso” inimigo mudou ao longo dos anos: de comunismo, para islamismo, mas, em geral, qualquer sociedade independente da potência ocidental, que ocupe território considerado estrategicamente relevante ou rico em recursos a saquear, é “inimigo” dos EUA e da Grã-Bretanha. Os líderes dessas nações obstrutivas são em geral varridos do mundo em ação criminosa, como os democratas Muhammad Mossadeq, no Irã e Salvador Allende, no Chile; ou são assassinados como Patrice Lumumba no Congo. E todos somos submetidos a uma campanha, conduzida mediante as estruturas do jornalismo da imprensa-empresa que conhecemos, para caricaturar e vilificar o homem da hora, seja quem for: Fidel Castro, Hugo Chavez; agora, como se vê, Vladimir Putin.

    O papel de Washington na Ucrânia só é diferente nas implicações que tem para o resto do mundo. Pela primeira vez, desde os anos Reagan, os EUA estão ameaçando arrastar o mundo à guerra. Com o leste da Europa e os Bálcãs agora convertidos em entrepostos militares da OTAN, o último estado “tampão” junto às fronteiras russas está sendo detonado. Nós – o “ocidente”, tão orgulhoso de sua “civilização” e dos seus valores – estamos apoiando neonazistas, num país onde os nazistas ucranianos apoiaram Hitler.

    Tendo cerebrado o golpe de fevereiro contra o governo democraticamente eleito em Kiev, Washington planejou tomar para ela a base naval russa de águas temperadas, legítima e histórica, na Crimeia. Mas o plano fracassou. Os russos defenderam-se – como sempre se defenderam contra todas as ameaças e invasões do ocidente, sempre, há quase um século. Mas o cerco militar que a OTAN tenta foi acelerado, combinado a ataques orquestrados pela CIA e pelo FBI-EUA contra russos étnicos na Ucrânia.

    Se conseguirem arrastar Putin para uma guerra provocada, em defesa daqueles russos, essa função de “estado pária” será utilizada como pretexto para desencadear uma guerra de guerrilhas que a OTAN fará crescer enquanto puder, até que respingue no próprio território russo.

    Putin, contudo, pôs o partido da guerra a andar em círculos, feito peru bêbado, ao procurar acomodação e acordo com Washington e com a União Europeia; e retirou seus soldados da fronteira ucraniana, conclamando os russos étnicos no leste da Ucrânia a desistir do referendo planejado, interpretado como ação de provocação. Esses falantes de russo e bilíngues – um terço da população da Ucrânia – há muito tempo procuram organizar uma federação democrática que reflita a diversidade étnica do país e que seja, simultaneamente, autônoma e independente de Moscou. A maioria deles não são nem “separatistas” nem “rebeldes”, mas cidadãos que aspiram a viver em paz e segurança na própria terra.

    Como as ruínas hoje do Iraque e do Afeganistão, a Ucrânia também foi transformada em parque temático da CIA – comandado pelo diretor John Brennan em Kiev, com “unidades especiais” de CIA e FBI montando a “estrutura de segurança” que supervisiona os ataques mais selvagens contra os que se opõem, lá, ao golpe de fevereiro.

    Bandidos fascistas queimaram o prédio da sede do sindicato, matando 41 pessoas que foram presas lá dentro, enquanto o prédio era incendiado. Assistam ao que fez a Polícia, parada, assistindo ao “espetáculo”. Um médico contou que tentou desesperadamente tirar as pessoas presas no prédio, “mas fui impedido por radicais nazistas ucranianos. Um deles empurrou-me com violência, gritando que, em breve, outros judeus de Odessa teriam também o mesmo destino… Não entendo por que o mundo inteiro continua em silêncio!”

    Os ucranianos falantes de russo estão lutando pela vida. Quando Putin anunciou a retirada dos soldados russos da fronteira, o secretário de “defesa” da junta neonazista de Kiev – e membro fundador do partido fascista Svoboda – pôs-se a esbravejar que os “insurgentes” não arredariam pé. Em seu típico estilo orwelliano, a propaganda ocidental inverteu tudo e “noticiou” que “Moscou tenta orquestrar novos conflitos e provocações” – foram as palavras do secretário britânico de Relações Exteriores, o lastimável William Hague. Foi cinismo só comparável às grotescas “congratulações” que Obama enviou à junta neonazista, pela “notável contenção” que manifestou… depois do massacre de Odessa!

    É junta ilegal e dominada por fascistas. Para Obama, foi “devidamente eleita”. O que conta – como Henry Kissinger disse certa vez, não é a verdade, mas o que alguém supõe que seja a verdade.

    Nos veículos da imprensa-empresa norte-americana, a atrocidade de Odessa foi descrita como “triste” e “feia” e “uma tragédia” na qual “nacionalistas (de fato, são neonazistas) atacaram “separatistas” (de fato, eram pessoas que recolhiam assinaturas a favor de um referendo a favor da federalização da Ucrânia).

    Na Alemanha, a propaganda foi pura guerra fria, com o Frankfurter Allgemeine Zeitung alertando os leitores contra “a guerra russa não declarada”. Para os alemães, é apenas ironia histórica que Putin seja o único líder em todo o planeta a condenar o ressurgimento do fascismo na Europa do século XXI.

    Há quem repita que “o mundo mudou depois do 11/9”. Mas… o que mudou? Segundo o grande alertador-vazador Daniel Ellsberg, houve um golpe silencioso em Washington e, depois daquele dia, o país é governado por militarismo rampante. O Pentágono só faz comandar “operações especiais” – guerras secretas – em 124 países.

    Em casa (nos EUA), o que se vê é miséria crescente e a morte da liberdade por hemorragia – duas consequências históricas de um estado em guerra perpétua. Acrescente-se o risco real de guerra nuclear, e a questão se impõe: por que nós, cidadãos do mundo, toleramos os EUA?

  8. O racionamento – Ricardo Melo – FSP

    RICARDO MELO

    O racionamento da verdade em SP

    Pelo jeito o que anda em falta mesmo, além da água, é vergonha na cara dos políticos que falam de ética

    Há cerca de dez dias, recebo um recado da Rita, que trabalha em casa. “Seu Edson (o porteiro) pede para tomar banho logo. É que parou de chegar água à noite e só uma das duas caixas do prédio está cheia. Ninguém sabe até quando.”

    Sobrevieram duas certezas. A primeira: o racionamento de água em São Paulo é fato, seja o eufemismo utilizado: “stress hídrico”, “estiagem histórica”, “crise de mananciais”. Depois, como meu bairro faz fronteira com uma região habitada por tucanos e “formadores de opinião”, logo teremos providências.

    Dito e feito. Em tempo recorde convocaram-se mortos para aumentar o volume da Cantareira.

    Estranho como praticamente sumiram as ressalvas ao tal “volume morto”. Reportagem do UOL, do Grupo Folha, alerta sobre possíveis consequências: metais pesados desta reserva podem prejudicar o sistema nervoso, fígado, rins e até provocar câncer. O uso deste volume pode esgotar a água da bacia dos rios e prejudicar o ecossistema.

    E ainda: o custo do tratamento da água é maior, podendo ser até 40% mais caro e resultar em aumento da conta em 2015 (informações completas, gráficos incluídos, estão no endereço http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/05/18/agua-do-volume-morto-deve-chegar-no-domingo-a-populacao-de-sao-paulo.htm).

    Para quem duvida do tamanho do problema, neste domingo (18) o “Estado de São Paulo”, que pode ser acusado de muitas coisas, menos de ser petista, traz duas páginas mostrando regiões da cidade que há 30 anos sofrem com a falta d’água. A jornalista Ana Carolina Sacoman acrescenta. Embora more a apenas 11 km da praça da Sé, há mais de uma semana seu prédio recebe água só duas horas por dia.

    Tudo não passaria de caprichos da natureza se o colapso não fosse anunciado. Em metade da região metropolitana, São Paulo convive com a perda física de água de 45% no caminho que vai da represa ao consumidor. Pelo menos desde maio do ano passado o nível do sistema Cantareira vem definhando. O que foi feito? A Sabesp, controlada pelo Estado, não explica. Em compensação, os moradores receberam um encarte com o pomposo nome de “Relatório Anual de Qualidade da Água” relativo a…2013! Talvez porque não tenha sobrado água nem para fazer exames mais recentes.

    É praxe marqueteira tentar desqualificar adversários comparando crimes. Ah, se eu roubei, você também roubou, se eu cometi desmandos, você também andou fora da linha. O objetivo é buscar a soma zero: se todos são meliantes, vamos falar de amenidades.

    Como não sou marqueteiro, decididamente a prática não me atrai. Por exemplo: em nenhum momento compactuo com roubo de dinheiro público, maracutaias em estatais federais, estaduais e municipais. Tampouco avalizo alianças espúrias apenas para garantir votos.

    A tática, no entanto, ajuda a aferir a credibilidade dos contendores. O PSDB nos últimos 20 anos tem o Estado como sua principal vitrine. E o que se vê não é bom. A própria Sabesp é alvo de inúmeras denúncias de procedimentos esquisitos, como vem alertando o sempre atento repórter Fábio Serapião.

    Suspeita-se que muita gente encheu o bolso em velocidade similar ao esvaziamento de reservatórios.

    Do Metrô, nem é preciso falar. O dado clássico de comparação é a Coreia, que no mesmo tempo de existência construiu 287 quilômetros de trilhos ante 74 aqui.

    Enquanto isso, um conselheiro do Tribunal de Contas (de Contas!), braço direito do PSDB paulista, é pilhado com somas milionárias no exterior relacionadas ao escândalo Metrô-CPTM.

    Responde que tudo não passa de perseguição e continua lá fazendo as contas dele com o dinheiro do povo. Quer mais? Um ex-diretor da Companhia de Processamento de Dados é investigado sob acusação de favorecer o caixa tucano.

    Saiu-se ao estilo dos velhos anões do Orçamento. Alega ter ganho R$ 26,5 milhões na loteria…

    A defesa da ética na política é um dos bordões preferidos da oposição. De palavra, não há quem discorde disso. Mas pelo jeito o que anda em falta mesmo, além da água, é vergonha na cara.

  9. Nassif, você que sempre se

    Nassif, você que sempre se pronunciou aqui em relação ao caso Gushiken, como se sente lendo isso?

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/gushiken.html
     

    Autor de reportagem de Veja contra Gushiken é contratado da Secom

    publicado em 13 de maio de 2014 às 12:35

    por Conceição Lemes

    Em 13 de setembro de 2013, o Partido dos Trabalhadores perdeu uma de suas figuras históricas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um amigo querido e companheiro de mais de 30 anos de luta sindical e política: Luiz Gushiken.

    Ele participou da fundação do PT, foi seu presidente, três vezes deputado federal e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-PR) até julho de 2005.

    Naquele momento, em meio às denúncias do mensalão, deixou o cargo.

    Mas já no começo do julgamento da  Ação Penal 470 (AP 470), o próprio Ministério Público Federal (MPF) pediu a exclusão do nome de Gushiken do processo. A defesa do ex-ministro, no entanto, pediu para que o nome de Gushiken fosse mantido, para que sua inocência fosse provada e publicada pela Justiça.

    A matéria que começou a assassinar a reputação de Gushiken e a derrubá-lo da Secom foi publicada emVeja, edição de 6 de julho de 2005: Ação entre amigos, do repórter Ronaldo França (na íntegra ao final).

     

    Quase nove anos já se passaram.

    Quem diria o mesmo Ronaldo, cuja reportagem deu início à queda de Gushiken, está trabalhando desde o final de fevereiro na própria Secom.

    No expediente  da Secretaria, aparece como secretário adjunto de imprensa. Em outra área do portal, é apresentado como assessor especial da Secretaria Executiva.

    Segundo informação da Secom ao Viomundo, ele foi contratado para cuidar, até julho deste ano, das ações do governo para a Copa do Mundo.

    A Copa do Mundo, todos nós sabemos, é uma das prioridades do governo da presidenta Dilma Rousseff.

    Daí uma pergunta óbvia: como alguém que disse que o PT “sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro” pode agora defender um governo do PT  justamente no local que  ajudou a detonar?

    Independentemente da duração do trabalho e da qualificação do jornalista, essa contratação é estranha.

    É mais do que um deboche. É um desrespeito à memória de Gushiken. É  tapa na cara da família. É bola nas costas da militância, que sua a camisa e amassa barro. E um emblema de como Dilma, a direção do  PT e o governo lidam com a Comunicação e estão reféns da mídia tradicional.

    *****

    Íntegra da reportagem de Veja 

    Ação entre amigos

    Ronaldo França

    No fim de 2002, no momento em que se preparava para assumir um cargo no ministério do recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o hoje ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, fez uma transição particular.

    Vendeu sua participação na empresa Gushiken e Associados, especializada em consultoria previdenciária, a dois antigos colaboradores, Wanderley José de Freitas e Augusto Tadeu Ferrari. A companhia mudou de nome e passou a se chamar Globalprev Consultores Associados.

    A mudança foi concretizada em 6 de dezembro de 2002, conforme contrato arquivado na Junta Comercial de São Paulo. Era a reta final da troca de governo. A partir de então, a Globalprev começou a viver uma história de sucesso sem igual em sua história. Já em 2003, passou a fechar contratos com fundos de pensão de estatais, desbancando alguns dos mais tradicionais concorrentes do mercado.

    A empresa aportou na Previ, na Petros, na Portus, na Capaf e no Cifrão. São, respectivamente, os fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, da Petrobras, da extinta Portobrás, do Banco da Amazônia e da Casa da Moeda. Juntos, detêm um patrimônio de 96 bilhões de reais.

    Os contratos da Globalprev chamam atenção porque os fundos de pensão são justamente uma área sob forte influência do ministro Luiz Gushiken. Formado em administração de empresas, foi um deputado federal atuante no setor.

    Participou ativamente da CPI sobre o assunto e de todas as discussões sobre regulamentação dessa área nos últimos anos. Era, por assim dizer, o especialista do PT no assunto. Formado o governo, fez as indicações para os postos-chave. Esteve por trás da nomeação de alguns presidentes de fundos, como Wagner Pinheiro, na Petros, e Sérgio Rosa, na Previ.

    Gushiken também exercitou sua influência para nomear o titular da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência Social, Adacir Reis, que foi assessor de seu gabinete no Congresso.

    Apesar de sua influência no setor, quando ainda estava à frente da empresa, Gushiken não tinha tantos clientes quanto seus sucessores conquistaram.

    Os fundos de pensão para os quais trabalhava se limitavam ao do Banrisul, o banco estadual do Rio Grande do Sul, onde, por sinal, o governo era petista, e ao da Coelba, companhia elétrica da Bahia. Seu mercado estava principalmente nos sindicatos e em prefeituras, por todo o Brasil. Seu carro-chefe eram cursos com o objetivo de explicar aos trabalhadores a regulamentação e a estrutura dos fundos.

    A virada se deu no começo de 2003. A empresa foi contratada pela Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o segundo maior do país, com patrimônio de 25 bilhões de reais. O contrato de consultoria atuarial (investigação e aconselhamento em problemas relacionados com o cálculo do valor dos seguros) vigorou por dois anos e foi renovado neste ano, sem concorrência, o que é permitido pelo estatuto da Petros. Além desse, a Globalprev conquistou outros dois negócios na Petros.

    Um deles está sendo argüido pelo Conselho Fiscal do fundo. Trata-se do contrato no qual a Globalprev figura como subcontratada da Trevisan Associados. O processo de contratação está sendo questionado porque, das três empresas que se qualificaram para concorrer, apenas uma, a Trevisan, aceitou realizar todos os cinco serviços solicitados.

    As outras duas ou não se interessaram por todos os serviços requeridos, ou não apresentaram proposta. Assim que venceu a concorrência, a Trevisan subcontratou a Globalprev. Há quase dois anos o Conselho Fiscal solicita os documentos para analisar o processo, o que só deverá ocorrer agora, neste mês.

    Não foi só. Em parceria com as empresas PricewaterhouseCoopers e Kiman Solutions, a Globalprev foi contratada pela Petros para gestão do fundo de pensão dos funcionários da Sanasa, a companhia de saneamento do município de Campinas.

    Há indícios de favorecimento no ofício em que o secretário-geral da Petros, Newton Carneiro da Cunha, indicado por Gushiken, propõe a contratação do grupo de empresas integrado pela Globalprev. Ele defende a contratação sem tomada de preços em virtude de “notória especialização” da parceria formada pelas três companhias. “Notória especialização”?

    Essa é a primeira vez que a Globalprev participará da gestão de um plano como esses, segundo afirmou a VEJA o sócio Tadeu Ferrari. “É um projeto piloto, coisa pequena, mas que pode se transformar num bom produto para nós”, diz.

    Outras empresas do ramo, inclusive multinacionais, já prestam esse tipo de serviço, mas a Globalprev estará entrando agora no ramo. É difícil entender que uma companhia que nunca executou uma tarefa específica como gerir um fundo de pensão possa ter notória especialização.

    Na Previ, o maior fundo de pensão do país, com patrimônio de 70 bilhões de reais, a empresa que foi de Gushiken ganhou terreno. Passou a ministrar cursos sobre o funcionamento de fundos de pensão aos funcionários.

    Na semana passada, descobriu-se que, após a mudança de governo, a publicidade estatal nas revistas editadas pela firma do cunhado de Gushiken, Luís Leonel, mais que dobrou.

    O ministro afirma que nada tem a ver com o assunto. “Nunca recebi ou dei encaminhamento a nenhuma solicitação envolvendo os interesses da Editora Ponto de Vista”, esclareceu, em nota à imprensa. Gushiken disse também que jamais intercedeu junto aos fundos de pensão em favor da Globalprev ou de seus sócios.

    Pode ser que o crescimento das empresas de alguma forma ligadas ao ministro seja fruto da proximidade natural de seus parentes ou antigos colaboradores com os homens que hoje ocupam postos com poder de decisão sobre publicidade ou comandam grandes fundos de pensão.

    Afinal, eram próximos antes e freqüentavam os mesmos ambientes. Além disso, é praxe no país que os grupos políticos que chegam ao poder sejam generosos com seus aliados, incluindo aí amigos e parentes. Angustiante é a constatação de que o PT, depois de passar anos na oposição combatendo essa prática, sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro.

    Leia também:

     

     

  10. O que se pode mensurar do homem em sociedade e politicamente? Ei

    O que se pode mensurar do homem em sociedade e politicamente? Eis que estamos num período de Copa do Mundo e de Eleições!!!

    Publicado em maio 19, 2014 por Caio HostilioO pensamento crítico precisa da dúvida

    O pensamento crítico precisa da dúvida

    Na verdade, a sociedade atual está perdida em falsos valores e apoiada nas suas paixões humanas e materialistas. Os seres humanos estão cada vez mais ligados nos sentimentos de disputa, ódio, rancor, desrespeito a seu semelhante… Conceitos errados. De tão usual que tornou-se tal pensamento na sociedade, muitos pensam que é correto.

    Os dois piores valores que foram enraizados em nossos corações são o egoísmo e a vaidade, nessa ordem. O egoísmo impede que você enxergue no seu próximo um irmão, que realmente o é.

    É inconcebível que o ser humano continue se maltratando e se explorando sabendo que nada dessa sua luta insana, convarde, egoísta e cruel, irá com ele quando a matéria não existir mais. Ou pensam que são imortais?

    Outro valor que criou raizes foi a vaidade. O ser humano sempre luta, e deseja com todas as suas forças, ser o melhor, o mais desejado, o mais inteligente, o mais perspicais… Quanto complexo de inferioridade!!! O ego e super-ego são coisas que levam muitos a loucura, ainda mais quando sabem que tudo não passa apenas de um desejo seu e não coletivo.

    Quem será que é melhor para os olhos da coletividade: Um egoísta e hipocrita, ou um que segue seu caminho compartilhando com os seus semelhantes??? Talvez para os olhos de nossa sociedade materialista, o egoísta seja o melhor!!! Contudo, aos olhos daqueles que buscam viver em comunhão, a resposta não seria a mesma???

    Nossa humanidade tornou-se totalmente individualista e fria. A maioria dos valores cultivados levam a satisfação de interesses terrenos, materiais. O homem quer se sentir maior e mais poderoso. Se ele pensasse com o coração, veria que isso só acontece pela necessidade de satisfazer suas próprias inseguranças.

    E tudo isso leva a sociedade a uma desigualdade brutal. Onde muitos realmente pensam que são “melhores”, chegando a achar que sabe até dos sentimentos dos outros. O mundo entrou numa corrida pelo capital. Pelo poder. Pelo dinheiro.

    Na verdade, a ganância trouxe uma luta desleal… A inveja aumentando… Os baixos valores foram tomando conta… Porém, não se pára para refletir: “Eu sou o único responsável pelos males que me afrigem!!! Hoje, a sociedade é dividida em opressores e oprimidos. Foi criado um mundo onde o egoísmo e a hipocria está sobrepujando a dignidade e a honestidade.

    Termino com uma pergunta: a tedencia do seres humanos é piorar ou reconhecer que seus “valores atuais” são os que estão corretos? Eu aposto que a maioria pensa que os “valores atuais” são os corretos!!!

  11. Manual de auto-ajuda para
    Manual de auto-ajuda para 2014
    Dez conselhos que resumem o cúmulo do puxa-saquismo num ano eleitoral

    Por Paulo Moreira Leite                   

     

                  Seguem dez conselhos para jovens profissionais em busca de promoção em 2014. A regra é separar o joio do trigo e ficar com o joio. De grande utilidade para quem faz carreira em empresas de consultoria, busca colocação em organismos internacionais, ONGs de nome exótico e muitos recursos do mercado financeiro e, é claro, redações.

    1.Quando, numa digressáo histórica, falar sobre o esquema de corrupção na gestão de Celso Daniel em Santo André, não diga que os grandes empresários de ônibus da cidade pagavam propina a prefeitura do PT. Diga que os coitadinhos eram  “extorquidos.” 

    2. Quando mais uma vez Paulinho da Força xingar Dilma Rousseff , evite mencionar levantamento da Vox Populi que mostra as intenções de voto entre os filiados ao Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo, principal entidade da Força Sindical. Dados de março mostram vantagem Dilma sobre  Aécio na base de  2,7 a 1. Contra Eduardo Campos,  a vantagem é de 8,3 a 1. 

    3. Quando falar da megalomania de Lula que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil, esqueça de mencionar que Fernando Henrique Cardoso tentou trazer a Copa de 2006 para o país – e caiu fora nas eliminatórias. 

    4. Quando falar da falta de confiança dos investidores internacionais, não deixe de mencionar a Economist e o Financial Times. Lembre a agência que rebaixou o Brasil. Só evite dizer que entraram 64 bilhões de dólares em investimento direto no país em 2013, contra US$ 32,8 bilhões em 2000, o melhor ano do governo FHC.

    5. Quando falar de medidas impopulares, evite lembrar que a austeridade fez o desemprego europeu pular de 8% para 11,9% depois de 2008. No mesmo período, no Brasil, o desemprego caiu dos mesmos 8% para 5,1%.

    6. Quando falar que a inflação está fora de controle evite mencionar que ela cresceu 9,2% em média no governo FHC, contra 5,9% depois da posse de Lula. (O pior ano do periodo foi 2003, que trazia a herança de 2002).

    7. Quando engrossar a voz para falar que é preciso elevar a taxa de investimento, evite mencionar que ele cresceu 1% ao durante o governo do PSDB e 6,1% durante o governo do PT.

    8. Ao mostrar simpatia pelos protestos anti-Coipa, não pare de denunciar a falta de verbas para a  Educação, embora os gastos fossem de R$ 37, 1 bilhões 2002 e tenham chegado a  R$ 112,3 bilhões em 2013. 

    9. Quando falar da eleição em Minas Gerais, evite lembrar que o atual candidato tucano ao agoverno, Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 das agências de Marcos Valério. É seis vezes mais do que o deputado do PT João Paulo Cunha, primeiro condenado da AP 470. Por receber R$ 296 000, que jamais admitiu ter guardado para si, Henrique Pizzolato pegou 12 anos de prisão no STF  e hoje está foragido e preso na Itália. Não deixe de mencionar as supeitas contra o deputado André Vargas, do PT, quando falar da operação Lava-Jato. Ignore que Luiz Argolo, de um partido que se aliou a Aécio, é o único parlamentar apanhado quando negociava pagamento em $$$ com o doleiro Yousseff. 

    10. Quando lamentar o crescimento brasileiro de 2,3%, evite mencionar que o México cresceu 1,1% e que a celebrada recuperação americana ficou em 1,9%.  A Espanha enfrentou uma recessão de 1,2 negativos, a Italia ficou em 1,9 negativos também. O melhor crescimento europeu foi a Inglaterra, 1,8%. Elogie Angela Merkel sem mencionar que a  Alemanha parou em 0,5%.

     

  12. Resposta da Petrobras ao O Estado de São Paulo

    Leia carta enviada ao jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (19/05) sobre editorial que aborda a refinaria Abreu e Lima:

    “Sobre o editorial ‘Minucioso preparo do desastre’ publicado no dia 18/5 a Petrobras reitera, como esclarecido ao jornal Valor, citado no editorial, que o estudo da Fase I da Refinaria Abreu e Lima, elaborado em 2005, já apresentava um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica. Todas as fases seguintes (II, III e IV, sendo esta a fase de implantação) também continham análises de viabilidade econômica.

    As projeções iniciais de custos da RNEST referiam-se a um projeto em fase inicial de avaliação, cujo grau de definição permitia apenas estimativas preliminares em relação aos prazos e aos custos. A evolução do projeto, que permite maior grau de definição e detalhamento, possibilitou a incorporação de fatores inerentes à otimização do escopo, aos ajustes cambiais, ao aquecimento do mercado fornecedor de bens e serviços, dentre outros, que afetaram os prazos e elevaram o valor do investimento. A aprovação de aditivos passa por avaliação técnica, comercial, negocial, jurídica e tributária. Após estas etapas, segue para aprovação.

    A companhia destaca que vem fazendo otimizações e simplificações em seus projetos e obras de refinarias de forma a adequá-los a métricas internacionais.

    A Petrobras vem esclarecendo ao TCU que há divergência metodológica na contabilização de itens que são específicos da indústria de petróleo. O próprio tribunal reviu os valores, após os esclarecimentos. A companhia continua em entendimentos com o TCU para demonstrar que não há qualquer sobrepreço ou superfaturamento nas obras.

    Entre as ‘impeditividades’ indicadas pela Petrobras ao TCU estão requisitos como contratação, treinamento, acesso ao local da obra, exames de saúde e rotinas de comunicação diária, decorrentes do rigor com que a Petrobras trata questões de meio ambiente, saúde e segurança do trabalho.

    Por fim, a Petrobras reafirma que a refinaria entrará em operação em novembro de 2014 e contribuirá para o abastecimento de derivados ao mercado brasileiro, que vem crescendo a taxas superiores às da economia.”

  13. Assédio sexual no trabalho ainda é pouco denunciado pelas mulher
    Assédio sexual no trabalho ainda é pouco denunciado pelas mulheres

    Por Giovanna Tavares – iG São Paulo

     

     

    Dificuldade para reunir evidências e baixos índices de punição são fatores que contribuem para que as vítimas desistam de denunciar crime

    Elogios indiscretos, histórias e confidências íntimas, toques constrangedores. Apesar do silêncio das vítimas, esse tipo de perseguição no ambiente de trabalho, que pode ser caracterizado como assédio sexual, é uma situação mais comum do que se imagina.

    De acordo com uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho, 52% das mulheres economicamente ativas já sofreram esse tipo de abuso, psicológico ou físico, no ambiente profissional.

    “É um crime em que o autor precisa ter uma qualidade especial, ser superior hierárquico ou ter uma ascendência em relação à vítima. Também deve existir o constrangimento com uma finalidade específica, de obter vantagem ou favorecimento sexual. A simples paquera não configura um crime”, explica Rogério Cury, advogado especialista em direito penal.

    Getty Images
    Vergonha e medo são alguns dos sentimentos mais comuns entre as vítimas de assédio sexual no trabalho

     

    Embora os números sejam alarmantes, a legislação brasileira ainda tem dificuldades para combater esse tipo de crime e poucos casos são julgados no país, também por conta do machismo, uma questão cultural.

    “Infelizmente, se você analisar, é a infração de menor potencial ofensivo, com uma das menores penas do Brasil. A detenção por assédio sexual é de um a dois anos, caso o crime seja comprovado”, afirma Rogério Cury.

    Já em situações em que o chefe elogia sua funcionária, passa cantadas e outros tipos de brincadeiras, que muitas vezes soam constrangedoras, não existe o ato criminoso.

    “Alguns juízes até compreendem que esse tipo de assédio é um crime, sim, mas são a minoria”, pondera a advogada Adriana Calvo, especialista em direito trabalhista.

    “Tive medo do que diriam sobre mim”

    Beatriz*, 28, de Poços de Caldas, conseguiu o primeiro emprego aos 16 anos, em uma loja de produtos de informática. Foi nessa primeira experiência profissional que a então menina foi assediada pelo chefe e proprietário da empresa, pai de uma amiga que a havia indicado para a vaga de secretária.

    A jornalista se lembra de que tudo começou com os comentários que ele fazia sobre as clientes que saíam da loja aos demais funcionários, que deixavam todos sempre muito constrangidos. O clima ficava ainda mais tenso quando o chefe revelava detalhes sobre a intimidade com a mulher.

    “Eu era obrigada a dar risadinhas amarelas, disfarçar, porque era um emprego do qual eu não podia abrir mão”, lembra Beatriz.

    A situação chegou ao limite em um sábado, quando Beatriz precisou ficar sozinha no escritório, na companhia do chefe.

    “Eu estava sentada no balcão, quando ele veio ao meu lado para contar que tinha ido com uma amante para um clube de campo aqui da cidade, revelando detalhes do que eles faziam lá, além de contar sobre outras meninas da minha idade com quem ele tinha saído. Foi quando eu percebi que ele estava com a mão na minha perna, subindo cada vez mais”, conta a jornalista.

    Em estado de choque, ela conseguiu se livrar do contato com o chefe, que percebeu seu súbito mal-estar e foi embora da loja, sem dizer uma palavra. Beatriz chegou a ligar para outro funcionário e explicar o que tinha acontecido, além de contar a história do assédio para uma tia.

    “Ela ficou com pena de mim, mas disse que no trabalho, às vezes, precisamos engolir certas coisas”, conta.

    Depois do assédio, os comentários obscenos do chefe continuaram e o constrangimento de Beatriz só aumentou, até que ela resolveu forçar a própria demissão, para evitar comentários na cidade. Ela só foi falar sobre o ocorrido com mãe e irmã muitos anos depois, e acabou descobrindo que o chefe já tinha assediado outras meninas.

    “Me arrependi de nunca ter feito uma denúncia, porque penso que poderia ter protegido outras meninas que passaram pelo mesmo que eu. Mas eu era muito nova na época e sentia medo e vergonha do que as pessoas iriam pensar, se iriam me culpar ou dizer que eu tinha provocado tudo aquilo”, confessa Beatriz.

    Essa experiência não foi isolada. Alguns anos depois, aos 22, Beatriz precisou lidar com outro caso de assédio sexual: um funcionário mais velho chegou a sugerir que ela fizesse sexo oral nele, quando ela era assistente administrativa de uma empresa que beneficiava café. O choque dessa vez foi ainda maior, e a empresa considerou entrar com um processo para exonerar o funcionário em questão, mas Beatriz não foi em frente com a denúncia.

    “Eu tive medo que ele me seguisse, já que eu morava em uma cidade pequena, e meus superiores disseram que não poderiam me ajudar com nenhuma proteção. Mais uma vez me calei”, lamenta ela.

    “Não quis fazer escândalo”

    Também era o primeiro emprego de Fernanda*, de Santo André, hoje com 21 anos. Há cinco, ela estava na festa de fim de ano da empresa em que trabalhava como recepcionista, com mais um grupo de amigas. Fernanda e as meninas conversavam sobre o fato de o proprietário e chefe da empresa ter o hábito de se aproximar demais das funcionárias, tirá-las para dançar e se aproveitar do estado de embriaguez de algumas.

    “Tinha reparado que ele já estava bem bêbado e tentando se aproximar de mim. Quando fiquei sozinha, ele já estava ao meu lado, com o braço ao redor da minha cintura. Tentei me afastar, mas ele não deixou. Começou a dançar comigo e subiu o braço que estava na minha cintura até o meu pescoço. Me afastei novamente e ele voltou a mão para a minha cintura. Quando me desvencilhei de vez, ele desceu a mão e alisou minha bunda”, conta Fernanda.

     

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    O crime por assédio sexual tem uma das menores punições da legislação brasileira, o que acaba desestimulando as denúncias

     

    A estudante não teve nenhuma reação, por conta do choque de ter sido assediada em plena festa de fim de ano da empresa. A esposa do chefe e os filhos também estavam lá, por isso ela evitou qualquer cena que resultasse em um escândalo, por medo que eles a julgassem como a “vilã” da situação.

    Uma semana depois do ocorrido, Fernanda voltou ao trabalho e reencontrou seu chefe, apesar de tentar evitar qualquer tipo de contato ou troca de olhares.

    “Ele passou atrás da minha cadeira, arrumou meu cabelo, me falou bom dia e saiu para sua sala. Depois disso, ele sempre passava por lá mexendo comigo, para chamar minha atenção. Foi quando decidi começar a faltar, para que me demitissem”, lembra ela.

    Fernanda sentiu vergonha e achou melhor os pais não ficarem sabendo de nada, já que eles conheciam o chefe. Hoje, ela se arrepende de não ter feito nenhuma denúncia, principalmente depois de ter descoberto que aquele comportamento era recorrente com outras funcionárias da empresa.

    “Acho que o que me faltava era informação, hoje sei que isso é muito mais frequente do que a gente imagina. Não sei se foi pelo que aconteceu, mas agora vejo tudo com outros olhos e não sentiria medo de denunciar”, acredita ela.

    Alternativas

    As situações vividas por Beatriz e Fernanda, por si só, não se enquadram no crime de assédio sexual, de acordo com a legislação brasileira, o que acaba fortalecendo e perpetuando a cultura de assédio no meio profissional. Pela dificuldade em reunir provas e levar adiante o processo, muitas vítimas acabam desistindo de entrar na Justiça.

    “A vítima fica coibida de tomar alguma providência, porque sabe que nada de grave acontecerá com o culpado. O processo também é outro problema, porque a mulher precisa revivera história, a exposição e humilhação pelas quais passou, para tudo terminar com uma pena de multa”, ressalta Rogério Cury.

    Mesmo assim, é importante que as mulheres e vítimas se posicionem contra esse tipo de abuso e busquem uma maneira de denunciar o agressor, seja por meio de uma ouvidoria na própria empresa ou na Delegacia da Mulher, que está mais familiarizada com casos de assédio sexual. Vale lembrar que é fundamental levar e-mails, telefonemas e mensagens como provas do constrangimento.

    “O assédio sexual é que ele é praticado de forma íntima, por isso é mais difícil recolher provas. Nós recomendamos que elas gravem conversas, filmem, não excluam e-mails e mensagens com teor sexual e por aí vai. A Justiça do Trabalho valoriza muito o depoimento da vítima, porque se entende que é a única prova que ela tem. Se o chefe ou superior já tem outras denúncias de assédio sexual, a denúncia ganha mais força”, explica Adriana Calvo.

    Segundo a especialista, ainda é possível entrar no site do Ministério do Trabalho e fazer uma denúncia anônima.

    “Quando mais de um caso for denunciado, eles abrem um inquérito e podem entrar com uma ação pública contra a empresa”, detalha ela.

    Se o assédio não se configurar como crime, uma saída é tentar denunciar o agressor por injúria e difamação, já que a honra da vítima é atingida.

     

  14. Ministro do STF manda soltar presos da operação Lava Jato
    Ministro do STF manda soltar presos da operação Lava Jato

    Por Reuters |

    19/05/2014 15:05

     
    Teori Zavascki decidiu que todos os detidos não podem deixar suas cidades e devem entregar seus passaportes à Justiça

     

    O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta segunda-feira (19) que todos os investigados pela operação Lava Jato da Polícia Federal que foram presos sejam soltos, entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, informou a corte.

    Zavascki decidiu que todos os detidos no âmbito da operação não podem deixar suas cidades e devem entregar seus passaportes à Justiça em 24 horas. O magistrado também determinou que todos os autos do processo sejam encaminhados ao Supremo.

    A decisão vem depois do envolvimento dos nomes dos deputados André Vargas (sem partido-PT) e Luiz Argôlo (SDD-BA) com o doleiro Alberto Youssef, um dos 12 presos pela PF na operação Lava Jato ao lado do ex-diretor da Petrobras.

    A operação Lava Jato, segundo a PF, desarticulou organizações que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro em diversos Estados do país.

    Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, foi preso pela Polícia Federal no final de março, acusado de destruir documentos que o envolveriam no esquema investigado pela Lava Jato.

    A estatal é atualmente alvo de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado. Uma outra CPI, com a participação de senadores e deputados, pode ser instalada para investigar denúncias de irregularidades na companhia.

    Entre esses suspeitas está a de superfaturamento na compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras quando a presidente Dilma Rousseff presidia o órgão.

    PF apreende farta quantia de reais e dólares no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação/Polícia FederalPF apreendeu grande quantidade de dinheiro em cofre na cidade de Londrina, no Paraná. Foto: Divulgação/Polícia FederalBlue Tree Londrina é um dos bens sequestrados na operação da PF. Foto: DivulgaçãoEntre os crimes investigados estão contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos. Foto: DivulgaçãoSão cumpridas também ordens de seqüestro de imóveis de alto padrão, além da apreensão de patrimônio adquirido por meio de práticas criminosas. Foto: DivulgaçãoCarro de luxo apreendido pela PF. Foto: DivulgaçãoEntre os bens apreendidos, foram encontradas obras de arte no Paraná. Foto: Divulgação/PFPosto de combustível no DF onde foram feitas apreensões. Foto: Divulgação/PFOperação Lava Jato da Polícia Federal. Foto: Divulgação

    Em nota, Dilma disse que a aprovação do negócio pelo conselho da empresa se deu baseada em um resumo técnico “juridicamente falho” elaborado pela área internacional da Petrobras.

     

  15. Sinais de uma campanha em que sentiremos saudades de Serra 2010.

    Editor de Veja vai comandar campanha de Aécio Neves

    Por Redaçãomaio 19, 2014 15:52

     

     

    Otávio Cabral, autor de biografia não autorizada de José Dirceu com diversos erros históricos, assume a campanha do tucano no dia 2 de junho

    Por Redação

    O editor executivo da revista Veja, Otávio Cabral, será um dos coordenadores de comunicação da campanha à presidência da república de Aécio Neves (PSDB-MG).  Cabral vai trabalhar com Paulo Vasconcellos, marqueteiro da campanha, a partir do dia 2 de junho.

    Otávio Cabral, antes de trabalhar na Veja, foi jornalista na Folha de S. Paulo e Notícias Populares. No ano passado, escreveu a criticada biografia não autorizada de José Dirceu, “Dirceu – A biografia”. O livro foi classificado pelo jornalista Mario Sergio Conti como “chutes para todo o lado contra a sua própria carreira”.

    Sergio Conti relatou todas as inverdades encontradas nas páginas do livro, listando vários equívocos só nas seis primeiras páginas do capítulo inicial. “E a sexta página se encerra com um abuso: Otávio Cabral afirma que José Dirceu apoiava Jango ‘mais para se opor ao pai do que por ideologia’. Nada autoriza o biógrafo a insinuar o melodrama edipiano. Ainda mais porque, dois parágrafos adiante, é transcrita uma declaração na qual José Dirceu afirma que, no dia mesmo do golpe, se opôs à ditadura por ‘um problema de classe’”, completa.

    Entre outros erros históricos, o biógrafo afirma que em 1968 “a Guerra Fria encontrava-se no auge e a invasão dos Estados Unidos a Cuba era iminente”. Mario Sergio Conti corrige: “A invasão de Cuba fora eminente em 1961, quando a CIA organizou o desembarque na Baía dos Porcos, e no ano seguinte, durante a crise dos mísseis, e não seis anos depois. E 1968 não foi o ano do auge da Guerra Fria, e sim o da sua grande crise, que levou o capitalismo e o stalinismo a se darem as mãos”.

    Segundo Conti, a biografia tem dezenas de barbaridades. Uma das melhores é o trecho que diz: “Fernando Collor, na tentativa de se manter no Planalto durante a campanha pela sua destituição, conclamou o povo a ir às ruas com roupas pretas para defendê-lo, e todos foram de verde-amarelo”. Como todo mundo sabe, ocorreu o contrário. Collor incitou a população a se vestir de verde-amarelo e o Brasil foi tomado por manifestantes de preto.

    (Foto: Radar380)

     

  16. Lula para a Globo: acabou a

    Lula para a Globo: acabou a brincadeira

     

    Por Rodrigo Vianna, no blogEscrevinhador:

    O debate de abertura ainda não tinha acabado, quando um burburinho começou a se ouvir pelos corredores. E não era Stanley quem se aproximava. Mas Lula. O ex-presidente e a regulação da mídia no Brasil são dois fantasmas, que provocam calafrios na velha imprensa dos Civita, Frias e Marinhos. Então, podem se preparar: os calafrios vão aumentar. Os locutores gagos da CBN vão ficar ainda mais gagos.

    O auditório estava lotado: mais de trezentos blogueiros e ativistas digitais de todo o Brasil. Três dezenas de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos da velha mídia já se aglomeravam no fundo do salão. Na mesa, o jornalista espanhol Pascual Serrano demolia o surrado conceito de “liberdade de imprensa” que os donos da mídia usam para brecar qualquer regulação.

    “Só um setor da sociedade pode utilizar a chamada liberdade de imprensa. É um direito apenas para o empresariado”, disse Serrano, um dos convidados internacionais do Quarto Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais.

    O norte-americano Andrés Conteris, do site Democracy Now, disse que os blogs – no mundo todo – cumprem um papel decisivo: “ir aos locais onde está apenas o silêncio”.

    O professor brasileiro Venício Lima, da UnB, falou sobre a regulação necessária. Não na Venezuela, nem em Cuba. Mas na Inglaterra. A regulação foi um imperativo, depois da barbárie imposta pelos jornais do multimilionário Murdoch.

    Venício também analisou a lei aprovada na Argentina: a chamada “Ley de Medios” não trata do conteúdo. Não impõe qualquer censura. “É uma lei antimonopólio, que regula o mercado”, explicou Venício.

    Quando o professor terminava sua fala, o burburinho aumentou. Era Lula que chegava. Inspirado, bem-humorado, dirigiu-se primeiro ao grupo de jornalistas que trabalham para a velha mídia: “a imprensa me trata sempre muito bem; só que quando faço críticas à imprensa, dizem que é um ataque, e quando a imprensa me ataca eles dizem que são apenas críticas”.

    Lula trouxe a Comunicação para o centro do debate. Lembrou os ataques violentos desferidos pela velha mídia contra os blogueiros que o entrevistaram recentemente: “eu não sabia que vocês chamavam tanta atenção da imprensa”, disse o ex-presidente. “Fiquei meio deprê com a violência que os meios utilizaram para atacar quem estava naquela entrevista”.

    Lula contestou também a imprensa pela tentativa de criar um clima de pessimismo na economia. “A inflação está controlada há 11 anos; mas pra controlar a inflação eles querem provocar desemprego. É isso que os tucanos querem. Nós não queremos”.

    Atacou ainda a elite brasileira, que não aceita os programas de inclusão social, não aceita negros e pobres nas universidades. “Nós cansamos de ser apenas pedreiros, nós queremos ser engenheiros”, falou Lula.

    O ex-presidente atacou o clima de “antipolítica” insuflado pela mídia. “Quando se tenta negar a política, o que vem depois é muito pior”; e lembrou de Hitler e Mussolini. “A tentativa é de desmoralizar não a Política, mas as instituições.”

    Lula defendeu uma Constituinte exclusiva para a Reforma Política. “Esse Congresso não fará a Reforma Política que o Brasil precisa”. E defendeu também a Regulação da Mídia. Mandou o recado, com todas as letras: “Daqui pra frente, em cada ato que eu for, toda vez que eu abrir a boca, vou lembrar a questão da regulação da mídia”.

    Lula estava em grande forma. Mas o mais importante foi a sinalização. Ele tinha sido o primeiro presidente a dar entrevista a blogueiros dentro do Palácio (2010). Há menos de um mês, deu outra entrevista aos blogs – deixando os mervais e os comentaristas gagos da CBN bastante irritados.

    Agora, Lula deu o sinal para o PT: a disputa política não se fará sem encarar de frente a batalha da Comunicação.

    A mídia vai acusar o golpe. Será que vão continuar brincando de “Volta, Lula”? Se Lula voltar, vem aí – com ele – a regulação da velha mídia no Brasil. A Globo precisa ser partida em vários pedaços – como a Argentina fez com o grupo Clarin. “E não me venham falar que isso é censura” – disse Lula.

    O movimento de blogueiros colheu uma enorme vitória. Ajudou a pautar esse debate, agora encampado pelo maior líder popular brasileiro.

    E Lula nem precisa voltar. Ele pautou a Regulação da mídia. Dilma não poderá mais escapar do tema. A fase dos omeletes com Ana Maria Braga está encerrada.

    Lula sabe que não há escolha. O PT fugiu desse debate durante muitos anos. Mas o debate veio até o PT.

    Sentado, na primeira fila, enquanto Lula falava aos blogueiros, estava o prefeito Fernando Haddad. Assim como Dilma, Haddad parece não ter percebido que essa era uma batalha absolutamente necessária. Depois de eleito com apoio das redes sociais e de amplos movimentos digitais, Haddad mandou dizer que o tema da Comunicação não era prioridade. Nomeou um jornalista convencional para cuidar da Comunicação. A política da Prefeitura de São Paulo é ligar para Folha e Estadão e pedir espaço pra responder aos ataques.

    Haddad, sem Comunicação, está com a popularidade em baixa. Tem se queixado. Lula disse claramente ao prefeito que “é preciso entender melhor esse meio chamado internet”. Aplausos intensos tomaram o plenário.

    Mais adiante, Lula voltou ao tema, dirigindo-se de novo ao prefeito paulistano. Alguém, no fundo do auditório gritou: “Haddad, você precisa fazer sua propaganda”. E Lula respondeu: “Não é propaganda. É enfrentar o debate”.

    Enfrentar o debate. O recado estava dado. Haddad apenas ouviu. Não se sabe até que ponto compreendeu o que o ex-presidente quis dizer.

    O PT passou doze anos legitimando o grande inimigo. Ministros petistas (?) foram às páginas amarelas da “Veja”. Líderes petistas disputam espaço nas colunas de jornais – que são a ponta de lança da oposição tucana.

    Lula entendeu que é preciso tratar a velha mídia como o inimigo a ser derrotado.

    Foi essa mídia velha que levou Vargas ao suicídio em 54. O povão trabalhista sabia quem era o inimigo. Por isso, a massa enfurecida queimou “O Globo” e o jornal de Carlos Lacerda em 54.

    Não é mais preciso queimar a Globo. Basta aprovar uma lei democrática para a Comunicação. Pra isso, é preciso travar esse debate. O povão lulista também sabe reconhecer o inimigo mais perigoso.

    Lula entrou na briga. Pra valer.

    Postado por Miro às 22:29

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