Como empresários brasileiros vão furar o pacto internacional de venda de vacinas apenas aos governos?

Jornal GGN – Ainda não está claro como o empresariado brasileiro, liderado por Carlos Wizard e Luciano Hang, pretendem furar o pacto global feito entre farmacêuticas para vender doses de vacina contra Covid-19 apenas aos governos, por questões éticas e diplomáticas.

Em depoimento à coluna Radar, nesta terça (6), Wizard falou do acordo internacional, mas afirmou que os empresários brasileiros sabem como e de onde trazer 10 milhões de doses de vacina dentro de 30 dias.

Para isso, o Ministério da Saúde teria de dar o aval para a compra, já que as farmacêuticas do mundo todo só estão negociando diretamente com os governos.

Os empresários estão em fase de lobby no Congresso para mudar o texto da nova lei que permite a importação de vacinas em nome do interesse do setor privado.

Da declaração de Wizard ao Radar, depreende-se, portanto, que o governo Bolsonaro teria de avisar às farmacêuticas que defende a compra privada. Ou encontrar outra forma de burlar o pacto internacional. A Pasta disse à coluna não saber de nada sobre esse assunto.

Outro detalhe que chama atenção na declaração de Wizard ao Radar diz respeito à facilidade que os empresários teriam para adquirir as vacinas no auge da pandemia, enquanto o Ministério da Saúde patina com a campanha de imunização via SUS.

Se há laboratórios oferenco vacinas que estão imediatamente disponíveis, por que então o próprio governo Bolsonaro não as compra e distribui pelo SUS, perguntaram a Wizard. Segundo ele, porque “coisas nebulosas e obscuras” dificultam esse caminho para o governo, enquanto para o setor privado não haveria obstáculos.

“O empresário não revela com quais farmacêuticas está negociando, mas garante que tem vacina no mundo para ser comprada e enviada imediatamente. Perguntado por qual motivo o próprio governo não compra, Wizard deixa um certo ar de mistério dizendo que coisas nebulosas e obscuras impediam a compra por parte do governo, mas que este obstáculo não existe para o setor privado”, anotou o Radar.

No Twitter, o economista e professor do Insper, Thomas Conti, afirmou que essas tratativas precisam ser investigadas pelo Congresso, pois há a possibilidade de o governo Bolsonaro teria aceitado atuar como intermediário dos empresários, em evidente desvio de finalidade.

Em janeiro, Conti escreveu um artigo em que levanta pontos sobre a possível “pedalada das vacinas”. Leia aqui.

Redação

Redação

Recent Posts

RS debaixo d’água: O problema não está nas nuvens, por Felipe Costa

Não é de hoje que os empresários e os governantes gaúchos cometem barbeiragens grosseiras e…

10 minutos ago

A “arapuca” armada por Campos Neto para sabotar a queda dos juros, por Lauro Veiga Fº

Seus objetivos foram alcançados ontem, mas não sem custos para o próprio BC e para…

20 minutos ago

A água, o duro acaso mineral (por Camões e Drummond), por Romério Rômulo

Um tempo de espanto, tão jacente / que a memória de tudo vê ainda /…

38 minutos ago

Luís Nassif: a guerra decisiva contra os juros abusivos

A redução dos juros permitirá que a riqueza financeira possa cumprir sua missão: investir em…

51 minutos ago

Copom reduz ritmo de corte e baixa Selic para 10,50% ao ano

Decisão foi tomada com voto de desempate de Roberto Campos Neto; tragédia no RS pode…

12 horas ago

AGU aciona influencer por disseminar fake news sobre RS

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com ação judicial pedindo direito de resposta por conta…

13 horas ago