“Dallagnol é o pai ideológico do Bolsonaro”, avalia Flávio Dino

Quando a sociedade é colocada para lidar com um inimigo, tido como irrecuperável, surge o discurso de ódio 
 
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Obs: A fala de Dino sobre Dallagnol começa a partir dos 17m42s
 
Jornal GGN – O procurador da República, Deltan Dallagnol, um dos rostos mais famosos da força-tarefa da Operação Lava Jato, é considerado pelo ex-juiz e atual governador do estado do Maranhão, Flávio Dino, “o pai ideológico” do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). 
 
“Por representar esse discurso espetaculoso de fim do Brasil, de fim da institucionalidade, de suposta limpeza, de uma proposta higienista fanática, [Dallagnol] fez com que houvesse essa exacerbação que levasse à violência”, avaliou durante entrevista ao GGN, com Luis Nassif.
 
Os chamados “excessos da Lava Jato”, somados a crise econômica, ajudaram a gerar, em larga parcela da população, “uma desilusão profunda” com o sistema de poderes do país, jogando também para escanteio, no imaginário popular, toda a estrutura de pesos e contrapesos, fundamental para a manutenção da democracia. 
 
Dino frisou, também, não acreditar que os condutores da Lava Jato tivessem como objetivo a ascensão do extremismo político influenciando, assim, na chegada do deputado no segundo turno desta eleição. Bolsonaro é conhecido por defender publicamente a tortura como forma de combater inimigos políticos, já declarou que, se eleito, pretende tirar o Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU) e, no último domingo (21), fez declarações de eliminar opositores num possível governo: “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, disse para milhões de eleitores. 
 
Dino ponderou que o discurso que coloca a força bruta no lugar das leis, como argumento para resolver os problemas do país, tem influenciado na formação de modos de comportamento coletivo. 
 
“Se trata de um problema de ethos. É um problema de imaginário, que vai se criando, e a sociedade foi formando uma visão realmente de perseguição aos supostos inimigos da nação, e a consequência, quando você lida com o inimigo tido como irrecuperável, é exatamente esse discurso do ódio [que surge]. O medo gera ódio. E, o medo levando ao ódio, fez com que tivéssemos uma eleição presidencial totalmente contaminada nas redes [sociais e nas ruas por um ethos anti-cristão, inconstitucional e ilegal, que é o que nós estamos vendo”, pontuou.
 
Reeleito em 1º turno
 
O ex-juiz federal, advogado e professor, Flávio Dino (PCdoB), foi reeleito governador do Maranhão no primeiro turno com 59,29% dos votos válidos, contra 30,07% da adversária, Rosena Sarney (MDB). 
 
Seu mandato foi marcado pela melhoria de indicadores na saúde, educação, segurança e crescimento do PIB. São Luís, por exemplo, saiu do ranking das 50 áreas urbanas mais violentas do mundo, produzido todos os anos pela ONG mexicana Segurança, Justiça e Paz, se tornando a única capital do Nordeste que não integra mais a lista. Outras 17 cidades brasileiras permanecem no levantamento. 
 
Quando Dino iniciou o mandato, em 2014, a região metropolitana de São Luís registrava 68 homicídios por mês. Em fevereiro, a redução desse tipo de crime chegou a 60%, chegado a 27 casos. Já, segundo dados oficiais da Segurança Pública do Estado, a proporção de assalto a bancos no Maranhão passou da média de um por semana, para cerca de 9 ao ano.
 
Na educação, o estado passou da 22ª para a 13ª colocação no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Na saúde, a gestão do PCdoB ampliou em 40% os leitos hospitalares, e criou o primeiro leito de UTI na região Sul do estado. 
 
Por fim, o Produto Interno Bruto maranhense, que apresentou queda acumulada de 11,5% em 2015 e 2016, reverteu o ciclo nacional de recessão em 2017, fechando o último ano com aumento de 10%. 
 
Estado mais pobre do país
 
Segundo dados do IBGE, o Maranhão é considerado o estado mais pobre do país, condição fruto da sua trajetória histórica envolvendo o chamado Coronelismo. Em 2014, Flávio Dino foi eleito em primeiro turno com 63,52% dos votos válidos, contra 33,69% de Lobão Filho, então do PMDB (hoje MDB), este último representando a “dinastia” da família Sarney.
 
Nas eleições municipais de 2016, o grupo político de Dino conquistou 153 prefeituras dos 217 municípios do Maranhão, 46 dessas para seu partido, o PCdoB. Quatro anos antes, os partidos que se uniam em oposição ao MDB, da família Sarney, tinham conquistado apenas 17 prefeituras, sendo 4 do PCdoB. 
 
Governador Flávio Dino. Foto: Gilson Teixeira/Secap
 
Redação

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