O 20º episódio do Cai Na Roda que vai ao ar às 20h deste sábado (21) recebe a jornalista e pesquisadora Sylvia Moretzsohn. Direto de Portugal, ela falou à redação do GGN sobre a inexistência de imparcialidade na cobertura política como regra geral e as falsas equivalências produzidas pelo jornalismo brasileiro, entre outros temas.
Citando o principal caso da semana, a morte de João Alberto Silveira de Freitas, um homem negro espancado por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, Sylvia frisou as marcas da colonização do Brasil sobre o trabalho da imprensa ainda hoje.
Para ela, as redes sociais não estão descoladas dos meios tradicionais de massa (rádios, jornais impressos e TVs) no quesito discurso de ódio e fabricação de salvadores da pátria.
Na visão da jornalista, a imprensa deveria fazer escolhas editoriais mais duras em tempos de desequilíbrio na sociedade, adotando uma postura mais ativa em relação ao que é publicado. Por exemplo, não entrevistar – dar voz é legitimar – figuras tecnicamente desqualificadas para um debate racional sobre a pandemia do novo coronavírus – como é o caso do ex-deputado Osmar Terra, que, em entrevistas ou nas redes, nega a crise sanitária e distorce dados e informações só para fazer valer seu ponto de vista.
Sylvia Moretzsohn é jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), com mestrado em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (2000) e doutorado em Serviço Social pela UFRJ (2006). Professora aposentada do Departamento de Comunicação Social da UFF desde 2016, ela colaboradora com o Observatório da Imprensa, é pesquisadora do ObjETHOS. Hoje, no pós-doutorado, na Universidade do Minho, dedica-se a averiguar a dinâmica da formação de crenças e convicções nas bolhas virtuais e as dificuldades e possibilidades do jornalismo nesse contexto.
A entrevista completa será lançada no canal do GGN no Youtube às 20h00 deste sábado (21). Inscreva-se no canal e ative a notificação para acompanhar a estreia.
O Cai Na Roda é um programa semanal de entrevistas realizado pela jornalistas mulheres do GGN. Todo sábado, às 20h, estreia um episódio novo, sempre com uma entrevistada no centro da pauta. Confira a playlist aqui.
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Entendo que se o ódio, se a fabricação de salvadores da pátria e se o racismo ainda não foram descolados das redes sociais e também não foram descolados dos meios tradicionais de massa citados, talvez seja porque as marcas da colonização do Brasil sobre o trabalho da imprensa, desde o seu nascimento, tenham construído uma armadura resistente que se auto renova em razão do intenso assédio que os frutos atuais da colonização ainda exercem vigorosamente, sobre todo o sistema de informação brasileiro. Imagino que está cada vez mais estreita a porta da informação para profissionais imparciais do jornalismo poder registrar por áudio ou escrita, a sua notícia e a sua opinião.