Dilma cobra que Villas Boas revele quem pediu “Estado de Defesa” durante impeachment

Ex-presidente diz que sua vida é prova de que ela repudia qualquer intervenção no curso de um governo democrático

Jornal GGN – A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou em nota que o general Eduardo Villas Boas, ex-comandando do Exército durante os governos petistas, tem o dever republicano de revelar ou responder quem foram os dois “parlamentares de partidos de esquerda” que o procuraram para sondar a hipótese do uso das Forças Armadas durante o processo de impeachment.

Em entrevista ao jornal O Globo, Villas Boas disse:

“Ao longo do processo de impeachment, dois parlamentares de partidos de esquerda procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos a decretação de um ‘Estado de Defesa’ (possibilidade constitucional na qual o presidente decreta por 30 dias situação emergencial restringindo direito de reunião e de comunicação). Confesso que fiquei preocupado, porque vi ali uma possibilidade de o Exército ser empregado contra as manifestações. Contudo, corre uma versão de que a presidente Dilma teria me chamado e determinado a decretação do ‘Estado de Defesa’, e eu teria dito que não cumpriria. Isso não aconteceu. Mas que houve a sondagem, ela de fato houve.”

Na nota divulgada neste domingo (15), Dilma afirma que sua vida é prova de que ela repudia intervenções militares no curso de um governo democrático, e relembra que ela sofreu um golpe.

Leia a nota abaixo, completa:

Sobre as declarações do General Villas Boas

As declarações do General Villas Bôas, em entrevista ao jornal O Globo, exigem dele uma atitude responsável e, para tanto, é necessário que:

1. Apresente os nomes dos “dois parlamentares de partidos de esquerda” que, segundo ele, “procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos (o Exército sic) a decretação de um Estado de Emergência”. Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados pois que eles devem esclarecimentos ao País. Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar.

2. Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação? Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?

A intervenção militar contra a democracia é um golpe. A minha vida é prova do meu repúdio político e repulsa pessoal a essa etapa da história do País. Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática.

Os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e, o meu consequente afastamento da Presidência da República.
O Senhor General deve à República, a bem do Estado Democrático de Direito, esses esclarecimentos.

Redação

6 Comentários

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  1. Impressionante como não perdem uma oportunidade de sujar um governo democrático…
    e pensar que atualmente são donos de um presidente que sempre conheceram como indesejável, retirado que foi das suas entranhas

    que dê nomes ou reconheça que tentou sujar

  2. Parece que Villas Boas inventou essa história para tentar manchar o governo petista e, ao mesmo tempo, disfarçar as intervenções contra a sociedade civil e democrática que as forças armadas já estão fazendo sob o governo Bolsonaro. No Rio essas intervenções estão a todo vapor mas em todo Brasil há um clima de que as forças armadas estão apoiando o ex-capitão.

    Ou seja, novidade alguma: além da inegável corrupção, mais uma vez os golpistas acusam o PT de crimes que eles próprios cometem.

    (Villas Boas fará cara de paisagem ante o pedido de Dilma.)

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