
Ricardo Rao já foi jornalista, advogado, funcionário do IBGE e acumulava cerca de 10 anos como indigenista da Funai – atualmente refugiado na Europa – quando chamou atenção da imprensa e das redes sociais, na semana passada, em mais um episódio vexatório para o governo Bolsonaro na comunidade internacional.
Rao escrachou o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, durante a 15ª edição da Assembleia Geral da FILAC, em Madri, na Espanha. Xavier foi chamado de “miliciano”, “bandido”, “responsável” pelo assassinato brutal do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari. Constrangido, Xavier deixou o evento.
O que aconteceu após o escracho? Rao conta nesta entrevista exclusiva à TVGGN, gravada na sexta-feira, 22 de julho de 2022. Na conversa, o indigenista fala de sua relação com Bruno Pereira, sobre a exoneração “ilegal” que sofreu na Funai após deixar o Brasil por conta de ameaças de morte recebidas no exercício de suas funções; também conta como conseguiu entrar na reunião da FILAC e por que disparou palavras duras contra Xavier. “Era o mínimo que eu podia fazer. Eu dirigi palavras contra ele. Contra o Bruno, eles dirigiram tiros de espingarda.”
Rao explicou o desmonte na Funai e como Marcelo Xavier – um nome ligado ao agronegócio – foi parar na presidência da instituição, hoje vítima da “foice” de Jair Bolsonaro. Para ele, Xavier “destruiu e alijou a Funai através de assédio laboral muito grande e tirando verbas” que custeavam o trabalho em campo.
Rao é bastante crítico dos governos Dilma e Temer. Para ele, os antecessores de Bolsonaro “aparelharam a Funai” usando a entidade como cabide de empregos para seus “cabos eleitorais”. Mas a eleição de Bolsonaro piorou a situação, pois os cargos passaram a ser ocupados por figuras escolhidas a dedo para minar os direitos dos povos indígenas e abrir caminho para garimpo, pesca e extração de madeira ilegal.
O indigenista relatou o trabalho que tem feito em Roma, em uma ação que visa imputar a Bolsonaro responsabilidade pela morte de cidadãos italianos durante a pandemia de Covid-19.
Ele agora aguarda a mudança de governo após as eleições e a desarticulação do crime organizado em terras indígenas para retornar ao Brasil. Ele deixou o País em 2019, após receber ameaças de morte. Em 2020, foi exonerado da Funai em uma manobra que considera “ilegal” e da qual pretende recorrer.
Assista a entrevista completa abaixo.
Publicada originalmente em 26 de julho de 2022
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