Estados Unidos manejam a Lava Jato para destruir o Brasil e a América Latina

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Dilma Rousseff e Cristina Kirchner denunciaram que líderes nacionalistas e progressistas do continente estão sendo submetidos sistematicamente ao ‘lawfare’

Do El Clarín Chile

Tradução: Carta Maior

Num discurso feito em julho deste ano, no qual felicitava a si mesmo, o subprocurador geral estadunidense Kenneth A. Blanco, que dirigia a Divisão Penal do Departamento de Justiça (porque logo o Secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, o escolheu para encabeçar a Direção de Investigação sobre Delitos Financeiros), se referiu ao veredito condenatório ditado contra o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, como o principal exemplo dos “resultados extraordinários” alcançados graças à colaboração do Departamento de Justiça (DOJ, por sua sigla em inglês) com os promotores brasileiros na operação “anti corrupção” chamada Lava Jato.

A unidade da Divisão Penal do DOJ que colabora com a Lava Jato é a Seção de Fraudes. De novembro de 2014 até junho de 2017, quem dirigia a Seção de Fraudes do DOJ era ninguém menos que Andrew Weissman. Ao deixar essa função, ele foi transferido e passou a formar parte do grupo de choque contra Trump encabeçado pelo Procurador Especial do FBI, Robert Mueller. Weissman tem sido, há muito tempo, o principal assessor de Mueller, e seu histórico de conduta indevida lhe valeu o apelido de “pitbull judicial de Mueller”.

Agora que se está ficando evidente o assalto judicial de Mueller contra a Presidência dos Estados Unidos, com cada vez mais membros de sua equipe ficando expostos por sua corrupção e atos ilegais, é de se esperar que sua operação latino-americana, a Lava Jato, terá a mesma sorte.

Como se sabe, Weissman foi retirado da equipe de caça às bruxas porque transcendeu à luz pública sua parcialidade a favor de Hillary Clinton. Agora cada vez que se menciona a Weissman na imprensa estadunidense é para fazer referência à profunda corrupção que inunda o Departamento de Justiça e o FBI.

As ex-presidentas do Brasil e da Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner, respectivamente, denunciaram na semana passada que os líderes nacionalistas e progressistas de todo o continente estão sendo submetidos sistematicamente ao que denominam lawfare, o uso da lei como arma de guerra, com o propósito de impor mudanças de governo e instalar chefes de Estado comprometidos com as políticas de austeridade neoliberal que vão destruindo a região. O discurso de Blanco demonstra que por trás do tal lawfare estão os mesmos interesses imperiais que buscam dar um golpe de Estado em seu próprio país, depor o presidente Donald Trump do seu cargo e instalar alguém ainda mais fiel aos interesses do mercado.

Em discurso mais recente, Blanco se jactou do papel do DOJ em toda esta farsa, durante um evento chamado Diálogo Interamericano, na palestra “Lições do Brasil: Crise, corrupção e cooperação global”. Na ocasião, Blanco deu as boas-vindas ao seu amigo Rodrigo Janot, quem foi há até pouco tempo, e durante anos, o Procurador Geral da República do Brasil, e um dos principais sicários da Lava Jato.

“É difícil imaginar, na história recente, uma melhor relação de cooperação que esta entre o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e os procuradores brasileiros. Esta cooperação nos ajudou de forma substancial com uma série de temas públicos que agora estão resolvidos, e continuamos juntos em uma série de investigações”, afirmou Blanco.

“A cooperação entre o DOJ e o Ministério Público brasileiro levou a resultados extraordinários. Só em 2016, por exemplo, o FBI e a Lava Jato estiveram cooperando e se coordenaram nas resoluções de quatro casos relacionados com a Lei sobre Práticas Corruptas no Exterior (FCPA por sua sigla em inglês), ligado às empresas Embraer, Rolls Royce, Braskem e Odebrecht. O caso da Odebrecht em particular é notável, devido ao seu alcance e sua extensão”, continuou Blanco, que também lembrou que “os procuradores brasileiros conseguiram um veredito condenatório contra o ex-presidente Lula da Silva, acusado de receber subornos da empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras. Casos como este são os que colocaram o Brasil no topo do ranking dos países que trabalham para combater a corrupção tanto dentro quanto fora do país”.

Blanco revelou, nesse discurso, que a cooperação entre o DOJ e os procuradores brasileiros é tão grande que “operam inclusive fora dos processos formais, como nos tratados de assistência judicial mútua”, que consistem em simples ligações telefônicas de uns para outros, para trocar informações ou solicitar evidências driblando as formalidades legais quando é necessário.

Procuradores e promotores de toda a região entram e saem dos escritórios do Departamento de Justiça estadunidense (o mexicano Raúl Cervantes, quem Blanco considera um “bom amigo”, a panamenha Kenia Porcell”, e muitos outros na Colômbia, no Equador e em vários países do continente) para falar sobre as ações “contra a corrupção”, segundo o discurso do subprocurador. Embora o mesmo não tenha citado os juízes Claudio Bonadio e Sérgio Moro – responsáveis pelas condenações a Lula da Silva e Cristina Fernández de Kirchner, respectivamente – sabe-se que ambos também são parte desse esquadrão de elite judiciário, e figuras centrais da nova política de choque para o continente.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. No fundo no fundo o velho

    No fundo no fundo o velho “NADA DE NOVO ABAIXO DO EQUADOR”.

    Desde quando as elites sudamericanas não colaboraram ou não se “deixaram levar” por essa interferência ? Afinal de contas resultavam sempre na permanência dessas mesmas elites no poder. Quando o percebem que algum membro externo quer adentrar ao seletissimo clube dasiletes ameaçando participar do bolo começam a gritar “conosco ninguem podemos”.

    Lembremos que para os do norte democracia sempre só é democracia quando eles ditam as normas e regras para vigorarem na democracia dos outros. Alguem lembra de intervenção na politica interna da Arábia Saudita depois que eles compram trilhões de dólares em armas, aviões, e variados equipamentos ?

    Atiço ao eminente André Araujo a nos brindar com seus conhecimentos sobre essas intervenções em terrras brasilis ao longo dos séculos.

     

  2. quebrar sigilo …
    Quebrar os sigilos telefônicos do MP do Brasil mais os sigilos telefônicos dos juizes de Curitiba e juizes do TRF4 e procurar entender sobre telefonemas sem a formalidafe legal ao qual se referiu o sr. Blanco.

  3. Andrew Weissmann, o amigo do Janot

    Seguem algumas anotações sobre o histórico de Weissmann. Fica ao critério de quem ler identificar se existem paralelos entre seu modus operandi e os procuradores da Lava Jato.

    Andrew Weissmann, Robert Mueller’s top prosecutor, known for hardball tactics – Washington Times

    https://www.washingtontimes.com/news/2017/oct/22/christopher-wray-robert-muellers-top-prosecutor-kn/

    They say he intimidated witnesses by threatening indictments, created crimes that did not exist and, in one case, withheld evidence that could have aided the accused. At one hearing, an incredulous district court judge looked down at an Enron defendant and told him he was pleading guilty to a wire fraud crime that did not exist.

    Weissmann seemed more interested in obtaining convictions than in promoting justice,” said Tom Kirkendall, a Houston lawyer who represented an Enron executive.

    Said Mr. Cogdell, a colorful courtroom performer dubbed a “gunslinger” by the local press, “He’s the most aggressive prosecutor I’ve ever been up against. He is, if not win at all cost, he’s win at almost any cost.”

    Those convictions for which Mr. Wray offered praise in 2004?

    Mr. Weissmann’s cases against Andersen and Merrill Lynch lay in shambles just a few years later.

    The Supreme Court, in a 9-0 vote in 2005, overturned the Andersen conviction. A year later, the 5th U.S. Circuit Court of Appeals erased all the fraud convictions against four Merrill Lynch managers. The jury had acquitted another defendant.

    “People went off to prison for a completely phantom of a case,” said Mr. Kirkendall.

    “All of the cases Weissmann pushed to trial were reversed in whole or in part due to some form of his overreaching and abuses,” Ms. Powell told The Washington Times. “The most polite thing the Houston bar said about Weissmann was that he was a madman.”

    In 2005, the nation’s highest court overturned the conviction in a 9-0 opinion, a devastating judgment that shattered Mr. Weissmann’s showcase.

    They were charged under a federal statute that normally requires proof that someone paid a bribe or received kickbacks that sullied the business practices of “honest services.” There were no bribes or kickbacks.

    Five were convicted. The accountant — represented by Mr. Cogdell — heard the jury say, “Not guilty.”

    Four of them appealed while serving time in prison. In 2006, the 5th Circuit reversed all the fraud charges, leaving just a perjury conviction against one executive, whom Ms. Powell came to represent on appeal.

    Again, the problem for Mr. Weissmann was his definition of a crime that greatly relaxed the standard for convictions.

    “We reverse the conspiracy and wire-fraud convictions of each of the defendants on the legal ground that the government’s [Weissmann task force] theory of fraud relating to the deprivation of honest services is flawed,” the appeals court said.

    “The summaries were false,” Mr. Hodes told The Times. “They said things that the witnesses did not say. They themselves yellow-highlighted what they left out of the summaries. It’s astonishing. We should have gotten a new trial.”

    “It was common knowledge in the Houston community,” he told The Times. “If you had a client who was cooperating with defendants in an Enron criminal prosecution, you’d better be careful because they would become a target.”

    “Regardless of the outcome of this trial, the Enron task force’s ugly tactic of effectively suppressing important testimony of witnesses favorable to Enron defendants has now been fully exposed,” Mr. Kirkendall blogged at the time.

  4. Andrew Weissmann, o amigo do Janot (parte II)

    Andrew Weissmann: 5 Fast Facts You Need to Know | Heavy.com

    http://heavy.com/news/2017/10/andrew-weissman-weissman-mueller-investigation-lawyer-attorney/

    even going after family membersprosecutions sometimes overturned by higher courts, including in the high-profile Enron case

    is not just a ‘tough’ prosecutor. Time after time, courts have reversed Weissmann’s most touted ‘victories’ for his tactics. This is hardly the stuff of a hero in the law. Weissmann, as deputy and later director of the Enron Task Force, destroyed the venerable accounting firm of Arthur Andersen LLP and its 85,000 jobs worldwide — only to be reversed several years later by a unanimous Supreme Court.”

    Powell had “published Licensed to Lie: Exposing Corruption in the Department of Justice. She consulted with Arthur Andersen on appeal and represented one of the Merrill Executives.” Powell added, “Next, Weissmann creatively criminalized a business transaction between Merrill Lynch and Enron. Four Merrill executives went to prison for as long as a year. Weissmann’s team made sure they did not even get bail pending their appeals, even though the charges Weissmann concocted, like those against Andersen, were literally unprecedented. Weissmann’s prosecution devastated the lives and families of the Merrill executives, causing enormous defense costs, unimaginable stress and torturous prison time. The 5th Circuit Court of Appeals reversed the mass of the case.”

    She

    “The Enron team made aggressive and risky moves. For example, it shocked Houston high society by charging the wife of Andrew Fastow, the chief financial officer, with tax evasion to put pressure on him. It worked. Fastow began to cooperate with the government,” the magazine reported.

  5. NADA PODEMOS FAZER, POR CULPA DO LULA E DO PT!

    O Lula e o PT não querem que o próprio povo possa cassar os políticos.

    Os ABAIXO ASSINADOS do povo precisam ter poder para convocar o REFERENDO REVOCATÓRIO DE MANDATO. Assim, o senador presidente do senado pensaria mil vezes, antes de engavetar pedidos de impeachment contra juízes desse tipo, como se faz aos montes no congresso. Convocar REFERENDO é um direito do povo, que existe desde o século 13 no mundo desenvolvido, e foi conquistado pela maioria dos nossos países vizinhos durante o governo Lula. Entretanto, aqui no Brasil, o próprio PT retirou da lei o direito do povo convocar REFERENDOS. Confiram:

    https://democraciadiretanobrasil.blogspot.com.br/2017/06/lindberg-farias-traiu-o-povo-brasileiro.html

    O PT também fez uma poderosa campanha de lobby, para que a “justiça” não possa mais punir deputados e senadores; os quais agora estão acima da lei. Parece que gostam mesmo de roubar à vontade, sem que ninguém interfira em seus “negócios”. Vejam:

    https://democraciadiretanobrasil.blogspot.com.br/2017/09/o-pt-apodrece-defende-aecio-e-impunidade.html

    Pra completar, o PT deseja que nossas eleições continuem SEM AUDITORIA. É isso mesmo, o PT vetou a lei do VOTO IMPRESSO, e ainda deve fazer lobby para que ele não volte. Felizmente, o veto da Dilma foi derrubado, mas ainda existe o perigo desse tal de lobby dos corruptos junto ao judiciário.

    O TSE não revela o código fonte do programa da urna, e fica impossível dizer se os votos estão sendo computados direito. A urna pode ser programada para contar quantos eleitores votaram, e emitir um boletim apenas com esse número de votantes, mas com um porcentual de votos previamente definido para cada canditado. Para não repetir os porcentuais, e levantar suspeitas, ela pode condicionar seus votos de acordo com parâmetros da votação verdadeira. Ou seja, leva em conta a votação correta, mas adiciona um porcentual a candidatos de um partido, enquanto retira de outros, para que cada urna tenha um porcentual de votos diferente da outra.

    Com o VOTO IMPRESSO, depois que você vota, uma impressora imprime seu voto por trás de um vidro, sem identificação e sem contato manual; e quando você confirma o voto, ele cai automaticamente dentro da urna, que depois é lacrada e assinada pelos fiscais dos partidos. Após a apuração eletrônica, 1% dessas urnas são sorteadas, para se fazer a conferência manual (AUDITORIA). Entretanto, isso parece que contrariava os planos do PT, que não deseja apenas que a roubalheira tome conta do país, mas também que não tenhamos mais o direito de mudar os rumos da política e do país. Confiram:

    http://www.valor.com.br/politica/4321748/congresso-derruba-veto-de-dilma-ao-voto-impresso 

    Aliás, por que a Dilma, que sabia estar sendo espionada, não decretou um estado de sítio, além de intensificar os recursos para acelerar a Lava Jato? Por que não usou a CADEIA NACIONAL DE TVS para dar satisfação aos seus eleitores, além de denunciar o novo programa de governo do Temer?

    1. Eleições 2014
      A única surpresa nas eleições para Presidente em 2014, que não foram detectados nem pelas pesquisas de boca de urna, foi AÉCIO superar MARINA. O restante confirmou as pesquisas

  6. E não é que é?
     

    Agora,  fazer lawfare contra o donald trump para substitui-lo por alguém “mais fiel aos interesses do mercado”.

    Só se colocarem o Bozo.

    “O discurso de Blanco demonstra que por trás do tal lawfare estão os mesmos interesses imperiais que buscam dar um golpe de Estado em seu próprio país, depor o presidente Donald Trump do seu cargo e instalar alguém ainda mais fiel aos interesses do mercado.”

     

    1. Palavra “Presidenta”

      Porquê? Por que acha que a dita palavra “Presidenta” não existe em língua portuguesa? Lamento-lhe informar mas é você neste caso o ignorante. Não só a palavra “Presidenta” existe na língua portuguesa — sendo a mesma o femenino de “Presidente” (cf. <“https://www.priberam.pt/dlpo/Presidenta”> e <“http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=Presidenta”>)–, como o seu uso no texto em epígrafe está correto ao se referir a alguém do sexo femenino. Aliás, o registro desta palavra em dicionários de lingua portuguesa recua a pelo menos 1925 (cf. <“http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/presidenta-existe-na-lingua-portuguesa-desde-1872/n1597210547562.html”>), tendo a mesma sido utilizada em 1872 por Antônio Feliciano de Castilho na sua obra As Sabichonas. Assim, mesmo que não seja do seu gosto pessoal o uso do referido vocábulo — o que até pode ser entendido como uma atitude machista da sua parte…! –, não pode em caso algum afirmar que o referido vocábulo não existe e/ou que o seu uso está feito de forma incorreta no texto em epígrafe.

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