Ipsos comprova: brasileiros são os que mais acreditam em fake news

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Em 27 países pesquisados, o Brasil é o que carrega o maior número de pessoas (62%) que já acreditaram em uma notícia que, de fato, era boato. Depois dos brasileiros, a lista traz árabes e sul coreanos (com 58%), peruanos e espanhóis (57%), chineses (56%) e, empatados em quinto lugar, suecos, indianos e poloneses (55%). Esses dados são da pesquisa “Global Advisor: Fake News, Filter Bubbles, Post-Truth and Truth” da Ipsos, realizada com 19,2 mil entrevistados, entre os dias 22 de junho e 6 de julho.

A situação não é alentadora: seis em cada dez entrevistados no Brasil admitem que já acreditaram em boato. E a maioria dos entrevistados no Brasil e no mundo atribui seus equívocos a políticos, mídia e redes sociais interessados em enganar o povo.

Mesmo que 68% de brasileiros dizendo saber diferenciar o real do que é falso, a quantidade que admite já ter acreditado em fake news é contrastante com a afirmativa. “Apesar da maioria confiar em sua própria capacidade de discernir fato de boato, o brasileiro não demonstra essa confiança quando questionado sobre a aptidão de seus compatriotas, já que 51% não concordam que o cidadão médio tenha essa compreensão. A verdade é que as pessoas sempre acham que fake news, pós-verdade e ‘filtro bolha’ * são problemas dos outros e não delas. E isso é assim no Brasil e em todo o mundo”, afirma Danilo Cersosimo, diretor de Opinião Pública na Ipsos.

E, na contramão da percepção da notícia em si, o brasileiro tem alto entendimento do que seja fake news. 68% dos brasileiros entrevistados declaram que são “histórias em que os fatos estão errados”. É o segundo país que mais possui esse entendimento, junto com Itália e depois Suécia. Uma segunda definição – a de que “são histórias em que os veículos de comunicação ou políticos só selecionam os fatos que sustentem seu lado do argumento” – foi escolhida por 25%. Já 18% dos entrevistados acreditam que “é um termo que políticos e mídia usam para negar as notícias com as quais eles não concordam”.

“Apesar da maioria confiar em sua própria capacidade de discernir fato de boato, o brasileiro não demonstra essa confiança quando questionado sobre a aptidão de seus compatriotas, já que 51% não concordam que o cidadão médio tenha essa compreensão. A verdade é que as pessoas sempre acham que fake news, pós-verdade e ‘filtro bolha’ * são problemas dos outros e não delas. E isso é assim no Brasil e em todo o mundo”, afirma Danilo Cersosimo, diretor de Opinião Pública na Ipsos.

Cersosimo aponta para o fato de que o levantamento mostra que, quando os temas passeiam por níveis de imigração ou redução das taxas de criminalidade, a maioria das pessoas em todo mundo atribuem seus equívocos ao interesse de terceiros (políticos, mídia e redes sociais) em enganar o povo. “No Brasil, as pessoas ficam bem divididas entre essas percepções: 49% acreditam que essas fake news são criadas pelos políticos e 47% acham que são criadas pela mídia. Há ainda 37% que afirmam que as redes sociais são os maiores fontes de engodo sobre esses temas”, detalha o executivo.

A possibilidade de reconhecer que têm fatos incorretos para a imigração e criminalidade, as pessoas atribuem parcialmente às suas próprias falhas: 37% dos brasileiros admitem que possuem visões tendenciosas, preconceitos e foco em notícias negativas. No entanto, poucos acham que o engano pode ser causado por dados errados (14%) ou pela dificuldade das pessoas com números e estimativas (18%).

“A pesquisa mostra que houve uma redução na confiança nos políticos e um aumento do uso indevido dos fatos. Um ponto positivo é que o conhecimento político das pessoas está se mantendo”, pontua Cersosimo. O Brasil é o sexto país (64%) a acreditar que a quantidade de mentiras e utilização errada dos fatos na política e na mídia está maior do que há 30 anos. À sua frente, estão países como África do Sul (71%), Estados Unidos (69%), Suécia (68%), Peru (67%) e México (66%).

*

Fake news – Mentiras objetivas, ou seja, informações ilegítimas que não condizem com a realidade, formuladas para induzir uma comoção sobre determinado assunto.

Pós-verdade – As fake news deram origem à pós-verdade, que é o fenômeno através do qual a opinião pública reage mais a apelos emocionais do que a fatos objetivos.

“Filtro bolha” – característica da web quando apresenta como resultado de busca apenas aquilo que o usuário considera relevante.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. O mundo subterrâneo do WhatsApp
      

    Vandson Holanda

     18 h ·  

    Textão sobre minha experiência em grupos de whatsapp que apoiam o BOZO nos últimos dias: a pior possível. Mas fiquei com uma certeza após o Ibope de ontem: analistas estão errando feio por não conhecerem o que ocorre no subterrâneo demuitos grupos de zap que apoiam Bolsonaro.

    Desde que começou a campanha eleitoral, alguns amig@s me incluem em grupos de whatsapp a favor de Bolsonaro. Meu celular chegou a ficar até 4 grupos de apoiadores do coiso. 
    Educadamente pedia pra sair, mas nas ultimas semanas fui (re)incluído em três grupos e fiquei em todos com um objetivo: curiosidade sobre o que os move a favor dessa figura do mal.

    O que presenciei nesses grupos foi um trabalho aparentemente orquestrado por profissionais de marketing digital. Não posso afirmar se a origem é da cúpula da campanha do candidato, mas ele é o beneficiado direto da disseminação de notícias falsas através de vídeos editados que são muito mais difíceis de vc, por mais esperto que seja, não cair na armadilha da informação errada.

    A tática é simples, mas deplorável: vale tudo para ganhar a presidência e os vídeos pelo zap tem sido cruciais, pois vêm dos seus amigos. A TV terá influencia zero nessa campanha.

    São grupos grandes (muitos já completos) com objetivo claro de disseminar montagens que parecem ser verdade e, ao que consta na última pesquisa IBOPE, deu certo contra as mulheres que foram as ruas nesse final de semana.

    A quantidade de vídeos editados mostrando mulheres com seios de fora no meio da multidão como se fossem no evento de sábado salta os olhos. Isso juntamente com palavras de baixo calão contra as participantes. “Atenção mulheres! Vcs se sentem representadas por essas “vadias”?” Palavras de um dos administradores do grupo que pedia para repassar o vídeo e a pergunta. Posts bem preparados para o whatsapp.

    Num dos vídeos, o evento de sábado foi ligado a um outro acontecimento em que mulheres radicais quebram imagens sacras na visita do papa Francisco ao Brasil. Fato deplorável mas quem vê pensa que aconteceu sábado no evento do #Elenao.

    Aos berros, um dos administradores pede para mostrar no grupo da família as tias, as mães, as avós… e mostrar o que a turma do “PT” e “Ciro” querem para o país. Na sequencia, a solução seria Bolsonaro com sua frase de impacto: Deus acima de tudo…

    Quando o filho de Bolsonaro chama as mulheres de esquerda de feias ou outros adjetivos sabe o que faz: coloca gasolina nesses grupos que move a campanha do pai.

    A subida de Bolsonaro não se deu, nem de longe, por conta do ataque de Alckmin ou Marina ou Ciro ao Haddad na TV como alguns analistas sugerem. Mas, sim, por cota do ataque orquestrado contra o evento de sábado das mulheres de forma velada nas redes sociais sem deixar rastro: via whatsapp.

    A equipe de Bolsonaro não está numa bolha do algoritmo do facebook ou instagram como a dos demais candidatos, pois eles sabem como furar a bolha e falar para os indecisos.

    Os candidatos democratas são fracos nas redes sociais e falam para os “convertidos” em suas bolhas algorítmicas. Não foi a toa que, mesmo após o evento de sábado, o candidato do mal cresceu exatamente nas mulheres e nos pobres.

    Ou os candidatos democratas atuam forte nas redes sociais para falar fora da sua caixa com antídotos contra essa disseminação de vídeos montados via zap e contra essa ação de difamação das mulheres que foram as ruas sábado ou é melhor JÁ IR SE ACOSTUMANDO com Bolsonaro presidente em 2019.

    Espero que não.

     

    1. Hora de o PT acelerar

      Eu senti isso la na minha familia porque sempre converso com todos, até os empregados e que tais e vi que muitos estão influenciados pelas redes sociais das quais participam, principalmente via whataspp. A minha pergunta é quem patrocina toda essa comunicação, essas robôs e pessoas na internet para fazer campanha de desinformação para o proveito do Bolsonaro? O PT que saia do torpor. 

      1. Maria Luísa, o buraco é mais embaixo

        Guerra híbrida (da Wikipédia) – Guerra Híbrida é uma estratégia militar que mescla táticas de guerra política,  guerra convencional, guerra irregular, e ciberguerra com outros métodos de influência, tais como fake news, diplomacia, lawfare e intervenção eleitoral externa.

        Quem financia: 

        Quem são os irmãos Koch?

        por Antonio Luiz M. C. Costa — publicado 23/03/2015 18p1, última modificação 09/06/2015 17p5

        Eles possuem fortunas que, somadas, superam a de Bill Gates, e fazem reuniões com o Tea Party. Agora, seus nomes se misturam aos pedidos de impeachment no Brasil

        Os irmãos Charles e David Koch são sócios e possuem, segundo a Forbes, 42,9 bilhões de dólares cada um

        Uma interessante conexão entre os irmãos Koch, o Charles Koch Institute, os “Estudantes pela Liberdade” e o “Movimento Brasil Livre”, um dos principais promotores dos protestos contra o governo brasileiro foi apontada por jornalistas brasileiros, inclusive na CartaCapital e possível que se estenda a outras entidades, como sugere, por exemplo, o currículo de Fabio Ostermann, cofundador dos “Estudantes pela Liberdade”, diretor do libertarian Instituto Ordem Livre, “mentor intelectual do Movimento Brasil Livre” segundo a revista Veja e com cargos em organizações como o Instituto Liberal e o Instituto Liberdade. Para compreender exatamente o que isso significa, é preciso entender a importância dessa família.

        Os irmãos Charles e David Koch são sócios e possuem, segundo a Forbes, 42,9 bilhões de dólares cada um e estão em sexto e sétimo lugar em sua última lista de bilionários. Há ainda Bill Koch, o caçula, brigado com os irmãos e com um império independente de “apenas” 2,8 bilhões (o número 603 da Forbes), mas também financiador ativo de políticos conservadores e o primogênito Frederick Koch, mais interessado em coleções de arte, teatro e cinema do que nos negócios da família. São todos filhos de Fred Chase Koch (1900-1967), empresário do petróleo, admirador de Benito Mussolini e um dos fundadores em 1958 da ultradireitista John Birch Society, cuja sede foi estabelecida ao lado do túmulo do paranoico senador anticomunista Joseph McCarthy e foi notória pelo combate à lei dos direitos civis promovida pelo presidente Lyndon Johnson nos anos 1960.

        Suas fortunas, somadas, superam folgadamente as de Bill Gates, Carlos Slim ou Warren Buffet, os primeiros colocados. Seu grupo Koch Industries é a segunda maior empresa de capital fechado dos EUA, depois de Cargill. Possui refinarias em vários estados, seis mil quilômetros de oleodutos, madeireiras, indústrias de papel e celulose e a Invista, ex-divisão de fibras têxteis da DuPont dona de marcas como Lycra e Cordura.

        É cada vez mais notório o apoio de irmãos Koch a campanhas e institutos conservadores e libertarians por meio de várias organizações por eles financiadas, incluindo Americans for Prosperity e o Cato Institute. Em fevereiro, documentos obtidos pelo Greenpeace através do Freedom of Information Act revelaram que a Charles G. Koch Charitable Foundation, organização para financiar programas de ensino e pesquisa, fez doações para Wei-Hock Soon do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, um dos raros cientistas a insistir em que a mudança climática é um fenômeno natural, não causada por atividades humanas. Outro tema caro aos Koch é o do armamentismo. Doam milhões à National Rifle Association (NRA) e outros lobbies que combatem restrições à posse e porte de armas nos EUA, que retribuem fazendo campanha a políticos conservadores do agrado dos irmãos.

        Os Koch organizam reuniões periódicas com líderes republicanos e comunicadores ligados ao Tea Party, como Glenn Beck e o senador republicano Mitch McConnell. Uma gravação em áudio de uma reunião confidencial deste último com os irmãos, ocorrida em junho de 2014, o senador admitiu que os republicanos precisam dos Koch e eles constituem o verdadeiro poder no partido: “Não sei onde estaríamos sem vocês” e pediu mais recursos para a campanha. “A Suprema Corte permitiu a todos vocês (bilionários) participarem do processo em uma variedade de maneiras diferentes. Você pode doar ao candidato de sua escolha”. Para persuadi-los, explicou como os republicanos frustrariam a agenda de Barack Obama caso conquistassem a maioria do Senado. O partido cumpriu rigorosamente a promessa. Segundo o Washington Post, os Koch agora lideram um esforço de arrecadação entre bilionários que pretende arrecadar um bilhão de dólares para a campanha presidencial republicana em 2016.

        Seria tolo supor que manifestantes ou eleitores são pagos em massa, mas faz diferença permitir a um punhado de jovens politicamente ambiciosos dedicar-se em tempo integral a uma agenda, assim como o patrocínio de veículos e jornalistas simpáticos às suas causas.

         

        Embora o petróleo esteja na raiz das fortunas dos Koch e motive sua campanha contra ambientalistas e climatologistas que alertam sobre o aquecimento global, não é obrigatório supor que seu principal interesse no Brasil seja a privatização da Petrobras. Seus negócios são bem mais amplos e o “Estado mínimo”, com a eliminação de quaisquer políticas sociais e restrições à exploração capitalista, é para eles e seus aliados um fim em si. O importante é estar consciente de suas conexões e do que implicam. Não é apenas por um impeachment.

  2. A Pesquisa Datafolha é Fake

    Eu postei o seguinte comentário, o qual, até agora, não foi publicado:

    “Comparativo entre a penúltima e a última pesquisas do Datafolha:

     

    Bolsonaro  28% subiu para 32%

    Haddad: 22% caiu para 21%

    Ciro: 11% manteve 11%

    Alckmin: 10% caiu para 9%

    Marina: 5% caiu para 4%

    Amoedo: 3% manteve 3%

    Álvaro Dias: 2% manteve 2%

    Meirelles: 2% manteve 2%

    Boulos: 1% caiu para 0%

    Daciolo: 1% subiu para 2%

    Vera Lúcia (PSTU): 1% caiu para 0%

    Eymael: 0% manteve 0%

    Goulart Filho: 0% manteve 0%

    Brncos/Nulos/Nenhum: 10% caiu opara 8%

    Indecisos: 5% manteve 5%

     

    Pontos perdidos:

    Haddad perdeu 1% (prá quem?), Boulos perdeu 1% (prá quem?), Vera Lúcia-PSTU perdeu 1% (prá quem?), Marina perdeu 1%, Alckmin perdeu 1%, Brancos/Nulos/Nenhum perderam 2% (para quem teriam ido esses votos?)

    Total de pontos perdidos: 7%

     

    Pontos ganhos: Bolsonaro ganhou 4% e Cabo Daciolo ganhou 1%.

    Total de pontos ganhos: 5%

    Não consigo identificar para quem foram 2 pontos perdidos. Também não consigo conceber eleitores do Boulos/PSOL, da Vera Lúcia-PSTU e do Haddad migrando para o Bolsonaro.

    Então para quem foi os 2% de diferença entre os pontos perdidos e os pontos ganhos?

    Acho que há algo de podre ou no Datafolha ou na minha comparação”.

     

    Acho que descobri. Nessa última pesquisa do Datafolha o percentual de eleitores é chega 99%. Na penúltima pesquisa do mencionado Instituto, o percentual de eleitores era 101%.

    Esses 2 pontos percentuais, juntamente com um ou os dois pontos percentuais do Daciolo, com um ou dois pontos percentuais do Nanico Amoedo, com uns 3% dos votos do Allckmin, mais alguns votos de brancos/nulos e indecisos serão creditados ao Bolsonaro na próxima pesquisa do Datafolha e como o Bolsonaro certamente perderá para o Haddad no segundo turno, tendo em vista que o seu percentual de rejeição é muito alto, os Institutos de Pesquisa oficiais podem preparar o terreno com suas próximas pesquisas para que a eleição seja fraudada e o Bolsa eleito no primeiro turno.

     

    Certamente, eu serei um dos 30 mil mortos pelo Bolsonaro. SOS.

  3. brasileiro adora viver ao sabor das ondas…

    e quem vive ao sabor das ondas nunca chega em qualquer porto, à tranquilidade, mesmo com ventos favoráveis

    vai e vem de uma mentira a só para se sentir parte da verdade que afasta

  4. CAIFAZES & ANTÔNIO BENTO
    http://www.antoniobento.com

    Entendendo o Brasil atual

    Prof. Dr. Marco Antonio Villa

    Recordar Antônio Bento é fundamental para todos aqueles que lutam e almejam um Brasil democrático, fundado nos valores iluministas oriundos da Revolução Francesa. Um Brasil que não comungue, em momento algum, com a injustiça. Um Brasil que seja solidário.
    Li, com enorme prazer, este belo livro sobre Antônio Bento. Curiosamente, no início dos anos 1990, na Biblioteca Mario de Andrade, no centro de São Paulo, estava pesquisando o jornal O Estado de S. Paulo. Naquele momento, escrevia a minha tese de doutorado sobre Canudos, a comunidade e a guerra de 1896-1897. Ao ler o Estadão – manuseava as edições originais! – buscava compreender historicamente aqueles anos, o republicanismo que já estava no poder desde 1889 e a crise política que marcou boa parte do quadriênio Prudente de Morais. Buscava também ler os artigos de Euclides da Cunha, e não só aqueles que deram origem ao célebre Diário de uma expedição, publicados em forma de livro somente meio século depois, com uma excelente introdução de Gilberto Freyre. Em meio à pesquisa, encontrei em um dos exemplares do Estadão uma menção a Antônio Bento. Já o conhecia historicamente das minhas leituras sobre o abolicionismo em São Paulo. Admirava sua ação. Admirava a Sociedade dos Caifazes. Admirava sua coragem e ousadia. Mas, para mim, sua vida era um mistério. Quem ele era, como se formou a sua ação revolucionária no abolicionismo, seu pensamento político, e como se posicionou após a Proclamação da República?
    Muitos anos depois, visitando o cemitério da Consolação, estava gravando uma série sobre a história do Estado de São Paulo, e, próximo entrada, vi o túmulo de Antônio Bento. Chamou a minha atenção a alegoria. Na hora, fiz a associação com os Caifazes. Disse isso aos colegas da TV Cultura que me acompanhavam nas filmagens. Novamente, recordei as perguntas não respondidas sobre Antônio Bento e que vinham desde o final do século passado.
    Posso dizer, com tranquilidade, que todas as minhas dúvidas foram sanadas pelo excelente livro de Luiz Antônio Muniz de Souza e Castro e Débora Fiuza de Figueiredo Orsi. Pesquisadores rigorosos, foram atrás das fontes primárias, enfrentaram obstáculos comuns aqueles que desenvolvem
    trabalhos históricos no Brasil – parodiando Euclides da Cunha, o pesquisador . antes de tudo um forte. No final, entregam ao leitor uma biografia completa que reapresenta aos brasileiros esse personagem injustamente esquecido ou, se preferirem, não suficientemente reverenciado.
    Convido a todos os que se interessam pela História do Brasil a ler A Redenção de Antônio Bento. Tenho certeza de que irão gostar. Haverão de admirar esse cidadão brasileiro comprometido com os valores do humanismo e da liberdade. E que colocou em prática seus princípios, enfrentou os poderosos e venceu.

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