Nossa Mídia: a continuar assim, terá vida curta

A mídia tem papel fundamental nas democracias. Nenhum problema se tomam posições, desde que de forma clara, sem vender opinião como informação.

No caso do Brasil, mais uma vez quem deveria gerar notícia vira notícia. Agora, o pouco destaque dado por aqui à “pauta-bomba” das contas secretas de Cunha. Palavras da ombudsman da Folha, Vera Guimaraes Martins (mais aqui) : “A Folha corre o risco de se ver associada com uma cobertura que parece não conferir o peso devido aos problemas de um dos principais personagens da crise política. Não é necessário pesquisar muito para comprovar que o jornal já fez muito mais barulho com histórias menos”.

Muito bom que continuem com os holofotes sobre as lambanças do PT. Mas se para a comunicação, credibilidade é tudo, não percebem o quanto estão perdendo-a ao não tratarem o outro lado da mesma forma. Tampouco percebem que os seus públicos percebem isso. Se o abafo de algo relevante funcionava no passado, hoje é tiro no pé. Quando nossa grande imprensa não faz a lição de casa por aqui, o usuário vai buscar lá fora, com tantas fontes e serviços cada vez mais acessíveis e consumidos por brasileiros. The Guardian, El País, New York Times e outros agradecem…

Portanto, por mais que pareça só uma questão política, é também uma questão de sobrevivência, caso nossos órgãos de comunicação queiram se manter como portais de noticias para o publico geral. Num planeta conectado, não dá mais para vender informação barata no atacado, se hoje é de graça e abundante. Mesmo pagando pouco, é caro. Não é a toa que as empresas tradicionais de mídia estão balançando.

Só vão sobreviver quando cair a ficha de que, para o consumidor pagar, exigirá cada vez mais qualidade de informação (algo além de imagens hd ou photoshop). Esse é o diferencial que pode reinventar o negócio da comunicação, em convivência harmônica com/no o mundo virtual, sempre novo.

Mas nossa mídia está longe disso. A continuar assim, dará vida longa aos ratos, mas terá vida curta.

Imagem: via @politica_santos, no Twitter