O mercado de provas da Lava Jato pariu um “grande castelo prestes a desmoronar”, diz Walfrido Warde

Jornal GGN – O advogado e presidente da IREE Walfrido Warde assina artigo no site Último Segundo em que associa os vazamentos mais recentes do Intercept, que atua em parceria com a Folha de S. Paulo, à origem do “mercado de provas” da Lava Jato. Provas “de açúcar”, que ajudaram os procuradores e o então juiz Sergio Moro a erguer um castelo que está “prestes a desmoronar”.

Os diálogos mostraram que Léo Pinheiro foi preso para delatar Lula. Seu acordo de cooperação não prosperou enquanto sua versão era de que o ex-presidente não tinha nenhum envolvimento com qualquer ilicitude praticada com a OAS. O apartamento no Guarujá, que levou Lula à prisão e o inabilitou para a última corrida presidencial, não tinha qualquer acerto criminoso. Toda essa narrativa teve de mudar para se encaixar no script que interessava à Lava Jato. Não basta delatar. Tem que delatar para atingir um objetivo.

“É uma confusão que nos distancia da verdade, que prende e que solta, que acusa e absolve, que unge e arruína ao sabor das conveniências. Foi precisamente para essa confusão, que mora muito, muito longe da verdade, que rumou o processo penal no Brasil”, diz Warde. Para ele, “a barganha, no feirão das evidências, tomou o lugar da verdade” na Lava Jato.

“O acoplamento das prisões cautelares, muitas delas imotivadas, e de prisão depois de condenação em segundo grau com delação premiada está na origem desse mercado de provas. Provas que nem precisam ser tão fortes assim, que podem ser produzidas pela boca do delator preso, com a língua pronta para disparar qualquer coisa que o alivie”, comentou.

Os procuradores e os advogados, cada um com agenda própria, entraram num jogo que produziu “inverdades e graves distorções”.

“Essa negociação silenciosa [em que os procuradores demonstram interesse por uma delação que chegue a Lula em caráter definitivo] levou os acusadores a exibir, orgulhosos, muitas provas de açúcar e com elas construir um grande castelo prestes a desmoronar.”

Leia a coluna aqui.

Redação

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  • O século XXI é o século da mediocridade, e a eleição de Bolsonaro é a consagração da canalhice, da safadeza, da dissimulação, da desfaçatez, dos milicianos e dos mafiosos.

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