Os três brasileiros que refutaram as bases do neoliberalismo

Publicado originalmente em 9 de dezembro 2012

O livro “O Universo NeoLiberal do Desencanto”, do economista José Carlos de Assis e do matemático Francisco Antonio Doria, traz uma história extraordinária, de como três brasileiros – no campo da lógica – ajudaram a desmontar o principal princípio do neoliberalismo: aquele que dizia que em um mercado com livre competição os preços tendem ao equilíbrio.

É mais uma das descobertas do incansável lutador José Carlos de Assis.

As teses do trio – lógico Newton da Costa, matemático Antonio Doria e economista Marcelo Tsuji são um clássico da ciência brasileira que começa a ganhar reconhecimento mundial, ma história complexa, porém fascinante, que merece ser detalhada.

   

Newton Costa

Francisco Doria

O primeiro passo é – a partir do livro – reconstituir as etapas da matemática no século 20, sua luta para se tornar uma ciência formal, isto é, com princípios de aplicação geral. E os diversos obstáculos nesse caminho.

O método axiomático na matemática

A matemática sempre se baseou no método axiomático de Euclides.

1      Escolhem-se noções e conceitos primitivos.

2      Utiliza-se uma argumentação lógica.

3      Manipulando os conceitos com a lógica, chega-se aos resultados derivados, os teoremas da geometria.

Foi só a partir do final do século 19 que Giuseppe Peano incorporou definitivamente o método axiomático à matemática tornando-se, desde então, a técnica mais segura para a geração  de conhecimento matemático.

Em 1908  Ernest Zermelo axiomatizou a teoria dos conjuntos e, a partir daí, todos os resultados conhecidos da matemática. Formou-se a chamada matemática “feijão-com-arroz” usada por engenheiros, economistas, ecólogos e biólogos matemáticos.

Desde então, no âmbito da alta matemática instaurou-se uma discussão secular: tudo o que enxergamos como verdade matemática pode ser demonstrado?

A formalização da matemática

Com esses avanços do método axiomático, pensava-se que tinha se alcançado na formalização da matemática, tratada como ciência exata capaz de calcular e demonstrar todos os pontos de uma realidade.

Mas aí começaram a surgir os paradoxos, dos quais o mais famoso foi o de Russel:

  • Em uma cidade, existem dois grupos de homens: os que se barbeiam a si mesmos e os que se barbeiam com o barbeiro. A que grupo pertencem os barbeiros?

Ora, um axioma não pode comportar uma afirmação contraditória em si. De acordo com as deduções da lógica clássica, de uma contradição pode-se deduzir qualquer coisa, acaba o sonho do rigor matemático e o sistema colapsa.

Houve uma penosa luta dos matemáticos para recuperar a matemática da trombada dos paradoxos até definir o que são as verdades matemáticas, o que coube ao matemático David Hilbert (1862-1943).

David Hilber (1862-1943)

Nos anos 20, Hilbert  formulou um programa de investigação dos fundamentos da matemática, definindo o que deveriam ser os valores centrais:

  • Consistência: a matemática não poderia conter contradições.
  • Completude: a matemática deve provar todas suas verdades.
  • Procedimento de decisão: a matemática precisa ter um procedimento, digamos, mecânico permitindo distinguir sentenças matemáticas verdadeiras das falsas.

A partir desses princípios, a ideia era transformar a matemática em uma ciência absoluta com regras definitivas. No Segundo Congresso de Matemática, em Paris, Hilbert propôs os famosos 23 problemas cuja solução desafiaria as gerações seguintes de matemáticos. (http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html).

Seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência da computação.

A pedra no sapato de Hilbert

 

Kurt Gödel (1906-1978)

Mas havia uma pedra em seu caminho quando 1931, o matemático alemão Kurt Gödel (1906-1978), radicado nos Estados Unidos, formula seu teorema da incompletude para a aritmética, inaugurando a era moderna na matemática.

Muitos estudiosos sustentam que seu “teorema da incompletude” é a maior realização do gênio humano na lógica, desde Aristóteles.

No começo, os achados de Gödel se tornaram secundários no desenvolvimento da matemática do século. A partir dos estudos de dois dos nossos heróis – Doria e Da Costa – os matemáticos descobriram porque a matemática não conseguia explicar uma série enorme de problemas matemáticos.

E aí se entra em uma selva de conceitos de difícil compreensão.

Mas, em síntese, é assim:

  • Suponha um sistema de axiomas, com vários axiomas. Por definição, esse axioma não demonstra fatos falsos, só verdadeiros.
  • Dentre os axiomas, no entanto, há uma sentença formal que, por definição, não pode ser demonstrada.
  • Se não pode ser demonstrada que é verdadeira, também não pode ser demonstrada que é falsa (acho que o matemático se baseou no axioma da Folha com a ficha falsa da Dilma). Logo é uma sentença “indecidível” – isto é, não pode nem ser provada nem reprovada.
  • Se o sistema é consistente – isto é, se consegue provar o que é provável e não consegue o que não é – então, para ser consistente, ele será incompleto.

Pronto, bagunçou totalmente a lógica dos que supunham a matemática uma ciência exata.

Anos depois, o lógico norte-americano Alonzo Church (1903-1995) e o matemático inglês Alan Turing (1912-1954) desenvolveram outro conceito, a indecibilidade.

Ambos demonstraram que há programas de computador insolúveis.

 

Alan Turing (1912-1954)

Turing, aliás, tem uma biografia extraordinária http://www.turing.org.uk/turing/. Durante a Segunda Guerra foi criptógrafo do Exército inglês. Conseguiu quebrar a criptografia da máquina alemã Enigma, até então considerada impossível de ser desvendada. Tornou-se herói de guerra. E lançou as bases para a teoria da programação em computador, quando conseguiu reduzir todas as informações a uma sucessão de 0000 e 1111.

Em 1952 confessou-se homossexual  a um policial que havia batido na porta de sua casa. Preso, com base em uma lei antissodomia (revogada apenas em 1975),  foi condenado a ingerir hormônios femininos para inibir a libido. Os hormônios deformaram seu corpo. Acabou se matando com uma maçã envenenada em 1954.

A teoria da programação nasce em 1936 em um artigo onde Turing analisa em detalhes os procedimentos de cálculos matemáticos e lança o esboço da “máquina de Tuning”, base da computação moderna.

Nesse modelo o procedimento é determinístico – isto é, nos cálculos não há lugar para o acaso.

Muitas vezes ocorrem os “loops infinitos”,  situações em que o computador não consegue encontrar a solução e fica calculando sem parar. Turing já havia provado ser impossível um programa que prevenisse os “crashes” de computador. Explicar a “parada” no programa de computador se tornou um dos bons enigmas para os matemáticos.

Durante bom tempo, até início dos anos 50, os matemáticos procuravam a chave da felicidade: o programa que permitisse antecipar os crashes dos demais programas. Mas em 1936 Turing já havia provado ser impossível.

Mais um revés para os que imaginavam a matemática capaz de explicar (ou computar) todos os fenômenos matemáticos.

O teorema de Rice

Em 1951, outro matemático, Henry Gordon Rice avançou em um teorema considerado “arrasa quarteirão”.

 

Henry Gordon Rice (1920- )

Denominou-se de funções parciais àquelas em que não existe um método geral e eficaz de decisão. Se uma propriedade se aplica a todas as funções parciais, ela é chamada de propriedade trivial. E se a propriedade traz a solução correta para cada algoritmo, ela é chamada de método de decisão eficaz.

Uma propriedade só é eficaz se for aplicada a todas as funções. E essa função não existe.

Para desespero dos que acreditavam que a matemática poderia explicar tudo, o teorema de Rice começou a se estender para a maior parte das áreas da matemática.

O equilíbrio de Nash

O inventor oficial da computação, Von Neuman, não conseguia resolver um caso geral em que se analisava uma solução para a soma de um conjunto de decisões.

Quem resolveu foi um dos gênios matemáticos do século, John Nash, personagem principal do filme “Uma mente brilhante”, nascido em 1928 e vivo ainda.

John Nash (1928 – )

Em uma tese de apenas 29 páginas – que lhe rendeu o PhD e o Nobel – ele mostrou que casos de jogos não-colaborativos (como em um mercado) a solução aceitável de cada jogador correspondia ao equilíbrio dos mercados competitivos.

O “equilíbrio de Nash” mostra uma situação em que há diversos jogadores, cada qual definindo a sua estratégia ótima.  Chega-se a uma situação em que cada jogador não tem como melhorar sua estratégia, em função das estratégias adotadas pelos demais jogadores. Cria-se, então, essa situação do “equilíbrio de Nash”.

Como explica Dória, em linguagem popular: a situação de equilíbrio é aquela que se melhorar piora.

O princípio de Nash é: todo jogo não-cooperativo possui um equilíbrio de Nash.

O “equilíbrio de Nash” tornou-se um dos pilares da matemática moderna.

A matemática na economia

O primeiro economista a tentar encontrar o preço de equilíbrio na economia foi Léon Walras (1834-1910). Montou equações que identificam as intersecções da curva da oferta e da demanda, para chegar ao preço ótimo. Depois, montou equações para diversos mercados, concluindo que, dadas as condições ideais para a oferta e para a procura, sempre seria possível encontrar soluções matemáticas.

Mas não apresentou uma solução para o conjunto de operações da economia.

O que abriu espaço para o “equilíbrio dos mercados” foram dois matemáticos – Kenneth Arrow (1921) e Gérard Debreu (1921-2004).

Walras tivera o pioneirismo de formular o estado de um sistema econômico como a solução de um sistema de equações simultâneas, que representavam a demanda de bens pelos consumidores, a oferta pelos produtores e a condição de equilíbrio tal que a oferta igualasse a demanda em cada mercado. Mas, argumentavam eles, Walras não dera nenhuma prova de que a equação proposta (o somatório de todas as equações da economia) tivesse solução.

Só décadas depois, esse dilema – de como juntar em uma mesma solução todas as equações de um universo econômico – passou a ser tratado, com o desenvolvimento da teoria dos jogos, graças à aplicação do “equilíbrio de Nash” à economia. Mostraram que a solução de Nash para o jogo corresponde aos preços de equilíbrio.

Essa acabou sendo a base teórica que legitimou praticamente três décadas de liberalismo exacerbado.

Entra em cena o “outro Nash”

Aí surge em cena o “outro Nash”, Alain Lewis, um gênio matemático, negro, mistura de Harry Belafonte e Denzel Washington, criado nos guetos de Washington, depois estudante em Harvard, onde conquistou o respeito até de referências como Paul Samuelson.

Partiu dele o primeiro grande questionamento à econometria como “teoria eficaz” (isto é, capaz de matematizar todos os fenômenos econômicos).

Em um conjunto de obras, a partir de 1985, Lewis tentou demonstrar que as noções fundamentais da teoria econômica não são “eficazes” – isto é, não explicam todos os fenômenos econômicos – e, portanto, devem ser descartadas. Comprovou sua tese para um número específico de casos.

Em 1991, em Princenton, Lewis ligava de madrugada para trocar ideias com um colega brasileiro, justamente Francisco Antônio Doria. Excepcionalmente brilhante, trato difícil, o primeiro surto de Lewis foi em 1994. Há dez anos nenhum amigo sabe mais dele. Provavelmente internado em alguma clínica.

Sua principal contribuição foi comprovar que em jogos não associativos (aqueles em que há disputas entre os participantes) embora exista o “equilíbrio de Nash” descrevendo cada ação, ganhos e perdas dos competidores, o resultado geral é “não computável” . Ou seja, podem existir soluções particulares mas sem que possam ser reunidas num algoritmo geral.

Aparecem os brasileiros

O objetivo da teoria econômica é identificar as decisões individuais que valem para o coletivo. De nada vale matematizar o resultado de dois agentes individuais se a solução não se aplicar ao conjunto de agentes econômicos.

Havia razões de sobra para Lewis ligar toda noite, impreterivelmente às duas da manhã, para Dória.

Desde os anos 80, Doria e Newton da Costa estudavam soluções para o problema da teoria do caos. Queriam identificar, através de fórmulas, quando um sistema vai desenvolver ou não um comportamento caótico. Esse desafio havia sido proposto em 1983 por Maurice Hirsch, professor de Harvard.

Eram estudos relevantes, especialmente para a área de engenharia. Como saber se a vibração na asa de um avião em voo poderá ficar incontrolável ou não?

Depois, provaram uma versão do teorema de Rice para matemática usual: que usa em economia.

Depois de muitos estudos, ambos elaboraram uma resposta brilhante sobre a teoria do caos demonstrando que não existe um critério geral para prever o caos, qualquer que seja a definição que se encontre para caos.

Esse conceito transbordou para outros campos computacionáveis. A partir dele foi possível inferir a impossibilidade de se ter um antivírus universal para computador, ou uma vacina universal para doenças.

Num certo dia, no segundo andar do Departamento de Filosofia da USP, Doria foi abordado por um jovem economista, Marcelo Tsuji, que já trabalhava na consultoria de Delfim Neto. Aliás, anos atrás Paulo Yokota já havia me alertado de que o rapaz era gênio. Na época, Delfim encaminhou-o para se doutorar com Doria e da Costa.

Marcelo disse a Doria ter coisas interessantes para lhe relatar. Disse que tinha encontrado uma prova mais geral para o teorema de Lewis utilizando as técnicas desenvolvidas por Doria e Da Costa.

Doria pediu para Marcelo escrever. Depois, Doria e Nilton revisaram o trabalho, todo baseado nas técnicas de lógica de ambos.

Chegou-se ao resultado em 1994. Mas o trabalho com Tsudi só foi publicado em 1998. Revistas de economia matemática recusaram publicar. Conseguiram espaço em revistas de lógica.

O grande desafio do chamado neoliberalismo seria responder às duas questões:

1. Como os agentes fazem escolhas.

2. Como a ordem geral surge a partir das escolhas individuais.

A conclusão final matava definitivamente a ideia de que em mercados competitivos se chegaria naturalmente ao preço de equilíbrio. O trabalho comprovava que o “equilíbrio de Nash” ocorria, com os mercados chegando aos preços de equilíbrio. Mas que era impossível calcular o momento. Logo, toda a teoria não tinha como ser aplicada.

O reconhecimento mundial

O Brasil não tem tradição científica para reconhecer trabalhos na fronteira do conhecimento. Assim, o reconhecimento do trabalho do trio está se dando a partir do exterior.

O livro “Gödel’s Way”, de Doria, Newton e Gregory Chaitin tornou-se um best-seller no campo da matemática, ajudando a conferir a Gödel o reconhecimento histórico que lhe faltou em vida.

 

Gödel’s Way

In the 1930s, Kurt Gödel showed that the usual formal mathematical systems cannot prove nor disprove all true mathematical sentences. This notion of incompleteness and a related property—undecideability, formulated by Alan Turing—are often presented as ideas that are only relevant to mathematical logic and have nothing to do with the real world. However, Gödel’s Way proves the contrary.

Gregory Chaitin, Newton da Costa and Francisco Antonio Doria show that incompleteness and undecidability are everywhere, from mathematics and computer science, to physics and mathematically formulated portions of chemistry, biology, ecology, and economics.

Have you ever wondered why we can’t create an antivirus program for computers that doesn’t require constant updates? Or why so much of the software we use has bugs and needs to be upgraded with patch-up subroutines? Fascinatingly, the reasons involve Gödel’s incompleteness theorems. Nor is astronomy immune from the fun, as the authors show. We can formulate a certain measure of a universe, called a metric tensor, so that it is undecidable whether it is a “Big Bang universe”—with a definite origin in time—or a universe without a global time coordinate. (Interestingly, Gödel himself studied universes of the latter type.)

 

Recentemente, o artigo de ambos com Marcelo Tsudi integrou um handbook inglês de trabalhos clássicos nas áreas de economia e computação.

No próximo mês, Doria – ele próprio um admirador da economia neoclássica – estará ministrando um curso no Canadá, para uma academia defensora da escola austríaca,  ortodoxa, mas que não tem o viés primário dos nossos cabeças de planilha.

Luis Nassif

44 Comentários

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  1. Bobagens

     

    Nunca vi tanta asneira junta! Parece o manual de operação do esgoto de Brasília! Coisa de petista…Vcs petistas acham que a complexidade da ação humana pode ser matematicamente…absurdo! Bom, é o que os planejadores centrais tem à mão pra justificar a destruição do mundo!

     

     

     

     

    1. Para os nobres defensores da
      Para os nobres defensores da democracia ditatorial petista, sugiro pedir à ilustre presidentE (aquele ou aquela que preside), que comente o artigo. Estes semianalfabetos (nos quais me incluo), parecerão intelectuais…

    2. Oposição brigando com o espelho sem se reconhecer, não tem preço

      …nada que pague, nem adianta tentar Nash!

      “Vcs petistas acham que a complexidade da ação humana pode ser matematicamente”

      Agora toma uma maracujina, senta um pouquinho e escuta isso:

          Esse é o mote dos tucanos, não dos petistas, você acabou de xingar a oposição à direita do PT, Parabéns! e o texto que você não leu ou não é capaz de entender joga um balde de água fria nas cabeças-feitas direitistas e ataca justamente a validade dos pressupostos matemáticos usados pela direita que tem um pouco mais de cérebro que você e inclusive chega a usar softwares para prever comportamentos humanos.

      1. Gão, você não entendeu

        Gão, você não entendeu nada.Aliás, acho que você também não entende o funcionamento do mercado.

        E para você saber, mercado significa a ação de milhões de individuos buscando livremente  seus interesses, que somados levam ao equilibrio economico.

        Toda crise economica é sempre resultado da interferêcia do Estado no mercado.                                                         Exemplo bem recente disso é o do governo Dilma, que manipulou os preços da energia elétrica e da gasolina.

         

    3. Acho que, por desatenção,

      Acho que, por desatenção, você comentou algum outro texto que não o deste post dada a desconexão do assunto. O relógio do sistema da sua máquina está no ano de 2013. 

  2. 1) Eles fazem o que acham

    1) Eles fazem o que acham melhor para eles dado o momento e informação que possuem. E não, vocÊ não sabe o que é melhor pra eles nem tem autoridade moral para ordenar.

     

    2) A pergunta é tão inteligente quanto “como a evolução criou algo tão complicado como o olho?”, como se ordem espontânea fosse um mito e as pessoas fossem burras demais para conseguir se organizar sozinhas.

    Sugiro ler um pouco de psicologia comportamental. Um modula o comportamento do outro e as pessoas de maneira geral cooperam para alcançar seus objetivos ou, de maneira geral, não atrapalhar uns aos outros. Quem não gosta, se retira.

     

    Agora seja honesto e admita que vocÊ não sabe o suficiente sobre seres humanos para transformá-los em equações.

     Não que não seja possível. Certamente é. Mas até agora todos os modelos falharam miseravelmente, e nem psicologia conseguiu isso ainda. Admitam a falha, faz parte da ciência.

    1. transformar humanos em equações

      Não consigo entender de onde vem a certeza de que é possível transformar seres humanos em equações. Bom, claro que podemos transformar qualquer coisa em equação, e podemos enxergar os seres humanos como coisas.

      Mas será que esta equação, se for feita, servirá para todos os humanos? Funcionará por mais de alguns dias? Pior: será que aquilo que foi equacionado é um ser humano, ou apenas uma representação simplória que um humano faz dos outros?

      Podem parecer perguntas bobas, mas realmente acho difícil entender a fonte dessa certeza toda. Me parece mais uma espécie de fé na matemática que remete aos tempos de Laplace.

    2. A falha faz parte da
      A falha faz parte da ciência….
      E a incerteza faz parte da condição humana, certo? Exceto para quem crê no absoluto de seu Deus.

  3. Não entendi…

    “O grande desafio do chamado neoliberalismo seria responder às duas questões:

    1. Como os agentes fazem escolhas.

    2. Como a ordem geral surge a partir das escolhas individuais.

    A conclusão final matava definitivamente a ideia de que em mercados competitivos se chegaria naturalmente ao preço de equilíbrio. O trabalho comprovava que o “equilíbrio de Nash” ocorria, com os mercados chegando aos preços de equilíbrio. Mas que era impossível calcular o momento. Logo, toda a teoria não tinha como ser aplicada.”

    Não entendi. O equilíbrio de Nash ocorre, mas é impossível calcular quando.
    E isso mata a ideia que é possível se chegar naturalmente nele? Como assim?

    1. Equilibrio

      Pode demorar um tempo infinitamente grande. A ideia do equilibrio eh a auto regulacao do mercado.

       

      eles defendem que deixado o mercado fluir. Dado a sua natureza captica seria imprevisivel saber se estamos chegando apeqiilibrio ou nao.

       

      veja que inflacao baixa pode virar recessao que leva aos congelamento de mercados.falta de otimosmo.  Super valorizacao de alguns bens desequilibrio alta inflacao. 

       

      Ou seja repetindo apesar do equilibrio ser um fato, nao sabemos quando chegara. Sera entao que nao devemos procurar formas “melhores” para chegar ao equilibrio (que nao seja puramente o livre mercado). Sera que esta solucao existe? Sera que eh otima?

       

      eh por ai.

      1. Não, cada dado modificado no

        Não, cada dado modificado no mercado, cada preço alterado, torna os especuladores a repensarem suas ações, introduzindo mais mudanças nos preços e dados. Só é possível chegar virtualmente ao equilíbrio, utilizando seres sub-humanos ou máquinas.

        1. Me ajuda a entender?
          Thiago,

          Quer dizer que a complexidade introduzida pelo fator humano (atributos que nenhuma máquina ainda foi capaz de replicar) impede que o equilíbrio surja naturalmente no sistema?

          Nesse caso, esse equilíbrio se enquadra na categoria de problemas indecidíveis, ou seja, um problema onde as variáveis não se comportam de modo determinístico?

          Máquinas são deterministas portanto previsíveis… É esse o raciocínio usado nessa resposta brilhante?

  4. ISSO É DESINFORMAÇÃO OU
    ISSO É DESINFORMAÇÃO OU DESONESTIDADE INTELECTUAL?1º) Economia Neoclássica não tem nada a ver com o “espantalho” que chamam de neoliberal;2º) A Escola Austríaca e outros já refutaram o conceito de Economia Neoclássica, isso não é novo. E também não confunda Escola Austríaca com neoliberal;3º) Pra fechar, só um idiota útil ou um economista muito deseinformado é capaz de confundir liberalismo com neoliberalismo (o espantalho).Sugiro que entendam o que digo a partir do Nasser – https://www.youtube.com/watch?v=572M-MarDss… e do Sachsida – http://bdadolfo.blogspot.com.br/2013/05/o-que-e-ser-neoliberal-quem-sao-os.html.

    1. neoliberal é Chicago ô sapiência
      Neoliberal é escola de Chicago…
      Escola de Chicago é posterior..
      E mais atual.. Que escola austríaca.
      Neoclássico é por sua vez ainda mais
      Posterior e atual à Chicago…
      Escola austríaca refutou…
      O que veio depois?!?! Onde?! Como?!
      Se nem o marxismo ela refutou?
      Apenas tomou outras conclusões.
      E em se tratando de escolas de economia
      Oras. TODAS são inconclusivas…
      Pouca teoria comprovada..
      Bastante HIPÓTESE de viés IDEOLÓGICO

      1. Se nem o marxismo ela

        Se nem o marxismo ela refutou? 

        Em termos economicos, sim. em termo filosoficos seria Eric Voegelin.

        “Para Mises, por outro lado, a abolição da propriedade privada levaria não a substituição do “caos da produção capitalista” por um sistema racional, como quer Marx, mas, pelo contrário, levaria ao abandono da racionalidade nas decisões econômicas. Sem propriedade privada, não teríamos mercados desenvolvidos. Sem mercados, não existiriam preços de mercado. Sem estes, não é possível comprar a importância daquilo produzido com o seu custo de oportunidade, ou seja, não é possível realizar cálculo econômico. Sem este, as decisões alocativas seriam arbitrárias, o que resulta em desperdício de recursos e em última análise colapso do complexo sistema produtivo atual, cuja produtividade torna possível sustentar a população presente.

        O nível de riqueza obtido em uma economia de mercado é obtido através da crescente produtividade. Essa produtividade é obtida por meio de cada vez mais especialização dos fatores produtivos. Essa crescente especialização gera uma complexidade cada vez maior do sistema: a produção de um bem qualquer envolve a cooperação de incontáveis componentes, de crescente número de bens de capital e de inúmeras firmas cujas atividades devem ser coordenadas entre si. Mises percebeu que esse aumento de complexidade é tal que seus detalhes não podem ser percebidos por uma única mente (ou grupo de mentes) de forma consciente. Se as decisões produtivas tivessem que ser conscientes, “não alienadas”, haveria um limite à expansão da complexidade do sistema econômico. O uso do sistema de preços em uma economia livre, para o autor, permite que ocorra uma espécie de “divisão intelectual do trabalho”: cada firma decide o que produzir levando em conta a lucratividade do empreendimento, conhecendo apenas os fatores que afetam o seu mercado específico, sem saber cada detalhe dos incontáveis fatores que afetam os usos alternativos dos recursos nos outros mercados. Isso permite que a complexidade do sistema seja expandida, contornando assim a limitação do conhecimento dos agentes”

        http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=691

        1. Oh Neide, ou Oneide ou Aliança Liberal…
          Voegelin? Vai pedir pra quem defender Voegelin? Pro astrólogo filósofo tupiniquim Olavo de Carvalho?

          Pra quem não conhece ou não está familiarizado com as discussões metafísicas e pressuposições do Voegelin eu dou uma dica: a inconsistência se encontra na crença da ordenação inteligente do Universo. As teorias dele se sustentam nessa base… Como um bom positivista tributário das correntes de pensamento populares em sua época, para ele, só se anda “para frente” rumo à evoluçāo.Não posso deixar de criticar e assinalar a ingenuidade determinista que sustenta suas teses.

          Diga aí Oneide, seu guru, o senhor Mises, poderia ter alimentado seus discípulos com uma ração intelectual de procedência mais elevada, né? Se você ler as entrelinhas vai ficar surpreso(a) com os argumentos que justificam o extermínio dos considerados “inferiores”. Ao melhor estilo superioridade ariana…. Credo!

  5. O mercado não é perfeito

    O mercado não é perfeito nenhuma atividade humana é perfeita. Quem diz o contrário e cabeça de planilha.

    As ordens expontâneas na natureza tendem ao equilibrio, mas nunca é alcançado.

    Não confundir neoliberalismo com laissez faire.

    Neoliberalismo era a aceitação por parte dos liberais clássicos de uma certa dose de intervenção do estado na economia (isso no começo do século XX).

    Neoliberalismo entendido como o CW e escola de Chicago, não é o retorno do laissez faire, e um conjunto de ações para que o estado interventor, ou estado de bem estar, tivesse fôlego para não entrar em colapso que é o seu destino natural..

    Neoliberalismo como entendido pela esquerda e o retorno do laissez faire, ou seja é uma retórica,  um espantalho criado para bater.

    Neoliberalismo, falar dele dá platéia, da verba, da ate livro, Neoliberalismo é o inimigo a ser vencido, mas ele não existe, assim garante se vida longa ao debate.

    Tem economista que ainda não entendeu a lei de Say, confunde  juro com lucro, inflação, a impossibilidade do cáculo racional em uma economia planificada. as preferências temporais do consumo, revolução marginalista. 

     

     

     

     

    1. E não é que aconteceu mesmo,

      E não é que aconteceu mesmo, o PT privatizou a petrobrás , dividiu a pretrobrás entre os partidos da base aliada.

       

  6. Avisaram o pivetes do site Mises Brasil?

    É importante avisar.

    Eles costumam ser mais “realistas” que os defensores da escola autríaca espalhados mundo afora.

    Ali, naquele site, só se encontra falácias e um enxame de preconceitos.

    O pensamento de direita no Brasil está mesmo perdido.

      1. 0+0=0; 0x0=0, zero elevado a zero?

        Oneide, uma vez li que um matemático italiano, não me lembro do nome, disse que a expressão zero elevado a zero é legítima, para não haver tantas exceções matemáticas. A maioria dos matemáticos considera que essa expressão não deve ser considerada. Caso contrário, haveria números enormes surgidos do zero, o que é uma contradição. Quando você usa essa expressão “sou reacionário..” etc., mostra o espírito de porco fascista que mora em você. O que você diz, para as pessoas civilizadas, entre as quais me incluo, vale exatamente isso, zero elevado a zero.

  7. Um cogito

    Uma idéia que me passou pela cabeça da leitura do artigo e dos comentários, o autor escreveu:

    “O grande desafio do chamado neoliberalismo seria responder às duas questões:

    1. Como os agentes fazem escolhas.

    2. Como a ordem geral surge a partir das escolhas individuais.

    A conclusão final matava definitivamente a ideia de que em mercados competitivos se chegaria naturalmente ao preço de equilíbrio. O trabalho comprovava que o “equilíbrio de Nash” ocorria, com os mercados chegando aos preços de equilíbrio. Mas que era impossível calcular o momento. Logo, toda a teoria não tinha como ser aplicada.”

    Este desafio para para o neoliberalismo pode ser extendido para o neoautoritarismo também, não pode? e não tem nada a ver com as perguntas esta possibilidade.

    Penso que o fenômeno econômico só surgiu entre os humanos quando estes deixaram sua natureza animal reprimida, assim, não é mais o macho alfa que domina o grupo e sim um acordo abstrato, firmado entre os do grupo para que o caos e a barbárie não prospere, dando chance à civilização humana.

    Esta escolha dos agentes sociais em reprimir um instinto natural e sublimá-lo em uma regra social do grupo é a escolha, na minha opinião, que faz toda a difrença.

    Todas as outras escolhas são baseadas nesta escolha primeira, que de certa forma obriga todas as outras escolhas individuais.

    Tal escolha primeira não é uma escolha de um campo econômico, é uma escolha no campo político, dai a primazia da política sobre a economia.

    Uma vez que esta regra passa a vigorar, dependendo da qualidade dela e o objeto que ela regula, teremos civilizações mais desenvolvidas em certos aspectos  e menos em outros.

    A corrupção ocorre, quando dentro desta sociedade acordada com esta escolha primeira e fundamental é cooptada por um indivíduo ou um grupo minoritário e a usa em benefício próprio em detrimento dos outros .

     

     

  8. “Ora, um axioma não pode

    “Ora, um axioma não pode comportar uma afirmação contraditória em si. De acordo com as deduções da lógica clássica, de uma contradição pode-se deduzir qualquer coisa, acaba o sonho do rigor matemático e o sistema colapsa”:

    Pensando bem, Nassif, a formulacao desse problema esta errada -tao errada como a formulacao do gato de Schrodinger.  Voce da uma lista de estados -auto barbear e barbeado por outra pessoa, no exemplo- e quer saber a que categoria os barbeiros se pertencem.  Nao cola.

    O gato eh mais “estressante” ainda:  o gato esta vivo ou esta morto?  Nao procede, nao cola nem com cuspe e grude.

    Estar vivo eh uma continuidade enquanto morte eh uma parada.  Um eh cardinal e outro eh ordinal.

    Barbeiro nao eh ordinal, eh cardinal.  Ser barbeiro “nao tem fim” enquanto ser barbeado tem comeco, meio, e fim mesmo que voce tenha que se barbear todo mes.

    Existe somente UMA equacao que eu saiba que lida com ambos.  Eh minha:

    Se x elevado a y mod z eh igual a 1 entao plot z,x

    O resultado eh diferentemente ordenado de seu parente proximo:

    Se x elevado a y mod z eh igual a 1 entao plot z,y

    Uma da resultados ordinalmente, outra, cardinalmente.  Mas o resultado final de ambas eh os uns e zeros primos (o oraculo ou grafo primo, nao tem nem nome fixo ainda).

    1

    10

    110

    1010

    11110

    101001

    etc.

    Essa eh a razao que eu sabia que fluxo atomico eh “evidentemente” (coff coff) uma reorganizacao do momentum…  e ja passei pra outro assunto, alias, caindo fora do post agora nesse minuto.

    (Dos comentarios que eu fiz em 2012, nao tenho uma palavra a acrescentar nem subtrair.)

  9. Na decada de 80, varios
    Na decada de 80, varios economistas brasileiros, alertavam para os perigos do neoliberalismo, que começava a tomar força no mundo.
    Eles tinham razão. A crise de 2008 prova que as ideias neoliberais não passam de uma presepada. A população paga caro pelo engodo.

  10. Quando ocorre a crise, voltamos a Marx!!!!!!!!!!

    A condição de “mercado”  no neoliberalismo obriga que esteja sempre crescendo, se a população parar de crescer ou se ocorrer super produção o recusrso de sobrevivencia do capital passa ao estado criando formas de destruição de forças produtivas e cada ves mais intensas e atingindo principalmente os trabalhadores e as pessoas mais pobres no geral e aí voltamos ao método científico de Marx para explicar a nova e profunda crise.

     

  11. Texto adorável!

    Adorei a história contada antes para ajudar a entender o desenvolvimento desse trabalho que joga uma pá de cal nessa teoria econômica.

    O mundo, com o advento das idéias neoliberais, só ficou mais desigual e injusto. Podem refutar, discordar e inventar um monte de explicações para tentar mostrar o contrário, mas o que vemos hoje é bem diferente.

    A sociedade foi enganada por décadas com uma ideologia charlatã, escondendo realmente o cerne da discussão: o velho conflito CAPITAL X TRABALHO! 

    Não discordo que as idéias Neoliberais promovam o crescimento econômico, assim coms as Keynesianas, mas sim com uma ENORME DESIGUALDADE SOCIAL, que o livro do Piketty mostra.

    Esse dualismo, que desperta paixões, de ambos os lados, seria como o Yin-Yang da economia e da sociedade como um todo.

    Vou acompanhar os analistas de direita agora para me deliciar com suas suas análises caricatas em contradizer os resultados apresentados pelo trabalho dos pesquisadores Doria, Newton e Marcelo.

  12. conto do vigário neoliberal

    Entre todas as ciências humanas a economia é a que se encontra mais próxima das ciências exatas. O grande conto do vigário do neoliberalismo foi vender a economia como uma ciência natural. A capacidade de manipulação dos agentes humanos num sistema economico é muito superior ao equilibrio natural de preços, não é preciso invocar Kurt Gödel para esta constatação. Acreditar em economia autoregulável é o equivalente em física a acreditar em mecanismo moto contínuo.  

  13. “23 problemas cuja solução

    “23 problemas cuja solução desafiaria as gerações seguintes de matemáticos. (http://www.rude2d.kit.net/hilbert.html).”:

    Nassif, esse link ja nao funciona, e resulta em um “essa pagina ja nao existe” no site da rede golpe(!!!).

    Sugiro o wiki pros 23 problemas:

    http://en.wikipedia.org/wiki/Hilbert%27s_problems

    Primeiro problema:  a hipotese do continuum.  Consensus presente:  indecidivel.  Consensus meu:  nao, nao existe.  TUDO que tem comeco, meio, e fim se colapsa pra dentro dos numeros primos.

    Segundo problema:  ja ridicularizei isso varias vezes e nao aceito as provas de Godel’s -muito menos de Chaitin’s.  Ja completei a ideia varias vezes aqui e em outros lugares.  Voce nao pode simultaneamente incluir afirmacoes auto contraditorias pra dentro de um sistema e exigir que ele seja “consistente” no fritar final dos ovos.

    Quer que eu continue? Tou com a lingua cossando…

  14. Os defensores do liberalismo

    Os defensores do liberalismo econômico usam o equilíbrio de Nash aplicado à economia para dar verniz científico a seu sistema econômico. Segundo esta versão, o liberalismo resulta em um equilíbrio satisfatório para os agentes econômicos. Os brasileiros dizem que os sistemas caminham para o equilíbrio de Nash, porém não há garantia de quando o equilíbrio será alcançado. Por exemplo, se um sistema demora um tempo infinito para chegar ao equilíbrio, então ele nunca chegará lá.

    Podemos usar uma analogia da ciência dos materiais. A termodinâmica indica em que estado estará um material em equilíbrio sob dadas condições de pressão e temperatura. Por ela, todo carbono em condições ambientais deveria assumir a forma de grafite, mas os diamantes que adornam anéis parecem não concordar com isso. A cinética dos processos deve também ser considerada e não apenas a termodinâmica do equilíbrio. Apesar de todos diamantes dos anéis tenderem a se transformar em grafite, isso não ocorrerá durante muitas e muitas gerações de herdeiros destes anéis.

    Na prática, isto abala os alicerces “científicos” do liberalismo, mas ele pode ser reconstruído com outras “teses” do gênero. O equilíbrio de Nash, quando aplicado na economia, representa as condições de negócio que satisfazem ofertantes e demandantes de um produto ou serviço.

    A estabilidade dos materiais pode ser usada novamente para explorar um pouco mais a situação. Os materiais podem se mostrar estáveis em largos intervalos de temperatura e pressão. Ou seja, quem garante que há apenas um equilíbrio de Nash? Da mesma forma que pode haver grande intervalo de temperatura em que um material seja estável, pode haver muitas condições de negócios que satisfaçam os agentes. Contudo, algumas dessas condições são mais vantajosas a demandantes do que a ofertantes, enquanto que outras condições invertem a vantagem.

    Além do mais, e mais importante, as condições em que o equilíbrio de Nash é atingido podem ser influenciadas por ações externas, inclusive manipuladas por uma das partes do negócio.  Veja como exemplo as classes médicas do Brasil e da Inglaterra. A classe médica brasileira goza de um status econômico superior àquela inglesa, quando comparada às demais classes de cada país. Na Inglaterra, o sistema de saúde é organizado predominantemente pelo estado, submetendo a maioria dos médicos à condição de servidores públicos. Aqui no Brasil, onde a medicina é majoritariamente privada e o número de médicos formados é uma variável passível de controle, a classe médica vive outra realidade. Enquanto na Inglaterra, o equilíbrio de Nash entre ofertantes e demandantes de saúde se deslocou para o lado da demanda, no Brasil, ele se estabeleceu do lado dos ofertantes, devido ao vácuo da ação do estado. Conclusão: pode-se manipular o jogo de modo a deslocar o equilíbrio de Nash para um dos lados. Os liberais fazem exatamente isso, ao tentarem retirar o estado do campo de jogo.

  15. Estado protecionista é o que?

    Acho os argumentos liberais bem interessantes…quando tomo ácido ou estou prestes à um coma alcoólico. Os estados ditos “defensores da liberdade” são os mais protecionistas, são os que mais “cuidam” (interferem) na economia de livre mercado. Não deixam faltar petróleo, não deixam faltar grãos, minério, carne, vestuário, água…nem que para isto seja necessário expropriar qualquer paizinho na Ásia, África ou Oriente-Médio. 
    A justificativa para as teorias liberais, néo, clássicas, néo-clássicas, só se justificam a fim de sustentar uma classe dominante, uma classe iluminada por sei lá o que ,que insiste em dizer que é escolhida por Deus. Tomara que meus netos já tenham o direito de rir dessa estapafúrdia mental sem serem reprovados na faculdade.

    1. Com certeza. O que mais me

      Com certeza. O que mais me incomodou, desde sempre, nas teorias neoliberalistas é que elas são uma tremenda falácia, dessas de engrupir classe-média e zé-povinho.  Sem contar o fato de que, nos estados ditos neoliberais, o produto direto dessa “liberalidade” do mercado tem sido a formação do que conhecemos como: trustes, máfias, cartéis… não vejo como isso possa ser benéfico à sociedade. A corrupção é um processo endêmico ao neoliberalismo (isso os jornais não falam).

  16. Nunca houve neoliberalismo no Brasil

    O termo neoliberalismo pertence aos anos oitenta, aos EUA de Reagan e a Inglaterra de Thatcher, e atualmente já se encontra em desuso. Só aqui ainda é repetido, mas estritamente falando o neoliberalismo jamais existiu por aqui, e o que se chama por aqui de neolibertalismo nada mais é do que o conjunto de medidas de austeridade absolutamente necessárias para sanear as contas de quem gasta mais do que arrecada, sejam as contas de um país ou do botequim da esquina. Como é nessa situação em que nos encontramos atualmente, o governante de plantão, queira ou não queira, vai ter que tomar medidas “neoliberais”. E que as faça logo, pois se Dilma deixar o país voltar ao estado anterior ao Plano Real, o Brasil não terá um novo Lula antes de ter um novo FHC.

    1. RE: Nunca houve neoliberalismo no Brasil

      Quem diz que as contas de um país obedecem ao mesmo princípio que as contas de um botequim não sabe do que está falando. A começar pelo fato de que o botequim não pode emitir moeda, e o país pode. Se fossem a mesma coisa, então não haveria diferença entre macroeconomia e microeconomia, e não faria sentido usar estes dois termos para designar dois fenômenos diferentes.

      Dito isso, a baboseira do discurso de “austeridade” não resiste aos fatos. Desde 1994, em todos os anos (com exceção de dois), o governo gastou menos do que arrecadou. O nome disso é superávit primário. Portanto, há vinte anos o governo brasileiro é superavitário.

      O que joga as contas no vermelho é o serviço da dívida, que possui uma lógica autônoma. A dívida cresce por causa da conta de juros e amortizações, e não por que o governo tem despesas PRIMÁRIAS fora de controle.

      Os juros e amortizações existem, após o Plano Real, para um fim, que é o de atrair capitais para compensar déficits comerciais e desequilíbrios no balanço de pagamentos do país – gerados pela valorização cambial própria do Real. Com isso, atraiu a banda financeira (investidores em papeis e banqueiros), que se habituou a ganhar muito dinheiro com risco baixo ou nulo (investir em títulos da dívida pública, remunerados por taxas referenciadas na Selic).

      Desde 1995, quase metade do orçamento federal vai para remunerar banqueiros e especuladores. De 400 a 500 bilhões de reais escoam para as contas bancárias de alguns milhares de magnatas.

      Além disso, o governo temer segue alforriando bancos e empresas sonegadores de impostos, perdoando dívidas de mais algumas centenas de bilhões de reais.

      E ainda vem um idiota útil falar em “austeridade”? Francamente…

       

  17. Olha, isso não refuta nada,.

    Olha, isso não refuta nada,. Diz que não é possível prever quando vai acontecer, mas sabe-se acontecerá em algum momento… Outro detalhe é que falam em “COMO A ORDEM SURGE” e não em “QUANDO A ORDEM SURGE”, pode parecer a mesma coisa, mas não é.

  18. calculos econométricos

    Cursei economia, mas não exerço. Achei muito interessante o trabalho, tanto do ponto de vista científico como sócio-cultural. Alain Lewis é ou foi um gênio ( não se sabe se ainda é vivo), mas parece que a história o ignorou! Por que? O mesmo tentou se fazer com Alain Turing e  aqui sabemos o porque: era homossexual, algo intolerável para a comunidade científica na época. Doria é gênio, vê-se pela densidade do assunto em que se envolveu. Contudo terá imensa dificuldade em divulgar seus trabalhos porque bate de frente com as bases da economia mainstream, principalmente os modelos e teoremas de Kenneth Arrow, que se especializou em orientar economistas para que ganhassem Premios Nobel. A luta portanto segue contra interesses “gigantescos”, mas é claro que deve ir em frente. O mercado financeiro, como sabemos, se utiliza de todo um “arsenal matemático” que não foi suficiente para evitar a crise do subprime em 2008, com todos os danos dela decorrente para os EUA e para o mundo! Daí a importância prática dos estudos de Doria, além da importância como avanço na ciência matemática em sí. Gostei muito!

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