Os vinte anos do Plano Real

Há muitas histórias a serem contadas sobre o Plano Real.

O sonho de todo economista financista é comandar um processo de troca de moeda em um país. Ele passa a ter o poder de arbitrar as regras de conversão da moeda velha para a nova. Dependendo da maneira como definir a conversão, poderá criar fortunas do nada.

Foi assim nas Guerras Napoleônicas, com o financista John Law que instituiu o papel-moeda na França, em lugar do padrão ouro. Tornou-se um dos homens mais ricos do mundo, chegou a adquirir alguns estados norte-americanos, antes da bolha explodir.

Foi assim no início da República, quando Rui Barbosa comandou a mudança do padrão ouro para o papel moeda. Beneficiou um banqueiro da época, o seu Daniel Dantas, o Conselheiro Mayrink, conferindo-lhe o monopólio virtual da emissão da nova moeda.

Quando os negócios do banqueiro entraram em crise, Rui acabou impondo tantas mudanças no plano original – para salvar seu parceiro e sócio – que quebrou o país, no episódio conhecido como o Encilhamento.

No campo dos negócios, o Plano Real seguiu o padrão John Law e Rui Barbosa – mas com a sofisticação permitida pelos novos tempos e novas engenharias financeiras. Aliás, o melhor trabalho sobre o Encilhamento foi do jovem economista Gustavo Franco, ainda nos anos 80. E sua grande interrogação era como Ruy poderia ter montado todas suas operações privadas sem comprometer o plano. A resposta: um Banco Central que impedisse a volatilidade do câmbio.

***

O Real foi implementado por um grupo brilhante de operadores de mercado, dominando estratégias financeiras e firmemente empenhados em aproveitar o momento para a grande tacada de sua vida.

Com o fim do Cruzado Novo, havia várias formas de irrigar a economia com a nova moeda. A mais óbvia seria no vencimento dos títulos públicos: em vez de emitir novos títulos e rolar a dívida, o governo resgataria, entregando reais aos titulares. O país zeraria sua dívida pública e, com a falta de títulos públicos, os reais seriam investidos em papéis privados, ajudando a estimular os investimentos.

Em vez disso, optou-se por entregar reais só a quem trouxesse dólares de fora. Os economistas do Real se prepararam antecipadamente para essa reciclagem, adquirindo instituições que, assim que o Real foi lançado, saíram na frente captando dólares baratos, convertendo em reais e aplicando em títulos públicos que pagavam juros expressivos.

Por si só, essa reciclagem já seria um grande negócio.

Mas foram além.

****

A lógica econômica do Real consistia em conservar a paridade de um por um na relação com o dólar. Quando foi lançada a URV, a ideia era convergir o valor real de todos os produtos para o novo índice, reduzindo ao mínimo as oscilações de preços relativos depois que o real fosse introduzido .

Mas o BC fixou uma regra que, na prática, derrubou o dólar para 85 centavos. Consistia em garantir um teto para o dólar (de R$ 1,00) mas não garantir um piso. O piso seria determinado pelo diferencial entre as taxas externas de juros e as internas.

Lançado o real, imediatamente o dólar caiu para R$ 0,85, encarecendo da noite para o o dia todos os produtos brasileiros, em relação aos importados.

***

Alguns meses antes do lançamento do real, um dos economistas, Winston Fritsch, procurou bancos de investimento nacionais e estrangeiros para encontros reservados, nos quais descrevia o movimento que o dólar faria quando o real fosse implementado. Convidava-os a entrar no jogo para reforçar o movimento baixista do dólar já que na outra ponta haveria multinacionais comprando dólares para se prevenir contra o medo da desvalorização do real.

Menos de três meses com o dólar a R$ 0,85 e a economia bombando, o país já exibia déficits externos relevantes. Se houvesse desvalorização cambial, quebraria grande parte das instituições aliadas dos economistas. Para não quebrarem, os economistas do Real quebraram o país. Aumentaram a aposta no câmbio apreciado. No final do ano o país estava quebrado, explodiu a crise do México e o Brasil se viu sem condições de continuar crescendo por não conseguir financiar o déficit externo. 

Essa armadilha levou o BC a manter por tempo indeterminado a apreciação do real e a segurar a crise das contas externas com as mais altas taxas de juros do mundo. Como conseqüência, matou o mercado de consumo pujante que estava se formando com o fim da inflação; e gerou a maior dívida pública da história, que seguraria o crescimento brasileiro por toda a década seguinte. 

Mais que isso, matou o próprio sonho do PSDB de governar o país por 20 anos – como era o cálculo de seus operadores.

Com o fim da inflação, milhões de brasileiros ascenderam ao mercado de consumo. O governo FHC poderia ter antecipado em oito anos o fenômeno da nova classe C e garantido o reinado do PSDB por mais vinte. Mas as taxas de juros praticadas, para segurar o câmbio – e enriquecer os operadores financeiros – mataram totalmente o dinamismo da economia, obrigando os novos consumidores a refluírem para a zona cinzenta do subconsumo e só voltariam à tona no governo Lula – garantindo a nova hegemonia política ao PT.

Os quatro primeiros anos de FHC foram sufocados pela dívida criada no setor público e privado e pelo câmbio apreciado, criando um enorme déficit externo, expondo o país a qualquer crise internacional. Bastava uma crise na Rússia para um terremoto se abater sobre o Brasil.

Quatro anos depois, o câmbio cobrou a conta na crise da dívida externa que praticamente liquidou com o segundo mandato de FHC e com o reinado do PSDB.

Em 2002 Lula foi eleito, o PSDB alijado do poder e, já extremamente ricos, os economistas do Real trataram de procurar outros barcos para remar.

Vinte anos depois, o PSDB serve de novo de mula para o retorno dos financistas que liquidaram com o partido.

Luis Nassif

89 Comentários

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          1. O pior de tudo:

            Ataide, a gente fica esperando uma resposta dessas pragas, mas parece que eles apenas têm “coragem” de provocar. No momento de responder, falta a verdadeira coragem.

            Abraço!

  1. PLANO REAL. ORIGEM. EQUÍVOCOS

    PLANO REAL. ORIGEM. EQUÍVOCOS DA POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

     

    I

     

    O Plano Real foi um plano econômico de estabilização geral de preços (aposentadorias, salários, serviços, bens e valores) composto em 3 fases: começou com com a adoção de medidas de ajustes prévios; seguido da criação da URV – Unidade Real de Valor – instituída em 27/02/1994 e introduzida em 01/04/1994;  terminando com a reforma monetária de  01/07/1994 que introduziu a moeda Real em substituição ao Cruzeiro Real.

     

    Todas as medidas econômica mantidas e tomadas após a troca das moedas, é a Política Econômica do Governo de FHC.

     

    II

     

    O plano buscava atacar a inflação inercial e, assim, pôr fim à alta inflação que assolava o país (46,58% em junho de 1994).

     

    O marco diferencial do Plano Real dos demais Planos Econômicos foi em síntese a URV que serviu como um anteparo e interruptor da tendência inflacionária inercial.

     

    A URV foi uma moeda de conta (moeda índice), um padrão de valor monetário referencial de conversão diária, gradual, para o Real. Foi uma ponte entre o Cruzeiro Real e o Real, indexando nela toda a economia existente, sem o trauma e desconforto do confisco ou bloqueio já adotados anteriormente. Seu valor inicial foi 1a. URV = 1 dólar.

     

    Para conter a oferta, a demanda, a liquidez e os gastos públicos, diminuído – dessa forma – as pressões inflacionárias, foram adotas medidas fiscais e monetárias contracionistas, restritivas (não expansivas),  tais como: aumento de impostos, dos juros e dos compulsórios dos bancos; cortes do orçamento federal, dos investimentos públicos, na infraestrutura e de pessoal; redução dos repasses aos Estados e Municípios; redução pontual das tarifas de importação; privatização de estatais; e câmbio artificialmente valorizado, entre outras.

     

    “Até a década de 80 as teorias que se propunham a investigar as causas da inflação concentravam-se nos fatores que aceleravam ou desaceleravam o aumento de preços” : (1) excesso de demanda em relação à oferta agregada (keynesianos); (2) a elevada quantidade nominal de moeda em circulação (excesso de liquidez), a pouca oferta e o consequente aumento de demanda, pressiona os preços para o alto (monetaristas); (3) para outros, no entanto, a política monetária seria neutra, a inflação causa o aumento da oferta de moedas (estruturalistas).

     

    Na década de 80, desenvolveu-se a teoria neo-estruturalista que deu origem a idéia da inflação inercial ou autônoma que independe da demanda e da oferta de moeda. A inflação passada passa a determinar a inflação atual, que determinará a futura e assim por diante. Há uma expectativa permanente de inflação, que gera nova infração.  

     

    Em 1986 os choques ortodoxos até então adotados, deram lugar aos choques heterodoxos de combate à inflação, baseados e fundados no diagnóstico da inflação inercial, visando controlá-la através da desindexação da economia pelo congelamento de preços.

     

    Assim, o Plano Cruzado (fevereiro de 1986) no Governo de SARNEY substituiu o Cruzeiro pelo Cruzado e promoveu a indexação pelo congelamento geral de preços.  A inflação caiu, provocou ganho real de compra à população e o aumento do consumo interno. O congelamento, porém, tornou-se insustentável pela não execução das medidas fiscais e monetárias adotadas e o plano fracassou (início de 1987).

     

    Tivemos depois o Plano Bresser (junho de 1987), o Plano Verão (janeiro de 1989), os Planos Color I (abril de 1990) e Collor II (fevereiro de 1991).

     

    Todos eles tinham como fim a desindexação da economia para por termo à inflação.

     

    III

     

    No contexto internacional, a queda de juros nos EUA e o excesso de liquidez mundial favoreciam as reformas neoliberais. Caso a estabilização das economias inflacionárias funcionasse, conjugada com a livre mobilidade de capitais pela liberação dos mercados de câmbio, bens e serviços, haveria recurso internacional para financiar o desenvolvimento. A poupança externa financiaria o desenvolvimento das nações periféricas.

     

    Assim, a partir do Consenso de Washington (1989), o FMI passa de financiador de déficits na balança de pagamentos e de emprestador para a figura de coordenador de reformas e supervisor de normas, a fim de sinalizar aos mercados quais países estão seguindo os ajustes liberais (SOEDERBERG). Nesse papel, propõe, coordena e ajusta medidas de sustentação, retardadas e mal gerenciadas, do Plano Real.

     

    No mundo havia – nessa época – ambiente e tendência para a diminuição da inflação. Assim:

     

    – em 1994 éramos o país com maior inflação (916,460%), seguidos pela Turquia (120,311%) e Rússia (214,768%) entre 37 países mais importantes do mundo econômico (EUA, Europa e Ásia);

    – em 2003, com 9,301% só havíamos ultrapassado a Rússia (11,978%) e a Turquia (12,710);

    – em 2004, mantivemos a vantagem (7,599% contra 9,355 da Turquia e 11,719 da Rússia. Todos os outros países continuaram a ter uma inflação menor que a do Brasil;

    – em 2013, com uma inflação de 5,911% ficamos ainda com menos inflação que a Rússia (11,719%) e a Turquia (9,355%) e ultrapassamos também a Indonésia (8,377%) e a Índia (9,113). Melhoramos assim um pouquinho no quadro.

     

    Portanto, em TERMOS MUNDIAIS, não progredimos muito no enquadramento inflacionário.

     

     

    IV

     O Plano Real foi um longo processo de maturação teórica e prática do “choque heterodoxo” proposto (agosto de 1984) por Francisco Lopes para combater à inflação através de um congelamento geral de preços e salários acompanhado de políticas monetárias e fiscal passivas (ROSSI, Carla e GUEDES Filho, Ernesto Moreira).

     

    No campo acadêmico, se destacaram os trabalhos de André Lara Resende e de Pérsio Arida (Relatório Larida – setembro de1984) que propõe uma reforma monetária, com a criação de uma nova moeda, indexada diariamente, e a extinção gradual da moeda antiga. Arida reporta um trabalho acadêmico com Resende já em 1982.

     

    No campo prático, a primeira experiência, ocorreu na elaboração e execução do Plano Cruzado (fevereiro de 1986) no governo de JOSÉ SARNEY que objetivava acabar com a infração através da desindexação da economia, baseada num congelamento geral de preços e salários. Integravam a equipe, entre outros, André Lara Resende, Pérsio Arida, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Edmar Bacha e Francisco Lopes. A operacionalização do Plano coube a Resende, Arida, Lopes, Modiano e Sayad (SIMONSEN, M. H.).

     

    Sobrevieram o Planos Bresser (junho de 1987) e Plano Verão (janeiro de 1989), ainda no Governo de Sarney.

     

    No Plano Collor I (março de 1990) o “choque heterodoxo” consistiu no bloqueio dos ativos financeiros (congelamento das conta correntes no bancos)

     

    Essa mesma equipe, colhendo experiências do insucesso do Plano Cruzado (congelamento), do Plano Bresser, do Plano Verão e do Plano Color I (bloqueio) formulou, elaborou e executou o Plano Real usando a ferramenta da URV, moeda virtual, que indexaria a economia por um certo tempo até a transformação da moeda Cruzeiro para Real

     

    É de se observar que todos os Planos Heterodoxos promoveram de imediato a queda da inflação e, durante certo tempo, tiveram sucesso econômico, grande apoio e prestígio popular.

     

    Da mesmo forma o Plano Real teve sucesso inicial, apoio e prestígio tanto que ajudou a eleição de FHC ainda no 1o. turno, muito embora já nos 6 primeiros meses apresentasse problemas relativos à política fiscal e cambial, como apontou Edmar l. Bacha um dos idealizadores e teóricos do Plano:

     

    “Embora o Plano Real tivesse tido um sucesso extraordinário nos seus seis primeiros meses de vida, parece hoje claro que a economia brasileira se encontrava em uma trajetória insustentável quando o país foi atingido pela crise mexicana, tanto pelo desequilíbrio crescente entre demanda e produção, como pela contínua pressão dos salários sobre os preços. As causas dessas tendências eram múltiplas: a indexação dos salários, o déficit público, a apreciação do câmbio, a expansão do crédito ao setor privado” (Ipea/Cepal – Seminário do 2o. aniversário do Plano. Palestra, fls. 193).

     

    L.C. Bresser Pereira, “fernandista” entusiasmado, Ministro da Administração Federal e da Reforma no 1o. Governo de FHC e da Ciência e Tecnologia nos 6o. meses no 2o. Mandato e, também, um dos integrantes da equipe econômica, afirma que “os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso foram frustrantes no plano econômico” completando que “ao invés de definir o desequilíbrio externo como o principal problema a ser enfrentado, o governo continuou a dar prioridade a um problema já basicamente equacionado – o da alta inflação… Seu governo não ficará na história como o grande governo que poderia ter sido porque deixou no plano gerencial, como a crise da energia de 2001 demonstrou, e principalmente porque fracassou no plano econômico. Não apenas porque não logrou retomar o desenvolvimento: na verdade, não chegou seque a estabilizar macroeconomicamente o país, de forma que deixa uma herança pesada para o futuro governo em termos de altas dívidas – interna, ou do Estado, e externa, ou do país – e de altos déficits – públicos ou do Estado, e externo, ou da nação. Dívidas e déficits que se espelham nas mais altas taxas de desemprego que o país já teve” (Bresser, 1993).

     

    Num parêntese, não custa lembrar que para a equipe de economistas elaboradores do Plano Real, era evidente – teoricamente e por experiências em campo (Planos anteriores e os Planos Astral na Argentina e o de Israel) – a necessidade de uma boa reserva monetária para a sustentação do projeto, eliminando ou minorando a vulnerabilidades das ocilações internacionais (ROSSI, Carla e MOREIRA, Ernesto). Nesse sentido, ainda, FHC não soube aproveitar as benesses internacionais vividas e sucumbiu nas dificuldades advindas. A título de demonstração e reforço à tese da necessidade de reservas, Lula, ao reverso de FHC, aproveitou bem essas benesses como, por exemplo, na valorização dos commodities: capitalizou nossas reservas e, sem quebras ou conturbações maiores, pode melhor enfrentar – conjugado também em outras medidas de política econômica diferenciadas – as enormes dificuldades oriundas da maior, e mais prolongada, crise do capitalismo mundial moderno, ou seja, desde a Grande Depressão de 1929.

     

    V

     

    FHC e a sua receita, por ele próprio na Conferência de Chefes de Estados-Florença-Itália em 1999:

     

    “A RECEITA É CONHECIDA, AUMENTAR AS TAXAS DE JUROS, DIMINUIR A DEMANDA INTERNA, BAIXAR A TAXA DE CRESCIMENTO  PARA CONTROLAR A INFRAÇÃO”  [ ou seja, diminuir a oferta e o consumo; frear a produção e aumentar o desemprego ]

     

    “NA TENTATIVA QUE FIZEMOS EM MARÇO DE 1995… NÓS PERDEMOS NUM SÓ MÊS 10 BILHÕES DE DÓLARES DAS NOSSAS RESERVAS”

     

    “EM 1997 VEIO A CRISE DA ÁSIA… AUMENTAMOS AS TAXAS DE JUROS QUE CHEGARAM A MAIS DE 30% AO ANO EM TERMOS REAIS. FREAMOS A ECONOMIA. 

    CONSEGUIMOS RESTABELECER A VOLTA DE CAPITAIS DE CURTO PRAZO  PARA O PAÍS” [ ou seja, novamente menos produção, menos consumo e mais desemprego;  capital volátil, rentista, jurista, especulativo, improdutivo ]

     

    “QUANDO CHEGAMOS NO 2O. SEMESTRE DE 1998, VEIO A CRISE DA RÚSSIA. O QUE ACONTECEU?

    EM SETEMBRO DE 1998, EM PLENA CAMPANHA PARA A MINHA REELEIÇÃO, NÓS PERDEMOS NUM SÓ MÊS 20 BILHÕES DE DÓLARES DAS RESERVAS.

    TALVEZ SE AS ELEIÇÕES FOSSEM ALGUNS MESES DEPOIS, NÃO TIVÉSSEMOS VENCIDO” [ ou seja, retardando a indispensável desvalorização do real para não prejudicar a sua própria reeleição ].

     

    EM JANEIRO DESTE ANO HOUVE A DESVALORIZAÇÃO DO REAL EM 40% [ou seja, ano da conferência de 1999 e depois da reeleição de 1988 ]

     

    AGORA EU PERGUNTO: ATÉ QUANDO?

    E SE OCORRER OUTRA CRISE NA ‘CONCHINCHINA’ ?

    DE NOVO UM CONTÁGIO ?”

     

    Notas ilustrativas às afirmações de FHC:

    – Em março de 1995, a taxa de juros básica da economia (hoje, SELIC) chegou a 65% ao ano

    – Na crise da Ásia (1997), numa só tacada o juros foi elevado de 18,75% para 46%.

              – Na crise da Rússia, elevado de 28% para 42%

       – Entre dezembro de 1994 e dezembro de 1998, o custo do Plano Real já atingia: 1) 424,2% de aumento da dívida pública mobiliária federal interna; 2) 77,1% de elevação da dívida externa líquida; 3) 2,3% de media anual do PIB, frustrando o esperado aumento imprescindível para a sustentação do plano (desindustrialização e desnacionalização industrial, fator cambial, facilidades de importação; etc); 4) 53,5% de aumento da taxa de desemprego (ANGELO, Adriano del; COUTO, Joaquim Miguel)                                                

    Obs.: é bastante esclarecedor assistir ao vídeo do qual foi transcrita a fala acima de FHC, 

    “ENTENDA COMO E POR QUE FHC QUEBROU O BRASIL TRÊS VEZES”

    http://www.youtube.com/watch?v=t_W4kkhJndI#t=38

     

     

    VI

    Maria da Conceição Tavares que fez parte da equipe quando do Plano Cruzado (Simonsen), em entrevista sobre o Plano Real onde reconhece a engenhosidade da solução da moeda indexada, completa:

    “O Real é uma decorrência de duas coisas. Em primeiro lugar, a idéia teórica da URV era muito interessante. Segundo os mentores do Plano, seria possível fazer a convivência de duas moedas em que a velha iria ser destruída pela hiperinflação e substituída pela nova. Seria um caso de uma hiperinflação programada, coisa que ninguém nunca se atreveu a executar. Foi original mesmo, não há a menor dúvida. Estudaram o fenômeno da hiperinflação no mundo, verificaram o que aconteceu com a moeda nos vários países e descobriram que todos se ancoraram na moeda mais forte internacionalmente. Todos tiveram também problema fiscal. Aí começou a discussão de uma segunda questão: se  fazia o ajuste fiscal ou não… Daí vem o prestígio do Gustavo Franco (…), percebeu que isso era impossível politicamente, dada a proximidade das eleições. Enquanto o Persio e o Lara, de um lado, e o Bacha, de outro, se enfrascaram em discussões  intermináveis, o plano não ia para lugar nenhum. O dilema era: faz logo ou espera até o fim do ano? Em menos de um ano, segundo eles, o modelo não acertaria os preços relativos […] e a desindexação não estaria completa, podendo contaminar a moeda nova.  Aí o Gustavo ganhou, com o apoio interessado do Fernando Henrique, que queria eleger-se de qualquer maneira. Mas cometeu o ‘pecado mortal’ de entrar na reforma monetária deixando sobrevalorizar o real nominalmente até outubro, quando um Real valia muito mais que um dólar, […] é claro que a massa fica contentona! Foi o que o Gustavo Franco prometeu ao presidente: ‘Com esse plano, eu não só garanto que o senhor ganha como vou lhe dar dois anos de tranqüilidade, porque temos capacidade de absorção de recursos externos de até 2,5% do PIB.’Aí é que ele errou estrondosamente.” (Tavares, 1998). – Persio Arida deixa a Presidência do Banco Central em julho de 1995 em decorrência de sua discordância quanto à condução da política cambial (Cunha, Patrícia Helena F); Gustavo Franco queimou – de 1997 a 1999 – 50 bilhões de dólares de nossas reservas para manter a paridade do Real com o dólar (Brasil 247).

     

    O economista e jornalista Luis Nassif, em artigo de 05/07/2011, comentando a morte de Itamar Franco, afirma que o grupo de economistas – Pérsio Arida, André Lara Resende, Chico Lopes – que elaborou o Plano Real “esteve disponivel para Sarney, Collor” completando que FHC – em sua gestão – “foi um absoluto ausente. Não se via nele nenhum ato de vontade para resolver problemas prementes de contas públicas” para arrematar que quando lançou seu livro “Os Cabeças de Planilha“, encerou-o com uma longa entrevista com FHC sobre os desdobramentos do Real: “Mostrou-se um absoluto ignorante sobre a estratégia de poder que estava por trás das formulações dos seus economistas”.

     

    Por fim, temos os testemunho do próprio presidente ITAMAR FRANCO (governo no qual o plano foi lançado em suas 3 fases): “Para mim, ele, Recúpero, foi o grande sacerdote do Plano Real. Mais tarde nós tivemos a grande ajuda do Ministro Ciro Gomes. Mas naquele momento – isso é que o povo brasileiro não sabe – … derrepente até parece que foi o Dr. Cardoso que nem Ministro mais era; ele tinha deixado o cargo em março e nós lançamos o Plano Real a 01 de julho de 94, até parece que foi o Dr. Cardoso que assinou a medida provisória já que ele tinha assinado a cédula e eu errei deixando que ele assinasse essa cédula porque ele nem constitucionalmente poderia ter assinado a cédula” (video disponível no Yokitube).

     

    VII

     

    PORTANTO, não é de FHC o Plano Real: não foi ele seu idealizador, seu teorizador, seu formulador. Por jogada – estrategia – de marketing político, FHC  – que já era candidato à Presidencia da República (1a. eleição) – se apropriou do plano – que no início – vinha dando certo na função de anular a inflação e contava com amplo apoio popular. Já como Presidente da República, retarda as reformas fiscais e cambiais necessárias, segue receita restritiva, desmonta a indústria e o Estado brasileiro, desfaz do Patrimônio Público (privatizações) e quebra o país 3 vezes. Sai da presidência com alto índice de rejeição popular e entrega um país arrazado (sem lastro, praticamente sem reserva, com elevada dívida pública, sem liquidez) ao sucessor.

     

     

    VIII

     

    É bom deixar claro que o governo de Lula não seguiu a política econômica de FHC, basta recordar as políticas econômicas expansionista aplicadas (aumento do crédito; redução do juros; redução do IR que passou a ter mais bandas de desconto e permitindo mais recursos à classe media baixa e intermediária; aumento do salário mínimo acima da inflação; maior distribuição de rendas; fortalecimento do consumo interno; aumento substancial do investimento publico, obras estruturais, de infraestrutura; capitalização do Estado com aumento substancial das reservas, etc), bem ao contrário das contracionistas, de freio, de FHC (câmbio valorizado; aumento das taxas de juros; redução de crédito; diminuição da demanda e do consumo; baixar as taxa de crescimento; etc). Só o êxito das adminisrtações de Lula – focado num Estado forte, indutor e soberano, voltado à políticas sociais de desenvolvimento e de distribuição de rendas – ainda que com amarraras das quais não é fácil se ver livre – a continuidade da estabilidade financeira trazida pela URV, moeda virtual de desindexação do Plano Real. 

     

    “A lei de responsabilidade fiscal, o câmbio livre, as metas de inflação e o superávit primário, medidas de fato herdadas e adotadas pelo governo Lula, não faziam parte do Plano Real. Foram mudanças impostas ao governo FHC pelo FMI em sucessivas ocasiões como condições para emprestar ao Brasil.

    As “pernas” do Plano Real, câmbio fixo com paridade a 1:1 (seguido da breve fantasia das “bandas” cambiais), “corte de gastos” e piratização, conduziram o país à quase-falência, e foram politica e demagogicamente mantidas, com exceção do câmbio, graças à liquidação acelerada do serviço público e da infraestrutura, em nome do “corte de gastos”, e ao aumento galopante da dívida pública.

    O governo FHC liquidou o patrimônio público por cem bilhões de dólares, e entregou o país com uma dívida muitas vezes maior do que quando começou” (DUBEAUX, Rafael).  

     

    IX

    FHC terminou seu governo com uma inflação acima da dos padrões mundiais, ou seja, de 9,1%; com crescimento médio anual de 2,29% do PIB, abaixo do esperado; com JUROS – o maior do mundo – de 25,14% (taxa Selic); com a país “quase estagnado” (BRESSER); com o Estado nacional diminuído, descapitalizado, parado e com índice de desemprego recorde.

     

    Lula – enfrentando a maior crise do capitalismo moderno mundial – terminou seu governo com uma inflação menor, mas ainda acima dos padrões internacionais, ou seja, de 5,8%; com crescimento médio anual de 4% do PIB; com JUROS de 10,94% (taxa Selic); com o país em franca atividade; com um Estado mais forte, indutor e investidor; e com índice baixo de desemprego.

     

                Ainda presos à amarras neoliberais, das quais difícil, e não simples é, desvencilhar, não temos mais uma hiperinflação infração – que era amortecida pela correção (que gerava, no entanto, nova inflação) – mas temos (ainda) um dos JUROS mais altos do mundo.

     

    1. POSSO RESUMIR EM UMA PALAVRA:

      POSSO RESUMIR EM UMA PALAVRA: EXCELENTE!

      DESMISTIFICA ESSE OBA OBA DOS RENTISTAS QUE SE APROPRIARAM DO ESTADO NACIONAL.

  2. Plano real

    Adorei o texto! Muito esclarecedor!!!

    Pode-se dizer que o Plano Real foi um sucesso no controle da inflação, mas com altíssimo custo social (desemprego, recessão, endividamento público e privado, transferência de riqueza para o sistema financeiro, etc.)? Penso que sim! Matar o mercado consumidor e privilegiar a invasão deste por produtos importados é uma excelente resposta para a inflação (somando-se a isto uma desindexação geral da economia, sobretudo do reajuste dos salários). O preço para isto é pago pela população com desemprego elevado. Não existe algo mais cruel ao ser humano do que a incapacidade de prover o seu próprio sustento e de seus familiares.

    Pelo seu texto, fica evidente que o governo FHC foi um governo para os ricos banqueiros. A questão é saber o que mudou hoje com o atual governo. Acho que muito pouco. Os bancos brasileiros ocupam a terceira posição no ranque dos mais lucrativos do planeta e a primeira em ineficiência operacional (custos operacionais). Como pode que instituições ineficientes sejam as mais lucrativas?

    Mas sabemos por que os Bancos no Brasil são tão bem tratados: enormes quantias de dinheiros financiam campanhas de todos os candidatos a presidência.

    Qual a solução? Que nossa classe média pare de fazer opção pelas elites (políticas, econômicas, etc.) e comece apoiar pautas de reivindicação baseada na justiça social, a começar pela reforma política e a reforma das reformas: a tributária (para instituir impostos progressivos e sobre fortunas parasitárias).

     

  3. Se o Real tivesse surgido num

    Se o Real tivesse surgido num governo petista, vcs estariam cantando glórias… um peso, duas medidas.

    1.   NÓS, com um peso, duas

        NÓS, com um peso, duas medidas?

        Meu querido, OS TUCANOS ARREBENTARAM o país e nos custaram TRILHÕES de reais, mas de quem você vem falar? Do PT.

        Quer encontrar alguém tolerante com a corrupção? Corra até o seu banheiro e procure no espelho.

      1. Licença pelos direitos autorais

        Peçu sua autorização para utilizar a tua argumentação contra os coxinhas anti-corrupção.

        “Estás a procura de alguém tolerante com a corrupção? Corra até seu banheiro e procure no espelho.”

        Ótima resposta! Matou a pau!

         

    2. Um peso, uma canalhice.

      José Renato Leal, de um peso e duas medidas, conheço bem. Comprei uma pequena balança eletrônica de cozinha, precisão de 1%. Serve para evitar o pecado da gula, se você pesar suas refeições diariamente. Estava com ela em uma bolsa, voltando para casa. Passei num restaurante a quilo para almoçar. É um restaurante excelente, boa comida, atendimento perfeito, muito bem frequentado, por altos funcionários e executivos das empresas da região. Antes de começar a comer, tive uma ideia espírito de porco. Discretamente botei a pequena balança sobre a mesa (estava sentado num canto) e pesei o prato.  Minha balança recém-comprada acusou uma diferença de 20 gramas para menos, em relação à pesagem oficial. Pode ser um erro de calibragem da balança do restaurante, mas são umas mil e quinhentas refeições diárias, 30.000 gramas/dia, se não me falecem as noções de tabuada. A R$ 60,00 reais o quilo da refeição, 30×60 são R$ 1.800 reais diários. R$ 36.000 por mês, nada mal para sua teoria de um peso e duas medidas. A propósito, o proprietário é leal eleitor do PSDB em São Paulo.

    3. Meu caro marinheiro de

      Meu caro marinheiro de primeira viagem do blog, não consta que o Nassif seja petista. Já apoiou até o Serra! Ele é um dos mineiros mais “mineiros” que já vi. Foge do partidarismo como o diabo da cruz. Portanto preste atenção no que diz o dono do blog. Não tem nada de Fla-flu. Ele é torcedor do caldense

    4. Quem?

      Um comentário bem estúpido…

      O Sr. julga mesmo que as centenas de pessoas que comentam aqui sejam petistas militantes prontos a se comportar igual ao rebanho da sua família?

      Respondo sua pergunta estúpida por mim: – NÃO, no momento que percebi que o câmbio estava valorizado só para enriquecimento dos “mercadistas”, eu fiquei contra o Plano. Fôsse ele engedrado por QUALQUER PARTIDO. Além de ter ficado contra as privatizações mal feitas (sabia que haviam comissões nas vendas?)… Sabe por que? Porque vivo e recebo salário neste país (só 38 anos de carteira assinada), e não gosto quando me tungam.

      Capice?

       

    5. Porque todo oposicionista pensa desta forma?

      Sempre votei 13 e sempre apoiei o Plano Real.

      Também divulguei e elogiei o ex-Governador de MG, Aécio Neves, quando ele tornou obrigatória a vacinação contra meningite (eu tenho sequelas de meningite).

      Continuo votando 13.

      E aí?

      Sou leigo em economia, não saio criticando o que não entendo de “economês”.

      Mas, a compreensão do texto possibilita entender que as críticas do dono do blog não estão centradas contra o Plano Real…

  4. “Vinte anos depois, o PSDB

    “Vinte anos depois, o PSDB serve de novo de mula para o retorno dos financistas que liquidaram com o partido.”

     

    E quase liquidaram com o Brasil. Tudo para garantir a sobrevivência opulenta das instituiçoes financeiras que empregam os economistas idealizadores do Plano Real.

     

    É essa conversa que o Aécio queria ter com os eleitores?

    1. Aécio quer ter conversa com eleitores

      Só quem viveu sob a batuta do governo Aécio Neves em Minas Gerais,  tendo Antônio Anastasia,  como o cardeal Richelieu  é que sabe como é.

      Veja a dívida pública de Minas Gerais e os “pretensos” avanços na área de educação.

      Pior ! um Estado em que o pido nacional dos professores não é cumprido, sob o argumento de que na “República ” de Minas Gerais se paga mais do que o piso nacional.

      Ledo engano!

    1. Armínio Fraga não participou,

      Armínio Fraga não participou, pelo menos diretamente, do início do real. Ele foi convidado no governo Collor à Diretoria do BACEN, onde ficou uns dois anos. De lá, foi para Wall Street, onde trabalhou para George Soros. Imaginem quanto valia um ex-diretor de banco central de um país do tamanho do Brasil, deveria ter informações valiosíssimas. Ganhava US$ 500 mil por ano, segundo as revistas nacionais .Largou um dos melhores empregos do mundo para ganhar apenas R$ 8 mil por mês no Brasil, como presidente do BACEN, em janeiro de 1999.

      Na primeira reunião do COPOM elevou a SELIC para 45%. Muita gente ganhou dinheiro nessa tacada. Ah, com as tais mudanças “endógenas/exógenas”, a banda que controlava o dólar foi abolida e a moeda estrangeira pulou de R$ 1,00 para R$ 2,00, na tal de “flutuação”.

      Quando terminou o mandato de FHC, Lula sofreu fortes pressões midiáticas para manter Armínio, mas o metalúrgico tinha uma carta na manga, alguém também do mercado financeiro, ex-presidente do BankBoston, o Meirelles, que havia sido eleito deputado federal pelo PSDS. Achou que ninguém iria criticar o homem, que era do mercado, mas num passe de mágica, a imprensa tupiniquim passou a tratar Meirelles como se fosse um incendiário comunista. Foi o presidente do BACEN que durou mais tempo até hoje.

      E para não dizer que não falei do Armínio, após o encerramento do mandato de FHC, ele criou uma financeira no Rio que anos após comprou as operações do McDonald’s na América do Sul pela pechincha de US$ 1,2 bilhão. Para um ex-professor de Economia da PUC, nada mau…

  5. economistas

    Em um determinado trecho:

     

    ” Os economistas do Real se prepararam antecipadamente para fazer essa reciclagem, adquirindo instituições que, assim que o Real foi lançado, saíram na frente captando dólares baratos, convertendo em reais e aplicando em títulos públicos que pagavam juros expressivos.”

    Ingenua ignorancia minha:

     

    De onde veio a dinheirama pra eles adquirirem tudo isso? Conhei um destes economistas e ele, hoje riquíssimo, dava ula particular na Fea pra se custear. Brilhante, mas zerado.

    Não foram só eles. Quem mais?

     

    1. Desonestidade e má fé, garantias bancárias.

      Rubens Toledo, permita-me dizer. Imagine uma pessoa com informações ultra confidenciais sobre mudanças da economia de um país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, 80% de área fértil (agriculturável), e mais de 150 milhões de habitantes (à época). Você acha que algum banqueiro internacional recusaria “empréstimos” de bilhões de dólares com retorno garantido para essa massa cheirosa adquirir alguns bancos e financeiras?

  6. ALÉM DA TESE DO

    ALÉM DA TESE DO “ENCILHAMENTO” GUSTAVO FRANCO PREFACIOU TAMBÉM O LIVRO “O HOMEM QUE ROUBOU PORTUGAL. A HISTÓRIA DO MAIOR GOLPE FINANCEIRO DE TODOS OS TEMPOS” DE MURRAY TEIGH BLOOM, ED. ZAHAR

    SERIA ELE UM OBSECADO POR GOLPES FINANCEIROS ? :

    1 – ENCILHAMENTO

    2 – O HOMEM QUE ROUBOU PORTUGAL

    3 – PLANO REAL

  7. O PLANO REAL SE INSERE NO QUE

    O PLANO REAL SE INSERE NO QUE FICOU CONHECIDO COMO CONSENSO DE WASHINGTON UMA LEITRURA INDISPENSÁVEL PARA ENTENDE-LO É “OS MOEDEIROS FALSOS DE JOSÉ LUIS FIORI”

  8. Bem, que o saque do

    Bem, que o saque do patrimônio estatal brasileiro visava transformar o que era público em negócio familiar estava cristalino como água. Já eu tinha dúvidas em relação ao Plano Real – desculpe, minha ingenuidade é fruto de acreditar que ainda há bom senso na direita brasileira. Pararabéns pelo artigo, Nassif, dei mais um passo em direção da verdade.

  9. Não consigo entender as

    Não consigo entender as razões da mídia não analisarem os acontecimentos no Brasil sob a influência mundial. Assim como permitimos o jogo político das potências na guerra fria, como se fossêmos um pequeno país da América Central ou África, ao invé de impormos nossa grandeza de potência mundial (que sempre fomos por território, população e importância estratégica). Assim acabamos aceitando ser massa de manobra. Da mesma forma é a estabilidade monetária. Qual país subdesenvolvido, não  tinha hiperinflação nos anos 80? Qual tem este problema hoje? Apenas 2 ou 3 mais radicais, que não aceitam o jogo viciado das grandes economias. Foi o sucesso do plano Real mundial? Ou foi a dolarização das economias, que finaciadas a partir dos anos 90 por entidades privadas e não mais por governos, tiveram que demonstrar o verdadeiro tamanho das suas economias e o retorno seguro que elas poderiam produzir?  O Brasil continua aceitando ser massa de manobra. É um elefante (gigante pela própria natureza) mas com cérebro irrisório em comparação ao seu tamanho.

  10. “Os quatro primeiros anos de

    “Os quatro primeiros anos de FHC foram sufocados pela dívida criada no setor público e privado e pelo câmbio apreciado, criando um enorme déficit externo, expondo o país a qualquer crise internacional. Bastava uma crise na Rússia para um terremoto se abater sobre o Brasil.

    Quatro anos depois, o câmbio cobrou a conta na crise da dívida externa que praticamente acabou com o segundo mandato de FHC.

    Em 2002 Lula foi eleito, o PSDB alijado do poder e, já extremamente ricos, os economistas do Real trataram de procurar outros barcos para remar.

    Vinte anos depois, o PSDB serve de novo de mula para o retorno dos financistas que liquidaram com o partido.”

      Nassif, aí está você em toda sua forma. Como é que em outros momentos você consegue vir falar pra gente de “propostas de Aécio”, da “Casa das Garças”, etc, como se não soubesse o tremendo KinderOvo de ‘medidas impopulares’ que esse pessoal sempre tem em mente? Você é muito melhor do que isso.

    1. Luis Nassig

      Só faltou ao nobre articulista ou colunista, dizer que o Plano Real fez mal ao país, que o país vivia tempos melhores antes dele, ou que Lula, quando assumiu, não surfou na onda das bases lançadas pelo plano, ignorou tudo e inventou novamente a roda, usufruindo da popularidade até hoje, em função da roda inventada por ele. Aguém consegue imaginar como seria um plano econômico lançado por lula e o pt, se com a estabilidade econômica vivida pelo país desde aquela época, fizeram o que se vê hoje, tapando buracos com dinheiro das estatais todo ano, destruindo o patrimônio nacional, como, Petrobras, Eletrobras e outras Brás da vida, a institucionalização da corrupção, da  falta de estrutura do país as promessas e mais promessas, as obras intermináveis, a saude sucateada, a segurança pública e tudo o mais que vemos diariamente na mídia nacional. Aliás, como dizia um poeta moderníssimo, sub-equatoriano elevado a essa condição recentemente,nunca antes na hitória desse país,houve tamanha demonstração de incompetência e  locupletação de seus governantes.

       

       

      1. As coisas não se resume PT x PSDB

        O petista era contra toda a banda da antiga ARENA, UDN que acabou virando PFL, por final DEM. Hoje está turma esta espalhada por diversas legendas e o PSDB encarnou o papel representativo deste grupo dentro da política brasileira.

        Este grupo troca de legenda, mais do que dinheiro troca de bolso, é impressionante o trabalho que dá para acompanha-los. Hoje eles estão divididos em dois grupos, os do lado de lá e os do lado de cá, modicamente falando. Independente de quem vença a eleição seu pesinho estará fincado nas instituições pública. O mais interessante é que se elegem como situação e oposição. É muito hilario! Ideologias a parte, esta turma quer é só mamar na teta da vaca.

        Não sou um profundo conhecedor de economia e seus mercados como é o SR Nassif, neste caso sou obrigado a reverenciar seu post e acreditar no que diz. Vou explicar por que acredito em vez de ficar em dúvida.

        Nós do pobre mercado, enfrentávamos uma quebradeira generalizada, Pequenas, Médias, e talvez, até Grandes empresas se viram obrigadas a recorrer ao mercado de agiotagem para manter seus fluxos de pagamento. Os chamados doleiros cobravam em média 25% de juros no desconto de duplicatas para fornecer capital de giros as empresas que precisavam pagar salários e fornecedores. Estes 25% de juros era ao mês, na maioria das vezes, nem mês, pois o vencimento das duplicatas na média não davam  30 dias. Desta forma muitos negócios entraram em bancarrota era impossível produzir, pagar os agiotas e ainda administrar os calotes, como disse houve uma quebradeira geral. Cheque ninguém queria voltavam todos sem fundo ou sustados, era comum você receber telefonema de clientes pedindo para dar baixa da cobrança, pois, não tinha dinheiro em caixa para efetuar o pagamento, se você protestasse o Título era automaticamente excluído das próximas cotações de preço. Era o cão, comendo cão e ninguém escapou.

        Sindicatos pararam de brigar por melhores condições de trabalho e começaram a implorar para que as empresas não demitissem, aceitavam redução de salários, flexibilização de horários e até implantou este monstro que virou o “Banco de Horas”. As empresas totalmente debilitadas, começaram a deixar de recolher os tributos trabalhista e fiscais visando sua sobrevivência. O mercado informal que antes do Real já era preocupante para o Estado, com o Real, aumentou exponencialmente, não havia emprego e não havia perspectiva das coisas melhorarem, pois, a cada dia ficava a impressão que as coisas iriam piorar mais ainda, antes de melhorar.

        Não sei explicar exatamente, mas, com a chegada do Lula a economia começou a girar novamente, de repente os Bancos começaram a ter créditos para emprestar e financiar, as projeções de inflação diminuíram e o mercado começou a normalizar. Até deu para construir casas próprias financiadas pelo Governo coisa que antes não haviam recursos  para tais empreendimentos.

        Como você disse, não é que o Torneiro mecânico inventou a RODA e a economia voltou a girar num ciclo positivo e de crescimento. BNDS começou a financiar casas populares, pequenos e micros empreendedores começaram a ter créditos, da até para comprar um fogão com o dinheiro do BNDS. Meu Deus! Que Horror! Quanta blasfêmia! Utilizar o dinheiro do povo para financiar os projetos do povo. Daqui a pouco eles começaram a formar Cooperativas e nos expulsarão do mercado de consumo. Quanta arrogância! O BNDS foi criado foi criado para financiar nossas aquisições e compras de bens públicos com dinheiro público. Temos que defenestrar estes demônios comunistas do mercado e da politica. Aquilo que é nosso por direito de herança hereditária, comunista não põe a mão, pois, Deus assim o quis, e não será estes demônios que irão repartir tudo aquilo que nos foi  prometido pelo Deus Mercado.

      2. Isso sim, é uma obra completa

        Isso sim, é uma obra completa da desinformação que assola o país! Parabéns meu sr. é um prazer ler seu comentário, saído direto de sua cabecinha (?), principalmente os seguintes:

        1 – Alguem consegue imaginar um plano econômico lançado por Lula e o PT:

        2 – Destruindo a Petrobras (ou brax), Eletrobrás, e outras brás da vida. O sr. já imaginou a Petrobrax retirando 500 milhões de barrís de petróleo do pré-sal (se conseguissem) e o vermos voando para os Est. Unidos ?

        3 – A instituição da corrupção. Com a ajuda preciosa da venda das estatais a preços de banana do governo FHC, o filho do verdureiro, que jamais trabalhou vivendo em mansão dada pela filha gênio, o metrô de SP servindo para o partido por mais de 20 anos e só descoberto pq uma firma denunciou, já que o MP de SP está tudo dominado.

        4 – A falta de estrutura do país, grande descoberta agora após 500 anos. E a ferrovia Norte-Sul inaugurada s/ uma notinha pela imprensa.

        5 – Saúde sucateada, onde? em SP ou em MG. Se o sr. tivesse a coragem de ler, poderia entrar no site da Saúde e descobrir que todos os procedimentos caros é o SUS que paga, ou vá acreditar nos planos privados.

        6 – A Segurança Pública não é somente dos governo federal, mas de todos os governos. E se algum candidato protege os helicópteros transportadores de drogas, que é o pior dos males, o que fazer. Se algum governador protege os Cachoeiras da vida, vivemos numa república meu caro ! E o trabalho tem de ser conjunto.

        7 – E sobre o Poeta moderníssimo, que diz: “Não pretendo ser o presidente de um país rico, rodeado de países pobres”. Isso é poesia pura, fique sabendo.

      3. Bebeu?

        Bebeu?

        Primeiramente o Nassif não diz que a “engenharia” do Real estava errada, mas sim que os verdadeiros corruptos de sempre deste país (e alguns que queria ser ricos), devidamente protegidos pela grande mídia, ferraram com o Real para enriquecer. Outra coisa, embora toda medida econômica tenha reflexos através dos tempos, a rigor o Plano Real morreu em 01 de janeiro de 1998.

        Quanto a comparações de governos, pare de atirar palavras vazias ao vento, e mostre os números e comparações. Duvido que consiga, mas se quiser eu os tenho…

        De resto, o nível de conhecimento econômico e político neste blog é um pouquinho acima dessa papagaiada típica dos grandes portais… Tente aprender um pouco, não é vergonha!

  11.   A questão é que basicamente

      A questão é que basicamente trocamos inflação por juros altíssimos. Culpa do Plano? NÃO, culpa de quem o conduziu, já que os mesmos de antes pagaram a conta, os mesmos de antes receberam o bônus.

      O que a elite ganhava com a inflação, passou a ganhar com títulos do Tesouro.

  12. PLANO REAL

    O INTERESSANTE EM TUDO ISSO. NAO EXISTEM BANQUEIROS E GRANDES OPERADORES DO MERCADO FINANCEIRO FILIADOS AO PT. ESSA CHURUMELA DE QUE HOUVE GANHOS PARA AS CLASSES TRABALHADORAS NAO PASSA DE FICCAO. NO GOVERNO OU DESGOVERNO DO PSDB A GRANDE ANCORA QUE SUSTENTOU O REAL FOI O DESEMPREGO E A AUSENCIA DE MEIO CIRCULANTE. O PT, APESAR DE ACHAR, COM RAZAO, QUE SE TRATAVA DE UM GOLPE VISANDO PRIVATIZAR O ESTADO, ACABOU POR CONCORDAR EM MANTER AS PREMISSAS INICIAIS DO PLANO. COM O PASSAR DO TEMPO, DEU UMA GUINADA NA DIRECAO DE FORTELECIMENTO DA RENDA INTERNA E PRIORIZOU A CRIACAO DE EMPREGOS FORMAIS E VALORIZACAO DO SALARIO MINIMO, O QUE NOS SALVOU DE UMA DEPRESSAO E MANTEM O PAIS FUNCIONANDO, MESMO EM MARCHA LENTA.

    SE DEVEMOS COMEMORAR E ATRIBUIR A DURABILIDADE DA ESTABILIZACAO A UM PARTIDO, ESTE, SEM DUVIDA EH O PT. DE CRITICO PASSOU A SER O SALVADOR. O PAIS NUNCA ESTEVE MELHOR. PODEM ALGUNS ESTAREM A RECLAMAR,NAO PORQUE DEIXARAM DE GANHAR, MAS POR QUE ESTAO GANHANDO MENOS. UMA COISA EH CERTA,  A GRANDE MASSA POPULACIONAL , A MAIORIA, TEM NESTE GOVERNO UM ALIADO.  UMA VITORIA DA OPOSICAO SERIA UM REGRESSO NEGATIVO EM TODOS OS SENTIDOS.

    NOS VINTE ANOS DO REAL OS PARABENS DEVEM SER DADOS AQUELES QUE INSERIRAM O POVO NO MERCADO DE CONSUMO, DOS BENS BASICOS AOS MASI DESEJADOS PELO SER HUMANO. ALIMENTOS E CASA PARA MORAR.

    1. Cinco estrelas

      O seu comentário perdeu as cinco estrelas, por estar em CAIXA ALTA, que além de demonstrar agressividade, é desqgradavel de ler.

  13. Respondendo ao questionamento

    Respondendo ao questionamento abaixo, sim, o governo Dilma é o primeiro a entregar (será que estou escrevendo em grego? teve um rapaz que não entendeu) juros maiores do que recebeu: início do governo Dilma, selic a 10,75%, já está a 11%, com o detalhe de que a inflação está acima da meta pelo menos uns 2% (se levarmos em conta o controle artificial de preços)..  juros é uma questão técnica, e a má gestão da presidenta Dilma na economia se reflete nestes juros… tucanos elevaram juros a 45%, era necessário, se não fosse feito o custo teria sido ainda maior.

    1. Puxa vida!

      Nossa deu para ver a baba do cavalo dando uma de “inteligente”!

      A comparação do post é sempre com o PSDB, cujo FHC entregou a selic a 19,05%. Já de Lula para Dilma era 10,66%… Confira aqui: http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS

      Os juros subiram e caíram muito nesses 20 anos, mas sempre mantiveram uma média mais baixa nos governos petistas.

      Quanto a questão “técnica”, quer dizer que tucanos elevaram os juros por causa dos outros, fizeram o real apreciado e enriqueceram “técnicamente”, por “necessidade”, e Dilma eleva por causa da má gestão dela, e não por ser derrotada pelo “mercado” (o Benjamin Steinbruch “arranhou” essa questão em outro tópico hoje) .. Puxa como você é “técnico”, vai ganhar o Ignóbel de economia!

      1. quanta torcida, estou

        quanta torcida, estou comparando o que cada presidente fez, e Dilma foi a única a aumentar os juros no período de 4 anos do mandado.. sim, baixou os juros de forma infantil, sem as condições fiscais necessárias.. e se os tucanos, a partir de 1 de janeiro de 2015 aumentarem, é tão somente pela má gestão da economia nos últimos 4-6 anos.

  14. Bom lembrar Theotonio Dos Santos

     

    em: http://theotoniodossantos.blogspot.com.br/2010/10/carta-aberta-fernando-henrique-cardoso.html

    Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

     Meu caro Fernando,

     

    Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assiada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000). Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta. O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.  No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese? Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999. Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade. E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana. Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia. Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais.  Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente. Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.  Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.  Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço 
    Theotonio Dos Santos   [email protected], /theotoniodossantos.blogspot.com/ Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

  15. O plano real pelo próprio FHC e a crítica de Bill Clinton.

    No início do vídeo FHC tenta justificar o desastre do seu governo falando da crises de alguns países que foram infinitamente menores do que a crise mundial atual.

    Logo aos 0: 51 segundos FHC diz que colocou a nossa taxa de juros a 30%

    Bill Clinton falando do Brasil de FHC:

    Aos 3:30min. “Governos tem que ter bons sistemas financeiros e honestos”

    Aos 3:45min. “A verdade é que, em muitos países em desenvolvimento, governos são muito fracos”. Ao final da frase ele olha em direção à FHC. (3:50min)

    Aos 4:10min.”Eu estive em São Paulo e Rio, duas das maiores cidades do mundo, dois lugares maravilhosos.  Mas há milhões de crianças lá que não tem nenhum futuro, a menos que suas famílias possam ter uma vida digna.”

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=MeAOen8vyiQ%5D

  16. Nossa. Que artigo

    Nossa. Que artigo ressentido.

    Eu gostaria de saber qual seria a alternativa: outro confisco? Outro plano maluco? Mais indexação? Mais gatilho?

    Me parece que a imprensa governista está determinada a fazer tudo para defender o atual Governo. Inclusive dinamitar o Real, uma conquista inquestionável da nossa sociedade. Hoje (ainda) emos uma moeda estável por conta do Plano Real, que foi, como todos sabemos, sabotado pelo PT.

    O PT, no entanto, surfou muito bem na onda da estabilidade criada pelo Plano Real.

    Esse artigo me deixa muito triste. Parece fruto de ressentimento e tem o claro objetivo de relativizar esta conquista importantíssima. Seria muito mais republicano reconhecer os méritos do Programa, assim como é Republicano demandar o reconhecimento pelos méritos dos programas sociais do PT.

    O Governo está destruindo os pilares da nossa economia. Está nos isolando mais do mundo externo. A toda hora vejo defesas insistentes do aumento do câmbio, que apenas nos isolará mais e mais, apenas com o intento de beneficiar a indústria de commodities.

    Vejo todo dia a condenação da iniciativa privada e do empreendedorismo autônomos. Só vale o empreendedorismo tutelado pelo Estado. Só vale a iniciativa do Estado. Só vale o que o Estado faz, o que vem do Estado.

    Parece que o desejo é de que, no final, sejamos todos funcionários públicos, ganhando o mesmo salário, sem perspectiva de crescimento e sem possibilidade de ascensão e dependendo de greves para ter ganhos de renda.

    Parece que o desejo é de que sejamos todos iguais, mas igualmente pobres e isolados do resto do mundo.

    Trata-se da evidente defesa do Capitalismo do Estado, este que vem se aprofundando no Governo Dilma. É um tipo grotesco de Capitalismo, em que o Estado decide quem cresce, quem ganha e quem perde. 

    O Governo virou um muro de lamentações de “empresários” representantes de uma indústria improdutiva. Nossos impostos vem servindo para subsidiar empresas “escolhidas” pelo toque de Midas de meia dúzia de burocratas que se acham capazes de escolher quem deve prosperar. É um verdadeiro “ritual do beija-mão”, bem como ocorria aos tempos de D. João VI.

    É isso que devemos comemorar? É isso que os governistas preferem?

    Me desculpe, mas usar o Plano Real para supor que foi apenas um meio de enriquecer estes economistas é um acinte. Eles enriqueceram sim. E qual o problema? Qual o problema em enriquecer? Se não fizeram isso roubando dinheiro do contribuinte, o que tem de errado?

    Qual seria o certo? Vender tráfico de influência, vendendo prioridade na fila do “beija-mão”, como fazem os “consultores” que vivem em torno do Governo?

    É isso que é melhor?

    Enfim. É interessante verificar que, a cada dia que passa, me distancio mais da linha deste blog. Já não concordava com muita coisa, mas respeitava o tom prudente que costumava ser adotado.

    Mas ultimamente este blog virou uma trincheira governista. Virou caixa de ressonância das políticas do Governo.

    É uma pena.

    Mas sigamos. E que o Real vive forte, pois dependemos de uma moeda estável para poder planejar a vida.

    E vocês vão perder. Vão perder. 

     

    1. Não seja ignorante,

      Não seja ignorante, prezado.

      Esse conjunto de críticas foi feito por mim, na coluna da Folha, no primeiro ano do Real e a partir de 2004 em colunas na Folha. Denunciei a jogada do câmbio e dos juros ainda em 1995. Toda essa briga consta de meus livros “O jornalismo dos anos 90”, de 2002 e “Os cabeças de planilha”, de 2005.  E não seja primário a ponto de achar que o real só seria viável com os abusos. Teria sido possível alcançar a estabilidade sem a jogada dos juros e do câmbio.

      A linha desse blog é da crítica consistente, não do primarismo ideológico.

      1. se houve algum ganho por

        se houve algum ganho por parte dos criadores do real deveria haver uma investigação, tecnicamente o plano, inclusive com os seus efeitos colaterais, era o que de melhor poderia ser feito, quem é do ramo entende, não teria como não haver desvalorização e juros altos, dadas as condições fiscais da economia brasileira, cujas origens estão no arranjo político brasileiro.

      2. Nassif,
        Ótima observação! É

        Nassif,

        Ótima observação! É por isso que este é um dos meus blogs favoritos. Aqui há material de ótima qualidade para bons debates.

      3. Não fui ignorante. Apenas

        Não fui ignorante. Apenas discordo desta linha.

        E mantenho minha posição de que a linha do blog tem sido cada vez mais “ressentida” na defesa do atual Governo.

        Mas o atual governo vai perder. Vai perder.

        1. Defesa do atual governo como?

          Se o próprio autor do texto informa as datas referentes às críticas ao Plano Real, como você considera linha ressentida na defesa do atual governo?

          E acho que você não leu as postagens do autor do blog sobre a teimosia da Dilma. 

          Todos reconhecemos HOJE o valor do Plano Real. Se o PT era contra na época, o que há de errado nisso? Quem garantia que o plano ia dar certo? Tantos planos deram errado, o tiro certeiro no tigre da inflação virou confisco, os Planos Cruzados viraram boi no pasto, e por aí vai. 

        2. Foi de uma agressividade

          Foi de uma agressividade ignorante, sim. Primeiro, por não saber que defendo essa linha crítica desde que o Real foi lançado. Nada justificava a apreciaçao intempestiva da moeda e os juros malucos. Segundo, por pegar a parte pelo todo, ignorando todas as críticas que tenho feito a Dilma.

          1. Ok. Reconheço que tenha sido

            Ok. Reconheço que tenha sido grosseiro ao chamar o tom de ressentido. Me desculpo por isso.

            Mas acho que o tom o artigo ruim, pois foca demais numa teoria da conspiração que nao sei se pode ser comprovada adequadamente. 

            Muita gente enriquece depois de sair do governo. Uns por que vendem “consultoria” e outros por que são competentes. Nao sei qual foi o caso deles.

            No mais, é indiscutível que o Plano foi muito bom para o país e vem nos legando 20 anos de estabilidade – acho que pela primeira vez na nossa história.

            De todo modo, vi suas críticas sim. Mas nao dá para negar que a linha do blog é governista. Se nao pela Dilma, pelo “projeto” petista (que ninguém sabe exatamente qual é).

            No mais, mantenho minhas observações – reiterando as desculpas pelo uso do tom “ressentido”.

      4. No mais, seria possível sem

        No mais, seria possível sem os abusos. Talvez. Nenhum plano é perfeito.

        Mas o fato é que o plano funcionou – e o PT está, sim, tentando destruir os seus pilares.

        Ontem li no Valor que o Governo Dilma pretende defender a indexação, pois isso beneficia os aposentados.

        Pois muito bem. O Governo Dilma defende empobrecer a sociedade inteira via inflação apenas em benefício dos aposentados, dos funcionários públicos, dos sindicatos, enfim.

        Já vimos esse filme e sabemos onde isso deságua: inflação descontrolada.

        E já começou. O salário mínimo indexa a economia inteira.

        Daqui a pouco inventarão um gatilho para o bolsa-família – e já sei de casos em que o padeiro da cidadezinha aumentou os preços nos mesmo 10% dados por sua majestade Dilma no 1o de maio.

        O Governo Dilma está disposto a nos mandar todos para o buraco em nome de sua manutenção no poder.

        É isso ou eles terão que fazer os mesmos ajustes que o PSDB fará. 

        Aí eu vou querer ver. Ah, mas vou.

        Na verdade, é até bom que a Dilma vença. O caldo vai entornar de tal maneira que o PT nao poderá colocar a culpa em nenhuma “herança maldita”, nenhuma inimigo externo.

        Nesse momento, o eleitorado vai chutar esse corja para longe, para nunca mais voltar.

         

         

         

    2. Nossa que comentário mais

      sem nexo!

      O autor deve ter problemas graves com compreensão de texto.

      Ou acha que vai ganhar um pedaço dos $$$ que os “economistas do real” agora banqueiros fizeram com o nosso… 

  17. A introdução já disse tudo.

    A introdução já disse tudo. Apenas tudo foi para criar algumas fortunas. A inflação em si nem era mais problema, todo pobre já estava acostumado e sabia conviver muito bem com isso. Os ricos é que eram os prejudicados e por isso ….

  18. A quadrilha quer voltar

    “Em 2002 Lula foi eleito, o PSDB alijado do poder e, já extremamente ricos, os economistas do Real trataram de procurar outros barcos para remar.
    Vinte anos depois, o PSDB serve de novo de mula para o retorno dos financistas que liquidaram com o partido.”
    ==========================================================
    E não satisfeitos com o produto do saque aos cofres do país, no governo FHC, apostam na possibilidade de retornarem ao Poder com o Aécio, e concluírem a segunda parte do plano: Entregar a Petrobrás (Pré Sal) e as estatais, ao capital internacional.

  19. O impressionante do texto é a

    O impressionante do texto é a polêmica gerada, uma vez que o mesmo é uma caricatura mal costurada e bem azeda do que significou a grande virada do plano real. Há jornalistas tão tendenciosos que somente conseguem ver o caos dentro do jardim do Éden. Santa hipocrisia julgar que só existem honestos no Brasil e principalmente no governo. Seja PT, PSDB ou qualquer que seja o partido, sempre houve e sempre haverá gente desonesta; pessoas que se aproveitam do momento para lucrar. Foi assim em todos os planos e só não houve no governo Lula e Dilma porque eles não entendem nada de economia, e assim, continuam com o plano real como sustentáculo de seu fatídico governo. Lula não ganhou em 2002 porque o plano real vazou, isto é uma besteira enorme. Lula ganhou porque a CLASSE MÉDIA, leiam bem, a CLASSE MÉDIA, a mesma que Marilena Chauí odeia, se cansou de FHC e dos pilares malditos do plano, a saber: carga tributária escorchante, impostos de renda absurdo, políticos corruptos, e um custo de vida altíssimo. Além de criar a passagem de ano direta para justificar para ONU a evasão escolar, tendo o ensino público uma nefasta reunião de bandidos mirins e traficantes. Quem como eu que desejava estudar os filhos gastava rios de dinheiro para mantê-los em escolas particulares e usava 50% dos ganhos com educação. Um absurdo necessário. Tudo isso nos levou a acreditar no maior enganador da história, Lula, que, aprendendo com Duda Mendonça a dizer o que o povo queria ouvir, prometeu mudar tudo isso e assim ganhou a confiança do povo que votou nele. Bem que meu sogro me avisou, mas eu estava cansado de pagar tanto imposto e não ter retorno de nada e não lhe dei ouvidos. Paguei o preço. Lula enganou a todos e manteve o Plano Real aprofundando a crise e distribuindo o dinheiro dos trabalhadores para criar o maior curral eleitoral da história do Brasil, curral este que ele mesmo criticava ao dizer que o povo deveria votar com a consciência e não com o estômago. Odiava Maluf e hoje dorme na cama dele.  O plano REAL trouxe a ampliação do poder de compra da população, aumento do consumo, aumento da produção e como consequência do emprego, mas cobrou alto demais o desfacelamento da “odiada” classe média que deu o troco nas urnas. Assim será novamente, o troco virá contra Dilma e contra o PT, que era a grande esperança de um Brasil para todos e se tornou um Brasil para TOLOS.

    1. Rapidinho…

      O Plano Real morreu em 01 de janeiro de 1998… Tolo e ignorante é quem não sabe disso… A “estabilidade” se manteve, mas não havia cultura econômica fora do rentismo, e Serra perdeu a eleição por causa do segundo governo de FHC (e também por “mérito” próprio).

      O governo petista aproveitou a “estabilidade”, mas a orientação geral da economia percorreu caminhos que jamais seriam trilhados pelos tucanos. Basta ver as palavras sobre economia ditas nesses últimos 12 anos por Serra, Aécio, Armínio Fraga, a Casa das Garças, etc…

      Quanto a essa coleção de “dados” sobre juros, taxa tributária, dívidas, e educação são apenas mentiras que não resistem a uma pesquisa no Google. Não me provoque vergonha alheia!

       

  20. Ondas Globais

    Logo da onda de golpes militares, e depois que arrebentaram com países do terceiro mundo com os petrodólares, na década de 70, quando explodiu a divida externa de todos esses países, foi criado um consenso, em Washington, sobre a forma de voltar por cima e continuar dominando os países de terceiro mundo.

    O plano econômico tutelado pelos EUA foi colocado embaixo do braço, de pessoas ou de partidos políticos – chave, para turbinar o eventual sucesso econômico em favor desses partidos (FHC capitalizou). A nova estabilidade econômica que passou por Argentina, Chile, Peru e também Brasil, conseguiu frear a hiperinflação em todos esses países, mas capitalizou essa estabilidade em favor da economia padrão global, não necessariamente em favor dos povos envolvidos. Isso tinha que explodir algum dia.

    Brasil respeitou e continuou a lógica técnica do plano, mas direcionou os frutos em favor da população, criando uma estabilidade diferente, com base na renda nacional, que significou um grande sucesso perante a queda do “sonho” de estabilidade e crescimento que o restante do mundo achou iria conseguir ficando omissos e vulneráveis às ondas globais.

  21. Os Vinte Anos do Plano Real

    Que o articulista tenha uma tendencia clara, e o Luiz Nassif tem tem, não vejo problema e até mesmo acho positivo.

    Criticar os erros das ações governamentais e dos planos economicos, até mesmo porque todos tem equivocos, e com o distanciamento de 20 anos, conhecendo se todos os efeitos negativos e positivos fica muito mais facil estudar e tecer as críticas.

    Mas o artigo de hoje, é de um cinismo e tenta desconstextualizar os fatos de tal forma, que chego a duvidar que tenha sido o redator desta coluna e não um jovem de esquerda, semi analfabeto e disposto somente a lançar lama na honra alheia sem apontar fundamenar as acusações.

    Segurar a apreciação do real por tanto tempo, foi sim um erro. Não promover a reforma tributária dentro do mesmo plano foi outro erro. Que ninguem é santo e que o mercado financeiro aposta nos desequilibrios e nas arbitragens para tentar obter ganhos que as vezes transformam se em perdas, o que pejorativamente colocamos como especulação, ocorre e é do jogo todos sabemos.

    Mas o que lemos neste artigo é algo absurdo e insano.

    Os sentimentos e os partidarismos não podem re escrever os fatos e a historia.

    Lamentável.

    Vicente Mascarenhas

    1. Ué…

      Prezado, mas se o Nassif fala sobre esses erros desde 1999… O que acha? A única novidade neste texto, é escancarar o que já se sabia “na moita”. Que os brasileiros trabalhavam para o enriquecimento de uns poucos, enquanto o povão ficava com arrocho salarial…

        1. Uia!

          Uia! Eu só lembro de depois… Por isso nunca prescindo do seu blog, sempre concordo muito mais do que discordo, e sinto que você traduz muito do que penso, mas muitas vezes não consigo escrever… 

          Um abraço.

  22. Ainda falta…

    Nassif, notei que daquela turminha que sempre comparece toda vez que você “mexe” no ninho tucano, ainda falta aquele que vai ressaltar o “ódio”… Sabe aquela conversinha mais que furada do “ódio petista” para justificar as sarrafadas do tipo PM paulista? Aguardemos, rs.

    Um abraço.

  23. Vergonha

    Nassif,

    Que vergonha esse texto, parece com o do Paulo moreira leite comparando os índices de inflação do governo FHC com os de Dilma e Lula, pura falsidade intelectual.

    Por favor pare com esse mimimimi que o blog é independente… até quando vc faz qualquer crítica ao atual governo sempre tem uma observação…um  comentário para depreciar os antigos governos.

    Fazendo isso vc se torna igual a mídia que tanto critica…  

     

     

     

     

    1. Criticar antigos

      Criticar antigos governos?

      Desculpe, mas iria elogiar o que? Os 40 milhões de desempregados deixados pra trás por FHC como se não existissem?

      O aumento da dívida interna de 60 bilhões para 600 bilhões?

      12 Milhões de desempregados “privilegiados” pelo plano Real?

      Aumento de carga tributária de 25% para 36% devido À fúria arrecadatória do PSDB?

      Ora francamente.

      Falar a a verdade é deixar de ser independente?  O Blog do Nassif está de parabéns por trazer à memória do povo estes fatos verdadeiros em ano de eleição.

       

    2. Realmente, não há como

      Realmente, não há como comparar os índices de inflação de FHC com os de Lula/Dilma. Aqueles eram maiores e com viés de alta, ahahahahahah

  24. Parabéns, felicidades; muitos anos de vida !!!!!

    E acho que ainda vamos ver Aécio comemorando os vinte anos da criação do Real por Fernando Henrique em seu programa eleitoral. E a tucanada que me cerca vai novamente dizer que “graças ao super gênio do plano Real, os petralhas puderam fazer o seu pão e circo”. E sobre esse assunto, não ha argumento que os demova.

  25. Excelente.

    Texto excelente do Nassif. Acessível a qualquer pessoal alfabetizada. A verdade sempre causa estragos, essa faz um retrato fiel do período do PSDB no poder e seu maior legado o plano real. Infelizmente os tucanos estão vindo de novo com o mesmo esquema.

    1. O Video prova que Lula sabia o que falava.

      O plano se tornou um engodo, colocou o país na pior recessão desde que nasci, quebrou milhares de empresas, diminuiu os salários, retirou direitos trabalhistas e dos aposentados.

      O país no médio e longo prazo estava indo a falência, falência não, faliu por 3 vezes e tivemos de correr ao FMI para pegar dinheiro emprestado. A divida publica esplodiu, estagnou toda a infraestrutura do país. Para quem viveu sabe o tamanho do estrago. Isto sem falar das estatais privatizadas pelo PSDB para arcar com o rombo que abriram nas contas do país.

  26. Os pais  do Real têm algo em

    Os pais  do Real têm algo em comum: estão  ricos.Não!. Bilionários!

    Lara  Resende botou   500mi de dólares,montou  um banco,vendeu,foi praticar seu hobby  no Reino Unido,”:carros de corrida”;cada um dos atores   tem uma  história milionária. Vê-se ,que Ruy Barbosa  fez  escola e o encilhamento da economia ocorreu por três vezes  sob a tutela  de FHC. Fora o  que se  volatilizou com as privatizações,materializadas posteriormente,nas contas dos grandes  nomes que  gravitam até hoje  em torno de  Daniel Dantas e daquela  próspera família  de políticos cearenses,os” La Fonte”…..

  27. Brilhante

    Só faltou esclarecer até que ponto o confisco de Collor ajudou na criação do Real e quanto do sucesso inicial do Real foi devido aos novos ares e interesses do sistema financeiro internacional.

  28. Pena que na ciencia economica

    Pena que na ciencia economica nao ha possibilidade de testar-se  hipoteses diferentes ao mesmo tempo. Eh muito facil ser engenheiro de obras prontas. Seria etico ?

  29. Muito bem contado, Nassif.

    Muito bem contado, Nassif. Mas os políticos do PSDB foram estúpidos nas mãos dos economistas, ou foram cúmplices? Nenhuma das opções é boa.

  30. Bom o post que ainda assim peca pela omissão

     

    Luis Nassif,

    Foram feitos muitos elogios a este seu post “Os vinte anos do Plano Real” de quarta-feira, 02/07/2014 às 06:00 e os elogios foram merecidos. Assim, não vou dizer que eu não concorde com os elogios, mas não resisto de aqui e ali ver a falta do que não foi dito.

    Não há no texto o muito óbvio que eu, de tanto dizer, já até adquiri o vício de o dizer sempre e assim não vou deixar de dizer aqui. O Plano Real foi feito para acabar com a inflação de uma vez em época de eleição, para garantir a vitória de um candidato que não tinha sido sequer presidente de um grêmio recreativo na juventude onde tivesse aprendido a pegar mais jeito com a atividade de chefe de executivo. Não parece ser muito importante a frase, mas quase todos os problemas do Plano Real vieram do fato do plano ser feito para acabar com a inflação de uma vez, e por ter sido feito em ano eleitoral e para garantir a eleição de uma candidatura.

    Eu sou muito crítico do Plano Real e além de me faltar conhecimento e arte em economia talvez este viés de crítico do Plano Real desde o seu nascedouro reduzam muito o alcance das minhas críticas. Aqui primeiro eu lembro de uma crítica que eu fazia ao Plano Real antes de ele ser executado. Eu dizia que se o Plano der certo (acabar com a inflação) ele será ruim para o Brasil (Iria gerar problemas no Balanço de Pagamentos) e se der errado e a inflação voltar ele vai ser bom para o Brasil.

    E segundo eu lembro de deixar uma opinião sem o viés crítico que eu tenho e carente de conhecimento econômico. Assim eu deixo o link para o artigo “As originalidades e o pragmatismo do Plano Real” de autoria da economista do BNDES e professora de economia brasileira o IBMEC/RJ Lavínia Barros de Castro e publicado no Valor Econômico de terça-feira, 01/07/2014. O artigo “As originalidades e o pragmatismo do Plano Real” pode ser visto no endereço do jornal Valor Econômico mas ele só será disponibilizado na íntegra para os assinantes do jornal. Vou deixar também um link para o site Bureaux Jurídicos Associados de Ricardo Alfonsin Advogados onde o artigo está disponível, mas em geral não se pode garantir a manutenção do artigo no site ou do próprio site. Assim no site do jornal Valor Econômico o endereço do artigo “As originalidades e o pragmatismo do Plano Real” é:

    http://www.valor.com.br/opiniao/3599786/originalidades-e-o-pragmatismo-do-plano-real#ixzz36Dl2iaYP

    E no site Bureaux Jurídicos Associados de Ricardo Alfonsin Advogados o artigo “As originalidades e o pragmatismo do Plano Real” pode ser visto no seguinte endereço:

    http://alfonsin.com.br/as-originalidades-e-o-pragmatismo-do-plano-real/

    O artigo pareceu-me suficientemente racional e fundado em bom conhecimento econômico para que possa ser bem aproveitado como instrumento de análise do Plano Real. Ainda assim, creio que ele também omitiu duas ou três questões que precisam ser consideradas sobre o Plano Real. Como são questões que a meu ver são também omitidas no seu comentário eu deixo para falar delas fazendo referência a este seu post “Os vinte anos do Plano Real”.

    Há que distinguir as pessoas no Plano Real. No post “20 anos do “Plano Real” e 7 anos de “Os Cabeças-de-Planilha”” de quarta-feira, 02/07/2014 às 21:17, aqui no seu blog com texto de Fábio de Oliveira Ribeiro em que ele transcreve resenha que ele fizera para o seu livro “Os Cabeças de Planilha” há um pouco de dimensionamento das personalidades dessas pessoas.

    Trecho interessante na resenha dele diz respeito a qualificação de Andre Lara Resende, Pérsio Arida e G. Henrique de Barroso F. e que de certo modo estiveram bem envolvidas com o real. Reproduzo o trecho seguinte em que ele transcreve três parágrafos do seu livro:

    “Pérsio Arida era eminentemente técnico, via o plano como uma revanche do Cruzado e se preocupava com sua consistência. Só depois que saiu do governo se envolveu com o mercado, enriquecendo-se como sócio do complicadíssimo banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity. A gratidão dos colegas para com ele, e o reconhecimento de que perdera a chance de enriquecer, ao contrário dos demais, foram elementos centrais nas facilidades que encontrou para mobilizar fundos de pensão que permitiram a Daniel Dantas tornar-se um dos vencedores do processo de privatização brasileiro.”

    “André Lara Resende via o plano como uma forma de enriquecimento e ascensão social.”

    “Gustavo Franco era o ideólogo, mas casava com brilhantismo conhecimentos históricos, teóricos e de mercado. Era um personagem mais interessante que os demais – Pérsio com seu rigor técnico, André com sua ambição de enriquecer.”

    Aqui vale reprisar esta crítica frequente que faço aos seus textos e que diz respeito às omissões. Nesse sentido eu diria que talvez você precisasse dizer o seguinte. Andre Lara Resende em 1993 montou uma empresa com Luis Carlos Mendonça de Barros com capital de 7 milhões e dois anos depois em 2005, desfizeram a sociedade com o capital de 140 milhões. E dizer que a relevância dele no Plano Real é praticamente só pelo artigo que foi tido como o pai do Plano Real.

    Sobre o Pérsio Arida, eu não teria nada para o chamuscar mais do que você já o queimou ao dizer que por gratidão dos colegas ele encontrara facilidades “para mobilizar fundos de pensão que permitiram a Daniel Dantas tornar-se um dos vencedores do processo de privatização brasileiro”. Não se pode deixar de lembrar que ele saiu no final do primeiro semestre de 1995, primeiro ano de governo de Fernando Henrique Cardoso ao ver que com G. Henrique de Barroso F. ele não tinha espaço.

    E sobre o G. Henrique de Barroso F., eu penso que faltam dizer duas coisas. Uma explicitar que sem ele o Plano Real se desfaria. E falta dizer que ele tinha e tem o perfil mais de servidor público que os outros dois. E como tal o nome dele ficou mal colocado quando o texto era para referir ao enriquecimento rápido dos envolvidos com o Plano Real.

    Embora no livro “Stress Text: Reflections on Financial Crisis” Timothy Geithner tenha elogiado o Armínio Fraga, quem agiu como ele no momento necessário foi mais o G. Henrique de Barroso F. De certo modo, o PROER, que foi uma criação de G. Henrique de Barroso F. está mais próximo do trecho que transcrevo a seguir do artigo “Desarmemos a máquina apocalíptica” de Martin Wolf e que foi publicada no Valor Econômico de quarta-feira, 28/05/2014 e que trata da atuação de Timothy Geithner para enfrentar a crise em 2009. Este artigo pode ser visto no blog de Luis Carlos Bresser Pereira no seguinte endereço:

    http://www.bresserpereira.org.br/terceiros/2014/maio/14.05.m%C3%A1quina_apocal%C3%ADptica.pdf

    Diz lá Martin Wolf em um trecho que eu acho precioso:

    “Geithner argumenta não apenas que as crises certamente se repetem, mas que os governos precisam reagir com força avassaladora. A única maneira de deter uma crise é extirpar as circunstâncias que emprestam racionalidade ao pânico. Isso significa que o governo precisa tomar mais empréstimos, gastar mais e expor os contribuintes a mais risco de curto prazo -­‐ “mesmo se isso parecer uma recompensa à incompetência e à corrupção, mesmo se alimentar percepções de um governo tirânico, perdulário, explorador, emissor exagerado de dinheiro e alucinado por operações de socorro”. É uma reafirmação explícita de um ponto de vista impopular”.

    Como Gustavo Franco, que não era alguém do mercado, Timothy Geithner não era alguém de Wall Street, como ele diz na passagem a seguir transcrita do artigo de Martin Wolf “Lunch with th FT: Tim Geithner” publicado no Financial Times em 15/05/2014 às 7:28 pm:

    “Most people thought I came from Wall Street, . . . I did public service my entire professional life and I loved it”.

    Outro ponto que eu gosto de mencionar nas comemorações de aniversário do Real diz respeito a uma fala sua ou na TV Cultura ou na TV Bandeirantes em que você acusava os técnicos da FGV de vingança contra o governo porque o governo não fornecia os recursos que haviam sido prometidos para a instituição. E a vingança dos técnicos consistiria em calcular a inflação de julho com o resíduo inflacionário que diga-se de passagem a Lei do Plano Real mandava que fosse desconsiderado. Ali você disse mais do que se deveria dizer. A experiência da Fundação Getúlio Vargas no cálculo da inflação era suficiente para que qualquer um com um mínimo de conhecimento e que se dispusesse a analisar a exclusão do resíduo inflacionário considerasse a exclusão como absolutamente equivocada. E diga-se de passagem que a cláusula era benéfica para o setor público pois a correção da dívida pública com base nos índices da FGV (IGP/IGPM) iria ficar menor.

    Para entender porque a exclusão do resíduo inflacionário não era uma medida correta é só imaginar duas possibilidades em que não houvesse o Plano Real. Em uma, por vontade superior, a partir do dia primeiro do mês de julho de 1994, todos os preços se estabilizassem sem sofrer nenhum aumento. Pela metodologia de cálculo de inflação mesmo tendo ocorrido a estabilização geral dos preços desde o dia primeiro, constatar-se-ia no fim do mês de julho que a inflação medida seria diferente de zero. Dependendo da metodologia empregada, da data de coleta dos dados, da tendência anterior da inflação (Ou de aumento ou de diminuição) etc. se se tivesse uma inflação de 40 % no mês anterior, no mês de junho haveria uma inflação residual bem próxima de 20%. Não se trata de uma inflação inventada, mas de uma inflação que realmente existiu.

    A existência da inflação residual pode ser percebida em uma segunda possibilidade de combate a inflação em que não se entraria com o “Deus Ex Machina” e a inflação seria seria reduzida paulatinamente. Neste caso quando a inflação chegasse a zero, em cada índice anterior de inflação haveria uma parte do resíduo inflacionário.

    Um terceiro aspecto que eu comentaria diz respeito a elevação da dívida pública com o Plano Real. Você parece até tratar desse problema quando diz o seguinte:

    “Essa armadilha levou o BC a manter por tempo indeterminado a apreciação do real e a segurar a crise das contas externas com as mais altas taxas de juros do mundo. Como conseqüência, matou o mercado de consumo pujante que estava se formando com o fim da inflação; e gerou a maior dívida pública da história, que seguraria o crescimento brasileiro por toda a década seguinte”.

    O problema não é tanto o fato de a dívida pública ser a maior da história. O grande problema causado pelo real foi o aumento da dívida pública de curto prazo. É ela que realmente pressiona a inflação. Aliás, quem entende bem disto é o G. Henrique de Barroso F. Sobre este conhecimento de G. Henrique de Barroso F. eu vou transcrever aqui um trecho de um comentário meu enviado quinta-feira, 22/03/2012 às 13:11, para junto do comentário de Alexandre Weber – Santos –SP enviado quarta-feira, 21/03/2012 às 17:01, lá no post “Os limites da queda da taxa Selic” de quarta-feira, 21/03/2012 às 16:00, aqui no seu blog e originado de comentário de Roberto São Paulo – SP – 2014 e que pode ser visto no seguinte endereço:

    http://ggnnoticias.com.br/blog/luisnassif/os-limites-da-queda-da-taxa-selic

    Deixei o link para o post porque o meu comentário é bem extenso e com muitos links úteis para ajudar a mais bem compreender o Plano Real. A parte, entretanto, que eu transcreverei a seguir diz respeito a explicação para o fato de os juros serem altos no Brasil. E no trecho eu digo o seguinte:

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    “E a segunda condicionante é a razão para que no Brasil os juros sejam altos para se ter uma inflação baixa (E na verdade nem tão baixa assim.). Quem melhor sistematizou essa razão, encontrando na verdade cinco razões foram José Luis Oreiro e Flávio A. C. Basilio no ótimo artigo “Por uma redução permanente da Selic” e que se acha na página 14 do caderno A do Valor Econômico de terça-feira, 29/11/2011. Este artigo foi transcrito por AISC em comentário enviado quinta-feira, 01/12/2011 às 17:16, aqui no blog de Luis Nassif para o post “Movimentos incompreensíveis da Fazenda” e para o qual já deixei o link em passagem anterior deste meu comentário.

    Dentre as razões que José Luis Oreiro e Flávio A. C. Basilio apresentam a que eu considero mais relevante é o grande valor da dívida pública rolada no curto prazo. Já me havia estendido sobre isso em comentários que eu fiz para JB Costa junto ao post “Gustavo Franco e a crise global” de segunda-feira, 08/08/2011 às 13:03 aqui no blog de Luis Nassif e originado de comentário de JB Costa, trazendo entrevista de G. Henrique de Barroso F. à Eleonora de Lucena na Folha de S. Paulo na seção “Entrevista da 2ª” e intitulada “Entrevista da 2ª Gustavo Franco” com o subtítulo “Exaustão fiscal global está na origem de turbulência”. Os meus comentários para JB Costa encontram-se na segunda e terceira página do post “Gustavo Franco e a crise global” e assim eu deixo o link para a segunda página como se vê a seguir:

    http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/gustavo-franco-e-a-crise-global?page=1

    Nos comentários eu menciono outras entrevistas de G. Henrique de Barroso F. em que ele aponta para o problema da elevada dívida de curto prazo do Brasil e em especial eu faço referência à reportagem que saiu na Folha de S. Paulo, de 15/06/2011, com o seguinte título “Estatística subestima deficit público, diz ex-presidente do BC”. A reportagem pode ser vista no índice geral da Folha de São Paulo, ainda que seja só para assinantes:

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/indices/inde15062011.htm

    Nos comentários eu menciono outras entrevistas de G. Henrique de Barroso F. em que ele aponta para o problema da elevada dívida de curto prazo do Brasil e em especial eu faço referência à reportagem que saiu na Folha de S. Paulo, de 15/06/2011, com o seguinte título “Estatística subestima deficit público, diz ex-presidente do BC”. A reportagem pode ser vista no índice geral da Folha de São Paulo, ainda que seja só para assinantes:

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/indices/inde15062011.htm

    E a reportagem pode ser vista também na internet junto ao portal Clipping da Diretoria de Comunicação e Desenvolvimento – VICOM, em matéria de15/06/2011, embora nesse caso eu não sei se o link seja permanente:

    http://www.anabb.org.br/novoSite/clipping/Clipping15062011.htm

    Na reportagem do jornal Folha de S. Paulo, G. Henrique de Barroso F. alega que o déficit público deve considerar a rolagem da dívida de curto prazo e isso não é feito no Brasil. Se se considerar a rolagem da dívida de curto prazo, o déficit público no Brasil é muito alto e esta seria a razão de as taxas de juros no Brasil serem altas.

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    A pertinência de se destacar a relevância da dívida de curto prazo na necessidade de manter os juros altos se deve a estreita relação que há entre o Plano Real e o volume da dívida de curto prazo no Brasil. Esta relação torna-se visível quando se analisa a alternativa de se acabar com a inflação de uma vez comparada com a alternativa de se combater a inflação paulatinamente. No segundo caso há interesse em emprestar hoje com um juro menor em um prazo bem longo, pois se sabe que lá na frente a inflação será pequena e os juros vão decrescer. Enquanto que quando se acaba com a inflação de uma vez há a expectativa que a inflação no futuro vai aumentar assim é melhor emprestar no curto prazo, pois mais à frente os juros terão que ser aumentados. Assim ao acabar com a inflação paulatinamente há mais espaço para se ter uma dívida pública de longo prazo. Já quando se acaba com a inflação de uma vez, a dívida maior que se forma é dívida de curto prazo. E esta dívida pressiona a inflação toda a vez que os juros caem.

    Outra coisa que tanto a Lavínia Barros de Castro como você não fazem referência diz respeito à necessidade de se aprovar a emenda da reeleição contando com o apoio popular para pressionar o Congresso Nacional. E mais à frente, a necessidade de manter as condições de estabilidade de tal modo que a emenda da reeleição pudesse servir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. De certo modo o projeto de reeleição inviabilizou qualquer correção de rumo do Plano Real.

    Há mais problemas com o Plano Real, que foram omitidos, mas prefiro encerrar este comentário fazendo menção a uma grande qualidade do Plano Real. Com habilidade, PT e PSDB conseguiram afastar da disputa presidencial as pessoas de direita e os aventureiros que existem de sobra nos regimes democráticos e sempre com muita chance de alcançar a presidência.

    E eu não vejo muita razão para essas omissões. Talvez sobre como alegação para justificar o muito que foi omitido dizer que elas são sobejamente conhecidas não sendo explicitadas apenas para não se alongar no texto.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 02/07/2014

    1. Pequena correção ao que eu disse acima

       

      Luis Nassif,

      Ao elaborar meu comentário anterior para você eu precisei copiar um trecho de um comentário meu mais antigo e o copiei em dois momentos. Primeiro copiei só uma parte do trecho sobre o qual eu tive interesse em reproduzir e depois vendo que a parte copiada era insuficiente votei a copiar uma parte maior, mas não colei sobre o que já havia copiado e assim um parágrafo ficou em duplicação e também um link.

      E outra correção que menciono aqui diz respeito sobre o parágrafo final em que eu disse:

      “E eu não vejo muita razão para essas omissões. Talvez sobre como alegação para justificar o muito que foi omitido dizer que elas são sobejamente conhecidas não sendo explicitadas apenas para não se alongar no texto”.

      Ficou parecendo que eu fazia menção a omissões que eu cometi em meu comentário. Embora eu não tenha mencionado muita coisa que eu gosto de falar quando comento sobre o Plano Real, o parágrafo era mais para referir-se ao seu texto. Assim, o que eu queria dizer é o seguinte:

      “E eu não vejo muita razão para as omissões de fatos relevantes relativamente ao Plano Real que você não fez questão de divulgar neste post. Talvez sobre como alegação para justificar o muito que foi omitido dizer que elas são sobejamente conhecidas não sendo explicitadas apenas para não se alongar no texto”.

      Penso que pontos que em meu entendimento foram omitidos deveriam ser destacados para que o Plano Real fosse mais bem compreendido pela população. O que você divulgou talvez tenha tornado uma turma aqui e outra acolá um pouco mais rico, mas isto é ainda muito pouco aos efeitos do Plano Real em toda a sociedade brasileira. E é um direito da população ser bem informada.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/07/2014

  31. Sem entrar em detalhes acho o plano Real pavoroso

    Sem pé, nem cabeça.

    Feito unicamente para atender interesses pessoais e eleitoreiros, no mais puro estilo patrimonialista histórico brasileiro.

    Mal ajambrado, sem coerência interna, unicidade e rigidez estrutural deu no que deu. Uma colcha de retalhos em emendas para corrigir distorções enquanto a banda toca.

    Fora os picaretas, que tendo oportunidades de enriquecimento fácil, se refestelaram na grana do povo e da nação.

    Qualquer advogado tributarista da época sabia que TODAS as defesas fiscais estavam em cima da depreciação do valor devido, com o fim abrupto da inflação, quebrou todo mundo, estado e particulares, que ficaram nas mãos dos açambarcadores, crime lesa pátria, na minha humilde opinião.

    Não é à toa que até hoje o parque industrial brasileiro não se recompos, nem irá, pois a fila dos que não se beneficiaram com as falcatruas contra o Brasil ainda é grande e não para de aumentar.

    Dilma, acorda!

  32. O grande perigo do plano Real

    O grande perigo do plano Real foi mascarar uma tragédia com algum “ganho para o país”.

    Houve um ganho no combate da hiper inflação, sim, mas o custo deste ganho foi tão imenso tão gigantesco principalmente o custo social, que a gente fica pensando se no final o país saiu ganhando, e principalmente “quem” saiu ganhando.

    A essência do Plano Real foi trocar hiper inflação por hiper carga tributária. Mascararam a hiper inflação com a hiper carga tributária. Antes o país era corroído pela inflação e agora pela tributação. Por isto os números do Crescimento do PIB eram muito maiores até a década de 80 e depois de 1994 tem tido dificuldade de decolar. Só que é mais fácil fazer o povo engolir carga tributária excessiva do que inflação galopante. Uma questão de percepção.

    Na essência nada se resolveu, mas trocaram um problema por outro. E com a ressalva de que nesta troca sobraram 12 milhões de desempregados, aumento gigantesco da dívida interna ( 60 bilhões para 600 bilhões), apagão elétrico, e muito mais.

    A verdadeira vitória sobre a inflação só ocorrerá definitivamente  quando os gastos do poder público forem diminuídos suficientemente para caberem na carga tributária que havia antes do plano Real (25%).Só que para isto faltaria pulso para enfrentar o corporativismo do funcionalismo público, da classe política e seus salários astronômicos fora da realidade nacional. Coisa que o PSDB nunca teve realmente é pulso para enfrentar poderosos.
     

    1. O aumento da carga tributária é a razão do sucesso do Brasil

       

      Brasileiro aguerrido (quinta-feira, 03/07/2014 às 22:03),

      No longo prazo, a essência da inflação é a existência de gastos públicos acima da receita. Há duas soluções para este problema, ou se implementa uma política de redução de gastos ou se aumenta a receita. A direita preconiza a redução dos gastos. Por sorte da direita a solução que ela propõe não é aprovada. Assim a carga tributária que era inferior a 10% no início do século XX nos países mais ricos agora é superior a 35%.

      Eu disse por sorte da direita porque o aumento da carga tributária é o que traz a civilização para a modernidade. Sem a carga tributária o mundo estaria na pedra lascada. Além disso, é preciso de um pouco de civilidade para fazer sentido dividir a população em direita e em esquerda. Enfim, sem civilização, ou melhor, sem carga tributária, e a carga tributária, sob a forma de confisco ou não, sempre existiu, não haveria civilização.

      Quando Fernando Henrique Cardoso foi escolhido para Ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco, eu pensei que o Brasil teria o azar de escolher um Ministro da Fazenda demagogo. Para mim a demagogia é o que de pior existe no político. Distingo a demagogia do populismo no sentido que o populista é alguém de fácil contato com as massas enquanto o demagogo é alguém com dificuldade de contato com as massas e tenta fazer este contato mediante medidas de agrado da população. O populista sente o que ele diz. O demagogo, diz o contrário do que ele pensa apenas para agradar a população.

      A minha preocupação com o que Fernando Henrique Cardoso iria fazer à frente do Ministério da Fazenda, só não foi maior porque o período dele à frente do ministério seria pequeno, uma vez que ele assumiu em 1993 e a eleição seria em 1994. Aliás, o tempo curto dele no ministério ajudou-me a não me preocupar muito até mesmo quando ele começou chamando toda a turma do Plano Cruzado para compor o governo. Eu não gostava da turma do Cruzado que não só levara o país para a hiperinflação como destruíra a retomada do crescimento econômico brasileiro que se reiniciara na partir da intervenção do FMI em 1983, com a desvalorização do cruzeiro em fevereiro de 1983.

      Este sentimento de despreocupação perdurou até que ele chamou o G. Henrique de Barroso F. Ora, uns dois anos antes eu havia lido um artigo de G. Henrique de Barroso F. em que ele mostrava que as grandes hiperinflações que existiram na Europa central no segundo quartel do século XX só puderam ser combatidas quando se elevaram as receitas públicas. Então eu pensei um demagogo com a ajuda de G. Henrique de Barroso F. vai ser bom para o Brasil porque vai acabar com a inflação, mas vai ser ruim porque vai ensinar tudo errado para a população. Na campanha de 1994, Fernando Henrique Cardoso prometeu diminuir os impostos. Um pecado de tamanho incomensurável. Com a eleição garantida Fernando Henrique Cardoso deveria aproveitar para instruir a população. Um dos maiores feitos que ele poderia fazer seria exatamente mostrar que salvo para as pessoas que defendem interesses pessoais e pessoas sem informação suficiente sobre o assunto, a elevada carga tributária é o que de melhor pode ocorrer para um país.

      E não foi só sob o aspecto de informação que Fernando Henrique Cardoso foi prejudicial ao Brasil. O pior foi que para garantir a eleição e depois aprovar a emenda da reeleição e depois se reeleger o governo não fez tudo que era necessário para dar um pouco de lógica ao plano Real e assim não aumentou a carga tributária de modo mais acentuado (O aumento só veio ocorrer depois da eleição de 1998). E por não ter feito o que era preciso foi preciso que G. Henrique de Barroso F. segurasse o Plano Real com o dólar via juros elevados. E todos os problemas que o Brasil possui hoje é fruto da dívida pública que foi criada para resolver não se ter utilizado da carga tributária com muito mais força.

      Agora, foi o aumento da receita que melhorou a distribuição de renda no Brasil. Então como para garantir que o Plano Real não afundasse foi necessário aumentar a carga tributária, pode-se dizer que o Plano Real melhorou a distribuição de renda no Brasil. Alguns dizem que foi a queda da inflação que produziu a melhoria da distribuição de renda. Bem primeiro a queda da inflação precisou que se aumentasse a carga tributária e assim não se pode falar de um sem se referir ao outro. E hoje se sabe que para se reduzir a inflação é preciso que, caso não se utilize da carga tributária, que se aumente exponencialmente o juro. Assim, nos países de baixa taxa de inflação e com desemprego elevado, os mais favorecidos são os rentista. Então não foi tanto a redução de inflação que melhorou a distribuição de renda.

      Ressalte que no caso brasileiro uma parte da melhora na distribuição de renda foi decorrente da queda da inflação. No Brasil, um país de muita terra, com a inflação alta a terra fica supervalorizada, pois ela funciona como reserva de valor (Quem compra terra não erra, diz o ditado). Supervalorizada, a terra aumenta o custo da produção agrícola e assim os produtos da cesta básica tem um preço elevado. E que se ressalte também que no longo prazo, entretanto, este prejuízo da camada mais pobre é recompensada se houver pleno emprego porque eles vão lutar com mais força para obter um aumento do salário que compense este aumento de preços nos alimentos.

      Assim, pode ficar certo, a idéia de combater o aumento da carga tributária conta com o apoio de dois grupos muito fortes: à direita e à esquerda. À esquerda apenas se coloca aquela que não foi informada corretamente sobre o significado e efeitos da carga tributária. E à direita deve-se excluir também a direita que não é bem informada sobre o Estado. A direita bem informação sabe que o capitalismo só sobrevive com o Estado e quando mais forte o Estado melhor para o capitalismo e nada mais bem mede a força do Estado do que a sua carga tributária.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/07/2014

  33. Os vinte anos do Plano Real

    Está tudo lá, no: 

    – OS CABEÇAS DE PLANILHA (L. Nassif, 2007), com ampla e sólida bibliografia.

    Complementado por:

    – A PRIVATARIA TUCANA (A. Ribeiro Jr, 2011)

    – O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA (P. Dória, 2013)

    Com o arremate de:

    OPERAÇÃO BANQUEIRO (R. Valente, 2014)

    Eis a síntese dos Tucanos no governo. Até agora!

     

    Falta, ainda:

    – O TRENSALÃO DOS TUCANOS PAULISTAS

    – SECA DA CANTAREIRA:  A PROPINOTUCANARIA NA SABESP

     

     

     

     

     

     

  34. Aumento explosivo de dívida pública e carga tributária.

    Este foi o verdadeiro legado deste plano de ajuste. A parte o fato de acabar com  grande parte da indexação que existia (não toda), este plano abriu o caminho para o confisco de parcela expressiva da renda nacional para o governo (carga tributária de 34%) que é e será sentida por muito tempo no brasil e é um dos maiores problemas do custo brasil.

    O PSDB do FHC consegui jogar o brasil neste circulo viciosode aumento de carga tributário, ao invés de cortar os gastos públicos ( no seu governo aumentou o número de ministérios uma barbaridade e criaram um monte de despesas que não existiam). Depois o PT pegou o governo e manteve tudo o que foi feito e acrescentou algo. Mas o problema começou com o FHC, que é de esquerda também, apesar de muito cara não saber.

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