Pedalada: Bolsonaro é criticado por desviar recursos para Renda Cidadã

Jornal GGN – Tão logo Jair Bolsonaro anunciou que desviará recursos do Fundeb e do pagamento de precatórios para compor o orçamento do novo programa Renda Cidadã, figuras públicas passaram a apontar a existência de uma manobra parecida com uma “pedalada fiscal” nos planos do governo.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse que bloquear em 2% a receita líquida da União para pagamento de precatórios e usar o resto para o Renda Brasil “reduz a despesa primária de forma artificial porque a dívida não desaparece, apenas é rolada para o ano seguinte”.

Para ele, Bolsonaro parece lança mão de um “truque para esconder fuga do teto de gastos”. “Em vez do teto estimular economia de dinheiro, estimulou a criatividade”, concluiu, segundo relatos do UOL.

Ao lado de Paulo Guedes, líderes de partidos do Centro e ministros, Bolsonaro anunciou que o Renda Cidadã será feito sem furar o teto de gastos, ou seja, o governo encontraria espaço dentro do orçamento atual para compor o programa junto com a verba já destinada ao Bolsa Família. Em função da limitação, o governo decidiu tirar recursos dos precatórios e 5% do novo Fundeb.

Sobre os precatórios, o senador da Rede Alessandro Molon disse que “o que o governo está fazendo é anunciando que não vai mais pagar em dia suas dívidas judiciais, fazendo uma enorme pedalada fiscal”.

“Isso será uma bola de neve fiscal. A cada ano, o montante acumulado de precatórios aumentará algo entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. Isso é um completo desrespeito ao Poder Judiciário e ao Estado de Direito. De nada vai adiantar alguém ganhar na Justiça contra a União, já que não vai receber em vida”, afirmou, segundo o site O Antagonista.

A jornalista Flávia Oliveira usou o Twitter para se manifestar. “Apropriação de uma fatia dos recursos para honrar precatórios, com respectiva rolagem do restante, me cheira a pedalada. Os 5% do Fundeb vinculados à educação infantil estariam sob aplicação dos municípios, não da União. A intenção seria solapar os prefeitos.”

A deputada federal Tabata Amaral (PDT) também criticou o uso de recursos do novo Fundeb. “Não vamos permitir que se tire dinheiro da educação pública! O governo precisa ter coragem de enfrentar privilégios e propor uma reforma tributária justa para financiar a renda básica.”

Redação

Redação

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  • Pior do que pedalada, é metralhada...
    é o mesmo que sequestrar o futuro de muita gente com uma só metralhada fiscal e exigir que os credores da União e as crianças paguem o resgate.

  • Um absurdo retirar dinheiro de pagar precatórios.
    Aliás, a própria criação da figura do precatório já é, em si, absurda. Se um cidadão é acionado pelo Estado. União ou Município e perde, tem de se virar para pagar. Mas se ocorre o contrário, são criados prazos a perder de vista.

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