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Caro Nassif, desculpe mas

Caro Nassif, desculpe mas apesar do resultado final do golpe ser imprevisível, há em todos os seus movimentos – independentemente do ator, inclusive – uma lógica bem definida, explícita por você mesmo: o capitalismo mercadista. A infiltração dos interesses do capital privado na administração pública. O sucateamento de políticas públicas e o oferecimento, pelo estado, de oportunidade aos operadores do capital privado de ganhos em cima daquilo que é, tanto por conta da Constituição quanto de acordos internacionais dos quais nosso país é signatário, mister do estado.

Ainda se o operador do capital privado no Brasil – a quem é difícil de chamar de “capitalista” pelo caráter coronelista e colonialista que imprime à sua ação – tivesse um pouco de patriotismo, um pingo de consciência pátria, talvez se pudesse admitir privatista na administração pública em nível de consultoria. Mas nunca, por mais patriota que fosse, um privatista no comando das instituições públicas e democráticas. São orientações diferentes, interesses opostos os do que cuida do que é privado e o que cuida do que é público. Perder esse fundamento é perder todo o resto, acho.