Porque o preço do petróleo está tão baixo?

Enviado por Adir Tavares

Do Informação Incorrecta

Porque o preço do petróleo é tão baixo?

Em Junho de 2014, o preço do barril de petróleo tinha atingido 106 Dólares.

“Nunca mais teremos um preço abaixo dos 100 Dólares, os tempos do petróleo barato acabaram” foram as palavras dos especialistas. De facto, o barril tinha chegado até 144 Dólares e nada fazia prever uma queda significativa: todo o mundo económico começou a fazer previsões tendo como base um preço acima dos 100 Dólares.

Ontem o barril foi vendido em troca de 30 Dólares. O que aconteceu?

Na verdade aconteceram não uma mas várias coisas. E, como sempre acontece em casos como estes, nada é tão simples como parece.

Arábia: o peão enlouquecido

Ou na Arábia Saudita enlouqueceram ou estão a interpretar um papel: guerra no Yemen, financiamentos para o Estado Islâmico, pacto secreto com o arqui-inimigo israel e, claro está, preço do petróleo ridiculamente baixo.
Apenas duas possíveis explicações? Talvez, vamos vê-las.

1. a Arábia decidiu aproveitar do particular momento de incerteza vivido nos Estados Unidos para desenvolver um papel de protagonista no Oriente Médio.

E que haja incerteza nos EUA é evidente: até poucos anos atrás, o caso-Síria teria sido resolvido à boa maneira americana, com botas no terreno, tropas de “manutentores de Paz”, implementação dum regime “democrático”, depois retirada para deixar atrás um País no caos. Foi exactamente isso que aconteceu no Iraque, no Afeganistão, na Líbia. Mas com a Síria a coisa está diferente: há quatro anos que Washington “quer” mas “não pode”.

Somarmos a isso um Presidente que desiludiu e que em breve será substituído (eleições em Novembro): Obama não fará grandes coisas nestes últimos meses de Casa Branca. Eis portanto que a família real de Riad decidiu jogar as suas cartas: afundo contra os xiitas da região (Yemen e Irão) e preço baixo do petróleo para…? Pois, para quê? Para estrangular a Rússia? Mas a Rússia não é o alvo da Arábia. Para estrangular o Irão? O Irão não se estrangula só com o petróleo barato. Não, o preço baixo neste alegado protagonismo de Riad não encaixa no quadro geral. Então pode ser que a explicação possa ser a sucessiva.

2. a Arábia actua como peão dos Estados Unidos, baixando o preço do crude para pôr em dificuldade a Rússia, verdadeiro objectivo desta guerra de preços.

Isso faz muito mais sentido. E as aventuras bélicas de Riad fazem parte da bem conhecida estratégia do caos tipicamente americana.

A Arábia faz o trabalho sujo: traz o Isis na Síria para desestabilizar o regime local, traz as tropas de radicais islâmicos até as fronteiras do Irão, traz o Isis no interior dum Iraque que estava a afastar-se de Washington, ataca um País (o Yemen) que é miserável mas que está do lado político errado (perto do Irão) e num ponto geográfico errado (às portas do Mar Vermelho). Miserável e azarado.

Definitivamente, a segunda hipótese parece fazer bem mais sentido.
Mas que tal um mix das duas explicações? Um desempenho (talvez provisório e/ou aparente) dos Estados Unidos da região, concordado com uma Arábia que ao mesmo tempo está desejosa de desenvolver um papel central no Oriente Médio, começando com a eliminação da oposição xiita (condição que satisfaz também os EUA): uma casa real já não apenas fornecedora de petróleo mas também entidade agregadora política e religiosa. Afinal, os três protagonistas regionais (Arábia, EUA e israel) têm muito em comum e, sobretudo, têm inimigos em comum: um Irão apoiado pela Rússia (e aqui faz sentido o petróleo barato como arma).

Se o joguinho funcionar, boa parte do Oriente Médio ficará suficientemente “ocidentalizado” e controlado, mesmo permanecendo islâmico (sunita). Tudo sem que um único soldado de Washington tenha que sujar as botas com a areia (a não ser aqueles enviados no Iraque para apanhar as moscas do Isis).

Se o joguinho funcionar… mas será mesmo assim? E ao longo de quanto tempo a Arábia pode permitir-se preços tão baixos? Porque a moeda tem dois lados.

Com preços como estes, a China adquire cada vez mais petróleo saudita (bem barato) e abandona aquele russo, um pouco mais caro. Os Russos perdem? Depende do ponto de vista: perdem (temporariamente) vendas, mas ganham em armazéns, que ficam cheios. Tentamos ver a coisa numa outra óptica: os Sauditas vendem petróleo com uma margem de lucro praticamente nula, os Russos acumulam crude que poderá ser vendido a preços bem melhores uma vez passada a tempestade.

Será que em Washington não sabem disso? Sabem, sabem… Significa isso que Washington espera “arruinar” Moscovo no prazo de poucos meses? Altamente improvável: a Rússia não é a Venezuela, há mais do que petróleo. Há o gás, por exemplo, e muito. Uma imensidade de gás que a Europa, por exemplo, continua a comprar.

O que Washington pode esperar é pôr em algumas dificuldades Moscovo, não mais do que isso. Mas, em troca, arrisca matar no berço a sua mais querida criatura, o shale oil: vale a pena?  

Outsider: o fracking

Simpática a explicação não é? Simpática mas um pouco “simples”, porque pressupõe a existência de grandes amigalhaços, com os mesmos projectos e em perfeita sintonia. Assim não é.

A Arábia Saudita é petróleo e tâmaras. Enquanto é possível condicionar o resto do planeta com a produção de petróleo, com a exportação de tâmaras a coisa já é mais complexa.

A indústria americana do fracking projectou os seus investimentos tendo como base a previsão de que o petróleo iria permanecer na faixa de 70 – 130 Dólares por barril: os EUA gastaram mais de 5.000 bilhões para exploração e desenvolvimento. Isso produziu uma enxurrada de petróleo, o que reduziu a quota dos produtores da OPEP no mercado. A Arábia Saudita estava a perder terreno em relação aos seus concorrentes, tanto da OPEP quanto do fracking.

Hoje, na base do colapso dos preços do petróleo, podem estar factores económicos: o excesso de oferta da matéria-prima face a desaceleração económica global e o valor do Dólar. O aumento do valor do Dólar tem sido especular face a diminuição dos preços do petróleo, porque o petróleo é negociado em Dólares. Isso é: os Países com outras moedas, para comprar petróleo, devem primeiro comprar Dólares, que desta forma se torna uma moeda mais procurada e portanto aumenta o seu valor.

Dólar mais caro significa petróleo mais caro: então a procura do petróleo desce e os produtores têm que reduzir a extracção para manter o preço estável. Em tempos de estagnação económica, como acontece nestes anos, seria normal reduzir a produção. Mas isso não aconteceu: na verdade, a produção de petróleo bruto aumentou apesar da recessão. Porquê? Porque a Arábia Saudita elaborou um plano para eliminar os produtores de óleo de xisto (shale oil) e recuperar a parte de mercado perdida.

Seria um grave erro subestimar este factor: do ponto de vista da Arábia o petróleo é tudo. Além das tâmaras, claro. Com o preço atingido ontem, 30 Dólares por barril, a industria do shale oil ficaria exterminada ou quase (extrair petróleo com o fracking é bem mais caro do que com o método clássico dos poços), mas os Sauditas também têm os problemas deles: a margem de lucro por cada barril cai de forma abrupta, até o ponto que a casa de Riad  precisa de abrir os cofres para atingir as reservas após ter destruído o seu orçamento.

Já 80 Dólares por barril seria conveniente do ponto de vista saudita mas continuaria a conceder margem de manobra para o fracking. Solução optimal? Entre 50 e 60 Dólares por barril. Esta seria a faixa de preço que eliminaria o shale oil mas não sobrecarregaria demais as finanças árabes.

Todavia há um problema. Por causa do preço reduzido, mais de mil torres de fracking foram eliminadas nos EUA (e adeus autonomia petrolífera proclamada pelo simpático Obama), todavia a produção de óleo de xisto ainda não parou. E nem vai parar. Por qual razão? Porque o agricultor que descobriu ter petróleo debaixo do seu campo antes recebia 50.000 Dólares por mês da companhia petrolífera, hoje recebe apenas 5.000 Dólares (porque a companhia teve que cortar os preços para sobreviver): mas do ponto de vista dele são sempre 5.000 Dólares que entram em caixa sem mexer um dedo. As companhias continuam a produzir, com uma margem mínima e sacrificando a pesquisa, no entanto sobrevivem à espera de tempos melhores.

Resultado: preço nos 30 Dólares e Arábia Saudita que queima dois bilhões de Dólares por semana para cobrir os buracos orçamentais. É uma situação que a casa de Riad não pode manter ao longo de muito tempo: a guerra contra o shale oil parece ter sido parcialmente perdida.

Também porque nestes dias Teherão apresentou, perante uma plateia de 137 empresas estrangeiras, novos modelos contratuais para a exploração das reservas de petróleo e gás que as autoridades locais pretendem aplicar já em 2016. Com termos contractuais mais favoráveis (em particular, a duração dos contratos que passa de 5 para 25 anos), o Irão tem o objectivo de aumentar a sua produção de petróleo de 2.9 milhões de barris por dia para 4.7 milhões de barris (isso também explica toda a pressa que a Arábia tem tido para abater o regime iraniano).

Perdida (parcialmente) a guerra contra o shale oil, com o Irão a dobrar a produção atraindo investidores estrangeiros, é normal que o preço do petróleo volte na casa dos tais 50-60 Dólares por barril já neste ano. Isso permitiria ganhos aos produtores tradicionais mantendo em sofrimento os novos produtores de petróleo de xisto. O que parece a solução optimal, apesar desta representar uma derrota do ponto de vista da Arábia, disso não há dúvida.

A China

Arábia, Irão, Estados Unidos, Rússia… não estamos a esquecer alguém? Ah, pois: a China!

Como já realçado, a China atravessa um momento de dificuldade. E a China é o maior importador mundial de petróleo. O que aconteceria nesta altura se o barril voltasse aos “clássicos” 100 ou mais Dólares? Falamos dum País que já enfrentou dificuldades para encontrar gasóleo suficiente para pôr em marcha os seus camiões.

A verdade é que a China está sedenta de petróleo, precisa desesperadamente dele para que a sua máquina de produção continue a funcionar. Máquina de produção “sua”? Não: máquina “nossa”. Façam um inventário mental para lembrar quantas empresas ocidentais investiram (e de que maneira!) no mercado chinês; espreitem nas lojas, na parte debaixo dos objectos à venda, e vejam quantas vezes aparece o “Made in China”. Pensem na miríade de importadores, nas unidades de produção lá deslocadas.

A simples verdade é que o preço baixo do barril tem ajudado até agora Pequim a atravessar uma das piores alturas económicas dos últimos anos. Uma ajuda muito, muito preciosa. Ninguém deseja que a máquina chinesa se parta, nem os Americanos (sobretudo eles), porque o resultado seria catastrófico. Numa economia doentia e globalizada como a nossa, a falha da fábrica do mundo poderia trazer consequência inimagináveis.

Pode ter sido esta uma das razões do preço baixo do petróleo? Difícil responder, ninguém fala do assunto. Mas a ideia dum barril barato para fazer falir a Rússia parece algo um pouco …”naif”. A Rússia não irá dobrar-se por causa do preço do petróleo, pois a Rússia não é só petróleo (a Arábia sim, é só isso). O Irão, como acabamos de ver, está a preparar-se para aumentar a produção e pôr em dificuldades os Árabes com ofertas bem mais aliciantes. O shale oil sobrevive (mal e apenas por enquanto). E, no meio disso, a Aramco está a ser vendida e passará nas mãos de Wall Street (toda não, custa demais). Talvez seja o caso de não subestimar a situação económica chinesa para justificar também um barril tão barato.

Mas quanto petróleo há?

Mas num mundo como o nosso, que queima petróleo duma forma assustadora, quanto petróleo em excesso existe actualmente? A resposta varia consoante as fontes. Não só: mas é preciso também considerar o actual nível de produção (que não depende apenas da Arábia) e o andamento da procura ao longo dos próximos meses. O que é “excesso” hoje pode ser “escassez” amanhã ou até “hiper-excesso”.

Tentamos fazer duas contas.

No total, dizem os analistas, há um excedente de 2 milhões de barris de petróleo por dia. Isso é: a cada dia são produzidos 2 milhões de barris de petróleo que ultrapassam a procura mundial. Toda culpa da Arábia? Até um certo ponto: é verdade que os Sauditas estão a bombear como desgraçados (e são os maiores produtores agora), mas também é verdade que:

  • o Irão não corta a sua produção; pelo contrário, como vimos tenciona duplica-la, ou quase, no prazo de alguns meses;
  • no período Janeiro-Agosto do ano passado a produção de Rússia, Canada e Brasil cresceu 2%: para 2016 as previsões indicam que Brasil e Reino Unido (este com o brent) continuarão o crescimento até meados do ano;
  • no Canada e nos EUA começa a ser visível o efeito do preço demasiado baixo: menos 1 milhão de barris de shale oil por dia neste ano (em 2015, com o petróleo de xisto, os EUA tinham-se tornado os primeiro produtores mundiais de petróleo).
  • a procura de petróleo nos Países Ocidentais está em queda, e não desde hoje. A Europa consumia 671 milhões de toneladas de crude em 2004, 10 anos depois o nível é de 549 milhões: -20% em 10 anos. Mesmo discurso nos EUA.

Para que o excesso de petróleo (que é real: os armazéns das reservas – 1.400 milhões de barris – estão cheios ate os limites) desapareça, é precisa pelo menos uma das duas seguintes condições:

  1. que alguém corte na produção
  2. que a procura aumente.

Acerca do segundo ponto o discurso parece estar fechado. Com a China em dificuldade (maior comprador mundial), não se vê ninguém que possa substitui-la.

Acerca do primeiro ponto a questão é mais complexa. EUA e Canada já baixaram a produção (e não de forma voluntária: simplesmente, o investimento já não compensa) e isso terá os seus efeitos (- 1 milhão barris/dia). Para a segunda metade de 2016, como afirmado, é previsto que apenas Brasil e Reino Unido (e talvez a Rússia, mas é improvável) continuem nos actuais níveis, pelo que a oferta deverá ser mais reduzida e o preço deverá subir (esta não é nenhuma notícia “censurada”, é suficiente ler um qualquer relatório, como o da Morgan Stanley).

Subir quanto? Não muito, provavelmente em volta de 50 Dólares/barril. Não mais, porque caso contrário o shale oil dos EUA poderia tornar-se competitivo. E, em qualquer caso, só na segunda parte do ano. Portanto, e por enquanto, prováveis ainda 6 meses de preços baixos, talvez até 20 Dólares/barril (parecia um disparate esta previsão da Goldman Sachs feita no final do ano passado, mas pelo visto…). Por qual razão 20 Dólares ao barril? Porque algumas empresas americanas de shale oil poderiam resistir até a fasquia dos 25-20 Dólares.

Possíveis mais de 6 meses de preços tão baixos? Não. Com preços como estes entra em risco a finança: 50% dos títulos emitidos pelas companhias energéticas podem ficar sem coberturas e falamos aqui de 180 biliões de Dólares. Seria o montante mais elevado após a crise de 1939.

Resumindo…

Resumindo: neste artigo podem encontrar tudo e o contrário de tudo. Arábia contra o shale oil americano, Americanos cúmplices da Arábia para manter o preço baixo, Rússia em dificuldades, Rússia que ganha… lamento, pessoal, esta é a nossa sociedade, é assim que funciona.

Queremos fazer um pouco de luz? E vamos a isso. Mas para que tal aconteça, esqueçam a história do preço baixo para fazer falir a Rússia: esta não pode ser (e não é) a única explicação, em jogo aqui há muito mais do que isso.

A Arábia Saudita quer eliminar a concorrência porque sabe que os próximos tempos serão muito complicados. O objectivo é o Irão, contra o qual está a atirar não apenas petróleo barato mas armas com jihadistas em anexo. Neste aspecto, a Arábia tem pressa, uma pressa danada porque o acordo sobre o nuclear entre Irão e EUA (e o fim das relativas sanções) arrisca ser um golpe muito duro.

Outro objectivo é o shale oil: em 2015 Riad perdeu o primeiro lugar como produtor mundial de petróleo e isso mina o seu papel de (quase) monopólio no mercado do crude.

Os EUA? Esperam. Afinal só podem ganhar duma luta entre “inferiores”. Perdem o shale oil? Pouco mal, quem sabia (Rothschild, Blackrock, etc.) já tinha retirado o seu dinheiro dos activos petrolíferos, quem perde agora são os peixes pequenos. E o shale oil não desaparece, fica sempre aí, debaixo da terra. Quando a situação melhorar, será extraído outra vez. Entretanto os Sauditas são obrigados a vender as joias de família, como a Aramco. Wall Street agradece, isso bem vale o coma do shale oil.
Entretanto encaixam uma Rússia em temporária dificuldade (isso sim, vende menos petróleo do que antes).

A Rússia? Não irá falir por um barril vendido em troca de 30 Dólares, nem 25 ou 20. A situação é parecida com aquela dos EUA: fica à janela e observa. A China compra dos Sauditas? Sim, por enquanto sim. Mas voltará a tocar a campainha, é só questão de alguns meses: e os armazéns russos estão cheios, será só fazer caixa.

E a propósito da China: se a Arábia tem pressa, Pequim não brinca. Desvalorizar o Yuan pode funcionar ao longo duns tempos, mas não muito. Ou encontra uma saída e bastante rápida ou quando o petróleo voltar a subir (final do ano?) serão dores. Para todos.

Redação

27 Comentários

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  1. Toda vez que pretende começar

    Toda vez que pretende começar uma guerra os EUA forçam a baixa do preço de petróleo para poder estocar o principal insumo da guerra moderna. Sem petróleo, sem guerra. Os norte-americanos sabem disto e também sabem que é uma estupidez comprar e estocar grandes quantidades do produto a preços exorbitantes quando precisará gastar rapidamente o excedente comprado. 

    Também é evidente a intenção dos EUA de ferir mortalmente a economia russa, inimigo escolhido pelos EUA. O Pentágono está construíndo bases militares e deslocando equipamento bélico para o fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Ninguém faz isto porque quer paz, mas porque a guerra é tida como inevitável (ou já começou em termos econômicos, com possíveis desdobramentos militares).

    Raramente os analistas levam estes detalhes em consideração. 

     

  2. Complicando um pouco mais

    Vou complicar mais ainda o texto, apresentando outros pontos que precisam ser considerados:

    – A Arábia Saudita tem m custo de produção muito baixo se o nosso pré-sal tem o custo de U$ 9 o barril, lá deve estar na faixa de U$ 4. Porém como eles só produzem petróleo e tâmaras, todo o resto precisa ser importado, então o problema lá não é o custo de produção, mas sim o equilíbrio das contas do país;

    – O fracking, nos EUA, estava indo muito bem, apesar dos sérios danos ambientais. Porém tinha um problema: a produção era feita por pequenas empresas locais, o que não interessa muito à elite dominante;

    – Apesar de toda a história ocidental citar a inviabilidade do comunismo como a causa, o que quebrou a antiga União Soviética não foi o comunismo, mas sim a queda nos preços do petróleo orquestrada pelos EUA e a OPEP na década de 70;

    – A Arábia Saudita é um dos principais fornecedores de armas no Oriente Médio, apesar de não as produzir. Funciona como um proxy dos EUA, disfarçando seus interesses e permitindo a venda para países e grupos que eles não poderiam vender diretamente;

    Juntando estes pontos com os já citados no texto, tenho uma proposição que considero considerável para explicar a queda nos preços:

    A Arábia Saudita tem sérias pretensões de grandeza na região, que estavam sendo eclipsadas por Síria, Líbia e Irã. A Líbia foi um dos primeiros alvos, e simplesmente deixou de existir, o Irã está há muitos anos sobre sanções que simplesmente impedem que participe do mercado mundial de petróleo, sobrando a Síria, com o Assad. A maioria das pessoas não sabe disso, mas o padrão médio de vida na Síria antes da “revolução” era bem melhor do que a média da região, e as empresa petrolíferas eram estatais, garantindo que os lucros ficassem no país e fortalecendo o regime deles.  

    Então os EUA fazem um grande acordo com a Arábia Saudita, considerando os seguintes pontos:

    Eles baixam o preço do petróleo, atingindo a Rússia, como um dos maiores exportadores do mundo. Em troca, os EUA incrementam a venda de armas para eles, aumentando o faturamento nesse comércio, com o incentivo adicional do ISIS, que faz com que todos os países da região comprem mais armas para se defender. Porém é claro que esse aumento não justifica a baixa no preço, mas eles oferecem algo mais: a Síria desconstituída e a cabeça do Assad em uma bandeja, de forma que possa ser dominada por eles, e suas empresas petrolíferas, em sociedade com as dos EUA. Com isso eles atacam dois inimigos ao mesmo tempo, e os ganhos no longo prazo justificam as perdas atuais. Por isso a insistência dos EUA de que “Assad must go”, é uma questão de compromisso assumido.

    Quanto ao Irã, imaginem a situação: após décadas de sanções, quando finalmente podem vender seu petróleo, os preços estão no menor patamar possível, impedindo que retomem a indústria e o país possa voltar a crescer.

    Para os EUA, o único problema é a quebra da indústria de fracking, mas na verdade ela não vai quebrar. Quem vai quebrar são as pequenas empresas, altamente alavancadas, e que não vão conseguir pagar seus empréstimos e serão vendidas baratinho para as grandes, que vão “sentar” em cima dos poços e aguardar a retomada dos preços. Com isso eles voltam a depender do petróleo do Oriente Médio, mas em uma situação confortável, pois os preços estão baixos, e quando voltarem a subir eles simplesmente começam a explorar seu petróleo novamente.

    Porém, o Putin começou a colocar areia nos planos deles, pois sua intervenção na Síria foi perfeita. Acabou com a festa dos EUA, que sob a desculpa de conter o ISIS, na verdade estava contendo o exército Sírio. A maioria não reparou nisso, mas enquanto era só o ISIS contra o exército Sírio, eles não ganhavam nada. Só começaram a ganhar terreno quando começaram os bombardeiros americanos para conter o ISIS. Da mesma forma agora, os mesmos bombardeios que antes não resolviam nada, depois que a Rússia entrou na festa começaram estranhamente a funcionar, pois senão passariam por completos idiotas perante todo o mundo.

    Só que com a entrada da Rússia e a possibilidade de estabilização da Síria, os ganhos de longo prazo podem não ocorrer, pois “Assad may not go”, e com isso todo o esforço da Arábia Saudita vai por água abaixo.

    Quanto à China, está quietinha como sempre cuidando dos seus interesses, e a preocupação com o preço do petróleo foi parcialmente resolvida com acordos comerciais com a Rússia, que está com os tanques cheios e doida para aumentar as vendas de petróleo para a China, em troca dos produtos que a Europa deixou de vender para eles por conta das sanções. Também está negociando acordos comerciais com o Irã, bem ali do lado e ávido para vender para eles.

    Então os grandes perdedores dos movimentos geopolíticos dos últimos anos foram a UE, que em plena crise se viu às voltas com um desastre humanitário com os refugiados, além de problemas de abastecimento de alimentos, petróleo e gás devido às sanções aplicadas à Rússia, os Líbios que viram seu país virar terra de ninguém, e provavelmente a Arábia Saudita, que está canibalizando suas reservas e provavelmente vai ficar de mãos vazias, vendo os principais concorrentes, a Síria se recompor e o Irã voltar a ser relevante na região.

     

    1. Os sauditas respondem por menos de 30% das exportações da OPEP

      Sem o cartel sua influência nos preços internacionais é limitada, pois existem grandes exportadores de fora do cartel, como a Rússia, Canadá, Noruega e México.

       Abrir um poço de fracking custa alguns milhões de dólares, as companhias que exploram com fracking são detentoras de centenas ou até milhares deles, muitas são avaliadas com ativos na ordem de US$ bi, isso não é propriamente uma pequena empresa, mesmo para padrões americanos. Pequena empresa é mercearia, lanchonete, padaria, etc.

      O fracking ia bem só nas aparências, as companhias estavam altamente endividadas (ainda estão) e a quebra era uma questão de tempo, a baixa dos preços abreviou o momento, cerca de quarenta entraram em falência no ano passado.

       

  3. petróleo barato

    Adir,

    Surge finalmente uma matéria equilibrada , opinião crível sobre a situação atual e perspectivas de médio prazo dos principais atores do mundo do petróleo.

    Entende que a faixa que vai de U$ 50 a U$ 60/ barril é bom parâmetro para ser considerado em cerca de seis meses, ou seja, uma perspectiva positiva para aqueles capazes de extrair por preço abaixo dos U$ 50 /barril, o caso da Petrobras e outros grupos do setor.

  4. Críticas

    Vejo alguns pontos falhos na análise:

    – A briga da Arábia Saudita contra o Shale Oil americano é um fato. Porém o progresso tecnológico permitiu reduzir sensivelmente o custo de produção do Shale Oil nos EUA, para menos de 50 UDS por barril (não estou considerando o impacto ambiental, somente os aspectos financeiros). Ou seja, o petróleo tem que manter-se abaixo de 40-45 USD para que não haja retomada da prospecção e exploração.

    – Não acredito que a política do petróleo barato seja uma estratégia para aliviar a barra da China. A produção industrial caiu por conta da queda da demanda nos países industrializados a partir da crise de 2008-2009, e também devido ao aumento do custo da mão de obra, o que torna a China menos competitiva com relação ao outros países (Ásia do sudeste, Indonésia, etc.). Além disso, grande parte da indústria chinesa ainda é movida a carvão e não petróleo. O preço baixo do barril traz evidendemente um alívio à situação chinesa, mas esse alívio não me parece significativo o suficiente para justificar movimentos geopolíticos como os mencionados no texto.

    Tirando isso, muitos pontos interessantes foram levantados no artigo, que demonstra claramente a complexidade geopolítica da questão do petróleo e as interações entre interesses e estratégias dos vários players nesse jogo. Não é à toa que no início do século passado já falava-se em Great Game entre a Inglaterra e a França no Oriente Médio, tudo em volta dos campos petrolíferos da região.

  5. enfim, uma linguagem fácil de

    enfim, uma linguagem fácil de entender, embora

    um pouco castiça para o meu gosto……

    plurívoca..

    raro na grande mídia golpista

  6. O barril de petróleo pode

    O barril de petróleo pode abaixar para 1 dólar , mas a gasolina, gás de cozinha,diesel, ate o álcool  vão subir de preço.

    1. Quer controlar preços?
      Não
      Quer controlar preços?
      Não reclamava quando O Governo controlava o preço PARA BAIXO?
      Agora qual é a reclamação? A sim, o preço está LIVRE, um problema muito sério.

    2. OH! SEU LIBERAL! LEI DA OFERTA E DA PROCURA

      Me admiro que o direitona não conheça esse básico da economia…

      Deixa todo mundo começar a comer capim para ver o que acontece com os preços das gramíneas!

  7. “2. a Arábia actua como peão

    “2. a Arábia actua como peão dos Estados Unidos, baixando o preço do crude para pôr em dificuldade a Rússia, verdadeiro objectivo desta guerra de preços”:

    Sim, mas nao eh por “colaboracao” nao, independente da razao saudi.

    A queda do preco do petroleo eh a mesma queda do preco dos minerios brutos brasileiros na crise de 2008 por exemplo, e eh causada somente por uma unica razao e nenhuma outra:  pra esconder crise financeira dos paises “centrais”, i.e., dos Estados Unidos.  Toda vez que pais comprador de materia bruta esta em crise os precos do que compram abaixam laaaaaaa pra baixo.

    Gostaria de dizer que a Russia (!) foi uma razao considerada pra baixa do petroleo, mas…  nao foi nao.  Crise financeira escondida, isso sim.

  8. Então…………..

    Não possuo conhecimento sobre geopolitica, e sendo assim, meus comentários são em cima de suposições, ilações e curiosidades.

    Sobre o tema, pelo que leio, é de se considerar que o petróleo sempre foi usado como arma politica, e o boicote da OPEP anos atrás, foi exatamente mostrar  isto.

    Sobre as várias hipóteses levadas pelo autor, tudo é factível, pois o que estamos vendo é uma luta fraticida entre as nações para ver quem ditará as ordens doravante. 

    O império está agonizando, e fará de tudo para não descer do pódio, e as análises sobre o que farão Russia, China, Irã e Arabia Saudita, não esquecendo de Israel, são na minha leitura, uma incognita, tendo em vista a zorra em que se encontra o planeta.

    Faltou citar no artigo, a Venezuela, que tb é uma peça importante no jogo do xadrez, tendo em vista sua dependência/indepedência na produção de petróleo. 

  9. Uma pesquisa rápida.

    Valores médios aproximados:

    Gasolina 01/2014 = R$ 2,90

    Dólar 01/2014 = R$ 2,40

    Gasolina 01/2016 = R$3,70

    Dólar 01/2014 = R$ 4,00

    Em dólar o preço está até menor, mas não reflete a queda nos preços do petróleo. Será que viveremos para ver?

    1. E por que deveria refletir?

      Se a nossa companhia petrolífera é monopolista, então que importa o valor de mercado do barril? O preço da gasolina é o que o governo determina, e pronto.

      Nosso problema é que o petróleo é nosso. No dia que o petróleo deixar de ser nosso, e se tornar propriedade de companhias que tem que concorrer entre si, então o preço da gasolina nas bomas vai refletir o valor de mercado do barril.

      1. Ótimo! Você que acredita

        Ótimo! Você que acredita tanto em empresas estrangeiras, aqui vai uma sugestão de amigo-da-onça: compre planos de todas as telefônicas, faça seguros apenas com empresas estrangeiras, mude seu plano de saúde e ah não se esqueça- pare de pagar sua contribuição para a aposentadoria para o INSS e faça um plano de pensão desses privados. E boa sorte!!!

      2. Hã?

        Não existe monopólio de petróleo no Brasil desde 1995… Por que o sr. acha que nenhuma petrolífera se instalou aqui para derrubar nossa “ineficiente” companhia? Por que as petrolíferas estrangeiras só querem se associar na extração do óleo cru?

        Ainda há muito mais a considerar, mas por enquanto vá se informar melhor…

  10. economia mundial

    Alguem poderia me ajudar com uma boa fonte sobre o crescimento da economia mundial em 2015? Um amigo teima em dizer que a maioria dos países cresceu, que o Brasil está na contramão do mundo. De fato só encontrei fontes nas quais as principais economias realmente cresceram.  Alguem pode ajudar com esse tema?

     

  11. Petróleo e dólares

    .  No início da década de 70, quando da criação da OPEP, o petróleo custava dois dólares por  barril. A nova organização subiu o preço rapidamente para 6 dólares e, antes do início dos anos 80, já estava encostando nos 10 dólares.  Bem, mas quando surgiu a OPEP, os Estados Unidos ainda honravam o compromisso de Bretton Woods, e a onça de ouro estava a 32 dólares, ou seja, 16 barrís por onça. Pois no momento são necessários mais de 40 barrís para comprar a mesma onça de ouro. Nas minhas contas, hoje o barril vale menos da metade do que valia quando os produtores se reuniram para defender seus interesses. Quem lucra com isso? Não é a Petrobras, nem a Venezuela, o Irã, ou a Russia.

  12. Por que o petróleo caiu de preço?

    Imagem de Peter A.G. van Bergeijk

    Porque houve queda na demanda, é isto, a explicação mais elementar para queda de preço em escala mundial numa economia de mercado, conspirações e complôs não passam de argumentos fantasiosos. Não houve decisão da OPEP para aumento de oferta e sim da sua manutenção, os sauditas sozinhos não podem mover um complô fora do cartel da OPEP. Se não houve aumento de oferta, então é a demanda que explica a queda de preço.

    O gráfico acima ilustra o que está se passando na economia mundial, ele faz parte do último relatório de conjuntura do FMI, que prevê uma queda de 4,9% na economia em 2015. Nos últimos quarenta anos houve cinco contrações do PIB mundial, a prevista para 2015 é a segunda maior depois de 2009, que teve 5,3% de queda, ambas estão bem acima da queda de 2% em 1982. Há muito que não se via quedas tão altas na economia mundial.

    As matérias primas tiveram uma queda geral de preços, teria de haver um complô dos cartéis que controlam cada uma delas, para explicar pela via da conspiração essa queda geral, é mais simples explicá-la pela retração da economia mundial:

    A crise financeira que eclodiu em 2008, no EUA e a seguir na Europa, causou a recessão em 2009 que afetou basicamente esses países, a periferia e os “emergentes” não foram afetados de imediato. Se tomarmos o demanda de petróleo como indicador, veremos que o consumo dos países da OCDE, os países ricos, entre 2007 e 2014, caiu mais de quarto e meio milhões de barris diários; no mesmo período, o consumo dos países fora da OCDE, a periferia pobre e “emergente”, cresceu em dez milhões de barris diários, superando os países ricos ligeiramente em 2013 e em mais de dois milhões de barris diários em 2014. Foi a demanda da periferia e dos “emergentes” que manteve os preços do petróleo altíssimos até 2014, a queda da demanda de petróleo, e também das matérias primas, mostra onde a recessão mundial agora bate forte. A crise econômica se espalhou, não tem mais marolinha.

  13. Forçaram a mão e perderem o controle.

    Há mais fatores que se pode induzir e outros completamente opacos.

    Primeiro, não sei se estava no programa da Arábia Saudita baixar a algo em torno dos US$30,00 o barril, mas sim algo em torno de US$40,00 a US$45,00. Seria um preço que ainda daria lucro aos sauditas e esculhambaria com o shaile oil. O problema que o movimento pegou os USA com estoques altos de petróleo e ainda um inverno relativamente ameno tanto nos USA como Europa. 

    Com um inverno ameno os estoques não estão baixando e o preço continua na mesma direção, ao terminar o inverno a pressão não ocorrerá e o preço ficará baixo.

    Há também a luta sucessória na Arábia Saudita, tem um monte de pretendentes ao trono, o atual rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, tem oitenta anos, e não houve disputa quando morreu o antigo rei, exatamente porque o novo não era tão novo assim. Logo esta política de preços agora pode estar procurando prejudicar alguém dentro da casa real saudita.

    O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Muhammad bin Salman, filho do atual rei tem um perfil nada convencional para padrões sauditas mas muito agradável ao exterior, ele pensa em vender parte da ARAMCO, criar um imposto sobre o consumo (IVA) e vender terrenos caríssimos perto da capital para implementar o turismo, privatizar serviços básicos como água e telefone, eliminar subsídios na gasolina e demitir um monte se funcionários públicos,  achando que criará com sua reforma tipicamente neo-liberal, novos empregos em outras áreas(?).

    O déficit orçamentário da Arábia Saudita em 2015 foi de 15% do PIB, e as reservas estão começando a ir. O preço baixo do petróleo permite que todas estas reformas neo-liberais sejam discutidas pela família real (o resto da população não pode nem discutir)

    Talvez o preço do petróleo seja uma combinação de todos estes fatores, ou serão conhecidos no futuro ou não.

    Agora o que é certo a indústria do shale oil está indo para o saco, e o futuro da dinastia Saud com todas estas reformas previstas fica um pouco insegura, todo este pano de fundo contra o Irã é uma forma de desviar do assunto das reformas. Só para acrescentar imposto de renda nem sobre patrimônio nem se fala.

    1. A própria imprensa conservadora norte-americana vê nuvens no …

      A própria imprensa conservadora norte-americana vê nuvens no horizonte saudita.

      Tobin Harshaw, um analista da rede Bloomberg escreve um artigo muito interessante intitulado “Saudi Arabia Has Bigger Problems Than Iran” em que baseado nas últimas execuções que aumentam ano a ano e em algumas desastradas intervenções do Príncipe (principalmente contra o Yemem), prevê que a situação política da Arábia Saudita não é tão estável assim.

      O impressionante gráfico de número de sentencas e número de exacuções mostra um recrudescimento da repressão política na Arábia Saudita, não só Xiita junto aos grandes depósitos de petróelo como ao sul por sunitas.

      Como o grau de liberdade naquele país simplesmente não existe, é muito difícil ter alguma base melhor, mas como diz o articulista coisas como a Primavera Árabe e a queda de Mubarak no Egito preocupa em muito o reino.

      Uma revolta na Arábia Saudita teria consequencias geopolíticas imensas pois como produzem 20% do petróleo do mundo pode virar tudo de cabeça para baixo, inclusive petróleo passando de US$140,00 o barril.

      Aguardemos mais sinais com cuidado, pois para um povo que tinha um seguro desemprego dado por empregos públicos, não pagavam impostos, deixavam o ar condicionado ligado quando saíam de férias, e mais um monte de exorbitâncias, qualquer ação contra isto e mais a retirada de benefícios para os mais pobres, tudo pode ocorrer.

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