PT, QUEM TE VIU QUEM TE VERÁ?

O PT erra ao manter apoio a Cunha ou votar em peso contra a prisão de Delcidio, o que afunda ainda mais sua credibilidade.

Sabe atacar, mas se perde na hora de se defender. De fato, é muito mais perseguido pela mídia que os demais (sempre foi). Tampouco se vê a mesma celeridade da Justiça quando a coisa é com o PSDB. Mas se quiser mudar isto, teria mais força se fizesse a lição de casa. Não dá para continuar se defendendo só em cima dos outros. Soa esquizofrênico.

É importante saber de Aecio sobre suas relações com André Esteves (que bancou sua lua de mel em NYC) ou que as investigações na Petrobras pudessem se estendidas (lembrando que foi o Delcidio ainda tucano quem pôs Cerveró na estatal). Só que isso não exclui o que o PT tem a dizer sobre suas próprias lambanças.

Afinal, qual a linha de defesa? (1) Se é tudo invenção da mídia, então não existe corrupção no Partido (caso único no mundo), só nos outros; (2) Ou o contrário, que a corrupção é sistêmica, então todos fazem. Uma anula a outra.

Mas o que não se viu até agora, desde o mensalão, foi alguma iniciativa séria de autocrítica ou depuração do Partido em cima do que vem acontecendo dentro da sua própria casa. Se tivesse feito isso, teria muito mais moral para cobrar o mesmo dos outros, que também não estão com essa bola toda. E muito mais respaldo para pautar, ao invés de só ser pautado.

Isso se o PT vier a ser PT, não apenas a cúpula ou os que estão mais acima. Ou seus 1,5 milhão de filiados e outros milhões de militantes também acham que está tudo bem?

Depurar dói, embora muito mais para aqueles a serem depurados. Do jeito que está, dói para todos.

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O PT e como se chegou em Delcídio.

    O PT e a cômoda posição de partido único e Delcídio Amaral.

    A discussão sobre o PT de hoje remonta ao tempo de vacas gordas do Partido, quando a popularidade do Governo era alta, até antes de junho de 2013 e nós vivíamos o período, vivemos ainda, que bem foi definido pela Presidente da ANJ (Associação Nacional dos Jornais) em 2010, como o período da Oposição fragilizada e que por isto caberia a Imprensa o papel de fiscalizar e ser a verdadeira oposição ao Executivo Federal no lugar dos fragilizados.

    O PT vivenciou o tempo da alta popularidade de LULA com seus mais de 87% de aprovação pessoal e continuada a aprovação na primeira metade do primeiro Governo Dilma.

    Baseou sua estratégia de Governo e Poder na ideia de que aprovação + popularidade do Governante máximo do país e ausência de oposição dão carta branca ao partido para comandar os destinos da Nação, e crendo, com a alta popularidade e aprovação de seu governo, que a Política do apoio parlamentar pela popularidade e aprovação é tudo e seria eterna.

    Não se cuidou, então, no período das vacas gordas, de promover uma Reforma Política com o fim do financiamento privado de empresas nas eleições; uma Reforma na Comunicação acabando com os monopólios da mídia e a propriedade cruzada, nem de se implementar o Direito de Resposta. O Judiciário, não teve, também, uma Reforma, capaz de criar a Eleição Direta para os membros do STF.

    Estávamos em um Mundo perfeito. Os políticos de partidos fisiológicos apoiando o partido dos trabalhadores e seu Governo.

    Quem não apoiaria um Governo com mais de 80% de aprovação?

    E no meio de toda esta aprovação o Brasil perdia a chance de avançar rumo a um Legislativo comprometido com os interesses coletivos e progressistas; e não refém de interesses privados, nos famosos Lobbies formados, através do financiamento privado das eleições, elegendo bancadas inteiras em prol do agronegócio, da bala, dos evangélicos, dos monopólios de comunicação, etc. como está na legislatura atual.

    O PT conseguia aprovar seus projetos, MPs, ajustes, etc. E estava sozinho na disputa de Projeto desenvolvimentista de País. Claro que a extrema-esquerda tinha e tem Projeto desenvolvimentista de País, só que ela não tem votos.

    O PSDB só se escorava e ainda se escora na blindagem midiática; era e é, apenas, o partido da velha mídia, não o partido de oposição, fez e faz o que a velha mídia quer. Os outros partidos? Legendas menores e/ou fisiológicas.

    As elites do Brasil já estavam insatisfeitas com o PT no Poder por tanto tempo.

    Insatisfeitas com suas políticas de inclusão e ascensão social, com a curva dos lucros indo um pouco mais para os salários e nem tanto, como antes do PT, para o bolso (lucro) do grande empresariado e dos banqueiros. A classe C estava comprando IPHONES e frequentando lugares de classe média alta, como hotéis fazenda e resorts, praias e aeroportos, indo até para Miami e Disney. Era preciso fazer alguma coisa para que este quadro de mudança social radical não avançasse.

    O PT se enfeitiçou com a ideia de ser possível uma aliança permanente entre a Burguesia e a classe trabalhadora braçal. Emprego para todo mundo e consumo em demasia. Era uma festa. Encantou a muitos de nós.

    Porém, o Capital estava perdendo seu lucro. A classe trabalhadora braçal estava querendo mais que o simples consumir! Queria um conjunto de serviços públicos de qualidade e uma qualidade de Vida para além do consumo, serviços públicos chegando até sua realidade cotidiana nas periferias, que mudou no sentido do consumo e não na qualidade do transporte, da moradia e da infraestrutura em bairros mais dignos nem na segurança pública e pouco, ainda, na questão da Saúde e o SUS.

    2012, as elites tiveram um primeiro contra-ataque forte para tentar diminuir a popularidade e aprovação do PT, por medo de perda do protagonismo econômico e social: o Julgamento do “MENSALÃO”.

    Armou-se todo aquele circo midiático das transmissões ao vivo e ininterruptas do Julgamento, as condenações sem provas do domínio de fato, empregado de forma arbitrária, só para haver condenações. Tudo milimetricamente calculado para coincidir com as etapas do processo eleitoral do Executivo e Legislativo municipais.

    O PT e sua política de partido único, afinal, a velha mídia capitaneada pela Rede Globo era quem fazia a vez de oposição, se prendeu na ideia de que mídia não tem votos e se escorou na popularidade e aprovação para aceitar o Julgamento do Mensalão em silêncio, sem a defesa prévia e contundente de seus partidários julgados e do próprio partido. Acreditava ter aprovação e popularidade suficientes para encarar o Julgamento em silêncio sem sair manchado do mesmo.

    Quem tinha que fazer às vezes de Advogado de defesa éramos nós, militância do PT ou das esquerdas, eleitores de Lula e Dilma, as pessoas encantadas com os programas sociais e avanços sociais gerados pelo Governo petista, os democratas e os progressistas.

    O PT só veio a se manifestar naquele julgamento de exceção, da Teoria do Domínio do Fato, do Julgamento sem provas e da condenação porque a Literatura Jurídica me permite, após a sentença final.

    Na defesa, se nos atermos a ela, não se pôde ver novidades. Eram as análises do Julgamento feitas de antemão nas redes sociais e nas discussões acadêmicas, simpósios, palestras, eventos sobre o tema “Mensalão” acontecidos Brasil afora. Foi como se jogasse para a torcida. Porém, os petistas já tinham sua sentença dada no STF e sem respeitar o duplo grau de Jurisdição, que tinha direito, muitos dos petistas.

    E até hoje não temos uma certeza de que há solidariedade do próprio PT com os petistas condenados sem provas. Genuíno, Dirceu, Pizzolato, Delúbio, João Paulo Cunha, etc. Foi mais fácil ignorá-los. Cada um com seus problemas.

    O resultado eleitoral de 2012 não foi alterado. 80% dos eleitos eram da base governista, dos partidos no Congresso que apoiavam o Governo do PT.

    Veio 2013 e as jornadas de junho, os 20 centavos do MPL (Movimento do Passe Livre) que se tornaram uma semana depois álibi para a velha mídia tentar uma revolução no País aos moldes de uma Primavera Árabe. E quem sabe enfraquecer o PT para 2014 retomar o Poder para as elites de sempre. 

    O PT, já com certa diminuição em popularidade e aprovação pós-julgamento do “Mensalão”, vê seus índices de apoio popular chegarem ao ponto de metade a metade. + ou – 50% de aprovação e 50% de desaprovação pós jornadas de junho.

    Em 2014 a Presidenta Dilma é reeleita por margem estreita, quase perde para a velha mídia, à-serviço de parte das elites: ligadas ao Império do Norte e a sanha do Pré-Sal, com sua nova estratégia de tirar o PT do Poder: a Lava-Jato.

    A velha mídia intensifica a cruzada para tirar o PT do Poder e cria uma sociedade dividida e eivada de ódio: petralhas e coxinhas disputando voto a voto o Poder central, em uma Eleição Presidencial das mais violentas e divididas que se têm notícias.

    Famílias se dividindo, amigos que não se falam mais, ódio e mais ódio, mentiras em capas de revistas e jornais e na Internet. Até o Youssef mataram para o PT perder a Eleição. Dilma e Lula sabiam de tudo na Petrobrás!

    Deu Presidenta Dilma, novamente. As palavras de Judith Brito em 2010, ainda valeram para 2014. Oposição fragilizada, sem rumo e sem programa de Governo perde para o PT mais uma vez.

    Os programas sociais do Governo e a campanha progressista garantem a vitória.

    Dilma contrariando o voto progressista, que lhe assegurou a vitória, de uma hora para outra, se vale do ideário neoliberal para ajustar a Economia, indo de encontro com o que combateu no período eleitoral.

    Economia fragilizada pela diminuição das receitas do Governo, fruto das desonerações fiscais ao empresariado ocorridas no período pós- manifestações de junho de 2013 dá o tom de 2015. O Governo Dilma não tem caixa para alavancar as promessas progressistas da Campanha. Levy surge para fazer um Splash and Go como na Fórmula Indy.

    O Governo Federal começa a definhar em aprovação e popularidade. De quem votou no PT, muitos se sentiram traídos, e foram militar num campo oposicionista, apesar da defesa intransigente da Democracia, em defesa do voto de 54 milhões de brasileiros e da soberania popular.

    Eduardo Cunha é eleito Presidente da Câmara dos Deputados. A oposição e suas quatro derrotas consecutivas tentam derrubar a Presidenta da República das mais diversas formas: fraude nas urnas eletrônicas, doações irregulares de campanha, “pedaladas fiscais via TCU”. Não conseguem o intento, o STF barra a aventura de Aécio, Cunha & Cia. Assistimos o Congresso mais conservador de todos os tempos darem as cartas.

    A Economia paralisa. 

    E o PT e o Governo Federal, ali perdidos, em meio às feras. Consegue a Presidenta Dilma ter como líder do Governo no Senado o Delcídio Amaral.

    Pensando comigo, como se chegou a esta situação:

    Um ex-diretor da Petrobrás indicado por FHC, justamente, com a Lava-Jato fazendo uma devassa na Petrobrás e tentando destruir o partido e o PT, colocado como líder do Governo no Senado? E defensor da entrega do Pré-Sal à iniciativa privada.

    Quem teve esta ideia? Partiu, diretamente, da Presidenta Dilma?

    A Cômoda posição de partido único. Do lulismo. Da política de coalizão sem ser ideológica. Do cálculo eleitoral. Do Poder pelo Poder. Da possibilidade de afrouxamento de princípios e ideologia de esquerda na escolha de filiados, posteriormente, candidatos. Os famosos Trackins diários até junho de 2013. Da ideia do controle remoto. Do partido que quando se vê em situação delicada não se defende e não defende seus partidários, vide Mensalão, prisão do Vaccari, etc. levou ao Delcídio líder do Governo Senado, penso eu.

    Estes pontos que elenquei acima nos colocaram nesta confusão toda.

    Lá nos tempos das vacas gordas tínhamos aprovação dos projetos, MPs, ajustes, etc. propostos pelo Governo Federal. Aprovação e popularidade davam o tom.

    PP, PTB, PR, PMDB, PDT, PSB, PCdoB, etc. todos com o PT. Direita e esquerda se aproveitando da aprovação e popularidade do Governo Federal. É preciso estar do lado de quem dá votos.

    E, hoje?

    Em 2010, ao menos, já se poderia ter avançado numa Reforma Política, numa Reforma do Judiciário e da Mídia. Mais de 80% de aprovação do Governo Federal davam respaldo popular para as reformas.

    Porém, a política de cálculo eleitoral, do Poder pelo Poder falou mais alto.

    Hoje estamos perdidos. A ponto de o Executivo se silenciar, do Legislativo e Judiciário fazerem as barbaridades que fazem, ao arrepio da Constituição e a velha mídia capitaneada pela Rede Globo se sentir livre para determinar os rumos do País.

    Todos estamos reféns do aparato midiático e sua capacidade de determinar quem está salvo e quem não está em sua reputação?

    Conforme a ação/ideologia do Magistrado, do Senador, Deputado, Vereador, Governador, Prefeito e até do (a) Presidente (a) da República a chance de se proteger de um assassinato de reputação perante a população do país?

    Será que o Eleitor enxerga a possibilidade de mudança em algum candidato em 2016? Ou a velha mídia se sente deitada em berço esplêndido? E vai emplacar seus candidatos?

    Haddad, um dos quadros mais interessantes do PT, vencerá novamente?

    Iremos para o campo progressista ou conservador?

    Eu acredito na população, ela está atenta a este conservadorismo todo da oposição ao Governo Federal no Legislativo.

    Só não sei se o PT pode ser ainda a liderança possível para as esquerdas continuarem a vencer no Plano Federal.

    Existe um tanto de silêncio e ausência de uma estratégia de comunicação do Governo Dilma para com a população brasileira.

    Seria a ausência de maior exposição do Executivo Federal uma nova fase (forma) da estratégia de cálculo eleitoral?

    Veremos.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador