Sem Lula livre não há democracia, diz Pérez Esquivel

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Pérez Esquivel fala no encerramento do Fórum de La Poderosa | Foto: La Garganta Poderosa

do Sul 21

‘Sem Lula livre não há democracia’, diz Pérez Esquivel no encerramento de fórum em Porto Alegre

Da Redação

Após três dias de intensas atividades na Casa do Gaúcho e nos arredores, o 2º Fórum Latino-Americano do movimento social argentino La Poderosa foi encerrado neste domingo (29). Um evento que começou com uma marcha de abertura pela região central de Porto Alegre na sexta-feira (27), passou por debates sobre comunicação alternativa, feminismo e organizações de base no sábado (28), e conclui hoje com um torneio de futebol pela manhã, o “Resistidores da América”, e um painel que contou com a presença de um vencedor do Prêmio Nobel da Paz e dois pré-candidatos à presidência do Brasil.

O La Poderosa é um movimento que nasceu nas favelas de Buenos Aires, em 2014. O Fórum reuniu representantes das 79 localidades da Argentina e dos 11 países da América Latina em que em que está organizado, incluindo ao Brasil, onde o movimento pretende expandir sua presença a partir do encontro, e de diversos outros movimentos sociais. O debate de encerramento contou com as presenças e falas do argentino Adolfo Pérez Esquivel, premiado com o Nobel da Paz em 1980, da jurista carioca Carol Proner, dos pré-candidatos à presidência do Brasil Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB) e de Nacho Levy, representante do La Poderosa.

Em sua fala, Esquivel destacou o contexto semelhante que vivem Brasil e Argentina, sob governos que implementam políticas pró-mercado. “Temos que dizer não ao FMI e à mídia que são cúmplices do mercado, querem impor uma dívida imoral e ilegítima: quanto mais pagamos, mais devemos e menos”, disse. Ele também destacou que, no campo político, os movimentos de esquerda da América Latina precisam assumir a defesa do direito do ex-presidente Lula concorrer às eleições. “Sem Lula livre não há democracia, porque foi esse homem quem tirou 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema. É por isso que eu o indiquei para o Prêmio Nobel da Paz, mas não para Lula ou para seu país, mas por toda a região. E quero falar sobre outro camarada, Fidel Castro Ruz, que teve uma visão profunda e uma grande confiança nos povos latino-americanos que lutam por sua liberdade. Essa luta, como tantas outras, está aqui, porque através deste Fórum abrimos as portas e as janelas para que a luz e a esperança de um novo continente possam entrar”, disse.

A jurista Carol Proner destacou classificou a prisão de Lula como o principal exemplo de injustiça e falta de respeito pelo processo legal e pela presunção de inocência. “Não podemos suportar as mentiras e a manipulação da Justiça com a mídia, nem deixar o legado de conquistas conquistadas até hoje descartadas, ou fora de uma agenda de construção e integração regional”, disse.

Manuela comparou a situação brasileira com a de outros países da região. “Quando dizemos ‘Lula livre’ e ‘Marielle presente’, estamos falando muito sobre o que ocorre em todo país atualmente. Quando falamos em Lula, é para também evitar o que pode ocorrer com Cristina, com Rafael na América Latina”, disse Manuela. “Precisamos de um novo caminho, um novo ciclo para nosso continente. Somente poderemos mudar a realidade com o povo no poder. Somente olhando o que fizeram as mulheres argentinas pela luta pela descriminalização do aborto. Só teremos mudança com mobilização social”.

E Boulos também analisou o momento sobre a ótica da imposição de uma agenda neoliberal na região. “Os novos golpes foram além de derrubar uma presidenta ou um presidente: eles também impuseram uma agenda de retrocessos em direitos sociais, reformas trabalhistas, aposentadorias e cortes nos orçamentos públicos. É a mais selvagem agenda neoliberal imposta para o povo, uma Justiça que intervém nos processos eleitorais, porque os golpes não ocorrem mais apenas com os militares na rua, mas nos tribunais, nos parlamentos e nos grandes grupos de mídia. Mas não vamos desistir, hoje no Brasil as bandeiras de Lula Livre e de justiça par Marielle são as bandeiras que sintetizam a luta democrática do povo. Portanto, devemos estar juntos sem qualquer concessão, pois isso nos tornará poderosos para inaugurar um novo ciclo de lutas, vitórias e deixados na América Latina “, disse Guilherme Boulos.

Ao final, o argentino Nacho Levy, liderança do La Poderosa, destacou que apesar de o contexto ser de avanço de uma “onda conservadora, fascista e golpista”, surge um arco íris que são as lutas por Marielle Presente e Lula Livre. “Graças a todo o movimento pluri nacional e popular para estes dias felizes, graças a Marielle pela dignidade, e graças a Lula pela liberdade, pela liberdade de nós e de nós”, afirmou ao final.

 
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Translatores avaliáveis

    Os meus translatores avaliáveis, que posso emprestar ao GGN, me informam que “gracias” se traduz como “obrigado”, não como “graças”.

    E que “nós e nós” não faz sentido nenhum em português, ao contrário do castelhano, one a palavra tem masculino e feminino: “nosotros y nosotras”.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador