Um poema para Paco de Lucia

Minha singela homenagem a Paco de Lucía. Assim, de bate-pronto, na emoção da perda… E nas lembranças que povoam meu pensamento.

Paco

Quem és?
Quem toca?
Quem acorda?

O passo andaluz trairá seus ouvidos.
A sanha inquieta dos dedos,
O ataque percussivo dos cúbitos.
O corpo, a traste, o cavalete,
Violão, mulher em punho.
Tensão, repuxo, coroa
Ressonância.
Teu corpo, um só, comigo.

Que lugar é esse?
Que mediterrâneo?
De onde vem?
Que pulso, que ação?

Interrogas, ó poeta,
Para deixar que o silêncio responda,
Que o ar preencha,
Que os luthiers trabalhem.

Ossos da mão,
Unhas polidas.
Cascos e rastros se alastram.
Nunca mais haverá ferida

Luis Nassif

3 Comentários

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  1. Pouco a pouco

    Pouco a pouco, paco a paco, a música mortal entoa seu canto ferino.

    Carregue-nos para este canto, pátria-morte e música, carregue-nos para sempre dessa dor. 

    Paco, sua respiração, viva com seus arpejos, ainda a sinto daqui. 

    Estamos todos enguitarrados, flamengos ou não, as cordas nós puros, o céu infinito de acordes. 

    Obrigado Paco! 

    PS – Mande um abraço ao Camarón, por favor! 

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