Vladimir Aras: fim das Farc pode beneficiar facções brasileiras

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O chefe da secretaria de cooperação internacional do Ministério Público Federal, procurador Vladimir Aras, concedeu entrevista à Folha, nesta segunda (9), apontando um problema que pode representar a expansão das facções criminosas brasileiras a reboque do acordo de paz negociado pelo governo da Colômbia com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Na visão de Aras, a desmobilização das Farc abre espaço para o PCC ou outros grupos ao Norte entrarem no território colombiano e disputarem as rotas internacionais de tráfico e a cadeia de produção de cocaína.

“O que farão as pessoas que ficaram desmobilizadas? O que acontecerá com os ex-guerrilheiros? Poderão ser arregimentados? Muitos acabaram entrando na narcoguerrilha mas a pergunta é se poderiam, de algum modo, ser aliciados por organizações criminosas brasileiras que opera na região Norte”, disse.

Na semana passada, um massacre em dois presídios do Amazonas evidenciou ainda mais a guerra entre o PCC e facções rivais, como a Família do Norte – a terceira maior do país, que tem um acordo local com o Comando Vermelho.

Além da guerra interna, Aras aponta para uma disputa territorial a nível internacional. “Países vizinhos têm suas próprias organizações criminosas que podem se associar às nossas ou entrar em conflito com elas. É o jogo que veremos nos próximos anos: se haverá uma associação de grandes organizações ou guerra entre os grupos”, disse.

Segundo Aras, o PCC já está no Nordeste e avança sobre o Centro-Oeste, “procurando regiões de fronteira com Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia. Isso pode indicar que o interesse dessa organização é dominar o ciclo produtivo da cocaína, de produção e refino, os laboratórios, até a distribuição para o consumidor – seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa.”

Sobre combater o tráfico a nível internacional, como propõe o Plano Nacional de Segurança, ele diz que é necessário “coordenar atividades de inteligência e troca de informação entre os órgãos de segurança, em articulação regional entre países produtores e grandes consumidores. Sem a troca de dados tributários e financeiros sobre lavagem de dinheiro que ajudem a identificar onde estão as fortunas do narcotráfico, não será possível sequer trincar o império das drogas”.

Segundo Aras, o PCC ganha novos territórios criando cartéis por meio da absorção de pequenos esquemas criminosas ou pelo conflito aberto, a disputa sangrenta, dentro e fora dos presídios.

O procurador ainda avaliouque a solução para o narcotráfico passa por descriminalizar as drogas, e que a sociedade deverá, no momento certo, enfrentar esse debate.
 

 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Inbecilidade
    Total.

    Não falta mão de obra para a criminalidade.
    Não faltou ontem, não falta Hoje é nem nunca faltará.

    A tese é absurda!

    E é melhor avisar a Colômbia que as FARC acabaram pq eles convidaram a OTAN justamente para continuar em sua “luta contra o crime.”

  2. A história, essa maldita

    “O que farão as pessoas que ficaram desmobilizadas? O que acontecerá com os ex-guerrilheiros? Poderão ser arregimentados? Muitos acabaram entrando na narcoguerrilha mas a pergunta é se poderiam, de algum modo, ser aliciados por organizações criminosas brasileiras que opera na região Norte”, disse.

    A história recente mostra que os guerrilheiros que deixaram as armas na Guatemala e em El Salvador, além da própria Colômbia (M-19) estão muito felizes com a paz e participando do processo político. Mas a parcela Minority Report do MPF é como um martelo, acha que todos os problemas do mundo são um prego.

      1. Pesquisei
        Eu fiz a pesquisa e só deu PIG. Essas fontes de informações não são confiáveis. Elas fazem parte do que o Umberto Eco chamou de campanha de desinformação planejada em criar e foi.entar todo o tipo de pré conceitos e preconceitos.

        Agora eu peço que pesquise o que a ONU fala da relação da FARC com o narcotráfico. E daí vai entender por que o acordo de paz vai abrir espaços para os narcotraficantes de várias nacionalidades e por que o projeto de as wouldbe Mussolini não quer interferir nas guerras de facções no norte do Brasil é que lado ele advoga.

        1. Prefiro acreditar no Estadão

          Prefiro acreditar no Estadão do que acreditar no Granma
          Prefiro acreditar na BBC do que no Prensa Latina
          Prefiro acrecitar no Globo do que Portal Vermelho
          Prefito acreditar Uribe do que acreditar no Ongão.

           

    1. A história e os antecedentes

      Allan, você citou o M-19. É um grande exemplo de um grupo guerrilheiro, até mais audacioso que as FARC e a ELN (procurem por Toma del Palacio de Justicia no seu navegador predileto), que se desmobilizou e se tornou um partido político.

      (Aliás, um conhecido ex-membro do M-19 é o ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro.)

      Então a Colômbia tem experiência em desmobilização de grupos guerrilheiros e reconversão dos mesmos em partidos políticos. Não entendo o medo do procurador com relação à desmobilização das FARC.

      A não ser, claro, que o MPF esteja tentando criar uma situação de inviabilização do acordo de paz na Colômbia, o que seria inacreditável, mas tendo em vista a arrogência deste órgão e de seus componentes…

  3. O PCC já assumiu a

    O PCC já assumiu a distribuição de maconha no Paraguai matando o distribuidor paraguaio lá e está com uma estratégia ousada e inteligentíssima de expansão q duvido q tenha saído só da cabeça de seus líderes presos é coisa de gente

    “refinada” mas o q se esperar deste País q libera presos q estavam com helicóptero com quase meia tonelada de pasta de cocaína supostamente de um senador tucano e q o ministro da justiça é ex-advogado do PCC! E depois os bandidos são

    Dilma/Lula/PT,como o povo é besta,como disse o Mano Brown ,vcs gostam da Globo?”Chapem”de Globo então !!!!

    1. o….

      Vamos parar de dar descukpas à calhordas corruptos e incompetentes. A facção é o Estado. E o Estado é a facção.  Os maiore crimes e maiores criminosos, inclusive nesta chacia de Manaus e Roraima, foram  de autoridades públicas representando o Poder do Estado Das assinaturas de contrato em privatização de presídios por Secretarios e Governador,  à conivência do Ministério Público e Juízes Corregedores, à cumplicidade de Desembargadores. Vamos dar nomes aos bois. Facção é só cortina de fumaça para acobertar o verdadeiro crime. Quando cresceremos e discuturemos verdadeiramente este país? 

  4. Caro Nassif e pessoal do GGN,

    Caro Nassif e pessoal do GGN, desculpe o offtopic, mas achei interessante sugerir a matéria abaixo e pedir que se divulgue o rosto do agressor. A pessoa agredida não conseguiu identificá-lo e, por isso, não conseguiu fazer o Boletim de Ocorrência.

    http://altamiroborges.blogspot.com.br/2017/01/jornalista-e-agredida-por-fascista-em-sp.html

    Sua equipe poderia verificar a veracidade da história e divulgá-la, se for o caso? O crescimento da violência política (e que tem recaído bastante sobre mulheres, a propósito – pois, ao que parece, esse tipo de agressor tem como marca a covardia) é algo bastante preocupante. Mesmo que não tenha tido maiores consequências, seria importante deixar os agressores expostos e desconfortáveis, para que isso iniba outras ações no futuro. Saudações e obrigado.

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