Fernando Nogueira da Costa
Fernando Nogueira da Costa possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1974), mestrado (1975-76), doutorado (1986), livre-docência (1994) pelo Instituto de Economia da UNICAMP, onde é docente, desde 1985, e atingiu o topo da carreira como Professor Titular. Foi Analista Especializado no IBGE (1978-1985), coordenador da Área de Economia na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (1996-2002), Vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais da Caixa Econômica Federal e Diretor-executivo da FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos entre 2003 e 2007. Publicou seis livros impressos – Ensaios de Economia Monetária (1992), Economia Monetária e Financeira: Uma Abordagem Pluralista (1999), Economia em 10 Lições (2000), Brasil dos Bancos (2012), Bancos Públicos do Brasil (2017), Métodos de Análise Econômica (2018) –, mais de cem livros digitais, vários capítulos de livros e artigos em revistas especializadas. Escreve semanalmente artigos para GGN, Fórum 21, A Terra é Redonda, RED – Rede Estação Democracia. Seu blog Cidadania & Cultura, desde 22/01/10, recebeu mais de 10 milhões visitas: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/
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Carta-aberta a porta-voz da direita, por Fernando Nogueira da Costa


Foto: Fecomercio/SP

Por Fernando Nogueira da Costa[1]

Caro Samuel Pessôa,

Aqui eu lhe respondo por não ter o palanque pré-eleitoral de quem se arvora em porta-voz da direita brasileira na “grande imprensa burguesa”. Imagino que já deu um sorrisinho esnobe com tal expressão old-fashioned, típica de “jovens dos anos 1960”. Estes, em sua desqualificação de toda minha geração, “são os idosos da segunda década do século 21 sequestrados por um patético complexo de Peter Pan”.

Decerto, com 54 anos, você é um jovem físico com doutorado em Economia, ambos pela USP. É pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, sócio da consultoria Reliance e colunista da Folha. Mas tenho apreço por ti não por isso, mas sim por ter demonstrado tolerância com ideias alheias quando era meu colega no IE-UNICAMP. Não era sectário e me dizia que, como bom cientista, gostava de entender a racionalidade dos pensamentos diferentes do seu neoclássico.

A partir dessa postura, entendia que, com seu prestígio junto à casta dos mercadores-financistas, poderia atuar como um membro digno da casta dos sábios-intelectuais públicos ou midiáticos. São aqueles que conseguem “fazer uma ponte” para a troca de ideias entre a direita e a esquerda brasileiras. Sabemos que isso é imprescindível na construção de um ambiente civilizado de tolerância e não de ódio mútuo como o atual.

Qual não foi minha decepção ao me deparar com o título de artigo assinado por ti (FSP, 14/07/17): “Esquerda precisa desapegar de crenças e fazer avaliação honesta de anos FHC”. Lembrei-me, de imediato, da velha piada corporativa: “1a. Lei dos Economistas: para cada um, existe outro igual e contrário; 2a. Lei dos Economistas: ambos estão errados”. E refleti: “direita não se desapega de crenças e faz avaliação desonesta de anos Lula/Dilma”.

Como ex-físico, deve se lembrar da Primeira Lei de Newton: “um objeto que está em repouso ficará em repouso a não ser que uma força resultante não nula aja sobre ele”. Está se repetindo o que ocorreu quatro anos atrás: a campanha eleitoral começou um ano antes. Tenho então que sair do meu repouso para reagir às suas provocações que visam, antes de tudo, “desprestigiar a candidatura Lula”. Mesmo que seja à custa de inverdades ou, no popular não-tucanês, mentiras.

Lógico, não repetirei o surrado clichê nazista a respeito de repetição de “pós-verdades”, para dar um “ar moderninho”. Na verdade [repetição proposital], a direita brasileira repete, insistentemente, desde que se deparou, para sua surpresa, com o sucesso popular do governo Lula, dois chavões típicos de cérebros de “2 neurônio” (sic):

1.      tudo de bom que ocorreu no governo Lula foi repetição do que tinha ocorrido no governo FHC;

2.      tudo de diferente que ocorreu no governo Lula foi sua sorte de obter um contexto mundial favorável a seu governo.

Há década venho explicando a incoerência lógica dessa argumentação, mas como sou professor brasileiro, tenho o ofício de nunca desistir de ensinar. Desta vez, tentarei desenhar para você.

Como você não demonstrou nenhuma evidência empírica para sua comparação, mas com a sofisticada formação que possui você não “brigará contra os números”, sugiro a leitura das 170 séries temporais e gráficos publicados pelo Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI, em sua reedição atualizada com dados de 1995 a 2016: “Vinte Anos de Economia Brasileira”. Mas o desenho que resume tudo é fácil de fazer e entender: um U com a reversão em 2003, quando se observa em conjunto a Era Neoliberal (1995-2002) e a Era Social-Desenvolvimentista, e um U invertido a partir de 2015, quando voltou a Velha Matriz Neoliberal e a economia brasileira entrou em Grande Depressão.

Em 2015, Joaquim Levy, ministro da Fazenda imposto pela casta de mercadores-financistas, adotou as pregações de sábios economistas-chefes de bancos em favor de ações discricionárias favoráveis a acionistas de empresas e concessões paraestatais: “liberou geral”. Resultado: choque tarifário – choque cambial – choque inflacionário – choque de juros – queda de -9% no PIB – 14 milhões de desempregados. Portanto, atribuir a “duas patologias do petismo” (intervencionismo e Orçamento como fonte ilimitada de recursos) como responsáveis pelo quadro atual é falso, em termos científicos, pois a hipótese não se confirma pelas estatísticas.

Além disso, você não se apercebeu da incoerência lógica de seu discurso que só a direita respeita e repete sem pensar. Veja bem, em um momento você afirma: “Lula pôde colher os frutos de anos de arrumação de casa, inclusive da política econômica estritamente ortodoxa que praticou no primeiro mandato, e teve a fortuna do boom de commodities”. Verifique a inconsistência política do argumento: a partir de 2003 se colhe os benefícios de um governo impopular que não fez seu sucessor; a partir de 2015 se colhe os malefícios de um governo popular que fez seu sucessor e o reelegeu.

Qual é dedução entrelinhas de sua pregação? O povo não sabe votar e reconhecer quem lhe faz bem! Esta típica atitude conservadora e esnobe da elite socioeconômica brasileira discrimina “os de fora de seu mundinho”, menosprezando a democracia. Esta “elite” demonstra não ser uma elite intelectual e democrata.

O argumento conservador é ilógico assim: uma malfadada política econômica foi condenada nas urnas em 2002, mas o Partido dos Trabalhadores, que lhe fez total oposição, “dá um tiro-no-pé”, mirando sua base eleitoral, comete um estelionato eleitoral e a mantém! Por que?! Evidentemente, tal argumento ilógico só é incorporado por quem, como os esnobes tucanos paulistanos, se acha portador do monopólio da inteligência e da virtude de fazer o que é necessário e correto – para si e não para todos.

Mas não é só a arrogância do autoelogio (e menosprezo pela inteligência alheia) que essa argumentação canhestra demonstra. Soma o tradicionalíssimo menosprezo uspiano pelo populismo classificado como “clara herança varguista”. Você afirma: “Fernando Henrique não era populista e compartilhava com a população as limitações e as possibilidades do Estado”. Nas entrelinhas, reconhece também o fracasso neoliberal em seu propósito de “enterrar o entulho varguista”. O PSDB juntou-se, agora, aos golpistas para enterrar a CLT varguista com a reforma trabalhista. Os tucanos estão tão felizes quanto pintos no lixo!

Volto à questão que te deu direito à réplica: “por que FHC é visto como um governante de direita, quando de fato foi socialdemocrata?” Evidentemente, seu partido da socialdemocracia brasileira é fake. É tão falso quanto sua tese: “o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi socialdemocrata – em qualquer lugar do mundo, quem aumenta a carga tributária e o gasto social será caracterizado dessa forma – e não há, no desenho das políticas públicas, diferença entre FHC e Lula 1 (2003-2006), período que chamei de ‘Malocci’ (combinação de Pedro Malan e Antonio Palocci, ministros da Fazenda dessa fase)”. Perguntinhas indiscretas: antes de 2003 houve política de crédito? Política de financiamento habitacional popular? Mobilidade social?

Esse seu critério economicista – a economia determina a política – para julgamento do que é socialdemocracia é equivocado em termos econômicos, sociais e políticos. Em outra passagem, você apresenta outra definição de socialdemocracia mais realista: “o PT era (…) o verdadeiro partido socialdemocrata brasileiro. Trata-se de agremiação com sólidas raízes nos movimentos sociais e sindicais. Nada mais normal que seja vista como uma legenda disposta a batalhar por políticas de esquerda”. Eu classifico as políticas públicas adotadas pelo PT como social-desenvolvimentistas.

O social-desenvolvimentismo brasileiro é a socialdemocracia nos trópicos. Adequou a aliança entre a casta dos trabalhadores sindicalizados e a casta dos sábios-intelectuais de esquerda à prática de política econômica keynesiana em conjunto com políticas sociais ativas. Obteve melhor distribuição de renda sem, no entanto, avançar em distribuição de riqueza a não ser pela política massiva de financiamento da democracia da propriedade. A aquisição da moradia representa a maior riqueza de famílias populares.

Na prática, os europeus usam o termo socialdemocracia para designar os movimentos socialistas que pretendem mover-se, rigorosa e exclusivamente, no âmbito das instituições liberal-democráticas, aceitando, dentro de certos limites, a função positiva do mercado e mesmo a propriedade privada. A socialdemocracia, com efeito, diversamente do que ocorre com o reformismo, aceita as instituições liberal democráticas, mas considera-as insuficientes para garantir uma efetiva participação popular no poder e tolera o capitalismo. Diferi nisso do socialismo revolucionário, considera os tempos ainda “não amadurecidos” para transformar as primeiras e abolir radicalmente o segundo.

Finalmente, quanto à política econômica keynesiana, você sabe que nisso eu discordo radicalmente de seu neoclassicismo atemporal e mecanicista, inspirado na Física newtoniana. Não é questão de “crença”, mas sim de falseamento científico do modelo de convergência para um pressuposto equilíbrio geral. Este arcabouço mental adota uma prática totalmente equivocada, típica de discurso demagógico de político profissional que diz seguir receita de dona-de-casa seguindo seu orçamento doméstico.

Você se assume como pré-keynesiano ao “tratar o Orçamento como fonte limitada de recursos”. Esta atitude retrógrada produziu um desequilíbrio ainda mais profundo nas contas públicas pela queda da arrecadação fiscal com a Grande Depressão. Esta foi provocada pelos ministros da Fazenda Levy e Meirelles, fiscalistas (por acharem que o ajuste fiscal é tudo a fazer no Estado) e neoliberais (por acharem que O Mercado se encarrega de tudo além disso) como você. Desapegue de suas crenças e faça uma avaliação honesta da responsabilidade de suas ideias pela atual conjuntura.

O beabá keynesiano, inspirado no Plano New Deal de Franklin Roosevelt para superar a Grande Depressão norte-americana nos anos 30, ensina que, face às expectativas pessimistas das iniciativas particulares, cabe ao gasto público substituir o gasto privado. Nestas circunstâncias depressivas, não cabe (e nem se consegue) fazer “ajuste fiscal”. Políticas públicas proativas devem ser realizadas, mesmo que seja à custa de déficit orçamentário e endividamento público. Depois da retomada do crescimento econômico sustentado, as finanças públicas obterão as condições propícias para se recuperarem.

Caro Samuel, entenda essa carta-aberta como um sinal de apreço por ti, esforçando-me e torcendo para você recuperar a tolerância necessária para um debate intelectual e político profícuo e exemplar entre nossas hostes.


[1] Professor Titular do IE-UNICAMP. http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ E-mail: [email protected].  

 

11 Comentários

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  1. Magnifico trabalho, parabens

    Magnifico trabalho, parabens ao autor. Pessoa virou uma especie de guru intelectual do mercadismo radical que pretende operar acima das tensões sociais e politicas, algo hoje inteiramente fora de moda nas grandes nações pós crise d 2008.

    Nos EUA, catedral mundial do pensamento economico aplicado à realidade, foi o ESTADO de corpo e alma quem salvou o mercado em 2008, salvou da crise PROVOCADA PELOS EXCESSOS DO MERCADO. Se não fosse o Tesouro dos EUA

    a crise de 2008 seria infinitamente maior. Foi o Tesouro dos EUA, autorizado pelo Presidente Obama, quem sacou dinheiro de seu caixa no importe nada desprezivel de US$778 bilhões dentro da autorização do programa TARP para salvar o Citigroup, a General Motors, a seguradora AIG e mais 200 outras corporações e bancos, decisão tomada de forma ultrarápida , engenhosa, eficiente e sem pruridos ideologicos, no incendio não se pergunta de onde vem a agua e

    SALVOU O MERCADO. Depois disso as teses do neoliberalismo puro FORAM ENTERRADAS nos EUA, o “mercado”

    perdiu tanto prestigio politico que Trump, um aventureiro anti-mercado, no qual deu muitos tombos a ponto de não ter mais credito nos EUA desde o começo da ultima decada e ter que se financiar em paraisos fiscais com dinheiro de origem

    suspeit, a seu maior financiador são bancos de Chipre que operam 100% com dinheiro russo, a entidade “Wall Street” não é

    mais o farol do mundo, as universidades do “mainstream” monetarista já não pregam mais o credo de Friedman mas esqueceram de avisar os “economistas de mercado” do Brasil e seus apoiadores intelectuais como Samuel Pessoa e Manuseta Almeida, que continuam com a velha e desmoralizada cartilha do “ajustismo” mas sempre esquecendo de

    sequer mencionar a incogruencia dos super-juros que se paga aos credores do Estado, isso não consideram despesa porque do outro lado dela está a receita dos bancos e rentistas. O ajuste então tem que ser feito em cima de remedios e

    merenda, prebendas de pobres folgados. Acho estranho intelectuais que acredito não serem bilionarios defenderem banqueiros e financistas. Deixe que eles se defendam, quem está do outro lado da cerca deve defender o povo e suas carencias e não o financismo. Nada mais natural qu Arminio Fraga, que vendeu sua gestora para o Morgan por 700 milhões

    de dolares ou Roberto Setubal, que preside um banco que vale na bolsa 72 bilhões de dolares ou Henrique Meirelles, que tem apartamento

    luxuoso e aposentadoria garantida em Nova York, defendam o financismo com legitimidade mas acho incrivel professores de universidade defenderem nababos do neoliberalismo, não fica bem. Lembremos que bilionarios americanos, muitos deles, se dedicaram a causas sociais como resgate de uma divida pela rua riquza, o simbolo deles são os Rockefeller, qu doaram a

    boas causas o grosso de sua fortuna, incluindo-se ai o predio da Faculdade de Medicina da USP e a sede das Nações Unidas em Nova York, a filha de David Rockefller, Peggy, morou dois anos na favela da Rocinha trabalhando em assistencia social e ia ao centro do Rio de onibus coletivo, herdeira de uma fortuna simbolo da historia do capitalismo, aqui no Brasil há pobres que prestam homenagem a boanqueiros com apartamento em Paris e torcem o nariz para as periferias carentes.

    A defesa do neoliberalismo no Brasil é incompativel com a situação politica e social atual do Brasil, nosso estagio exige a presença do Estado em larga escala, assim como na India, na China e na Russia, o mega capitalismo só funciona em outro estagio da organização social de um Pais, com mais de 100 milhões de pbres e miseraveis nas periferias das grandes e medias cidades, com desemprego de 30% entre os jovens, o neoliberalismo não vai resolver graves problemas nem em cem anos, a economia é parte do tecido social, não está fora dele, o neoliberalismo pode ser eficiente para si mesmo mas não é eficiente se na sua escalada produz um imenso exercito de miseraveis sem futuro. Economista desligado da realidade social

    alem de ser uma anomalia por definição, é um perigo para a politica e para a definição de politicas com verniz intelectual.

     

    1. É o que me desanima mais.

      É o que me desanima mais. Podemos reclamar dos “pobres de direita” e atribuir à sua pouca cultura e a manipulaçção pelos meios de comunicação a defesa de políticas econômicas que não vão beneficiá-los, muito pelo contrário.

      Mas o que dizer de pessoas que são consideradas “intelectuais”, o que de forma alguma é o mesmo que dizer que são milionários. Também são “pobres de direita” que deveriam ter o discernimento de saber que as políticas neoliberais que eles defendem só beneficiam os muito ricos, classe da qual eles não fazem arte.

      Mais decepcionante ainda é saber que um físico é considerado um porta-voz da direita. Uma das minhas iideias para um eventual governo de centro-esquerda era justamente ter um físico na equipe econômica, pois ele, melhor do que ninguém, pode determinar corretamente as relações de causa e efeito, assim como tem todo o conhecimento a respeito das restrições que existem no mundo físico real, que muitas vezes não são levadas em conta pelos que trabalham apenas com números nos ambientes virtuais de taxas, cotações e indicadores econômicos.

  2. Nooooossa,

    Nooooossa, Excelente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Tomara que ele reflita e entenda e, assim como ele, outros sejam mais sinceros em suas análises, e possam sem partidarismo verificar o que é e o que foi realmente bom para o NOSSO PAÍS, sem lado, não se trata de partidarismo, mas sim, de informar, com total imparcialidade sobre  que efetivamente está acontecendo com o país. 

  3. Economia como ciência …

    … Tratar economia como ciência é uma blasfêmia a ciência, no periodo inflácionário o sistema financeiro usava a poupança da população para especular a divida publica, o overnight era uma forma de compartilhar essa especulação, drenava-se recursos do estado para os bancos e os bancos jogavam umas migalhas para a população que tinha o dinheiro na popança ou overnight, com isso tudo mundo ganhava

    especulando o tesouro nacional, com isso não se investia por exemplo na construção civil, uma pessoa com 100 mil poderia comprar uma casa, mas pra quê comprar uma casa ?, Com esse dinheiro no overnight em um mês estava com 110 mil, com 10 mil pagava-se um aluguel e ainda pagava-se as contas. a economia indo para o lixo e o governo babaca pagando os especuladores vultosas quantia pela especulação, FHC fez

    um acordo com os banqueiros, agora vcs poderão ganhar a mesma vultosa quantia de dinheiro mas vcs não poderão inundar a economia com moedas, mas vcs terão uma fantástica dinheirama que o governo vai dar a vcs, o acordo foi feito, FHC drenou o dinheiro da população com a criação do plano real, a população ficou muito mais pobre e os juros da divida pública chegou a fabulosos 45% ao ano, isso era tão lescivo a

    economia quanto na época da inflação, mas o que mudou nessa estória ? A população ficou mais pobre e uma casta de banqueiros ficou mais rico, e os industruaís ? Os industrias não podiam fazer empréstimos a juros de 45% ao ano, o que eles fizeram foram pegar os seus lucros que tinham na indústria e investir no sistema financeiro e hoje não temos um setor indústrial, o que temos é uma simbiose entre financistas-

    industriaís, ao mesmo tempo em que ganham com a indústria não querem perder como financistas essa é a grande dicotomia da economia brasileira. Quem criou essa merda !??!?! FHC e seus economistas !

    Pra piorar temos uma economia e um sistema tributário que previlegia a riqueza ao invés de previlegiar a renda, com riqueza temos uma renda empacada, com renda temos circulação da riqueza.

  4. Classificar o governo FHC como um governo socialdemocrata é ….

    Classificar o governo FHC como um governo socialdemocrata é um erro conceitual grave, uma verdadeira indigência intelectual.

    Para não ficarmos somente na desqualificação de Samuel Pessôa é necessário se retomar alguns conceitos claros no uso das expressões políticas para não se ficar divagando e falando qualquer coisa sem sentido, uma dessas é o que é a definição e caracterização do que é uma socialdemocracia.

    Se nos ativermos à definição corrente empregada por todos que escrevem sobre o assunto na Europa, socialdemocracia não é definida pelo nome do partido, mas claramente pela forma com que o governo se comporta e os apoios em que o mesmo se sustenta.

    O que caracterizou as dezenas de governos socialdemocratas na Europa durante a segunda parte do século XX é a sua estrutura de poder onde partidos, com nome ou sem nome de socialdemocrata, governavam com apoio claro dos sindicatos para os mesmos obterem ganhos reais tanto na remuneração como condições de trabalho. Ou seja, a política econômica e social era apoiada pelos sindicatos que recebiam em troca uma série de reinvindicações, e se não há esta aliança entre governo e sindicatos não há socialdemocracia.

    Fica aqui claro que tanto o parido Socialista Francês como o partido Trabalhista Inglês não são considerados como partidos socialdemocratas, apesar de promoverem políticas socializantes, ou da mesma forma não é possível definir períodos dos governos Roosevelt como uma socialdemocracia.

    Muita confusão é gerada não se levando em conta a diferença entre um governo socialdemocrata para outros governos com políticas socializantes ou de bem estar-social, pois estas últimas podem ser feitas por qualquer partido de qualquer tendência política de acordo com as necessidades de estabilização do sistema político reinante.

    De posse destas definições como jamais houve uma adesão do governo FHC a uma base sindical real, e como este governo jamais se primou por políticas socializantes é erro antológico tentar classificar os governos FHC ou como uma socialdemocracia ou como um governo com algum viés socializante, restando a este uma classificação de governo liberal de centro-direita.

    Como os governos FHC nunca tiveram uma base de sustentação sindical, por isto a sua deriva liberal, e da mesma forma os governos do PT tiveram uma pequena influência da base sindical, sem que a mesma tivesse um protagonismo significativo nas politicas governamentais, devido a isto, tanto os governos Lula e no primeiro governo Dilma, a tendência foi uma espécie de populismo de esquerda, conforme definido por Ernesto Laclau na sua obra “A Razão Populista”.

    A intensidade do populismo de esquerda do Brasil se diferenciou do Argentino por um lado mais se afastando do conceito, devido a falta de uma organização popular tradicionalmente mais ativa como na Argentina, e se aproximando mais do conceito devido ao reconhecimento mais próximo da população do pertencimento de Lula a uma definição de povo. Talvez devido a esta última característica, o PT com Lula tenha mais condições de recuperar a credibilidade junto ao povo do que o Kirchnerismo na Argentina.

    De qualquer forma, definir o governo FHC como um governo socialdemocrata como: “o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi socialdemocrata -em qualquer lugar do mundo” é de uma tal indigência teórica  cavalar que chega a ser alucinante, sendo, ao meu ver, mais uma ignorância teórica do que de uma desonestidade intelectual. uma base de sustentação sindical, por isto a sua deriva liberal, e da mesma forma os governos do PT tiveram uma pequena influência da base sindical, sem que a mesma tivesse um protagonismo significativo nas politicas governamentais, devido a isto, tanto os governos Lula e no primeiro governo Dilma, a tendência foi uma espécie de populismo de esquerda, conforme definido por Ernesto Laclau na sua obra “A Razão Populista”. 

    A intensidade do populismo de esquerda do Brasil se diferenciou do Argentino por um lado mais se afastando do conceito, devido a falta de uma organização popular tradicionalmente mais ativa como na Argentina, e se aproximando mais do conceito devido ao reconhecimento mais próximo da população do pertencimento de Lula a uma definição de povo. Talvez devido a esta última característica, o PT com Lula tenha mais condições de recuperar a credibilidade junto ao povo do que o Kirchnerismo na Argentina.

    De qualquer forma, definir o governo FHC como um governo socialdemocrata como: “o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi socialdemocrata -em qualquer lugar do mundo” é de uma tal indigência teórica  cacalar que chega a ser alucinante, sendo, ao meu ver, mais uma ignorância teórica do que de uma desonestidade intelectual.

    Poderíamos dizer que a qualificação dos governos FHC como socialdemocratas é equivalente o que fazem a conhecida direita “xucra” que dizem que o Nazismo era socialista porque o nome do partido era Nacional-Socialista, ou seja, outro aborto teórico.

    Para ficar mais completa a análise, fica evidente que o autor não tem a mínima noção da definição do que é populismo e muito menos do que é populismo de esquerda, porém para esta definição deixo para o mesmo pesquisar para não continuar escrevendo besteiras.

  5. Parabéns também ao cometário

    Parabéns também ao cometário do André Araújo. A brutalidade do golpe de 2016 e a crueldade estúpida das medidas econômicas adotadas desde 2015 causaram um choque mental nos defensores do deus-mercado. 

  6. Distanciamento e palavras

    Creio que o apego a palavra, a retórica e/ou o hábito que o conhecimento universitário garante certezas, faz com que muitos fiquem distantes (bota distantes nisso) da nossa realidade. Haja visto o sociologo Fernando Henrique Cardoso quando presidente da república. Nem fisicamente , ele se fez presente em algumas capitas do Brasil. Nem com a sua intelectualidade deixou de se dominar pelo fisiologismo na política. Um exemplo: só na pasta da Justiça, os seus dois governos abrigaram oito ou dez ministros. Salvo um ou outro, a maioria não tinha adequação para o cargo. Já o operário Lula  contou apenas com dois “experts” no mundo jurídico e sob a sua gestão surgiu o CNJ , uma especie de Procon do Judiciário que, claro, agora poderia ser mais ativo. Esse distanciamento se faz sentir em longos artigos (como esses dois), assinados por pessoas com renomados títulos que, as vezes,resvalam no exibicionismo: na  retórica, pecam pela falta de síntese. Aliás, ela está ausente também no Judiciário, no Congresso, na mídia. E com essa preocupação, encerro por aqui. 

  7. Esse atraso intelectual

    Esse atraso intelectual brasileiro é encarnado em Pêssoa e Mansueto. É como médicos bem intencionados que pregam que a vacinação é um risco e são contra a vacinação. E o pior é que dizem isso não para uma população bem nutrida, mas para os mais pobres e com perspectiva de ficarem mais pobres ainda. Esse atraso intelectual é um milhão de vezes pior do que a corrupção. Se fosse comparar, a corrupção é um parasita; o atraso intelectual é um tumor no cérebro. E pra piorar, hoje o médico chamado Doutô Juiz  aplica quimio para combater o parasita e analgésico simples pro tumor. 

  8. FHC x PT

    No artigo é bem lembrado o que é repetido: o povo não sabe votar! Povo quem, cara pálida?

    Nas eleições em que o povão votou pelo PT, ele era chingado pela direita e a manobrada classe média por votar para manter as verbas de saúde, educação, bolsa família, etc. Ou seja, de votar a favor de seus interesses. 

    Ao mesmo tempo, a classe média votava contra seus interesses, mesmo na eleição de 2016, quando as consequencias do golpe já eram evidentes.

    Quem não sabe votar?

     

     

     

     

     

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