E se Bolsonaro estiver fora?, por Sergio Saraiva

Eleição sem Bolsonaro é fraude? Eis uma pergunta que, até por prudência, deveríamos começar a fazer.

E se Bolsonaro estiver fora?, por Sergio Saraiva

Inevitável pensar em Tancredo Neves. O quanto não sabemos do quadro clínico de Bolsonaro?

Qual a real extensão dos prejuízos que o atentado a faca trouxe para a saúde de Bolsonaro. Qual o real comprometimento de sua capacidade física? Qual o prazo para a completa recuperação?

Essas questões, creio eu, precisam ser feitas e as reposta anteriores, dadas a elas, deveriam ser reavaliadas. Principalmente depois da nova cirurgia de emergência a qual foi submetido em 11 de setembro de 2018 – uma semana após ter sido ferido.

Bolsonaro foi submetido a uma colostomia – a recuperação pode chegar a 90 dias. Não foi uma cirurgia simples – pelas fotos divulgadas – tratou-se de uma cirurgia com abertura do abdômen. E agora nova complicação. É de se esperar um prazo mais longo de recuperação.

Bolsonaro tem recall suficiente para chegar à eleição de primeiro turno – daqui a 24 dias – e passar para o segundo turno. Sem maiores dificuldades trazidas pela sua internação hospitalar. Mas há o segundo turno. E já se convencionou dizer que o segundo turno é uma nova eleição. Nova eleição que se dará 3 semanas após, em 28 de outubro de 2018. Quarenta e cinco dias, ao todo, a partir daqui – metade do tempo necessário, no caso de uma recuperação mais demorada.

Como ficaria uma campanha eleitoral feita de dentro de um hospital? Enquanto outra se desenrola nas ruas.

Debates na televisão? Como poderiam ser realizados?

Uma eleição com um candidato em convalescência e com dificuldade de se movimentar, mas podendo fazer alguma aparição pública, é uma coisa. Um candidato ainda no hospital aguardando alta médica é outra muito diferente. Dúvidas começariam a surgir.

Qual o grau de fidelidade de Mourão e de Levy Fidelix do PRTB à causa bolsonarista? Bolsonaro do PSL. Dois minúsculos partidos – sem qualquer estrutura – com um candidato muito maior que eles.

Mas um candidato problemático; mesmo quando em plena condição física – com uma campanha eivada de ingerências familiares. Qual a coesão dessa estrutura, caso Bolsonaro necessite de um tempo longo de recuperação para poder reassumir pessoalmente a campanha?

Isso supondo que Bolsonaro apresente um quadro de recuperação estável. Mas, e se surgirem maiores complicações? Uma infecção oportunista pode mudar todo o quadro eleitoral. Mais uma vez, impossível não pensar em Tancredo Neves. Ressalvadas todas as diferenças pessoais entre os dois políticos. E os prognósticos, obviamente.

Mas, e se Bolsonaro estivesse realmente fora?

Bolsonaro transfere votos? O general Mourão seria, em situação felizmente menos trágica do que em 2014, a Marina Silva de Bolsonaro?

Como se comportariam seus eleitores? Principalmente os eleitores fardados? Com fardas reais e imaginárias.

Eleição sem Bolsonaro é fraude?

Eis uma pergunta que, até por prudência, deveríamos começar a fazer.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia – mantendo uma vela acesa que é para a bruxa não voltar.

Redação

Redação

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  • Sinceramente? Espero que o

    Sinceramente? Espero que o Bolso se recupere - e bem - e vá para o segundo turno inteiro e saudável. Nessa campo de batalha que se tornou o país, acho pedagógico, do ponto de vista da democracia, esse enfrentamento e fundamental, do ponto de vista político, vencê-los com solidez.

    Mesmo com toda a máquina contra. 

  • Não se trataria de fraude

    Sérgio,

    seria fraude se ficasse comprovado que algum outro candidato ou mesmo seu vice ou outra coligação tivesse planejado o atentado e o registro do candidato diretamente envolvido na trama não fosse anulado 

    Como não é o caso, segue a lei: Mourão passa a ser o cabeça de chape. E garanto a vocês que ele ficaria no mesmo patamar de votos do Bolsonaro. Ambos possuem os memos predicados. Se assemelham em estatura ética,política, cultural. Enfim, se igualam na barbárie. Estas são as qualidades intrísecas deles que os colocam a frente dos nanicos.

     

     

  • Bolsonaro ja começou a

    Bolsonaro ja começou a despencar com o anuncio de Haddad como cabeça de chapa. Ciro vai continuar subindo. Nem Bolsonaro nem Mourão sustentariam um debate frente a candidatos como Haddad ou Ciro. Alkmin mingua junto com Marina. Vamos ter no segundo turno Haddad contra Ciro (mó zebra, né?). 

  • E se ele ja morreu?
    Um filho assume? Mourao? A Globo inventa que foi a esquerda e tira a chapa que esta na frente da disputa?

    De golpistas "profissionais da violência" espera-se qualquer golpe baixo

  • Eleições indiretas
    E se dão um novo golpe?
    Eleições indiretas, já que a eleição pra presidente não teve campanha de rua feita pelo bonossauro... então não valeu ....

  • Sempre ocorre um prejuízo com a troca.

    Se o Bolsonaro morrer ou ficar impossibilitado de continuar a candidatura ocorrerá um prejuízo ao grupo fascista, sempre que acontece uma troca uma debandada de parte dos eleitores, principalmente, aqueles que não fazem parte da tropa de choque, ou seja, os eleitores do povo.

    É o mesmo processo que ocorre com Lula-Haddad, o primeiro chegou a números em torno de 40% das intenções de voto, enquanto o segundo passa longe desses números e será necessário uma campanha boa para conseguir atingir algo entre 70 e 80% dessas intenções de voto.

    Se Bolsonaro tem intenções de voto entre 20 e 24%, então, seu substituto terá algo entre 14% e 18% no máximo. Isso se a debandada não começar antes, em outras palavras, se começar a cair a intenção de voto no Bolsonaro enquanto ele ainda é candidato ele terá uma base menor no momento da troca e o substituto ficará com uma herança bem modesta. 

  • Mais perguntas que respostas.

     Já escrevi aqui no GGN e em outros blogs que o Bozo irá retirar sua candidatura e apoiar o Santo, mesmo o Santo estando empacado. O problema depois do atentado é a reação do general. Será que ele aceita ir pra casa? Será que vai exigir ser cabeça de chapa e não apoiar o Santo? Ou será que fará de tudo para que a eleição não se realize. Será que o filho do Bozo deseja se candidatar a presidente no lugar do pai? O prazo para substituição de nomes nas chapas se encerra dia 17. O partido do Bozo não esperava um milhão de mulheres contra o candidato na net. Devem estar assustado, pois não tem como combatê-las.

  • O grande beneficiário do

    O grande beneficiário do atentado, claramente, é o psdb do chuchu. Alkmin já começou a pregar o voto util anti-pt em benefício próprio. Todas as pesquisas têm enfatizado que bolsonaro perderia de qualquer um no segundo turno. Caso o quadro do bolsonaro piore nos próximos dias, a tendência é que seus próprios eleitores caiam nesse conto e migrem em massa para a candidatura tucana para não ver dois competidores progressistas no segundo turno. E aí o páreo seria duro, com resultado final semelhante ao de 2014, com vitória do PT por pequena margem e o psdb capitaneando a partir do primeiro dia o próximo golpe.

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