O próximo ato da tragédia, por Carlos Motta
E o golpe mostrou ao que veio.
Bastou apenas um ano para que as consequências trágicas da aventura corroessem a jovem e imatura democracia brasileira de tal maneira que reconstruí-la será uma tarefa não só demorada, mas extremamente difícil.
Isso porque os golpistas não feriram apenas a Constituição ao depor, sem que houvesse crime, uma presidenta eleita com 54 milhões de votos.
Eles conseguiram desempregar milhões de pessoas, arruinar importantes setores da economia, aprofundar a recessão, transformar a Justiça num instrumento de perseguição política, desmontar grande parte dos programas sociais que ajudaram a combater a miséria, esgarçar as relações institucionais, e expor o Brasil como uma imensa república de bananas para o mundo todo.
Os mais recentes escândalos revelaram apenas o que já era sabido: o golpe instalou no país uma cleptocracia.
Em sua luta desesperada pela sobrevivência, o presidente desta república de ladrões pode aprofundar ainda mais o desastre a que todos assistem.
Sua queda, porém, é questão de dias – como a história mostrou inúmeras vezes, o monstro parido pelos golpistas começa a devorar seus criadores.
A grande dúvida é sobre como será o próximo ato da tragédia, se ameno, conciliador, resultado de um amplo pacto de reconstrução nacional, ou uma mera continuidade deste lastimável prólogo, um texto absolutamente caótico.
Esse é o grande problema do Brasil, hoje e sempre – a falta de bons autores para a criação de um projeto que explore as suas imensas potencialidades e o leve ao século 21.
Os trabalhistas bem que tentaram encenar o seu roteiro social-democrata, com relativo êxito.
Mas, por ingenuidade ou incapacidade, deixaram que a peça fosse sabotada por vários de seus atores, temerosos de serem rebaixados para simples figurantes.
Agora, com o teatro em ruínas, são poucas as esperanças de que essa companhia rota e mambembe recupere, ao menos, a sua dignidade.
Para isso ela teria de ser dirigida por alguém que compreendesse a gravidade do momento e aceitasse como premissa para o seu trabalho o diálogo com todos os envolvidos no projeto – atores, produção e, principalmente, a plateia.
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Como sempre é fácil prever o passado.
Será que o autor conhece os projetos que estavam em andamento em plena e acelerada implementação? Ou esteve alimentando o seu conhecimento sobre a evolução do país nos anos recentes por meio das interpretações dos analistas da Globo/Mossack-Fonseca?
“Os trabalhistas bem que tentaram encenar o seu roteiro social-democrata, com relativo êxito.
Mas, por ingenuidade ou incapacidade, deixaram que a peça fosse sabotada por vários de seus atores, temerosos de serem rebaixados para simples figurantes.”
Tentaram encenar, seu roteiro com relativo êxito? Deixaram que a peça fosse sabotada?
Ora, doutor, de onde saem essas impressões?
Não poderia uma análise mais atenta apontar para uma observação um pouco mais consistente com a realidade?
Ou o Asmodeu agora liberto e dominante já não estava aí em sua plenitude esse tempo todo, sob controle de uma ação política vigorosa, articulada e competente?
O Sergio Moro já estava atuante na montagem do espetáculo farsesco da ópera bufa intitulada de AP 470, assessorando a preclara Ministra Rosa Weber, ou não estava?
Não estavam ele, o Moro, e o Santos Lima lá no Banestado quando toda a falcatrua foi devidamente abafada e só os mordomos foram chamados a responder por elas?
Os gangsters Michel, Mendoncinha, Gedel, Quadrilha, Cunha, Angorá, Aloysio 300 mil(ou 500 mil?), Aébrio, Gilmar Dantas, Globo/Mossack-Fonseca, a rapinagem dos banqueiros agiotas e suas quadrilhas surgiram agora do nada? Ou estavam todos presentes e atuantes com espaços delimitados dentro de um acordo político que precisava ser costurado e redefinido a cada 48 horas, nos tempos recentes em que os indicadores apontavam índices de excelência em todas as áreas de atuação do Governo?
Não doutor. A obra foi gigantesca e a luta foi árdua e vitoriosa, nos embates diários, até que forças descomunais ergueram-se para atuar em conjunto, muito bem coordenadas e financiadas por agentes estrangeiros, para libertar o Asmodeu que sempre estava e esteve aí presente à espreita.
Me desculpe, mas se alguém aqui pretende reescrever a história, terá que combinar com os russos que também estavam e estão aqui assistindo o mesmo filme
Parabéns, amigo. Resposta
Parabéns, amigo. Resposta irretocável e irreprochável. Infelizmente,grande parte de nossa “esquerda” ainda não aprendeu com a História e, talvez porque acredite num momento mágico no qual o outro lado simplesmente deixe de existir, se nega a perceber que governos progressistas são derrubados por seus ACERTOS e não por seus ERROS.
O Brasil de hj me lembra os
O Brasil de hj me lembra os contos de Aladim e a lâmpada maravilhosa. Solta-se o gênio que concede pedidos aos seus libertadores. Logo em seguida esses reparam que as coisas que pediram não se concretizam exatamente como pretendia-se. O gênio liberto, terrível, inicia sua perigrinacao de destruição e calamidade.
O Brasil guardou um gênio maldito por séculos na garrafa. Muitas vezes foi liberado, mas alguém com envergadura se dava conta e colocava-o na garrafa novamente.
Notadamente o gênio sempre foi uma maldição prestes a se concretizar. Nossos políticos hábeis, sempre o mantiveram seguramente aprisionado e com astúcia usavam de seus favores sem o libertar, enganando-o.
Aí vem Aladim, uma geração de medíocres. Acreditaram que liberando o gênio derrubariam o califado ao ter o seus pedidos atendidos. Porém, fracos, tolos e ignóbeis, não foram capazes de aprisionar o gênio novamente como sempre fizeram seus antecessores. Mas o gênio sabedor de suas intenções voltou-se contra seus libertadores.
Aprisionar o gênio traz mais ou menos sacrifício a todos. Sempre que foi liberado trouxe efeitos colaterais devastadores. Demandou mais ou menos tempo e sacrifício de muitos heróis para detê-lo.
Agora o gênio está livre, leve e solto. É promete uma agonia terrível contra tudo e todos até que suas forças se esgotem. Talvez já não haja mais nação ou povo depois que isso aconteça.
Quem sobreviver terá de reconstruir a nação do zero! Tudo promete piorar mais antes de melhorar.
Mas afinal o Brasil e os brasileiros devem purgar os seus pecados, seja eles quais forem.