Opinião

Por que agora?, por Francisco Celso Calmon

Por que agora?

por Francisco Celso Calmon

Imputar ao outro uma inverdade é, além de mau-caratismo, um crime de injúria e, a depender da propagação, de difamação também.

Em 9 de novembro de 2022 publiquei no GGN um artigo com o título Eugênio Aragão, um homem de Estado, um militante da democracia, no qual escrevi: “A experiência como acadêmico, advogado, procurador, ministro, aliado ao seu desprendimento pessoal, a sua coragem, a sua integridade moral e a sua sólida formação teórica e prática, o torna imprescindível para a reconstrução do Estado democrático de direito.

Eu o conheci de vista quando operadores do direito de todo o Brasil prestaram solidariedade à presidenta Dilma em Brasília, logo após a OAB ter manifestado apoio ao impeachment, ocasião em que fazíamos esforço derradeiro para evitar o golpe. 

De lá pra cá estivemos juntos, presencial e virtualmente, em coautorias de livros, em lives, palestras e em outras formas de comunicação, testemunhando a sua simplicidade, firmeza de opinião, inteligência, e, sobretudo, compromisso com os direitos humanos, e aí destaco uma frase sua quando assumiu o Ministério da Justiça no governo Dilma: “Sem igualdade, passamos a desclassificar o outro, a excluir o outro. Sem isso, é o totalitarismo”, sentenciou”.

Há três anos e alguns meses convivo no canal Pororoca com o companheiro Eugênio Aragão, período que só fez confirmar suas qualidades e leal companheirismo.

Ao deparar-me no dia 8 com a notícia no Metrópoles de que pessoas ligadas ao ministro Dias Toffoli estavam propagando que Eugênio, à época advogado do Lula, havia aceitado a proposta escabrosa do Toffoli de Lula velar o corpo do irmão numa unidade militar, pensei: a quem serve essa (des)informação?

Numa jogada de baixo nível, de culpar o advogado da vítima, na busca insistente de aproximação do Ministro ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essas pessoas estão mentindo para a história. 

Mesmo que quisesse, Eugênio não teria e não tinha delegação para decidir em nome do presidente qualquer proposta desse teor. Somente o Lula poderia decidir.

Enquanto o ex-ministro da Dilma prima pela coerência e assume, como já o fez publicamente, por eventuais posições equivocadas, o ministro do STF vem fazendo malabarismo para limpar seus graves erros cometidos desde o processo do “mensalão” a aquela desumana proibição do Lula velar o corpo do seu querido irmão Vavá.

Deduragem já é um gesto ignóbil, atribuir a uma pessoa inocente, de reputação ilibada, uma inverdade, uma fakenews, absolutamente fora do contexto conjuntural, é a evidência inequívoca de um golpe rasteiro, pois basta uma pergunta para confirmar: por que só agora as pessoas ligadas ao ministro Dias Toffoli estão plantando essa injuriosa informação?

Tem alguma serventia senão a busca de obter o perdão de Lula para esse ministro do STF, que foi exemplo de ingratidão?

Intermediários que levaram ao Lula a busca da conciliação foram repelidos pelo presidente.

Não tendo tido êxito, pautou a mentira injuriosa como desesperadora busca de um perdão, que o coração magoado do presidente provavelmente não dará, creio eu.

Buscar o perdão do Lula é honroso e merece respeito, mas que seja pela via da probidade.

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para dicasdepauta@jornalggn.com.br. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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  • Acho, quase tenho certeza que Lula já perdoou a todos. Só um tolo perde tempo em remoer ódios; e até executar vinganças. JÁ ESQUECER... é impossível.

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