Reconhecimento facial na Inglaterra, racismo estrutural no Brasil, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Congelado pela extrema valorização das aparências, essa nova versão do mundo ocidental será finalmente destruída. Pequena perda direi.

Reconhecimento facial na Inglaterra, racismo estrutural no Brasil

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Essa é uma notícia realmente preocupante. Na Inglaterra um programa de Inteligência Artificial será utilizaoa para selecionar candidatos a emprego com base nas suas expressões faciais.

Os defensores do ocidente gostam de dizer que ele é superior ao oriente porque adota um sistema que privilegia o mérito, que permite às pessoas estudar e se aperfeiçoar, mudar seu comportamento e se regenerar. Mas agora, se forem rejeitadas pela Inteligência Artificial, as pessoas não poderão fazer mais nada. Não é possível questionar um sistema cujos parâmetros são ignorados. Discutir a justiça ou a injustiça de uma decisão tomada de maneira impessoalmente não será uma tarefa para amadores.

Mas sempre será possível ludibriar o sistema. Alguém que for rejeitado pode, se tiver condições financeiras, fazer uma cirurgia plástica para ser visto de maneira diferente pela Inteligência Artificial. Todavia, mudar o rosto para conseguir um emprego também pode ser uma excelente maneira de disfarçar uma personalidade psicótica e destrutiva. Ah… esse admirável mundo novo.

Os computadores já conseguem ler sinais exteriores. Eles não conseguem e provavelmente nunca conseguirão ler sinas interiores de virtudes ou defeitos morais. A sociedade do espetáculo se tornará enfim vítima de sua própria superficialidade. Congelado pela extrema valorização das aparências, essa nova versão do mundo ocidental será finalmente destruída. Pequena perda direi.

No Brasil o novo sistema inglês não precisará ser adotado. Nosso racismo estrutural sempre foi politicamente eficaz e analogicamente brutal. Ele condena à exclusão e à repressão os pretos, pardos e índios e atribui o comando do sistema de (in)justiça apenas aos homens brancos bem-nascidos.

O que possibilitou a Deltan Dellagnol virar um coveiro da democracia não foi sua face angelical e sim sua disposição de se elevar acima da Lei para colocar os benefícios dela longe do alcance das pessoas que a Lava Jato decidiu perseguir por razões políticas e ideológicas. Ele foi escolhido por suas “virtudes” antidemocráticas.

Na Inglaterra Dellagnol seria contratado por causa seu rostinho de inocente. Impossível dizer se lá ele conseguiria cometer tantos abusos e permanecer tranquilamente no cargo até se aposentar.

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