A diminuição do apoio às manifestações

Enviado por jns

Do Valor

Perto do Mundial, apoio às manifestações cai
 
por Elisa Soares

A menos de um mês para a bola rolar na Copa, o apoio da opinião pública às manifestações despencou. Sondagens feitas pelo Instituto Vox Populi à época das jornadas de junho do ano passado, quando milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra governos, partidos políticos e os péssimos serviços públicos do país, mostravam que a parcela dos entrevistados que concordava totalmente com os protestos era de 54%. Em levantamento feito neste mês, apenas 18% aprovam as manifestações.

Em fevereiro deste ano, pesquisa do Datafolha também apontou que os entusiastas dos protestos diminuíram, passando de 81% em junho de 2013 para 52% há três meses. Ao mesmo tempo, a mesma sondagem mostrou que a taxa de apoio à Copa vem diminuindo: em novembro de 2008, um ano após o anúncio que o país realizaria o evento em 2014, 79% dos brasileiros apoiavam o torneio; em junho de 2013, o percentual caiu para 65%; e chegou a 52% em fevereiro.

Diante desses dados, o cientista político Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, avalia como “pequena” a chance de grandes manifestações populares ocorrerem durante a Copa do Mundo, que acontece entre 12 de junho e 13 de julho deste ano em 12 capitais brasileiras. Para ele, o impacto também deve ser menor do que o esperado nas eleições.

A pesquisa do Vox Populi mostra também que a presidente Dilma Rousseff conta com a maior parcela de intenção de votos entre os que não concordam com as manifestações – 50%. Ela também lidera (33%) entre os que apoiam as manifestações, mas a margem que a separa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) é menor. De acordo com a sondagem, a faixa da população que disse ter ido às ruas (5%) manteve-se estável de junho para cá.

Coimbra afirmou que o aumento da violência nos protestos explica a redução na parcela daqueles que endossam totalmente o movimento. Durante o 26º Fórum Nacional, promovido ontem pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio, Coimbra lembrou que a violência teve seu ápice em fevereiro, quando o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago de Andrade foi atingido por um rojão durante protesto e teve morte cerebral.

“Em comparação com o que houve em 2013, o entusiasmo, a curiosidade e o apoio da população aos protestos caíram. A percepção é de que teremos período de manifestações menores. Tudo indica que durante a Copa do Mundo a chance de manifestações é menor, de grupos menores, em uma ação mais organizada. Aquelas grandes manifestações não devem acontecer”, acredita Coimbra.

Sobre o impacto das manifestações no processo eleitoral de outubro, ele cita dados da internet para justificar seu argumento: “Passamos em junho do ano passado de dois milhões de ‘posts’ sobre as manifestações brasileiras em redes sociais para um volume que é menos da metade disso”, observou Coimbra.

O diretor do Vox Populi frisou ainda que as greves que estão ocorrendo nos últimos meses, como a dos garis em março e dos rodoviários neste mês – ambas no Rio -, são basicamente sindicais, com reivindicações específicas. “Em nada tem a ver os protestos do ano passado”, completou Coimbra.

No Ceará, em visita às obras da transposição do Rio São Francisco, a presidente Dilma voltou a dizer que a Copa será um sucesso e que o governo garantirá a segurança da população e dos torcedores. “Uma conjunção de forças [formada pelas diferentes autoridades relacionadas à segurança pública] vai assegurar que serão pacíficas as manifestações democráticas que ocorrerem durante a Copa”, declarou a presidente. (Colaborou Bruno Peres, de Brasília)

Do Datafolha

Cai apoio dos brasileiros a protestos e à realização da Copa do Mundo

Faltando menos de quatro meses para a Copa do Mundo no Brasil, metade dos brasileiros apoia a realização do evento no país, revela pesquisa Datafolha. Esse é o índice mais baixo já registrado pelas pesquisas Datafolha. A taxa de apoio à Copa vem diminuindo. Em novembro de 2008, um ano após o anúncio que o país realizaria o mundial de 2014, 79% dos brasileiros apoiavam a realização do evento, em junho de 2013, caiu para 65%, e agora chegou a 52%.

A taxa dos que são contrários a Copa do Mundo cresceu e passou de 10%, em 2008, para 26%, em 2013, e para atuais 38%. As taxas dos indiferentes à realização da Copa do Mundo e dos que não souberam responder se mantiveram estáveis, respectivamente, em 8% e 1%, os mesmos índices observados em 2013.

O levantamento do Instituto Datafolha foi realizado nos dias 19 e 20 de fevereiro de 2014. Foram feitas 2.614 entrevistas junto a 161 municípios do país. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.

Na análise das variáveis sócio-demográficas, observa-se que o apoio à Copa do Mundo diminuiu mesmo entre os segmentos que mais apoiavam a realização do evento. Entre os moradores da região Norte/ Centro-Oeste e Nordeste, o apoio à Copa era em 2013 de respectivamente, 74% e 79%, hoje é de 68% e 64%. No mesmo período, o apoio à Copa entre os mais humildes diminuiu de 69% para 57%, e entre os mais jovens, de 70% para 57%.

Taxas de apoio acima da média também são encontradas entre os moradores de municípios com até 50 mil habitantes (57%), entre os que são contra as manifestações (60%), entre os que são contra as manifestações durante a Copa do Mundo (62%), entre os que têm o PT como partido de preferência (63%), entre os que avaliam positivamente o governo Dilma Rousseff (64%) e entre os que avaliam que a situação econômica do país e pessoal irá melhorar (respectivamente, 67% e 61%).

Com relação aos contrários à realização da Copa, observa-se o crescimento das taxas entre os segmentos que mais reprovam o evento. Na fatia dos mais escolarizados, a taxa de desaprovação passou de 36%, em 2013, para 50% na pesquisa atual. Já entre os que têm renda familiar mensal de mais de cinco a dez salários mínimos, o índice foi de 37% para 47% no mesmo período. E entre os moradores da região Sul e Sudeste, os índices passaram respectivamente, de 34% e 33% para 45% e 47%.

Outros segmentos que se destacam na reprovação são: os moradores de municípios com mais de 500 mil habitantes (43%), os que são a favor dos protestos (45%), os que são a favor de manifestações durante a Copa do Mundo (59%), os que avaliam negativamente o governo federal (60%) e os que acreditam que a situação econômica do país e pessoal irá piorar (55% e 60%).

Apoio a protestos é o menor desde junho de 2013

A pesquisa Datafolha mostra também que o apoio às manifestações, que vem ocorrendo em algumas cidades brasileiras desde junho do ano passado, é o menor já mensurado. Em junho do ano passado, esse índice era de 81%, passou para 77%, em agosto, e chegou agora a 52%. Já a taxa dos que são contrários às manifestações cresceu, em junho era 15%, foi para 18% em agosto, e chegou a atuais 42%.

Entre os moradores da região Sul (60%), entre os que desaprovam o governo federal (61%), entre mais jovens (63%), entre os mais ricos (66%), entre os mais escolarizados (72%) são encontrados as maiores taxas de apoio às manifestações. O mesmo ocorre entre os entrevistados que consideram que a situação econômica do país e pessoal irá piorar nos próximos meses (respectivamente, 59% e 63%).

Em contrapartida, entre os mais pobres, (49%), entre os moradores de cidades com até 50 mil habitantes (49%), entre os que avaliam positivamente o governo Dilma Rousseff (50%), entre os menos instruídos (56%) e entre os mais velhos (58%) são observados os índices mais altos de reprovação às manifestações.

Quanto à realização de manifestações durante a Copa do mundo, um terço (32%) declarou ser favorável, 63% são contra, 3% são indiferentes e 2% não souberam responder. O apoio às manifestações durante a Copa é mais alto entre os segmentos: moradores da região Sudeste (36%), os mais jovens (39%), os mais escolarizados (46%), os que possuem renda familiar mensal de mais de cinco a dez salários mínimos (42%) e os que avaliam negativamente o governo Dilma Rousseff (47%).

A reprovação aos protestos, por outro lado, é mais alta entre: as mulheres (67%), os mais humildes (68%), na região Nordeste (70%), nas regiões Norte e Centro-Oeste (71%), entre os moradores de municípios com menos de 50 mil habitantes (70%), no grupo de simpatizantes do PT (72%), entre os que avaliam como ótimo ou bom o governo federal (72%), entre os mais velhos (74%), e na parcela dos que acreditam que a situação econômica do país e pessoal irá melhorar (70% e 68%, respectivamente).

Veja mais informações e dados sobre a opinião dos brasileiros sobre os protestos e sobre a Copa em matérias publicadas na Folha.

 

11 Comentários

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  1. A meninada está compreendendo

    A meninada está compreendendo que EM PARTE eram uma componente da manobra da oposição!

    Que eles foram estuprados na consciência por grupos que os usaram como montaria para chegar mais rápido aos seus objetivos de poder…

     

    1. Protesto sem objetivo específico, não passa de modismo…

      Aliás uma moda de gosto discutível!

      Ademais, aquela turma, e grande, que protestava apenas para serguir e estar na “moda”, já que não tinha um motivo real e específico para protestar, percebeu que era uma “furada” ficar engrossando cordão de protesto “contra tudo isso que está aí”, sem ganhar nada com isso e ainda correndo risco de sofrer algum dano à sua integridade física ou moral.

      Como toda moda, algum dia ela cai, parece que esta já caiu…

       

    2. Acho que não entenderam nada

      Não entenderam o mote dos protestos (aliás, nem sabiam o motivo…), e nem entenderam que foram manipulados.

      Aqueles protestos foram só moda da garotadinha universitária, pra colocar foto no Feicebúqui. Só isso e mais nada.

  2. Requentada ?

    Esses comentários – Datafolha e Valor – são de mais de um mes atrás.

    “Faltando menos de quatro meses para a Copa do Mundo no Brasil…” (Folha)

  3. Deixa ver se entendí. 5% DA
    Deixa ver se entendí. 5% DA população FOI ÀS RUAS. Essa “população” ENTREVISTADA era a vizinhança dos presidenciáveis? Somos DUZENTOS MILHÕES de almas…TÁ DIFÍCIL DE ENGOLIR “PELA REGRA DE TRÊS SIMPLES”…MAS PELA REGRA DE “45 COMPLICADA”…pode até ser. Mas duvido!

  4. De quem é a culpa?

     

    É muito suspeito que os vandalos que tomaram conta daquelas manifestações pacificas gozaram de total impunidade.

    Não é não?

    1. Nem um pouco

      A mídia santificou os manifestantes e ajudou a disseminar que o vandalismo era mera manifestação de sentimento de indignação.

      Conheço um Advogado da União (que odeia o PT, claro…) que apregoa até hoje que as destruições dos Black Blocs são legítimas e legais. Ele diz que “se um bem é público, o povo pode destruí-lo!”. Lógico que o raciocínio dele exclui o ataque a prédios e bens privados, que ele condena com veemência.

      1. Golpe de Estado

        Em fevereiro deste ano, pesquisa do Datafolha também apontou que os entusiastas dos protestos diminuíram, passando de 81% em junho de 2013 para 52% há três meses.

        De um jeito ou de outro os maiores beneficiados com os black blocs foi o satatus quo.

      2. Bem público não pode ser destruído

        Dano

        Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

        Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

        Dano qualificado

        Parágrafo único – Se o crime é cometido:

        I – com violência à pessoa ou grave ameaça;

        II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

        III – contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)

        IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

        Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

        1. As ações de vandalismo foram

          As ações de vandalismo foram altamente documentadas por milhares de fotografias. Porque a inteligencia da policia não estava presente desde os primeiros momentos e fizesse valer a lei, se os atos criminosos foram intensamente documentados, porque não foram coibidos?

          Incompetencia?

          Omissão?

          Ou interesse politico?

        2. Eu sei disso

          Mas vá explicar ao Advogado da União, oposicionista, que a ideia dele é contra a Lei.

          A Oposição emburrece a pessoa. Fato!

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