Advogado espanhol fez pagamentos a Rosangela Moro, por Luis Nassif

Com acréscimos às 23hs39

A nota da seção Radar, da Veja, mostrando página de um relatório da Receita Federal, de advogados que trabalharam para o escritório de Tacla Duran traz um complicador a mais para o juiz Sérgio Moro.

No dia 27 de agosto passado, a colunista Mônica Bérgamo revelou que o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhava para a Odebrecht e está foragido na Espanha, acusou o primeiro amigo de Sergio Moro, Carlos Zucolotto Júnior, de tentar intermediar negociações paralelas com a Lava Jato.

Zucolotto e a senhora Sérgio Moro eram sócios em um escritório de advocacia

Segundo Duran, haveria diminuição da multa e da pena que Duran deveria pagar, em um acordo de delação premiada, em troca de um pagamento que seria feito pelo caixa 2 para acertos com membros da Lava Jato.

Segundo Duran, a proposta de Zucolotto era alterar o regime de prisão em regime fechado para domiciliar e redução da multa para um terço do valor, ou seja US$ 5 milhões. A proposta teria sido feita no dia 27 de maio de 2016.

Moro respondeu através de uma nota:

“O advogado Carlos Zucolotto Jr. é advogado sério e competente, atua na área trabalhista e não atua na área criminal;

O relato de que o advogado em questão teria tratado com o acusado foragido Rodrigo Tacla Duran sobre acordo de colaboração premiada é absolutamente falso;

Nenhum dos membros do Ministério Público Federal da força-tarefa em Curitiba confirmou qualquer contato do referido advogado sobre o referido assunto ou sobre qualquer outro porque de fato não ocorreu qualquer contato;

Rodrigo Tacla Duran não apresentou à jornalista responsável pela matéria qualquer prova de suas inverídicas afirmações e o seu relato não encontra apoio em nenhuma outra fonte;

Rodrigo Tacla Duran é acusado de lavagem de dinheiro de milhões de dólares e teve a sua prisão preventiva decretada por este julgador, tendo se refugiado na Espanha para fugir da ação da Justiça;

O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me; e

Lamenta-se o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido, tendo ela sido alertada da falsidade por todas as pessoas citadas na matéria.”

Há dois anos, em matéria no Conjur, Moro havia alegado que a sociedade da esposa com Zucolotto visava apenas a “partilha de honorários”, o que significa que não atuariam necessariamente no mesmo processo.

Agora, a informação da Veja traz um componente explosivo, que a revista tratou de amenizar, levantando apenas a consequência menos relevante do furo: o fato de Moro ter que se declarar impedido de julgar Duran:

O juiz Sergio Moro poderia ser impedido de julgar o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran não fosse o Ministério Público, que, estranhamente, ocultou uma resposta da Receita Federal que investigou o acusado.

Ora, tem muito mais coisa em jogo.

Vamos entender como a Receita age em circunstâncias semelhantes.

Um escritório de advocacia faz pagamentos a terceiros, outros escritórios ou advogados. A Receita resolve investigar.  E o procedimento inicial é a DIRF (Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte), com a relação de todos os pagamentos efetuados pelo escritório.

A Receita vai até o escritório e pergunta porque pagou. O escritório explica. Seria para acompanhamento de uma ação ou para serviços a ou b. Aí a Receita vai até o prestador de serviços e confere se os serviços foram efetuados.

Se o nome da senhora Moro consta na DIRF, significa que o escritório Tacla Duran efetuou pagamentos ao escritório e aos advogados do escritório.

Ou seja, pagou a senhora Moro.

Aí se entra o território da especulação. Qual teria sido a razão para a investigação da Receita? Pode ser uma explicação mais simples, de conferir se Tacla efetivamente pagou Imposto de Renda. Pode ser explicação mais complexa, sobre a natureza dos trabalhos efetuados. Principalmente porque se sabe que a maior ocupação de Tacla era a de doleiro.

O fato dos procuradores da Lava Jato terem escondido o documento por dois anos permite toda sorte de elucubrações.

Se a Receita mandou o resultado há dois anos, significa que a investigação deve ter dois anos e meio, período em que Rosângela Moro sai do escritório. Ou seja, ela saiu quando recebeu sinais de que a Receita estaria investigando Zucolotto.

Em qualquer hipótese, os pagamentos se referem a fatos contemporâneos, quando a Odebrecht e o próprio Tacla Duran já estavam na mira da Lava Jato. E desmontam as versões de Moro sobre as relações do primeiro-amigo e da primeira-dama com o escritório de Tacla Duran. Segundo a inocente explicação de Moro, Zucolotto teria sido contratado por Duran para tirar cópia de um processo em Curitiba.

Desde o início, estranhava-se que as delações ainda não tivessem chegado ao Judiciário. É possível que essa escrita seja quebrada com o fator Tacla Duran..

O advogado Santos Lima 

Conforme anotou o leitor Francisco de Assis, nos comentários, entre os recebedores está o advogado Leonardo Guilherme dos Santos LIma, também do Paraná, e cujo sobrenome coincide com o do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Houvesse resquício de

    Houvesse resquício de seriedade e o vazajato desMoronaria de vez. Como os acumpliciados são os de sempre, sobra tempo para o temerista-GOLPISTA-ladrão fazer o "negócio da China": vender o país "a preço de banana".

    Doutro lado, como inexiste corregedoria em qualquer das instâncias "federales", fica o dito pelo não dito e segue o "último baile da ilha fiscal", agora, como farsa.

    Interessante a anotação de que a preclara primeira-esposa "resbalou" do escritório chegado em tramóias (será?) tão logo a receita chegou perto.

    Para não dizer (muito) suspeito.

    Que mais a vazajato acobertaria em desMoronamentos?

  • É um casal
    O Moro, a esposa e esse Zucolotto são tipo o goleiro Bruno, o Bola e o Macarrão.
    Só falta aparecer o nome Moro tatuado no popô do Zucolotto.

    • Professor(a), pode fazer dupla de 3?

      Quando eu estudava, sempre que um(a) professor(a) passava trabalho em dupla, alguém fazia esse pedido, raramente acatado. Agora, além da "dupla de 3", temos o "casal de 3"...

  • Pero No Mucho

    Como o abacaxi da vaza jato ainda não entrou em cartaz, dá tempo de trocarem o nome para, "Polícia e Receita Federal - A Lei é Para Todos, Pero No Mucho". 

    • Não vai prescisar você criar
      Não vai prescisar você criar seu incrível Exército de Brancaleone,apesar de seu esforço hercúleo e digno de parabéns sua fulgurante iniciativa.Espero que ao final de tudo isso você reconheça que a Madona de Cedro não caiu em minhas mãos por acaso,guarde suas gracinhas para algum cadastrado,e vá assistir o concerto em Dó Maior de Ze da Justiça,ao cair da noite,devidamente indumentariado com o fraque de casimira inglesa com risco de giz que o Papai nos legou.

  • Ele disse que vai para os

    Ele disse que vai para os Estados Unidos em outubro . . . . não podemos deixar escapar, vai ter que pagar, áh se vai . . . .

    • Por isso mesmo é que saiu uma

      Por isso mesmo é que saiu uma notinha numa coluninha muito provavelmente de página par da revista. É que a revista precisava tirar o dela da reta e se não desse essa notícia, outra firma daria.

      Mas com uma evidência tão escandalosamente clara  como essa, a Abril publicaria capa e matéria de 12 páginas na primeira semana, de 8 na segunda e de 4 no mês seguinte, além de repetir na retrospectiva de final do ano, fosse o Lula.

      Experiência não falta: como a Abril, são poucas as empresas capazes de publicar revista unicamente com ilações, invenções, mentiras e encheção de linguiça. Ah! E com infográficos powerpoint...

    • Sim, assim como o Moron (um

      Sim, assim como o Moron (um pau mandado de ocasião). Obviamente a notinha plantada pela vesga é um recadinho da cúpula da máfia para seu lacaio. E ainda bem que temos o Nassif para ler esse lixo e conseguir extrair alguma informação relevante e fidedigna. 

  • Este juiz
    do jeito que ele é arroz de festa, será que não conta com a ajuda de ninguém para fazer as decisões não? Alguém bem próximo, assim, de confiança...

  • Prazo de validade vencido!

    Se não estiver enganado, ainda existem dois processos contra Lula nas mãos do juiz. E acho que para esses não haveria prazo para sentença e recurso à segunda instância a tempo de inabilitá-lo para 2018.
    Então, com o "triplex" concluído e a correria para que o mesmo seja julgado em segunda instância com prazo para inabilitação, acredito que a missão do julgador esteja concluída. 
    Assim como Eduardo Cunho ficou intocável até que sua missão fosse concluída, raciocínio análogo para o juiz e a lavajato.
    Isto justificaria estas revelações pela mídia golpista, coisa impensável há tempos atrás.
    Nassif já cansou de falar isso aqui.
    Game Over! 

    • Eh isso! Prazo de validade.

      A Monica Bergamo deu

      Porque o prazo de validade venceu

      E a Monica pode dizer que é jornalista e a Folha é uma empresa de jornalismo. E a farsa continua tudo do mesmo jeito.

  • Sobrenome do buscador Santos Lima também está no doc da Receita

    Não só o Moro é suspeito para atuar no caso Tacla Durán: o procurador-barbichinha Santos Lima também parece ser suspeito no caso

    No documento da Receita, além do nome da mulher do Moro, associada via Zucolotto ao delator Tacla Durán, consta também o nome do (advogado de Curitiba) Leonardo Guilherme dos Santos Lima, que, pelos dois sobrenomes e a cidade onde atuava e/ou atua, deve ser parente do procurador-barbichinha Carlos Fernando dos Santos Lima, como associado ao delator Tacla Durán, o que poderia indicar suspeição, não só de Moro, mas também do sub-chefete do Dallagnol-Powerpoint na Operação Lavajateira, como se vê na imagem abaixo:  

    • Isto explica

      Por isto a reação violenta do barbicninha contra o advogado Kakai, quando este disse que pelos critérios do Moro, seria o caso de prisão preventiva.... O procurador barbicha ficou nervoso...

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