Bolsonaro ataca MST durante Festa do Peão de Barretos

Presidente estava com Luciano Hang, alvo da PF por participar de grupo de empresários que defenderam golpe de Estado

Jair Bolsonaro na Festa do Peão de Barretos. | Imagem: Reprodução/Redes sociais

da Revista Fórum

Bolsonaro transforma Festa do Peão de Barretos em comício e ataca MST

por Ivan Longo

Assim como fez na campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu, na noite desta sexta-feira (26), à 5ª Festa do Peão Boiadeiro, em Barretos (SP), e transformou o evento ligado ao agronegócio em um verdadeiro comício. 

O mandatário desfilou montado em um cavalo na arena, rezou o “Pai Nosso” e discursou para o público, composto em sua grande maioria por apoiadores, que respondia aos seus acenos com gritos “mito”.

Em sua fala, Bolsonaro deu sequência ao que disse no mesmo dia, mais cedo, no sentido de minimizar a fome no país, enaltecendo o agro. “O Brasil, cada vez mais, se projeta no cenário mundial. Mais do que nossa segurança alimentar, vocês [do agro] garantem alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas no mundo (…) O Brasil tá realmente um país abençoado”, declarou. 

O discurso, no entanto, é fantasioso. Após uma redução histórica dos níveis de miséria e de retirar o país do chamado “mapa da fome” da ONU, durante os anos de governo petista, o Brasil voltou ao vergonhoso indicador e tem, atualmente, 33 milhões de pessoas passando fome, além de 125 milhões (58%) de habitantes em situação de insegurança alimentar, de acordo com pesquisas da Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

Ataque ao MST 

O presidente ainda aproveitou sua fala, que durou cerca de 5 minutos, para inflamar o público presente contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O movimento entrou em evidência esta semana por ter sido citado pela jornalista Renata Vasconcelos na entrevista que o ex-presidente Lula (PT) concedeu ao Jornal Nacional, da Globo, na quinta-feira (25). 

Na ocasião, a âncora havia questionado Lula sobre a relação do PT com o movimento e se essa proximidade não afastaria o agronegócio de sua candidatura. O petista, em resposta, criticou os grandes produtores rurais que promovem desmatamento e saiu em defesa do MST, lembrando que o movimento é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil e da América Latina

Bolsonaro, então, resolveu incluir o MST em seu discurso. “Nosso trabalho, quando titulamos terras, anulando a violência que vinha por parte do MST, isso bem demonstra que nós queremos integrar todos a nossa sociedade. Vocês são orgulho não apenas nosso, de todo o Brasil, vocês nem sabem, que sem vocês o mundo passa fome”, disparou o presidente, encerrando com a frase “Deus, pátria, família e liberdade”, que faz referência direta a um lema fascista

O mandatário estava acompanhado de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, dos filhos Eduardo Bolsonaro (PL-SP) Jair Renan, do astronauta Marcos Pontes, da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e de Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, que se tornou alvo da Polícia Federal (PF) por compor grupo de WhatsApp com empresários que pregam golpe de Estado em caso de vitória de Lula nas eleições. 

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Redação

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