
Na contramão do vídeo que satirizou os “privilégios” das Forças Armadas em meio à inclusão deles nos cortes de gastos do governo, as reduções para os militares representam somente 2,8% do total que o país iria cortar em todos os benefícios.
No início do mês, a Marinha divulgou um vídeo no qual fazia uma sátira às críticas de que os militares recebiam privilégios. Em imagens que intercalavam militares trabalhando e se esforçando em comparação a civis descansando e em festas, uma militar questiona, ao final do vídeo: “Privilégios? Vem pra Marinha!”.
O vídeo foi transmitido na Praça dos Três Poderes, durante a cerimônia militar de troca do Pavilhão, que substitui a bandeira, e é realizada uma vez por mês. Também foi divulgado nas redes sociais. E foi produzido diante dos questionamentos de benefícios obtidos por militares, sobretudo em relação às aposentadorias.
Os militares têm, por exemplo, uma aposentadoria de 35 anos de serviço, independentemente da idade que começa a prestar serviço. Além disso, pensões dadas a familiares de militares na reserva e outros benefícios são distoantes de qualquer trabalhador civil, até mesmo os funcionários públicos, que já são apontados por receber mais benefícios que trabalhadores CLT.
No pacote de cortes enviado ao Congresso, a equipe econômica de Fernando Haddad, ministro da Fazenda de Lula, incluiu a idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos militares, que passam à reserva, e uma taxa de 9% sobre o tempo de serviço restante.
Além disso, a proposta coloca fim ao pagamento da pensão para os “mortos fictícios”, que são pensões pagas a familiares de militares que foram expulsos das Forças Armadas por crimes e infrações. Essa remuneração ultrapassa R$ 20 milhões ao ano, somente no Exército.
Ainda, cônjuges ou filhos de um militar falecido recebem pensões, mas elas ainda poderiam ser transferidas a outros parentes mais distantes, em caso de mortes dos mesmos. O pacote do governo também cancela essa transferência de pensão a dependentes.
Por último, a equipe econômica decidiu incluir um desconto de 3,5% da remuneração dos militares que será destinado ao fundo de saúde militar.
As medidas incomodaram militares, que decidiram produzir o vídeo e transmiti-lo na cerimônia na frente da Praça dos Três Poderes, no dia 1º de dezembro.
O gesto foi mal visto por membros do governo, uma vez que o presidente usou as semanas prévias para articular junto a ministros de governo, lideranças partidárias e oposição no Congresso, membros do Judiciário e as próprias Forças Armadas para chegar a consensos nos cortes de gastos.
Mas, conforme levantamento do Uol, os cortes que os militares sofrerão no pacote enviado ao Congresso, caso aprovado em seu texto, são mínimos em comparação a outros setores e categorias.
Do total de R$ 70 bilhões calculados de cortes que serão economizados nos próximos 2 anos, somente R$ 2 bilhões se referem aos ajustes envolvendo as Forças Armadas.
Leia mais:

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.