É preciso barrar o pânico moral e o medo do PT entre evangélicos, diz pesquisadora do bolsonarismo

Esther Solano diz que medo disseminado entre evangélicos não deve ser subestimado: “pode definir a eleição”

A campanha de Lula, as figuras públicas de esquerda, a militância partidária e até mesmo os cidadãos simpatizantes da candidatura do ex-presidente, precisam se unir em torno de uma missão urgente nas eleições gerais de 2022: estancar o “pânico moral” que o time de Jair Bolsonaro induz dia após dia entre o eleitorado evangélico.

Em artigo para a CartaCapital, a cientista social Esther Solano, que conduz um dos estudos mais aprofundados sobre o perfil do eleitor bolsonarista, alertou o campo democrático sobre o perigo de subestimar o medo que os evangélicos desenvolvem de votar “num PT apresentado como ameaça à família”.

As pesquisas eleitorais têm captado o avanço de Bolsonaro entre os evangélicos, “fundamentalmente pentecostais e neopentecostais, o que significa que avança entre o povo pobre, nas periferias brasileiras.”

“Se a intenção de voto em Bolsonaro continuar a aumentar entre o público evangélico, ele pode garantir sua ida ao segundo turno e aí, meus amigos, a porta para o abismo se abre”, alertou Solano.

Dentro da cabeça do evangélico

Em seus estudos, Solano costuma dividir o eleitorado bolsonarista entre moderado e radical. Ela foi uma das principais cientistas sociais a observar essa divisão e apontar que o eleitorado cativo de Lula votou em Bolsonaro em 2018 sem nenhum problema.

Para ela, que entrevistou inúmeros bolsonaristas para a pesquisa, Bolsonaro não será derrotado com apenas com debates sobre o legado econômico lulista ou “as hipocrisias e as barbaridades bolsonaristas” no governo, nem com “inserções televisivas sobre a esperança, o amor e o ódio”. É preciso mais: “lutar contra o pânico moral, contra o medo de votar num PT apresentado como ameaça à família.”

Esther Solano defende – e implora – que a campanha de Lula e seu eleitorado tenham “disciplina comunicacional” e aprenda a “agir com inteligência eleitoral” para dialogar com evangélicos e aplacar este pânico moral que o bolsonarismo tem criado na base da fake news, embora conte com alguma dose de intolerância ou incompreensão das esquerdas sobre os evangélicos.

“O medo é um afeto grandioso. O medo ganha eleições. O medo moral tem uma capacidade brutal. O medo moral pode nos fazer perder as eleições. Devemos aprender a falar com os evangélicos, para, ao menos, estancar a sangria, para reduzir danos”, apontou Solano.

Leia o artigo completo em CartaCapital.

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3 Comentários

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  1. Ela está certíssima. Sou evangélico. As notícias falsas se alastram como fogo no nosso meio sem nenhum contraponto. As maiores mentiras viram verdades por causa do medo e da falta de comunicação da esquerda conosco. Recebo vídeos no WhatsApp todo dia nesse sentido. Muitos. Nenhum da campanha do Lula. Mas do Bolsonaro toda hora. Todas em tom alarmista. Uma mentira dita mil vezes vira verdade. Nesse campo a direita nada de braçada. A pesquisadora está certa.

  2. https://diplomatique.org.br/analise-do-voto-evangelico-ou-a-fortaleza-bolsonarista/
    Nassif e equipe GGN. No link acima, o artigo vai ao ponto, ao nó górdio que se encalacra. O voto confessional nas eleiçoes majoritárias tende a se consolidar agora em 2022. A única saída é mobilizar a sociedade para dialogar, menos nas redes e blogs, e mais no cara a cara. Conversar internamente entre os próprios não evangélicos. Nesse campo, os principais são entre católicos(praticantes ou não) e entre ateus. Nem rir ou chorar. Compreender e tolerar o outro. A economia está ruim, mas é até fácil reorientá-la nos próximos meses. Enfrentar as milícias e o crime organizado que não gurada seu capital embaixo do colchão, mas no circuito financeiro oficial internacional é que pega. O foco do PT (aliás cadê o PT?) é andar de olhos fechados sob a fina camada de gelo. Economia e passado não vai resolver por si. Precisa dialogar com povão. Enfim, são momentos decisivos e a inércia domina…

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