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A derradeira bala de prata?

Tenho pensado agora, com mais calma, após a euforia pós-debate da Band, sobre esse perigoso segundo turno.

Lendo os comentários do post “Dilma nos trilhos“, por mais que queira concordar com os mais otimistas, devo admitir certa apreensão com os rumos da eleição.

Não consigo deixar de pensar que ainda haverá uma derradeira “bala de prata”, na última semana de campanha. E acredito que ela possa ter efeito devastador.

Meu raciocínio parte das seguintes premissas:

 – PIG/Serra sem escrúpulos (fato);

 – PT incapaz de reagir prontamente – o que dizer antecipar – às acusações do PIG;

 – a insistência da Folha em conseguir acesso à ficha de Dilma nos arquivos militares da época da ditadura;

 –  exemplos anteriores bem sucedidos: “aloprados”, em 2006, e “Elenice+aborto”, no 1º turno.

Tendo esse retrospecto, imagino como possível cenário para a última semana de campanha:

1) Relvelação “bombástica” em um dos pontas de lança do PIG

2) Repercussão automática – essa bala de prata, creio eu, deverá envolver o aspecto “terrorista” – dizer que ela matou alguém, ou que o grupo dela o fez, ou uma “testemunha” (entre aspas mesmo, testemunha padrão PIG, sem credibilidade)

3) A falta de tempo hábil para combatê-la: aí reside o meu medo, porque na última semana, não vai ter quem segure o PIG na lavagem cerebral, e a campanha da Dilma até agora não se mostrou ágil, não consegue responder de “bate-pronto”. Daí, se a situação das pesquisas estiver semelhante a essa última (tudo bem, é do Datafolha, mas vamos com ela, já que ainda não saíram Sensus/VoxPopuli), acho que é possível reverter a vantagem.

Não dá pra relaxar, de forma alguma. Essa eleição vai ser apertada até o fim. E Serra tem mais recursos, poder de fogo. A campanha tem que se capacitar para dar contragolpes rápidos e preparar “antídotos”. A militância tem que ir pro corpo-a-corpo, tentar conquistar os votos dos indecisos.

Para quem acha que o pleito já está decidido em favor de Dilma, relembro a eleição de 2000 para prefeito de Recife, quando João Paulo (PT) reverteu uma vantagem enorme de Roberto Magalhães, que deixou de se eleger no primeiro turno por muito pouco. Deu no que deu – estamos no terceiro mandato consecutivo do PT em Recife.

Eu não consigo ficar calmo; não nos esqueçamos de que temos o governo mais bem avaliado da história, e que não conseguiu vencer no primeiro turno por atuação direta da mídia corporativa; não dá pra duvidar do poder de fogo da mídia.

A Blogosfera ainda é território de iniciados; não dá pra comparar a influência com os conglomerados midiáticos Globo/Abril/Folha/Estadão. Olho aberto; já enchi meu carro de adesivos, e vou dar a capa à tapa: no trabalho, no prédio, com amigos e parentes; não dá pra relaxar; a derradeira bala de prata não me deixa. 

Redação

Redação

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