Romeu Zema também teria orçamento secreto para comprar deputados em MG

Reportagem do diário mineiro O Tempo indica que ao menos dois parlamentares receberam mais de R$ 15 milhões, em emendas que tiveram o aval do governador do Partido Novo

Foto: Divulgação

Considerado um dos governadores mais alinhados ao governo de Jair Bolsonaro, o mineiro Romeu Zema também parece se aproximar do governo federal em suas práticas. Segundo reportagem do jornal O Tempo, o governo do estado de Minas Gerais também teria criado um “orçamento secreto” para financiar a compra de uma base parlamentar de apoio ao governador Romeu Zema (Novo).

Segundo a matéria, o governo estadual mineiro teria gasto ao menos R$ 15,3 milhões em emendas que se usaram para comprar o apoio de dois deputados, para que estes integrassem a base de apoio do governador na ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais).

Os parlamentares beneficiados seriam Roberto Andrade (Avante) e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), que receberam recursos extras, que vão além dos R$ 10 milhões de emendas que recebem todos os 77 deputados da ALMG.

No caso de Roberto Andrade, se trata do deputado que exerce a função de líder do governo Zema no Legislativo mineiro, o que torna ainda mais suspeito o fato de ele ter recebido pouco mais de R$ 8 milhões de reais do “orçamento secreto”, segundo a reportagem.

A matéria também mostra como o deputado distribuiu esses valores em seu reduto eleitoral, para promover sua imagem de benfeitor local: por exemplo, as cidades de Viçosa e Araponga, na Zona da Mata, receberam mais de R$ 2 milhões, enquanto outros R$ 400 mil foram enviados à pequena Oratórios, que possui cerca de 4 mil habitantes.

Também há suspeitas de que outros deputados também estejam recebendo recursos do orçamento secreto, além de Andrade e Mesquita. A reportagem do diário O Tempo cita o caso do deputado estadual Zé Guilherme (PP), que teria repassado, em apenas um mês, uma verba de R$ 4,3 milhões destinada ao pequeno município de Diogo de Vasconcelos, na região central de Minas Gerais, com recursos retirados do orçamento secreto de Zema.

A matéria também explica que o orçamento secreto do governador mineiro funcionaria de forma diferente ao do governo federal.

No caso do bolsonarismo, os recursos extraordinários seriam entregues a partir de uma manobra realizada no Congresso, aproveitando um mecanismo chamado “emendas do relator”, que são entregues aos parlamentares da base do presidente em troca de apoio às iniciativas do Palácio do Planalto.

Entretanto, em Minas Gerais, a destinação desses recursos aos deputados que precisam de um incentivo financeiro para formar parte da base governista precisa passar pelo aval do governador Romeu Zema, que é quem dá a autorização para que essas verbas sejam distribuídas por meio das secretarias.

O jornal O Tempo procurou os deputados envolvidos e conseguiu a resposta do Professor Wendel Mesquita, que reconheceu o repasse de recursos extras, mas assegurou que esta não é uma situação ilegal.

“É notório e sabido por todos que todos os governos têm emendas extras. Isso é natural. O que eu recebi de emendas extras foi para a educação, construção de quadras, material mobiliário. Eu aplaudo o governo, que continue trazendo essas emendas extras para os deputados da base. Que dê também para os deputados da oposição também, (…) porque tudo isso é indicação dentro do Orçamento, tudo conforme exige a legislação”, afirmou o deputado estadual.

Mesquita também acusou o governo anterior, do petista Fernando Pimentel, de fazer o mesmo: “o conceito de emenda extra sempre foi o mesmo, desde que governo é governo. Quem está na oposição chora, como foi no governo Pimentel. Quem era oposição ao governo Pimentel, se tinha alguma emenda extra, não indicava. Hoje quem está na base do governo, se tem emenda extra, indica. Isso é um processo natural da democracia. Não há nada de mal nisso. Não há nada ilegal. Na minha filosofia podia mandar emendas extras inclusive para os deputados da oposição”.

Redação

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