Política

Haddad comenta dificuldades e narra: “fizeram um bolão de quanto tempo eu duraria”

O ministro Fernando Haddad relatou obstáculos no comando do Ministério da Fazenda, uma das pastas mais sensíveis do governo Lula e alvo de críticas constantes do mercado. Em entrevista à CNN transmitida nesta quarta-feira (27), Haddad relatou que seus colegas chegaram a fazer um bolão sobre quanto ele duraria no cargo.

“Fizeram um bolão no PT de quanto tempo eu duraria aqui. Deve ter tido [bolão] na Faria Lima também. Gostaria que o Brasil estivesse em outra situação, de menos oposição e mais união e reconstrução”, narrou.

O comentário é um resumo das dificuldades enfrentadas pelo ministro, que liderou decisões desenvolvimentistas do novo governo Lula, incluindo também acenos de restrições fiscais criticados por setores do partido.

De candidato a presidente quando Lula foi impedido de disputar em 2018 a ministro da Fazenda, o cargo era visto como uma prova de fogo para a possibilidade de Haddad se alçar à sucessão de Lula em 2026. Mas com grandes riscos de também se tornar a queima da carta.

Isso porque, além do bolsonarismo, a principal oposição ao governo Lula era a ala conservadora da economia, materializada na “Faria Lima”: os grandes empresários e investidores.

Nesse tempo, Haddad endossou as críticas do presidente Lula ao Banco Central, e na entrevista desta quarta, rebateu o discurso de Campos Neto de que há “incerteza” nos movimentos para a redução de juros.

Haddad rebate Campos Netto

De acordo com o ministro, a redução de juros nos Estados Unidos e na Europa este ano devem empurrar o BC para reduzir também a taxa básica, mantida desde o ano passado em níveis elevados. “Eu não vejo muita incerteza no horizonte de curto prazo, penso que, sobretudo do ponto de vista internacional, a partir do meio do ano, podemos ter boas notícias”, afirmou.

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou a redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, mas justificou que não haveria reduções futuras por “incertezas”.

Haddad explicou que não há motivos para isso e que o cenário internacional está favorável para a redução. “Superando essa questão dos alimentos com a entrada da safra, vamos ter bons números de inflação nos próximos meses. Não vejo nos núcleos [de inflação] muita preocupação, sobretudo serviços, continua convergindo”, disse.

Em outro resposta a Campos Neto, Haddad disse que o presidente do BC deveria “conversar” com Lula sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dá autonomia financeira ao Banco Central.

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Redação

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