O crime dos pedalinhos e a geopolítica da Lava Jato

A geopolítica na história

O diabo é sábio porque é velho. O subdesenvolvimento é um trabalho pertinaz de gerações. Nunca as duas afirmações foram tão atuais como no processo político atual.

A geopolítica sempre foi uma ciência muito mais próxima dos militares e da diplomacia do que dos civis. Ela trata das relações de poder no mundo, da maneira como as nações se preparam para ocupar espaço no comércio ou na guerra.

Desde o século 19 as nações se digladiam em torno de dois modelos de desenvolvimento: o internacionalista, coordenado pelo grande capital, e o nacionalistas, ou, na terminologia contemporânea, os mercadistas e os desenvolvimentistas.

Os primeiros acreditam nas virtudes excelsas do mercado; os segundos, no papel libertador do Estado.

Os mercadistas defendem a abertura total da economia, a padronização dos procedimentos comerciais e jurídicos, de maneira a criar um único mercado. Suas ideias são sustentadas pela aliança entre os donos de capital internos com os internacionais. Por isso mesmo, sua base sempre foi o Rio de Janeiro, com sua economia mercantil.

Prometem que, com o tempo, os países centrais tornar-se-iam caros e os capitais transbordariam para os países periféricos promovendo o desenvolvimento.

Já os desenvolvimentistas acenam com exemplos históricos para comprovar que sem uma economia interna competitiva não haverá como promover o desenvolvimento que garanta bons empregos e a melhoria geral de vida da população. Sem desenvolvimento, os periféricos se perpetuariam como vendedores de commodities e de mão de obra barata.

Não é o caso de apresentar virtudes e vícios de cada modelo. Interessa, agora, as maneiras como se dão as disputas geopolíticas.

No início do século 19, o alemão Friedrick List já escrevia sobre o jogo político dos países centrais. Conseguiram seu desenvolvimento protegendo sua indústria, montando acordos comerciais favoráveis, definindo estratégias globais, como foi o caso da Inglaterra, destruindo a economia portuguesa com seus produtos e impedindo que os têxteis da Índia destruíssem a indústria têxtil britânica.

A luta se dava cooptando a elite do país periférico. Depois de se tornar hegemônica, a Inglaterra passou a praticar o livre comércio – já que sua indústria tinha uma indiscutível superioridade sobre a dos parceiros comerciais. Os aliados internos em cada país periférico repetiam o mantra de que para ficar igual à Inglaterra, os países teriam que fazer como a Inglaterra, depois de se tornar hegemônica: ou seja, abrir suas fronteiras à competição externa. Esse estratagema foi batizado por List como “chutando a própria escada”. Abrir as fronteiras antes de ser competitivo significaria suicídio econômico na certa.

Dois países recusaram-se a seguir a receita: Alemanha e, pouco depois, os Estados Unidos. E, graças às políticas desenvolvimentistas nacionais, tornaram-se também potências.

O Brasil como potência média emergente

Em poucos momentos da história o Brasil assumiu um protagonismo regional. Certamente no século 19, em cima de uma América do Sul dividida. Um pouco no período JK, com a Operação Panamericana. Depois, no período militar do Brasil Grande, quando ocorrem as primeiras incursões à África e tentativas de acordos no Oriente Médio.

Os arquivos do próprio governo norte-americano comprovam como se deu a disputa geopolítica na época, com os EUA contribuindo para a queda de Jango – apesar da relativa simpatia que lhe era dedicada por John Kennedy.

O grande momento brasileiro foi no período Lula, com o trabalho excepcional da chancelaria brasileira, comandada por Celso Amorim. O Brasil consolidou o Mercosul, avançou sobre a África, as empresas brasileiras passaram a disputar mercados na África e na América Latina, houve a montagem dos acordos com os BRICS, com o G20, um brasileiro assumiu a FAO e outro a OMC (Organização Mundial do Comércio).

Houve um claro desconforto do Departamento de Estado, que sempre viu no Brasil um parceiro administrando os conflitos no sul do continente, mas sem arriscar voos próprios, organizando os emergentes.

Culminou com a descoberta do pré-sal, tornando o país um player importante no mercado de energia, além da liderança nas commodities agrícolas e minerais. A aproximação com os BRICs, particularmente com a China, abriu espaço para que o principal competidor dos Estados Unidos possa exercer uma influência relevante na América Latina.

Além disso, mais maduro dos países do continente presididos por governantes de esquerda, o Brasil exercia ao mesmo um tempo uma função moderadora e uma liderança desses governos. Mesmo no período Dilma, incapaz de entender a relevância da diplomacia na construção de projeto nacional, persistiu a aliança.

Duas questões tornaram-se centrais nas preocupações norte-americanas.

1. A diplomacia comercial brasileira (junto com as empresas brasileiras) avançando na África e América Latina e aproximando-se da China.

2. O potencial do pré-sal nas mãos de uma estatal, podendo gerar, no futuro, problemas políticos de monta, por depender do voluntarismo de qualquer presidente.

Essa é a moldura que enquadrará dois movimentos paralelos que sacodem a política brasileira.

O primeiro, a ofensiva da Lava Jato. A segunda, a ofensiva política que teve a primeira vitória expressiva na flexibilização da Lei do pré-sal pelo Senado.

A ofensiva jurídica

No post  “Como a Lava Jato foi pensada como uma operação de guerra” (http://migre.me/t8Oe8) mostrou-se como desde 2004, o juiz Sérgio Moro planejou suas ações futuras, com base no estudo sobre a Operação Mãos Limpas.

No trabalho “Considerações sobre a Operação Mani Pulite”, Moro divisa as condições para uma Mãos Limpas no Brasil:

1.   Uma conjuntura econômica difícil, aliada aos custos crescentes com a corrupção.

2.     A perda de legitimidade da classe política com o início das prisões e a divulgação dos casos de corrupção. Antes disso, a queda do “socialismo real”, “que levou à deslegitimação de um sistema político corrupto, fundado na oposição entre regimes democráticos e comunistas”.

3.     A maior legitimação da magistratura graças a um tipo diferente de juiz que entrou nas décadas de 70 e 80, os “juízes de ataque”, nascido dos ciclos de protesto.

Em seguida, discorre sobre a parceria com a mídia.

Segundo Moro, na Itália teve “o efeito salutar de alertar os investigados em potencial sobre o aumento da massa de informações nas mãos dos magistrados, favorecendo novas confissões e colaborações. Mais importante: garantiu o apoio da opinião pública às ações judiciais, impedindo que as figuras públicas investigadas obstruíssem o trabalho dos magistrados”.

Finalmente, as investidas contra os chefes políticos dos adversários.

Dizíamos, em 14 de outubro de 2015, com base no trabalho de Moro:

“Nesse jogo, assim como no xadrez, a figura a ser tombada é a do Rei adversário. Enquanto o Rei estiver de pé será difícil romper a coesão do seu grupo, os laços de lealdade, ampliando as delações premiadas”, dizia Moro.

Fica claro, para o Grupo de Trabalho da Lava Jato, que o Bettino Craxi a se mirar, o Rei a ser derrubado, era o ex-presidente Lula. O vazamento sistemático de informações, sem nenhum filtro, é peça central dessa estratégia.

Desde os primeiros movimentos da Lava Jato, estava nítido o viés ideológico da operação, incriminando qualquer forma de estímulo às empresas nacionais. Para Moro foi a abertura econômica da Itália, a integração com a União Europeias que permitiu “limpar” o país.

Nem se pense no Ministério Público como uma corporação antinacional, conspiradora.

É possível mapear a formação dessa ideologia. A troca de experiência com procuradores de outros países, os manás de informações exclusivas fornecidas pelo FBI, os cursos patrocinados pelo Departamento de Estado, o acesso às melhores universidades norte-americanas, fizeram com que gradativamente os procuradores nacionais passassem a assimilar a noção de “crime” a ser combatido – além dos crimes reais do suborno e das caixinhas políticas. Nada diferente do que foi feito no pós-guerra com os militares brasileiros.

Segundo o Washington Post, em 2007 Moro participou de um curso de trës semanas para novas lideranças latino-americanas patrocinado pelo Departamento de Estado e passou a admirar o rigor e a eficiência do sistema jurídico norte-americano (https://goo.gl/3RytIV).

As instituições norte-americanas têm a geopolítica na veia. As brasileiras tem na cabeça apenas o Código Penal e a Constituição. Com todo respeito pelo conhecimento jurídico acumulado, são politicamente ignorantes. Encantam-se quando conhecem os Estados Unidos (e o funcionamento das instituições e da sociedade americana é fascinante) e voltam sem a menor noção sobre os processos históricos que constituíram o país. Menos ainda, sobre as parcerias das instituições com as corporações estadunidenses – cadeira que não consta dos currículos dos cursos aplicados pelo Departamento de Estado. Provincianos!

Então foi simples passar os novos conceitos, e direcionar as denúncias, ainda mais tendo em vista a promiscuidade gritante entre partidos e fornecedores nos modelos democráticos nacionais.

Há um fator adicional.

Os princípios desenvolvimentistas sempre têm um componente de arbítrio, definindo os setores a serem contemplados, os campeões nacionais. Muitas vezes os governantes cedem a esse arbítrio e fazem negócios políticos ou pessoais.

Para identificar as artimanhas do mercado, no entanto, é necessária uma boa dose de conhecimento técnico – que evidentemente falta aos bravos procuradores e delegados. Principalmente porque essas manhas vêm amparada em toda uma carga publicitária, justificando as maiores barbaridades com a capa do falso cientificismo.

É daí que vem a certeza de Moro de que a abertura da economia é como a luz do sol espanando a poeira das economias fechadas. Não tem culpa. Pessoas muito mais preparadas que eles, em temas gerais, também se enganam com as manhas do mercado.

Por isso mesmo, é mais fácil um bravo membro da força tarefa da Lava Jato identificar indícios de crime no pedalinho batizado com o nome do neto de Lula do que em operações de swap cambial. São incapazes de montar estratégias para apuração de crimes financeiros, como insider information, jogadas de taxas de juros, formas de manipulação de câmbio.

Como se dizia no começo, o subdesenvolvimento é um trabalho pertinaz de gerações. Não é apenas o conhecimento que atravessa gerações: a ignorância também é uma herança que se passa de pai para filho.

A ofensiva política

A frente política foi dominada mais adiante, através de uma admirável concatenação entre a estratégia da Lava Jato e quarteto probo do Congresso – Renan Calheiros, Romero Jucá, José Serra e Eduardo Cunha.

Até então, Lula, ou melhor, a perspectiva de Lula 2018, era o fator que mantinha coesa a base de apoio a Dilma, mesmo com os arrufos de lado a lado.

Á medida em que foi erodindo a popularidade de Lula, e ficou mais perto a possibilidade de inabilitação dele para as eleições de 2018, desmontou-se o que restava de coesão. 

Enquanto a Lava Jato ia demolindo uma a uma as grandes multinacionais brasileiras, sem a mínima preocupação com seus impactos econômicos e estratégicos, e desconstruindo diuturnamente a imagem pública de Lula, com toda sorte de factoides, o bravo quarteto dos homens probos – Renan Calheiros, Romero Jucá, Eduardo Cunha e José Serra – impunha-se a Dilma com a ameaça de apoiar o impeachment para aprovar o projeto de lei que flexibiliza o pré-sal. 

Os próximos passos serão a independência do Banco Central – garantindo segurança absoluta ao capital financeiro -, a blindagem total dos contratos de concessão, a flexibilização da legislação trabalhista, a flexibilização do orçamento. A mesmas agenda, aliás, que o vice-presidente Michel Temer empunhou meses atrás, quando julgava ter chegado a hora. Enfim, um decálogo que deixaria Hillary Clinton envergonhada e parece ter saltado diretamente da campanha de Donald Trump.

Seria coincidência a identidade de propósitos da frente jurídica, criminalizando toda forma de apoio interno às empresas nacionais, destruindo a engenharia nacional, e da política, impondo uma pauta estritamente internacionalista? Não se trata simplesmente de entregar o trabalho do pré-sal e ter direito à recompensa. Trata-se da demolição completa de um projeto de desenvolvimento nacional. E seria coincidência Renan Calheiros, depois da conversão, se considerar, doravante, blindado das investigações?

É mais fácil o Procurador Geral da República Rodrigo Janot e os executivos da Andrade Gutierrez entregarem Aécio do que essas ações simultâneas serem fruto de coincidência.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Brilhante, Nassif
    você é o
    Brilhante, Nassif

    você é o melhor analista, sua analise vem sendo precisa há tempos, pena que os "jênios" do governo vem vacilando

    ah, acompanho seu trabalho desde a Folha, salvo engano, anos 90, quando moleque ainda, "cabulava aula" pra ler jornais e tomar café na cara de pau, na sala dos professores, interessado que sempre fui por cultura e informação

    grande abraço

  • A Corrupção desenfreada da PF
    A Corrupção desenfreada da PF do MP/SP e do MPF em prol da Globo e da mídia escrita igualmente corrupta. Safadeza e cinisco têm limites! -Aécio Neves foi citado três vezes em delação premiada da Lava Jato!- FHC remetia dinheiro pra sua amante com base em contas em paraísos fiscais enquanto era Presidente da República!- O Chefe da Casa Civil do Alckmin compra imóvel por 30% do valor real de uma empreiteira que tem contratos com o Governo que passaram por ele, e tudo bem.- Eduardo Cunha tem trocentas contas no exterior comprovadas e continua presidente da Câmara;- Os Marinho da Globo fazem uma casa nababesca em uma praia em Paraty, cujo dono é uma off shore no Panamá, ao arrepio da legislação ambiental e brasileira a respeito de sonegação fiscal. Colocam guardas na praia para afugentar o populacho e nada....- Alckmin corta merenda nas escolas públicas por roubo descaradado envolvendo membro do MP/SP, do seu secretariado e nada.-Todas as obras de expansão do metrô paralisadas em São Paulo. ao custo de centenas de milhões de reais, por corrupção desenfreada, não apuradas pelo MP/SP. - E a gente tem que aguentar investigação da PF e do MP sobre padalinhos em sítio de Atibaia....Com 20 minutos no JN, manchete da Veja e outras maluquices? E com o MP/SP e MPF pagos com salários nababescos atrás de barquinhos de lata, a fim de prover notícias à Veja, à Globo, ao UOL, ao JN e à Epoca todas as semanas? Quanto custa isso ao contribuinte? Quanto custa a corrupção do MPF, do MP/SP e da PF , sem contar a do judiciário partidário rendido à Globo, à Veja, à Época, à Folha e ao Estadão ao vazarem informações sobre processos sigilosos?  Já se perguntaram quanto custam esses vazamentos? Se alguém vaza outro paga. É preciso dizer isso. Esses vazamentos à mídia são a qual preço? Quanto tem custado ao contribuinte esse conluio MP/SP+mídia, MPF+ mídia, PF+ mídia, Judiciário + mídia? Em que país estamos? Qual é o preço que o contribuinte está pagando por esta associação absolutamente obtusa, ilegal, inconstitucional, arbitrária e corrupta entre agentes do Estado e a mídia? Ora isso é corrupção do mais grosso calibre!    

    • A Corrupção na Lava Jato, PF e MPF

      Tocou numa questão importante. Em todo esse processo que estamos passando não ha mocinhos. Uma parte consideravel da PF tem-se mostrado podre. O MP é um horror ideologico e se o Judiciario for a cara do juiz Moro, continuaremos no atraso durante décadas.

  • acho que esse ótimo artigo do

    acho que esse ótimo artigo do nassiff eleva a discussão a um novo patamar,

    de qualquer assunto referente a política ou a lava-jato....

    essa questão  foi levantada algumass vezes nas discussões

    políticas internas, mas não com tantoa detalhes e informações,

    mas agora teremos de desvelar como funciona a tal da geopolítica nesse momento...

    interessante  o início - o diabo é sábio porque é velho e

    o subdesenvolvimento é um trabalho pertinaz de gerações,

    que no fundo ridiculariza o mefistofélico conluio grande mídia et caterva...

    na minha opinião, a grande mídia é encarnada pelo nobres

    mefistófeles que manipulam internamente os infernais  interesses internacinoais....

    e o et caterva são representados pelos ignorantes mas

    arrogantes que se acham os jenios so pedaço -

    os tolinhos...

  • essa criminalização dos

    essa criminalização dos pedalinhos das crianças do sítio de atibaia

    pela grande mídia golpista poderia ser considerada hilária,

    mas é de amargar...

    é de uma crueldade sem tamanho.....

    alguns dizem que é por desespero dessa grande mídia e do

    conluio et caterva que impregna tudo de ódio e rancor....

    não podemos perder a razão...

    é certo que esse tipo de acusação cruel e sem sentido, desumano,

    revela que os acusadores começam a perder a razão,

    a noção das coisas,  o senso do ridículo....

    falam dos pedalinhos mas  esquecemn o que lhes  convém..

    a mansão de não sei de quem em paraty,

    um verdadeiro relicário da corte, a qual  oswald de andrade já falava

    pra tirar sarro dessa ignorancia e dessa colonização que demora gerações para ser extirpada....

    - farinha de Suruí,

    pinga de Parati,

    fumo de Baependi,

    é comê, bebê, pitá e caí!

    os ignorantes desse conluio diabólico são capazes

    de dizer aue isso aí não é cultura, foge da norma...

    a norma para eles é data venia e outras anacronias,

    precede a literatura alencariana...

    ao invés dos pedalinhos eu quero saber mesmo é das

    tramóias do conluio fhc-brasif et caterva, da privataria tucana,

    do nosferatungante projeto do serra,

    mumunhas e maracutaias escancaradas já, escrachadas,

    porém jamais condenadas...

     

     

    -

  • Muito bom, e aproveito para

    Muito bom, e aproveito para sugerir ao Nassif que publique um livro sobre a Lava Jato, basta compilar os textos aqui publicados, muito bom, por isso tenho visto textos como esse sendo citados com expressões tipo: muito bom, leia, o conceituado GGN, etc.

    Ao mesmo tempo em que foi sendo delicioso ler um texto com tanta clareza e que mostra uma realidade não compreendida pelo povão, ah, mas para que povão entender de geopolítica, para que povão sabendo das coisas que lhes colocaria a par das coisas que lhe diz respeito: empoderar as Instituições "Republicanas" basta. Certo foi Chavez que, ao se eleger, mandou batalhões de pessoas ensinar as periferias sobre cidadania, as brigadas do conhecimento, assim evitou-se o golpe em 2002, o povo com a Constituição na mão...por aqui temos o que mesmo senão  uma Globo martelando toda hora o discurso e tramas de uma elite prá lá de nababesca e ao mesmo tempo prá lá de burra: não lhes interessa se o povo morrerá de fome, lhes interessa o butim, o pré-sal compensa, é assim no Iraque e outras plagas onde o povo se digladia mas a grana jorra dos poços de petróleo para as corporações, ou será que pensam que uma Chevron terá penina de brasileiro dormindo ao relento ou se preocupará com o retorno de um quadro que era preocupação da Unicef: a morte de recém-nascidos e de crianças pela fome e doenças e relacionadas a desnutrição. 

     

  • Temas relacionados

    À medida em que avançava na leitura do texto, me veio à mente alguns temas que fui anotando numa conta em desuso no zap e que transcrevo a seguir:

    Sobre geopolítica americana. São craques nisso, que vem de séculos e nunca desarticularam, pelo contrário, foram aperferçoando-se nisso, independemente do fato do governo ser Republicano ou Democrata. Ai me lembrei que na longíqua Revolta da Balaiada, no Maranhão, já teve como causa a geopolítica americana que, através do protecionismo quebrou uma promissora indústria do algodão, de óleo de coco babaçu. Outro exemplo do quanto o Brasil não consegue manter seu ciclo desenvolmentista foi a forma como destruiram a fábrica do Coronel Belmiro Gouveia, links

    Saiba mais

    Livros

    Delmiro Gouveia, José Airton de Farias, Edições Demócrito Rocha, 2001 - Na linha “primeiros passos”, ideal para iniciação aos assuntos ligados à vida e obra do empreendedor nordestino

    Delmiro Gouveia: Pioneiro e Nacionalista, F. Magalhães Martins, Civilização Brasileira, 1979 - Fundamental para a compreensão mais aprofundada da trajetória do cearense

    Filme

    Coronel Delmiro Gouveia, direção de Geraldo Sarno, 1977 - Mostra as dificuldades políticas e empresariais enfrentadas pelo self-made man nas primeiras tentativas de industrializar o Nordeste do Brasil. Rubem de Falco faz o papel de Delmiro. O filme, que pode ser encontrado nas locadoras, tem distribuição da Globo Vídeo

  • Muito bom. Acho que as coisas

    Muito bom. Acho que as coisas estão ficando cada vez mais claras, e, de fato, não se pode compreender a crise, política e econômica, sem um olhar histórico sobre  o capitalismo internacional e seus desdobramentos recentes.  Minha única discordância é em relação à política do Lula. Não a vejo como de modo tão favorável (com exceção da política externa, cujo sentido pleno assinalado no texto eu não tinha percebido). Entregou o BC para o "mercado", cumprindo o acordo da "carta aos (banqueiros) brasileiros (e internacionais)". Erro capital; resultou na manutenção de uma taxa de câmbio muito valorizada e, consequentemente, na desindustrialização. Não havia alternativa política? Talvez no primeiro momento não. Mas depois acho que sim, principalmente a partir de 2008, quando o capital financeiro ficou enfraquecido. Mas, a essa altura, penso que o Lula e o próprio PT não tinham claro o que hoje é cada vez mais evidente. E o culto à personalidade, ao qual a militância e mesmo a intelectualidade petistas aderiram sem pudor, inibiu a discussão informada sobre os dilemas que se colocavam. Sobre a Dilma, não vale a pena falar, a não ser para dizer que a sua escolha revela, parece-me, a falta de compreensão do que vivíamos. Mas o que importa agora é encontrar soluções políticas, impedir as reformas neoliberais. Isso só poderá ser feito com ampla participação dos trabalhadores e dos setores progressistas da intelectualidade. Não é cedendo as pressões dos neoliberais, não é propondo o próprio governo as reformas que atingem os trabalhadores que essa participação poderá ser conseguida. Não se trata, então, de "apoiar" a Dilma, mas sim de defender a legalidade e pressionar fortemente este governo.

  • Assuntos relacionados, nada a ver com o PGR Gurgel, é outro...

    Me desculpe Nassif, mas seu texto dá pano prá manga, caramba, como esse país foi se perdendo no decorrer do tempo, como é possível que, após reencontrar-se, se destroi nessa onda fratricida do momento, mas é assim mesmo, as corporações não estão nem ai para o que venha a ocorrer ou deixe de ocorrer com os povos das nações que invadem aqui ou no Oriente Médio, há 500 anos, quando do "descobrimento" do Brasil já foi assi, como também onde houve invasão espanhola: não ficou pedra sobre pedra....ai me lembrei do caso do carro elétrico da Gurgel,..mas é tanta coisa a ser trazida à tona...temos inventores nacionais, ah mas são tantos, Santos Dumont, patentes que nunca são aprovadas, até o Santo Daime as corporações internacionais tentaram roubar...não fica pedra sobre pedra...parecemos inocentes indios, um velho oeste onde americano, de forma sutil, chega e deita e rola e usa o sistema midiatico-penal ao seu bel prazer: prá gastar missil com essa gente tão inocente

    Os automóveis de Rio Claro

     "cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, já sediou uma importante indústria nacional de automóveis. Fabricou lá durante duas décadas utilitários, carros urbanos e até elétricos. Foi fundada em 1°. de setembro de 1969 pelo intrépido engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sempre sonhou com o carro genuinamente brasileiro. Devido às exportações que sua empresa passou a fazer com o sucesso dos produtos, ele sempre dizia que sua fábrica não era uma multinacional, e sim "muitonacional". O capital era 100% brasileiro."

    http://bestcars.uol.com.br/classicos/gurgel-1.htm

    O carro elétrico da Gurgel

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-carro-eletrico-da-gurgel

    A origem da fibra de Amaral Gurgel,,..

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-origem-da-fibra-de-amaral-gurgel

     

     

     

     

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