Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Otto Abetz, o embaixador nazista em Paris e o aliciamento da elite francesa, por André Motta Araújo

Essa narrativa serve como pano de referência para as elites do mercado financeiro brasileiro que aceitam qualquer aberração política ao só enxergar o curto prazo, o ganho imediato, a vantagem financeira no dia seguinte, sem pensar no futuro do Pais, das instituições, do Estado que lhes serve de guarda-chuva

Uma curiosa história lateral na Segunda Guerra foi o aliciamento da elite francesa pelo flamante embaixador do Terceiro Reich em Paris, Otto Abetz.

Essa narrativa serve como pano de referência para as elites do mercado financeiro brasileiro que aceitam qualquer aberração política ao só enxergar o curto prazo, o ganho imediato, a vantagem financeira no dia seguinte, sem pensar no futuro do Pais, das instituições, do Estado que lhes serve de guarda-chuva.

A MISSÃO DE OTTO ABETZ

Nascido antes da Primeira Guerra, Abetz desde sua juventude teve interesse voltado para a cultura e a arte, tornou-se professor de História da Arte, admirador da França e da cultura francesa, fazendo parte de grupos de acadêmicos franco-alemães, um alemão de cultura francesa, refinado e elegante, ficou amigo de notórios fascistas franceses como Pierre Rieu de La Rochelle e Jacques Benoit Mechin.

Abetz tinha em 1933 a idade de 28 anos e aderiu ao Partido Nazista em 1931 com entusiasmo. Em 1937 entrou para o serviço diplomático alemão.

Por seu francesismo acabou sendo nomeado por Hitler Embaixador em Paris em 1938, uma escolha providencial para o projeto alemão.

Abetz falava um francês culto e fluente, tinha aquele charme especial que encantava os salões. Com suas credenciais pessoais e fundos financeiros ilimitados passou a frequentar os grandes ambientes da elite social e econômica de Paris, encantando banqueiros e industriais, aproximou-se inclusive de Henri d´Orleans, o Conde de Paris, a quem ensinou que os alemães poderiam recoloca-lo no trono de uma Restauração eventual dos Orleans.

Seu papel foi fundamental para preparar o caminho da ocupação alemã em 1940 e para a criação do Governo de Vichy, um Estado artificial sob controle de Hitler. Alem de sua penetração na sociedade francesa, Abetz aliciou a imprensa, dando subvenção a 11 jornais diários, alem de mesadas a jornalistas e presentes a intelectuais e escritores, representado por viagens luxuosas à Alemanha, honrarias e mesmo dinheiro.

Abetz foi preso ao fim da Guerra, acusado de ter apoiado a deportação de judeus franceses a campos de concentração. Condenado a 20 anos de prisão em 1949, cumpriu 5 anos, libertado em 1954, morreu em um acidente de automóvel em 1959. Parte da família Abetz emigrou para a Austrália, onde alguns Abetz se tornaram importantes políticos do Partido Liberal.

UMA ELITE EGOÍSTA E FRÍVOLA

A elite francesa de 1940 lembra a elite brasileira dos “mercados”. Para um ganho puramente financeiro aceita privatizar os instrumentos estratégicos do Estado brasileiro, a entrega de todo o comando da economia a meros “operadores” financeiros cevados em bancos de investimentos e corretoras e que enxergam a economia de um grande Pais não como um instrumento para dar condições de vida à população, especialmente a grande maioria mal de vida, mas acham que politica econômica é só a cotação da Bolsa e o resto que se dane.

Esse tipo de elite prepara o caminho para um cataclismo, é uma elite anti-histórica e maligna, é uma elite-Miami, como em 1940 havia em Paris uma elite-Baden Baden, a cidade alemã que servia de sede da Comissão do Armistício Franco-Alemão de Junho de 1940, era lá onde se decidiam os destinos da França ocupada, com a alegre colaboração dos ricos franceses que lotavam as mesas do Maxim´s em 1941 jantando lado a lado
com generais nazistas de uniforme completo, numa escandalosa confraternização que hoje os franceses tentam apagar da Historia, uma pagina de vergonha.

Ao notar que o Marechal (de monóculo) Hugo Sperrle, Comandante da Luftwffe na França, estava muito godo. Hitler perguntou porque ele tinha aumentado de peso, Sperrle respondeu “Fuhrer, são as lagostas do Maxim´s com que os ricos franceses me homenageiam”.

A Historia costuma se repetir como farsa.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

6 Comentários

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  1. “…era lá onde se decidiam os destinos da França ocupada, com a alegre colaboração dos ricos franceses que lotavam as mesas do Maxim´s em 1941 jantando lado a lado
    com generais nazistas de uniforme completo, numa escandalosa confraternização que hoje os franceses tentam apagar da Historia, uma pagina de vergonha.”
    André,
    rico não tem vergonha, tem dinheiro, e dinheiro não tem pátria.
    Quem tem dinheiro é cidadão do mundo.

  2. Ainda há bolsonaristas, como o embaixador Araújo, que diz que o nazismo foi socialista.
    O Nazismo sempre esteve ligado aos grandes grupos econômicos dentro e fora da Alemanha.

  3. Não existe uma “elite do mercado financeiro brasileiro”, nossa moeda não tem importância nem nacional que dirá internacional, geopolítica. É só ver como os capitalistas brasileiros se ufanam por ter dólares. E se nem existe essa elite, como pensariam em futuro, ainda mais em futuro do nosso país?

    O que não há dúvida de que existe são banqueiros brasileiros porém operadores do dólar, moeda exclusivamente emitida, controlada, manipulada pelos Estados Unidos e imposta a alguns outros países, dentre eles, o nosso. Os mais poderosos bancos do nosso país submetem-se à ordem do dólar, às diretrizes dos EUA. E a ordem dos EUA, todos conhecemos: Estados Unidos em primeiro lugar. Ou, como diz o presidente deles, “America first”.

    É fogo… As pessoas que administram esse país, EUA, estão transformando nosso país em terra arrasada com a anuência complacente dos brasileiros que tomaram nosso estado nacional de assalto.

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