“Se tivesse poder, Bolsonaro já teria implementado o fechamento do regime”, diz Sâmia Bomfim na TVGGN

Bolsonaro não desistiu de seu plano. "Ele aposta no caos social para ir para cima", diz a deputada à TVGGN

Jornal GGN – O programa “Cai Na Roda”, da TVGGN, recebe neste sábado (13) a feminista e deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL). Sâmia falou à redação do GGN sobre o papel do PSOL na eleição de 2022 e comentou sobre as ameaças autoritárias de Jair Bolsonaro. Para ela, se o presidente tivesse condições e poder, já teria feito o “fechamento do regime”. “Esse objetivo dele é muito claro” e ele não desistiu do plano. “Existe essa contenção de setores da sociedade”, que sabem responder aos ataques autoritários, “mas quando ele puder… Ele aposta no caos social para ir para cima. Essa é a minha leitura.”

Sâmia acredita que Bolsonaro está perdendo apoios em sua própria base, mas não vai ser derrotado sozinho e tampouco sua reprovação significa vitória garantida da oposição. “Vai caber a nós dialogar com esses setores decepcionados e apresentar algo para a população. O projeto bolsonarista nao vai morrer sozinho, ele precisa ser derrotado. É esse nosso caminho até 2022.”

Sobre a próxima eleição presidencial, ela disse que “o tema do primeiro turno ainda é uma grande questão” para o seu partido, sobretudo com a dificuldade do campo da esquerda em apresentar um projeto já para o primeiro turno. “Eu defendo que o PSOL, desde já, se postule, construa seu programa apontando para a necessidade de unidade. Tenho fé no povo e esperança no futuro. Imagino que a sociedade vai saber responder a todos os desmandos de Bolsonaro.”

Sâmia comentou também sobre os ataques que vem sofrendo, de grupos de ódio da extrema-direita, por causa de sua gestação – companheira do deputado Glauber Rocha, eles esperam, juntos, a chegada de um menino que está com 24 semanas.

Ela também abordou o lugar da maternidade na agenda programática da esquerda; citou vários temas dedicados às mulheres trabalhadoras e mães que são prioridades de seu mandato, além das grandes discussões na Câmara que envolvem a sobrevivência dos trabalhadores e brasileiros mais vulneráveis no contexto da pandemia.

Confira a íntegra na TVGGN a partir das 20h:

ALGUNS TRECHOS:

GOLPE NA DEMOCRACIA

Acho que se ele pudesse, e se tivesse condições políticas, tivesse poder, ele já teria implementado o fechamento do regime no Brasil. Ele nunca enganou ninguém, ele sempre defendeu a ditadura. A gente alertou para isso, mas achavam que era uma bravata ou elemento secundário. Esse objetivo dele é muito claro. Ele só poupou o setor das Forças Armadas [no projeto que impede o reajuste de servidores públicos], que ele vem fortalecendo justamente porque você precisa delas para constituir e perpetuar o poder.

Acho que a gente tem sabido responder, em unidade de ação, e é uma unidade ampla, de diversos setores da sociedade, aos gestos autoritários. Seja em ameaças a universidades, ataques a jornalistas, à alimentação desses grupos paramilitares – e a resposta ao deputado Daniel Silveira foi importante. Mas não acho que Bolsonaro tenha desistido dos seus planos. Existe essa contenção de setores da sociedade, mas quando ele puder… Ele aposta no caos social para ir para cima. Essa é minha leitura.

ELEIÇÕES 2022

Tem um apelo muito forte pela unidade dos setores progressistas para enfrentar o Bolsonaro. Ele é bem cotado nas pesquisas no primeiro e segundo turno. Os setores que o apoiam, mesmo na elite econômica, estão revendo esse posicionamento, principalmente pela gestão desastrosa da pandemia e o DNA autoritário, mas ele não vai cair de maduro.

Acho que desde já é preciso debater, mas debater não só um nome, mas programa. Tem que ter um nome também. A gente sabe que existem flechadas, bate-cabeça entre os nomes mais cotados para a presidência. Eu sempre me pergunto onde o PSOL entra nisso. Acho que tem que ter um papel pró-ativo, mas também não pode ficar a ver navios, ou seja, todos se apresentam, apresentam seus candidatos, e a gente, que é um partido que está crescendo, que está em construção, que tem uma perspectiva de esquerda radical, que rompeu lá atrás com o PT por causa de pontos programáticos que a gente discorda, enfim… Como a gente se apresenta? Se fica, muitas vezes, a reboque das disputas políticas que são feitas, ou se, bem, já que tem essa indisposição tão grande dos setores, a gente também se apresenta.

Claro, não temos o direito de não nos unir no segundo turno da maneira que for. Mas o tema do primeiro turno ainda é uma grande questrão. Eu defendo que o PSOL, desde já, se postule, construa seu programa apontando para a necessidade de unidade. Tenho fé no povo e esperança no futuro. Imagino que a sociedade vai saber responder a todos os desmandos de Bolsonaro.

DECEPÇÃO COM BOLSONARO

A reprovação de Bolsonaro não é automaticamente o reconhecimento do papel da oposição e dos movimentos sociais que estão resistindo. Vai caber a nós dialogar com esses setores decepcionados e apresentar algo para a população. O projeto bolsonarista nao vai morrer sozinho, ele precisa ser derrotado. É esse o nosso caminho até 2022.

AÇÃO INTERNACIONAL

A gente precisa apostar nesse cerco internacional para ter forças de fora para dentro. Nesta semana, nós do PSOL vamos protocolar cartas para a ONU, Parlasul, Congresso Europeu e outro países, para apresentar a condição do Brasil e pedir ajuda no tema das vacinas. Governadores também estão fazendo isso individualmente, para tentar furar a boçalidade que tem hoje na presidência da República e no Ministério da Saúde.

Redação

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