Xadrez da virada próxima do apoio americano a Bolsonaro, por Luis Nassif

Daqui a algumas semanas, os correspondentes em Washington irão reportar melhor o quadro que descrevo. A análise se baseia nas avaliações de um dos mais experientes diplomatas americanos

Daqui a algumas semanas, os correspondentes em Washington irão reportar melhor o quadro que descrevo. A análise se baseia nas avaliações de um dos mais experientes diplomatas americanos, que serviu no setor latino-americano do Departamento de Estado.

Peça 1 – a euforia inicial de Trump com Bolsonaro

Quando Bolsonaro apareceu na Casa Branca, era uma novidade. Tratava-se de um direitista radical, no maior país da América Latina, ao contrário de Sebastián Piñera, um direitista conservador. Ao mesmo tempo, acenava com um extraordinário alinhamento com os Estados Unidos, e uma admiração incondicional por Donald Trump, a ponto de bater continência para a bandeira americana.

Os movimentos iniciais dos Bolsonaro abriram três enormes perspectivas de negócio, especialmente para grupos ligados aos republicanos, dado o grau de admiração dos Bolsonaro por Donald Trump: petróleo, Amazonia e privatizações.

O GGN prepara uma série inédita de vídeos sobre a interferência dos EUA na Lava Jato. Esse tipo de jornalismo só é viável quando a sociedade apoia junto, pelo interesse público. Quer se aliar a nós? Acesse: www.catarse.me/LavaJatoLadoB

Peça 2 – a mudança de quadro

Hoje a situação mudou radicalmente. Bolsonaro passou a ser tratado como um “demônio” pelos principais jornais do mundo, New York Times, Washington Post, The Economist e Financial Times. O velho diplomata acredita que a mídia esteja exagerando, mas esses veículos moldam a opinião da elite mundial. São as mídias-farol nas capitais globais, repercutindo nas grandes empresas, no mercado financeiro e nas chancelarias.

Peça 3 – as eleições de 2000 e Trump

Não apenas isso. No próximo ano haverá eleições e a consciência “verde”será um dos temas centrais. O tema já conquistou os eleitores americanos. E há riscos concretos, para os Republicanos, de que os Democratas joguem no colo de Trump os incêndios da Amazonia, por seu endosso às loucuras de Bolsonaro. Por isso, a aproximação com Bolsonaro passou a ser encarada como ônus, não mais como bônus.A “demonização” de Bolsonaro passou a preocupar até a Casa Branca, e foi agravada pela tentativa de emplacar o filho como embaixador em Washington. Muitos recordaram a era Trujilo, o ditador da República Dominicana que tentou emplacar o filho Ramfis como embaixador, depois de tê-lo tornado general ainda adolescente.

Ramfis sucedeu o pai, acentuou sua vocação de playboys sanguinário e acabou deposto pelos marines americanos. Assim como Bolsonaro, Trujilo era bizarro, folclórico e colocava a família em primeiro lugar. Começou apoiado pelos EUA e depois se tornou um estorvo para Washington. A era Trujilo acabou virando uma mancha na história diplomática americana.

Em breve, essa mudança radical dos humores de Washington será captada pelos correspondentes brasileiros. E Bolsonaro não poderá se comportar mais como o pusilânime que recorre ao irmão mais velho para provocar as pessoas.

Luis Nassif

32 Comentários

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  1. Menos,menos. Como disse o presidente Lula,os falcões do norte veem primeiro o seu interesse,em segundo lugar o seu interesse,em terceiro lugar,o seu interesse e,se sobrar espaço,em quarto lugar,ainda veem seu interesse.
    Assim, o topete amarelo dos falcões do norte tanto poderá continuar seu apoio desmedido como não. Quem determinará isso são os interesses deles.
    Agora,só entre nós,não acredito nem um pouco em preocupação dos falcões do norte com meio ambiente.Aliás,eles até poderão usar isso como argumento de campanha,se for favorável,da proximidade do topete amarelo com seu serviçal brasileiro,para a proteção ambiental,kkk

    1. O que vai acontecer é tão fácil de prever como uma partida de futebol entre o time A e o B : Deve dar A mas também pode dar B. Se nenhum dos dois vencer dará um empate. Mas tem uma coisa que o Nassif deixa claro em sua análise e pareceu-me que você não atinou por ela, Vladimir: Rifar Bolsonaro é do interesse dos falcões. Só não entendo como é que a diplomacia americana não previu o desastre bolsonaro.

      1. O que não sei é se é REALMENTE do interesse dos pintinhos estrelados (falcão é altaneiro), derrubar o bocó sulamericano, típico lider de uma republiqueta de bananas.

    2. Verdade. O que eu acho estranho da parte dos países (e dos políticos) que são “fan” does EUA e que os EUA fazem nenhum mistério sobre isso. Cada ano, geralmente no mês de fevereiro, o Presidente dos EUA faz o “State of the Union address”, ao seja um discurso sobre “o que os EUA vão fazer”. Cada ano desde o 8 de janeiro 1790 tem esse discurso e cada ano o conteúdo é o mesmo: somos os melhores, vamos ser os policias do mundo, vamos comprar matéria prima oferecendo preço baixo e vender os nossos produtos caro, e os que não querem nos vender matéria prima barata ou comprar caro são nos inimigos. E vamos então jogar democracia (Made in USA) na cara deles…

    3. “Falcões”?! Aquilo lá tá mais para urubus, abutres, vermes em geral…

      A moçada em geral já percebeu tanto que o eixo anglo-sionista-estadunidense é a mais nefasta barbárie que assola os países dolarizados como que não precisam mais daqueles vândalos para nada.

      Ninguém aguenta mais os bobocas dos “americanos” posando de bonzões quando covardia e beligerância é tudo o que têm em si. Só os muito bobos ainda acreditam naquela propaganda. O que o sobrinho do Freud diz, que é possível fazer as pessoas irem contra seus próprios interesses, como toda mentira, durou pouco.

    4. Bozo esta sendo rifado sutilmente para dar espaço alguém da direita tradicional entreguista da linha Temer, Maia, Alckmin ou Doria. Vamos ser real. O Bozo fracassou no inicio do ano em dar golpe na Venezuela, fechou a tampa do caixão do Macri quando atacou a Argentina desnecessariamente, desestabilizou o governo do Paraguai por corrupção em Itaipu, Bozo virou tóxico para os interesses neoliberais Americanos na América Latina tanto do lado Democrata quanto do lado Republicano (em termos de imagem), virou um saco de pancada do Neoliberal Macron, este francês que tem apoio dos jornais americanos com Washington Post e NY Times para bater no Bozo diariamente. O Bozo só atrapalha , ele é um paspalhão.

  2. “Correspondentes brasileiros”, Nassif?!

    Tudo depende da velocidade da entrega, tanto das “reformas”, quanto do que resta de patrimônio. O boçalnaro diz que quer, mas o centrao esta fazendo jogo duro. Os norte americanos estão ficando é impacientes com esse vai-nao-vai. Antes de cansarem de vez de colarem a imagem em um estúpido, é provável que vejamos a batalha final entre lava jato e centrão.

    “Correspondentes”, Nassif? Esses caras não são observadores, são jogadores, estão em campo. Lembre-se: estao a serviço da agenda antissocial e entreguista, e puxados pelo nariz a partir de fora, pelo Departamento de Justiça norte americano.

    Mais ainda: não está claro se a pressão da mídia americana leva a administração Trump a abandonar o boçalnaro ou o contrário.

      1. Mas o que pode um governo dos EUA sobre a iniciativa privada baseada no dólar?
        Sanders pode prometer o que quiser, só cumprirá se a plutocracia deixar. Além disso Sanders, nesse aspecto, me lembra da missionária Dorothy Stang (que esteja em paz) ensinando a índio brasileiro que beleza de civilização é o país dela. O mesmo país que bombardeou, envenena com radioatividade e escraviza até hoje as pessoas das ilhas do Atol de Bikini.

        Não, seja quem for que ocupa o governo daquele país, ou aceita os EUA como estado terrorista que é, iniciativa privada usando armas excluisivas de estados nacionais, ou não o deixam governar.

        1. A minha atenção é para o realinhamento IDEOLÓGICO, sim, IDEOLÓGICO, no nível supra nacional.

          Quando o Sanders fala “Lula Livre”, ele, que é tachado de “comunista” lá nos EEUU, a coisa transborda as maquinaçoes e escaramuças do “deep state” que sempre tocou em frente o meio de campo da politica externa norte americana, independentemente de o chefe do executivo ser Democrata ou Republicano, ou mesmo um outsider como Trump.

  3. O Brasil entre a cruz e a caldeira. Melhor dizendo: o pedaço de carne entre dois bandos de hienas.

    New York Times, Washington Post, The Economist e Financial Times, Bloomberg News, entre outros media fazem parte do profundo e complexo Clinton Machine.

    Vai escapar das garras de um bando para cair nos dentes de outro.

    Dureza.

  4. O Brasil entre a cruz e a caldeira. Melhor dizendo: o pedaço de carne entre dois bandos de hienas.

    New York Times, Washington Post, Bloomberg News, entre outros media fazem parte do profundo e complexo Clinton Machine.

    Vai escapar das garras de um bando para cair nos dentes de outro.

    Dureza.

    1. “New York Times, Washington Post, Bloomberg News, entre outros”

      Flavio, NAO EXISTEM DESCULPAS para o “60 Minutes”.

      NEN SEQUER UMA.

      A REPORTAGEM DELES FOI ENCOMENDA.

  5. O que Trump reserva para tudo que está abaixo do Rio Grande é apenas desprezo. Com Bolsonaro não é diferente. Além disso Trump não precisa dele pra nada, nem para se apropriar da Amazônia, nem para comprar estatais.
    Imagino as gargalhadas no salão oval depois do encontro dos dois na visita do brasileiro aos EUA. Nunca devem ter visto alguem tão caipira e subserviente.

  6. Toda esta pantomima vai acabar em breve, a razão volta aos poucos (lentamente) aos que queriam um país melhor, e entregaram o governo nas mãos de um lunático.
    Aos poucos brasileiros que amam realmente o país, vão trazer de volta nossa democracia, atirada nos braços do crime organizado.
    Tenho fé!

    1. “a razão volta aos poucos (lentamente) aos que queriam um país melhor, e entregaram o governo nas mãos de um lunático.”

      Tipo botar cerveja para gelar no forno, ou um bolo para assar no Freezer né ??

      E Bolsonaro não enganou ninguém !!! Estã sendo quem sempre foi e fazendo no poder tudo o que dizia que ia fazer durante a campanha !!!

  7. Bolsonaro já é um problema para a reeleição de Trump. Ambos têm valores iguais ou semelhantes. Só que Bolsonaro os expõe escrachadamente, enquanto Trump é um hipócrita refinado.
    Os democratas vão jogar na cara do Trump que ele é mui amigo de um criminoso ambiental, misógino, racista, mentiroso e demais qualidades de Bolsonaro que nós conhecemos. E vai pegar, porque o senso comum aceita como verdade irrefutável o “diz-me com quem andas e direi quem és”.
    Ontem o filho 03 não conseguiu uma selfie com Trump. Por que será ?

  8. Ente um soldado subserviente, estorvado e louco que atrapalha e um soldado limitado, mas obediente, o império fica com o segundo. Aguardamos em breve a chamada do vice pelo chefe.

  9. Completando:
    Do Twitter de Bernie Sanders:

    A inação e negação de Trump e Bolsonaro ameaçam não apenas nossas vidas, mas também as gerações futuras. Americanos e brasileiros devem se unir para vencer esses demagogos de direita e agir imediatamente para salvar o planeta – nosso único lar – da catástrofe climática.

  10. Quem deveria dar um pé na bunda desse governo sabujo deveria ser os brasileiros….

    Quanto aos gringos, só gente tosca, muito tosca, acredita que essa turma canalha quer o bem do Brasil………

    Em politica não tem gente “boazinha”……há interesses…..

  11. “Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses”. John Foster Dulles – Secretário de Estado dos Estados Unidos de 1953 a 1959.

  12. Verdade. Porém o Bolsonaro não tem culpa disso. Os brasileiros já sabiam que o cara era maluco e colocaram ele na Presidência. Coisas piores vão acontecer, agora aguenta.

  13. Resumo da ópera bufa:
    Trump não se reelege por ser tão minúsculo em negociar com o nanico presidente norte-coreano e Macri definha nas eleições argentinas por ser o prometheus que os fundos abutres o comeram a ponta do mais capitalista mais anti peronista suporta-lo.

  14. A respeito de um filme publicitário, em inglês, do ministerio da infraestrutura que começou a circular para vender o Brasil aos investidores internacionais: Trata-se do Brasil que foi construído nos 13 anos do PT, sendo agora divulgado pelo governo mais incompetente que já existiu, como se fosse obra de seus 7 meses de incompetência é burrice!! Por falar em burrice, o filme revela o “país comunista” que o presidente Lula e a presidente Dilma construíram (e que os desinformados pelo ódio garantem que está destruído por obra do PT!!) Como se vê, fake news tem perna curta! ??????

  15. “Hoje a situação mudou radicalmente. Bolsonaro passou a ser tratado como um “demônio” pelos principais jornais do mundo, New York Times, Washington Post, The Economist e Financial Times”
    Estes jornalecos não sabem de nada.
    Bom mesmo são os jornais brasileiros que tratam este mentecapto como grande estadista.
    E o pior é que uma boa parte de brasileiros acredita, principalmente aqueles que mais estudaram.
    Isto prova que a educação no Brasil é mesmo uma porcaria.

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