Eleições inglesas: uma onda anti-neoliberal?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Eleições inglesas: uma onda anti-neoliberal?

por Fábio de Oliveira Ribeiro

A Islandia deu uma banana para o Mercado e começou a se recuperar da crise neoliberal mais rápido do que todos os países europeus. Os banqueiros e políticos que lucraram destruindo a economia do país foram duramente responsabilizados.

Na Grécia, a tentativa de seguir o exemplo da Islandia naufragou. Pressionado pelos burocratas da UE e pela Alemanha, o governo de esquerda eleito pelos gregos aplicou a cartilha do FMI: privatizações e redução de direitos trabalhistas, sociais e previdenciários.  O resultado foi catastrófico. O país continua sendo sacudido pelos conflitos trabalhistas e sociais. A economia grega continua afundando e o endividamento do país apenas aumentou.

Portugal encontrou um meio termo entre a tragédia grega e a ousadia islandesa. Sem alarde (e sem prender políticos e banqueiros neoliberais) Lisboa abandonou a cartilha do neoliberalismo e a economia dos nossos patrícios europeus voltou a crescer. Os desempregados e famintos espanhóis e italianos, vítimas de governos que seguiram o receituário neoliberal, certamente estão invejando os portugueses.

No Brasil, com ajuda de um Congresso povoado de deputados e senadores criminosos  o usurpador Michel Temer tenta impor aos brasileiros o remédio grego. A imprensa está ao lado dele. A que aposta na sua queda diz, contudo, que as “reformas” deverão ser mantidas pelo sucessor dele eleito de maneira indireta.

O fiel da balança pode ser a Inglaterra, onde os trabalhistas ameaçam recuperar o poder com um programa que rejeita abertamente os ideais do neoliberalismo. À medida que Corbyn se aproxima de uma vitória eleitoral, uma parcela imprensa britânica se tornou tão ou mais histérica que a imprensa brasileira.

O golpe de 2016 e sua preparação jornalística (intensa campanha contra Dilma Rousseff antes e depois das eleições de 2014 por todos os grandes jornais, revistas e redes de TV) podem ter estabelecido um padrão. Mas ao contrário do Brasil a Inglaterra tem uma imprensa plural. O The Guardian, por exemplo, procura se ater à verdade factual das eleições sem atacar irracionalmente o candidato trabalhista e dá espaço para os admiradores dele.

O judiciário brasileiro interferiu diretamente na vida política do país ao deixar um criminoso iniciar e conduzir a fraude do Impedimento. O judiciário inglês, contudo, raramente interfere na política e conviveu tranquilamente com governos trabalhistas que tinham propostas até mais radicais que as de Corbyn.

Se os trabalhistas ganharem a poder com uma pequena minoria os conservadores ingleses se sentirão tentados a aplicar a “receita brasileira”*? Se Jeremy Corbyn conseguir impor seu programa qual será o reflexo da onda anti-neoliberal na Europa e América Latina? A conferir.

 

*receita brasileira: ruptura da legalidade mediante fraude parlamentar judiciária.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

Fábio de Oliveira Ribeiro

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  • Mas o problema é o capitalismo, não o neoliberalismo

    Os ingleses estão tomando a parte pelo todo. They will get fooled again

    • Simples Rui, Neoliberalismo é o capitalismo versão 3.0.

      1.0 é o Capitalismo (que já era no início, liberal sem o nome)

      2.0 é o Capilalismo com o nome de liberal.

      3.0 é o Capitalismo que como é mais novo virou neo ou seja neoliberal.

      Na verdade 1.0 = 2.0 = 3.0= .......

      Que tal o comunismo sem versão?

  • Pobre coitado do país?

    A eleição na Inglaterra assim como a Francesa pode definir os rumos da política internacional, pois conforme os resultados pode-se caracterizar uma virada comportamental mais forte para uma nova situação.

    Quem lê o artigo? Meia dúzia. Quem o comenta? Dois abestalhados.

    Mas o importante é saber se o Temer cai nesta semana ou na próxima, pois os destinos do mundo ocidental estão para ser decididdos do STE.

    Vão todos se catar!

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