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O naufrágio no Mediterrâneo e a globalização.

No primeiro naufrágio morreram quase 400 pessoas. No segundo, alguns dias depois desta catástrofe foram mais 100 mortes. Aproximadamente 500 seres humanos perderam a vida tentando chegar ao continente europeu.

E como acontece sempre nesses casos a maioria das vítimas são crianças e mulheres.

Os que conseguem chegar são imediatamente detidos e, dependendo do país que os “acolheu” podem fica de 2  a 18 meses recolhidos até serem deportados.

Estamos falando de outra tragédia humano que insisti em mostrar a incoerência entre discurso e realidade.

O mar Mediterrâneo, cantado e decantado por sua exuberância e águas azuis, tingisse de vermelho  sangue.

Pessoas fugindo da miséria, doença, fome, guerras e sem perspectivas de vida se arriscam nesta louca travessia. Em embarcações precárias. Colocam suas vidas e de seus entes  e seu futuro nas promessas vazias de atravessadores e capitães bandidos.

A Europa se fecha cada vez mais num comportamento xenófobo.  Como se cada imigrante africano fosse o grande responsável pela crise.

Se nos remetermos ao início do século XX veremos que estes mesmos países que os rejeitam são os culpados pela pobreza dos africanos. Colonizando-os de forma predatória, sem respeito a tradições e culturas semearam uma colheita de desespero. E colhem desespero.

Porém, como bons anfitriões de “cabaré” querem selecionar quem pode ou não pode adentrar em seus territórios.

A tão falada globalização é sofisma das mais sofríveis. Globalizam-se o capital, não a força de trabalho. Globaliza-se a tecnologia exploratória, não o conhecimento. Globaliza-se as perdas, não os lucros. Globaliza-se o eu, não o outro.

E assim mantém-se o “status quo” de uma casta de sabujos de linha torta. De interesses egoístas.

O que se discute na União Europeia é desonerar  Portugal, Espanha e Itália.  Antes: cada país que cuide de seus imigrantes. Agora, quem sabe, irão estabelecer uma cota para cada país do bloco. Descobriram que os africanos não têm como destino exatamente essas nações. Elas apenas são os pontos mais próximos.

Os EUA tem seu México e seus grupos paramilitares de caça-ao-pombo. Matam com o prazer de quem protege uma grande verdade. Israel com seus muros e postos. O Brasil doméstico encontra quem reclame dos nordestinos, e por falta deles serve bolivianos, haitianos e africanos. E tantos outros com postura indigna agem de forma semelhante. Para um rico existe outro mais rico. Para o pobre também.

Aversão ao outro é geral. Sempre há alguém gostando de ninguém.

No bem sucedido intercambio de ódio tratam a vida como se vida não houvesse. São os números pitagóricos esmagando o amor divino.

Esquecem os donos da Europa de que a miséria tem suas armas. As pessoas, seus  limites.  O filho bastardo reclama direitos na herança.

Matá-los, prende-los, deportá-los não é a solução.  Pois, não se enganem: não é por admiração ao charmoso estilo de vida do velho continente que eles se arriscam. O buraco é mais embaixo.

Redação

Redação

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