Os casos escabrosos da mídia e o fla x flu político, por Luis Nassif

A discussão pública chegou a um grau de maniqueísmo sem precedentes. Qualquer tema, por mais escabroso que seja, é tratado sob a ótica de esquerda- direita. A única vantagem é permitir identificar onde a imbecilidade campeia.

Dia desses, um Procurador da República de Curitiba postou um Twitter indignado. Houve mais repercussão no caso do vigilante que matou um cachorro na porta do supermercado do que das duas mulheres lésbicas que mataram a criança e queimaram seu pinto.

Qual a razão da indignação com o resultado desse festival do escabroso? É que as duas mulheres representam a diversidade e o segurança representa a segurança. A conclusão óbvia, desse raciocínio tortuoso, é de que o marxismo cultural estimulou o noticiário sobre o matador de cachorros e poupou as duas assassinas, por serem lésbicas. Como se fizesse parte dos procedimentos lésbicos assassinar crianças e assar o píu-piu.

Seu twitter imediatamente foi impulsionado pela máquina de propaganda do bolsonarismo, a ponto de receber 31 mil likes. Valeu-se de um episódio perpetrado por duas malucas assassinas para tentar criminalizar a causa LBGT.

Nem se diga o caso Neymar, crucificado pela ala esquerda por ser Neymar e defendido pelo inenarrável juiz-halterofilista Marcelo Bretas por ser a parte forte.

Não há a menor preocupação em se debruçar sobre os fatos, em não fazer pré-julgamentos. É um fla x flu que revira os intestinos. Se juiz e procuradores externam posições ideológicas até em casos públicos escabrosos, é possível esperar isenção nos casos sob sua responsabilidade?

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Prezado Nassif
    Além da Era da Ignorância, onde “juízes” e “procuradores” são grandes responsáveis pelo Advento das Trevas, observamos que o Mal nunca dorme, nem descansa: JP Lemann (criatura sinistra), comprou (ganhou, melhor dizendo) a CEPISA por 50 contos.

  2. Só pra lembrar, o diagnóstico da Judicializaçao da Política e das Relações Sociais é dos anos 90!
    Trinta anos depois nem os “operadores do direito” entenderam; sequer leram!

  3. A analise rasa do caso das lésbicas é ainda pior pois existem inúmeros casos de heteros / pastores / cidadãos “de bem” sádicos que também não geram comoção. Enquanto o país é desmontado perdemos tempo com Neymar, com roupa rosa e azul, com chocolates e guarda chuvas.

  4. Para ser mais isento seu comentário vc deveria incluir os jornalistas nesse grupo que externam suas posições ideológicas por meio de seu ofício. A imparcialidade dos jornalistas é o grande diferencial de uma sociedade verdadeiramente democrática mas infelizmente não é isso que observamos. Os “formadores de opinião” escolheram um lado e não é necessariamente o do respeito à democracia.

  5. O Le Monde foi MUITO feliz ao definir o Brasil de hoje.
    “O Brasil, governado pelo presidente Jair Bolsonaro, corre o risco de virar uma “idiocracia”, diz um artigo publicado pelo jornal francês Le Monde. A publicação avalia o nível intelectual do mandatário e compara a situação do País ao filme “Idiocracy”.
    A idiocracia brasileira é o governo dos ignorantes, dos idiotas.”
    O pior é que grande parte do povo foi assolado pela mesma doença, a burrice infinita.
    Vejam os casos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. É idêntico.
    Será que esta coisa é contaminosa?

  6. O que dizer do caso da pesquisadora negra que teria fraudado seu currículo que, durante uma semana, permaneceu na primeira página da edição digital da FSP?

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