Brasileiro desconhece impacto global de alimentação não saudável

Uma nova pesquisa realizada em seis países pela Consumers International, a federação internacional de organizações de consumidores, da qual a PROTESTE Associação de Consumidores faz parte, mostra que um grande número de pessoas não tem conhecimento do grande impacto que as dietas não saudáveis estão tendo sobre a saúde pública global.

Apenas 12% dos brasileiros identificaram que as dietas não saudáveis contribuem para mais mortes do que as guerras, o tabagismo, o consumo de álcool, o HIV/AIDS ou a malária. Quase nove em cada 10 brasileiros (88%) subestimam o impacto global de dietas pouco saudáveis quando comparados a outras causas.

Contador online a ser lançado nesta segunda-feira (18), mostrará o número de anos de vida saudável perdidos em consequência de dietas pouco saudáveis e o custo financeiro global de obesidade. O lançamento coincidirá com a abertura da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, na Suíça.

Saiba mais sobre a campanha de Consumers International para a convenção global de proteção e promoção de dietas saudáveis.

A pesquisa também mostra a demanda por ações para ajudar os consumidores a escolher uma dieta saudável.

Medidas como a redução de níveis elevados de gordura, açúcar e sal em alimentos todos os dias (74% apoiam fortemente, 25% apoiam), que regulamenta a comercialização de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal para crianças (59% apoiam fortemente, 34% apoiam) e dando aos consumidores mais informações sobre os níveis de gordura, açúcar e sal nos alimentos (83% apoiam fortemente, 16% apoiam), receberam níveis muito elevados de apoio.

Estes resultados são talvez não sejam surpreendentes, dada a importância que as pessoas atribuem à garantia dos brasileiros e suas famílias de comer uma dieta saudável (75% acham “muito importante” e 24% “importante”).

Para Amanda Longo, diretora geral da Consumers International, a pesquisa sugere que poucas pessoas entendem a escala da crise de saúde que estamos enfrentando. Dietas pouco saudáveis contribuem para 11 milhões de mortes por ano, categoria acima do tabaco como a principal causa mundial de doenças não transmissíveis evitáveis, como doenças cardíacas e câncer. A obesidade por si só custa à economia mundial 2 trilhões de dólares por ano.

Desde 1980, a prevalência de obesidade em todo o mundo quase dobrou e a incidência de diabetes tipo 2 aumentou com dietas pouco saudáveis, o maior contribuinte para o problema global.

Para a CI, é preciso resolver urgentemente esta questão e a entidade está exigindo da Assembleia Mundial da Saúde apoio ao desenvolvimento de uma Convenção Global para proteger e promover dietas saudáveis.

A Consumers International tem feito campanha para uma Convenção Global para proteger e promover dietas saudáveis, usando um mecanismo semelhante ao da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, que envolveu a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Estados membros.

A Convenção Quadro para Controle do Tabaco foi o primeiro tratado internacional de saúde pública da história da OMS. Em vigor desde 2005, o acordo vincula todos os países signatários (178 no total) a implementar um rol de medidas antitabaco em nível local, com metas e prazos a cumprir. Entre as ações obrigatórias, estão a proibição da propaganda de cigarro, promoção da educação e de conscientização da população e a inserção de advertências nas embalagens, por exemplo.

A proposta é comprometer os países membros da OMS com políticas que incluem restrições à comercialização de alimentos pouco saudáveis para crianças, melhor rotulagem nutricional, reformulação de alimentos transformados para reduzir a gordura, açúcar e sal e o uso de instrumentos fiscais para apoiar o consumo de alimentos saudáveis.

Um tratado mundial de promoção e proteção da alimentação saudável é fundamental, pois atualmente, mais de dois bilhões de pessoas estão acima do peso – ou quase 30% da população mundial; cerca de 11 milhões de mortes por ano estão ligadas à alimentação inadequada; e o impacto econômico chega a dois trilhões de dólares por ano – ou quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. São números bastante alarmantes.

Redação

2 Comentários

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  1. Hábitos de vida saudáveis é muito mais do que dieta.

    É sabido que quando uma pessoa ou uma família muda seus hábitos de vida de sedentária para ativa, através da prática de um esporte, aqui incluindo as caminhadas, as trilhas, observação de aves, pesca, yoga, fitness, entre muito outros, imediatamente é levada a abandonar hábitos menos saudáveis como ir na padaria da esquina de carro, maior uso de transporte público  e/ou alternativo ( olha aí a bicicleta),  diminuição do consumo de tabaco e álcool, não pegar elevador para ir ao segundo ou terceirro andar, etc. Ao mesmo tempo aumenta a procupação em se ter uma alimentação mais saudável e sem excesso. 

    Estas coisas não podem ser separadas.  Isto tudo associado a uma boa política governamental, forma um quadro geral capaz de reverter a epidemia de obesidade.  Não acredito que haja solução somente levando-se em consideração a alimentação.

    No entanto o que temos no Brasil?  Bem basta ver a satanização dos ciclistas e das ciclovias em São Paulo, e a recente mudança da lei que desobriga  a indicação de que um produto tem algo de transgênico.

    Pelo menos uma coisa devo confessar que me surpreendeu no texto, não houve nenhuma referência à genética e a vírus como causa da obesidade e consequente aumento  do diabetes e doenças cardiovasculares.

    Como só um exemplo da catástrofe , na população indígena norteamericana, mais de 80% das crianças e adolescentes são obesas e sofrem de diabetes.  As cadeias de fastfood e a indústria alimentícia  estão conseguindo realizar o sonho do General Custer,  dizimar a população nativa. 

  2. alimentaçao saudável

    Nessa questão os brasileiros nao sao diferentes dos demais países, nem dos vizinhos, nem dos que estão acima da linha do equador

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