Em live recente com um site de Oncologia, no começo de abril, o médico Nelson Teich não se comportou como um terraplanista. Deu explicações razoáveis sobre as falhas do sistema de saúde e as maneiras de se planejar a batalha contra o coronavirus. Mesmo a frase mais polêmica – sobre a compra de ventiladores -, colocada no contexto é menos drástica do que parece. Disse ele que há muitas prioridades de compras. Sem um planejamento pode haver compras excessivas de alguns equipamentos em detrimento de outros. Com planejamento, poderia haver remanejamentos racionais. Mas – salientou ele – o papel do gestor é se preparar para todos os cenários, mesmo os mais improváveis.
Seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, deixou um legado de vulnerabilidades e algumas virtudes.
Dentre as vulnerabilidades:
- Não acionou a rede privada, para atuar de forma complementar ao SUS (Sistema Único de Saúde), provavelmente devido às suas ligações com os planos de saúde.
- Permitiu aos planos acesso às reservas técnicas – depósitos realizados da Agência Nacional de Saúde, para garantir o cumprimento dos compromissos com os usuários – sem impor nenhuma contrapartida. Novamente, devido às suas ligações com a Unimed.
- Não montou nenhum plano de contingência para duas áreas centras de combate ao coronavirus: favelas e periferia e presídios.
- Atrasou drasticamente os testes com coronavirus, devido à demora em adquirir no exterior.
- Não articulou o trabalho de reconversão da indústria, que exigiria montar um meio campo entre órgãos de fomento e setor empresarial.
- Deslumbrou-se com a popularidade adquirida, planejando sua saída antes da crise chegar ao pico.
Dentre as virtudes:
- A articulação com Secretários de Saúde de todos os estados, independentemente de filiação partidária.
- Liderança da máquina pública, que trabalhou a favor, inclusive anulando o terraplanismo do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
- A resistência contra o terraplanismo de Bolsonaro.
Com isso, conseguiu apagar da opinião pública o início desastroso de sua gestão, acabando com o Mais Médicos e aceitando o enfraquecimento do SUS, e a demora em tomar atitudes ante o coronavirus.
Teich assume com uma desconfiança central: o fato de ser um Ministro de Bolsonaro. Seu julgamento será muito mais rigoroso que o de Mandetta. Cada vacilo será cobrado, cada concessão fuzilada. Para vencer as desconfianças, ele teria que tomar atitudes firmes, incompatíveis com o modelo Bolsonaro de truculência. Mais ainda depois de se saber que Bolsonaro colocou olheiros do Ministério e monitoramento para evitar que Teich ganhe vida própria.
Nos primeiros movimentos, Teich deu bons sinais, acenando para a cooperação com os conselhos Secretarias estaduais de saúde. E a visão correta de que a luta contra a pandemia tem que contemplar simultaneamente a saúde, a economia e a questão social.
Mas paira sobre ele a convicção de que não conseguirá servir aos seus três senhores: a saúde, o mercado e Bolsonaro. Assim como Mandetta, fora do governo seus clientes vêm do mercado.
Suas vulnerabilidades são óbvias:
- Falta de conhecimento da máquina pública.
- Compromissos com o mercado, que, a exemplo de seu antecessor, poderá impedir a convocação da rede privada como complementar ao SUS.
- Necessidade permanente de prestar contas a Bolsonaro.
Por tudo isso, a probabilidade de sua gestão ser bem-sucedida é bastante pequena. O que reforça o cenário de agravamento da crise, com consequências sociais, políticas e econômicas.
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Necrogestor do necrotério
Compra em massa de respiradores – Não tem contexto ou fora de contexto que salve. São 5.570 municípios neste infeliz e desgraçado país, 90% deles pobres e carentes, que nunca sonharam em ter um equipamento como esse, e poderiam receber esses equipamentos após a crise. Portanto, 5.570 bons motivos.
Quando usa a palavra “gestor”, tão ao gosto do mundo corporativo, quer passar a imagem de moderno, de CEO corta-custos, e não como esses “sanitaristas perdulários que só pensam em salvar vidas, sem se importar com os custos, ora onde já se viu”. Música aos ouvidos do patrão.
Segundo o site da Oncologia Brasil (https://www.oncologiabrasil.com.br/), a gravação do evento por videoconferência ocorreu dia 07.04:
O Impacto da COVID-19 no mercado de saúde
Confira o webinar realizado em 07/04, com Dr. Nelson Teich, médico oncologista e gestor de saúde, e Pedro Bernardo, economista e especialista em mercado farmacêutico. Moderação: Octavio Nunes, Diretor Executivo do Grupo MDHealth no Brasil.
Ora, isso foi há apenas 9 dias da nomeação do ministro. Ora, a fritura do Mandetta já estava em curso há pelo menos 3 semanas. Ora, é claro que o Nelson Terceiro Reich já tinha sido contatado. Ora, é claro que nesse evento já afinou o discurso para agradar ao patrão. Ora, tenha dó.
Prefeitos, governadores e presidentes precisam compor seus secretariados e ministérios. No caso da Saúde, coloque-se lá um médico sanitarista, ele saberá o que fazer. A escolha da área de atuação diz tudo sobre esse médico. Entre 1982-1994, convivi muito com os colegas da minha então mulher, cansei de ouvir deles, entre risadas, que médico sanitarista era “tudo comunista”. Na época, achava graça.
Um necrogoverno, tendo no comando um necropresidente, que pratica a necropolítica, nomeia um necroministro pra gerente do necrotério.
Muito mais técnico e preparado do que Mandetta.
Mandetta entrou pela política, fazendo política (melhor dizendo policalha) e sai fazendo política (ou melhor policalha).
O que ele planejou para a Saúde ??? nada, senão promoveu o desmonte e a desarticulação do sistema de saúde pública
Nélson Teich talvez (se sincero ao que disse nesse vídeo conferência do início de abril) faça uma administração da Saúde planejada e com objetivo a alcançar.
Bolsonaro, de outro lado, vai continuar com suas patacadas (aliás, já apontadas pelo militares que assumiram o comando informal do país) até por em risco o Brasil (no entender do novo comando informal militar)
Acho difícil “dar certo” qualquer coisa que venha desses golpistas, se tomarmos “dar certo” como aprofundamento da Democracia e da Civilidade. As orientações da qual os golpistas não abrirão mão nunca (por serem orientações fundamentais, pilastras sobre as quais todo o resto é erigido) são:
– Diminuir a independência e a soberania do nosso país e tornar-nos o mais dependente possível dos EUA
– Verter os poderes públicos – econômico e político – para atendimento às demandas dos donos de empresas privadas
– Aprofundar a alienação das pessoas de suas cidadanias, inclusive produzindo e apoiando simulacros de cidadania baseados não em princípios democráticos mas sim no consumo: some o caráter cidadão das pessoas para surgir o consumidor.
mas salvo engano, todo o sistema “privado” (pois fundações, que têm o fiscal a lei para ajudar na administração) deve ao SUS a sua parcela. o ódio ao SUS é justamente a intervenção do estado, que obriga a rede “privada” a ceder parte de seu aparato ao público. daí a pergunta, como assim não chamar a rede “privada”? ela é obrigada a destinar ao público.
“Seu julgamento será muito mais rigoroso …”
Sim, o de Bolsonaro, que até colocou “olheiros””
Sob o critério pessoal militar de “fiel e obediente” à sua pessoa e à sua ideologia pancrácia.
Se fugir disso, será expulso, qualquer que seja o julgamento da sociedade e suas instituições.
Se não, fica, por pior que seja, como: Weintraub, Araújo, Salles, Weingarten, Damares, Aparecido Astronauta, Guedes, Lorenzoni, Moro, Cristina, Heleno, Marcelo Antonio, Regina Duarte, os da AGU, CGU, BNDES e BC, e outros como Erika Marena, Castelo Branco e outros que nem me lembro.
Só os que não “obedeceram à obediência” foram saídos.
Por mais esdrúxula que precise ser.
O dr. Morte não é um gestor. É um consultor que trata a Medicina como um mercado de oportunidades para lucros estupendos. Não acredito que ele tenha compromisso com a Saúde Pública. Eu vejo o dr. Morte mais interessado em sua própria saúde financeira.
Qualquer um, inclusive o golpista e queridinho dos planos de saúde, defensor do agronegócio e da privatização do SUS, etc., que se envolva com a hiena miliciana, NÃO VALE NADA COMO CIDADÃO.
** Então quer dizer q o novo ministro da saúde (oncologista) foi quem assinou os atestados do Bolsonaro após a cirurgia? Vou repetir: quer dizer q o novo ministro da saúde é aquele ONCOLOGISTA q assinou os atestados para Bolsonaro ñ ir aos debates?
O brilhante Eric Nepomuceno lembra que Nelson Teich já “confessou que precisa de uns 15 dias para ficar a par do funcionamento do ministério. Ao ritmo de uns 200 mortos por dia, isso quer dizer que daqui a uns três mil e poucos cadáveres ele terá começado a tomar pé da situação”
Acima de ser técnico precisa ser político e concordar com o presidente para ser nomeado. Pode até ser mais preparado que o Mandetta, mas “preparado” para quê?… Difícil ser sincero em qualquer governo. No atual governo, impossível!…
Logo, logo vai morrer alguém “importante” o suficiente para assombrar até nosso Messias!…
Teich não é uma escolha de Bolsonaro e sim dos militares que fazem parte de seu governo. Eles têm uma visão realista do perigo que cerca a nação pois órgãos de inteligência das forças armadas já têm estudo sobre as consequências da epidemia no país. É de se notar que as palavras de Teich em seus pronunciamentos em nada diferem do que Mandetta vinha falando e sempre em contradição às pregações do Bozo. Fosse deixada para Bolsonaro as opções de escolha do novo ministro e teríamos Osmar Terra assumindo a pasta. Bozo está no fim e com toda certeza já está com sinais da doença, só estão esperando que vá para uma uti para que assuma o seu vice, Mourão.