Não estamos atacando as causas da violência, diz ex-secretário de segurança

Jornal GGN – “A única ideologia que nós temos, hoje, é a ideologia da prisão. É construir presídios. Nós não estamos atacando as causas.” A opinião é do advogado criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Na última segunda-feira (17), ele participou do programa “Brasilianas.org”, da TV Brasil, que promoveu um debate sobre a disseminação da violência no Brasil.

http://www.youtube.com/watch?v=-NEVQXp4NPw width:640 height:480 align:center]

“A violência é menos um problema policial do que um problema social”, afirmou o especialista. “Nós precisamos mudar o discurso. Esse discurso de que a única solução para o crime é a cadeia. Esse discurso de que as causas devem ser relegadas, o importante é punir, não prevenir o crime.”

Para a Major da Reserva da PM (Polícia Militar) do Estado de São Paulo, Tânia Pinc, a violência é tratada pela lógica da punição no Brasil. “É por isso que existe esse apelo a leis mais duras, a penas mais rigorosas, à pressão para que a polícia aumente cada vez mais o número de prisões.”

 “Esse [a punição não pode ser o recurso principal”, afirmou Tânia, que também é mestre em Ciência Política pela USP (Universidade de São Paulo). “Existe muito pouco investimento, muito pouca atenção para a prevenção do crime.”

Também presente no debate, a socióloga Camila Caldeira Nunes Dias fez coro às críticas dos outros convidados. “O encarceiramento não produz nada de positivo”, afirmou. “A prisão só produz violência.”

Desmilitarização da polícia é “bobagem”

Na opinião de Mariz, a ideia de desmilitarização da polícia, “em um país convulsionado, com violência nas ruas, é uma grande bobagem”.

Tânia disse não acreditar que a desmilitarização possa melhorar o desempenho da polícia. “Essa política foi implementada na segunda metade dos anos 1960. E quanto mais uma política avança no tempo, mais dificuldade você tem para mudar esse modelo de política.”

Além disso, para ela, o custo político e econômico da extinção da Polícia Militar seria “muito elevado”.

Redação

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Violência e as Drogas

    A violência não é um fenômeno que possa ser analisada sob um olhar simplista, pois possui multiplas faces e, portanto, não há o recurso da bala de prata. Querer ver a sociedade entre bons e maus é no minimo hilário, para não ser tragicômico. O ser humano é um ser complexo, em que guarda em si tanto o seu lado sombra, como o seu lado luz. Quando vemos a violência no Brasil nos dias atuais, cabe-nos refletir sobre alguns temas: os indicadores sociais são os melhores dos últimos cem anos, o cenário econômico, também, é muito favorável; todavia a violência  se apresenta de forma endêmica. O que será? Ao tempo em que a sociedade se reconstroi em seus varios modelos, a figura do prazer é sobrevalorada. O prazer se desvia de um sentimento transcendental e passa para o material: a cultura do acumular; do ter. Ademais, as relações interpessoais são minimizadas em prol da sobrevaloração do “eu”. Após este introito, passo a refletir que crises existências levam a desestruração de relações e, a droga licita ou não entra nesse cenário como medida miticatória. Havendo um mercado consumidor ávido por consumir, por que não teriamos um mercado abastecedor? Tratase de lei de mercado, que muitos capitalistas, apesar de orarem na cartilha do livre mercado, quedam-se cegos para entender. O consumo das drogas  ilicitas no mundo tem  crescido, ao tempo em que o consumo das as drogas licitas, submetidas ao processo regulatório vem tendo o seu consumo diminuido. Parece-me que dentre tanto pilares da violência urbana brasileira tem dentre tantos pilares , o da droga ilicita. O consumo crescente dessas substâncias tem levado a sociedade a ter uma percepção, no minimo, esquisofrênica: satanizar o traficante e tornar anjo o usuário. Todos são atores de uma mesma problemátia, que deve ser encarada de forma tal, que se perceba, que o maior dano hoje não é ao enfermo( Paciente Identificado), mas toda a sociedade, sobretudo os pobres, da periferia ,que são vitimas de homicidios em escala fordiana. Necessário se faz refletirmos e discutirmos este tema, sem os preconceitos que nos envolve.

  2. preguiça

    O que eu acho é o seguinte. Há uma boa parcela da população que simplesmente não quer nada. Apenas consumir. E para consumir em nossa sociedade, aliás, em qualquer uma, é preciso dinheiro. Peguemos o exemplo de um bandido que foi criado em um lar com pai e mãe. O sujeito teve oportunidade de ser criado em um lar com pai e mãe, boa educação. Boas escolas e etc. Mas decidiu-se pelo caminho do crime. Então o sujeito é preso. Imaginemos que nossas prisões fosse exemplo para o mundo todo. Se o sujeito que cresceu num lar com pai e mãe, com oportunidades e etc enveredou-se pelo caminho do crime, da bandidagem, será na prisão (seja ela boa ou não) que o marginal vai deixar de ser bandido? O que devemos entender é que há pessoas que simplesmente não querem nada. Não querem estudar, não querem trabalhar, não querem fazer nada, apenas consumir. E para consumir é preciso dinheiro. E só há duas formas de ganhar dinheiro. Trabalhando ou roubando. O tal menor que foi preso e que recebeu os comentários da Sherazade e que rendeu inúmeras discussões. Voltou a roubar de novo. Qual a desculpa? Sou vítima do sistema? Não tive oportunidade? Se não existe a menor chance de um sujeito que cresceu num lar equilibrado e que tornou-se delinquente se recuperar, imagine aqueles que não tiveram nada disso. Sim, existe uma boa parte da população, que simplesmente não quer ABSOLUTAMENTE NADA. NADA. Podem inventar a política que quiserem que ainda assim, não vão querer NADA. Apenas consumir, e para consumir é preciso dinheiro! E para conseguir dinheiro só há duas formas, trabalhando ou roubando.

  3. Com todo respeito ao

    Com todo respeito ao advogado, creio que a sua afirmação de que não existe impunidade no pais, porque existem “600 mil presos nas cadeias” esta errada.

    A questão é que prendemos as pessoas erradas.

    Mais da metade deste contingente é composta de miseráveis que foram encarcerados porque venderam um pacotinho de maconha.

    Enquanto isso 95 % dos homicídios não são julgados.

    Todos falaram na prevenção, em politicas sociais.

    E claro que elas são necessárias, positivas.

    Mas vamos nos ater as questões praticas,realizáveis.

    O governo do PT é cheio de erros e mediocridades, mas é, no universo politico, o mais comprometido com as questões sociais.

    O que fez nesse campo é o limite máximo que a nossa sociedade praticamente pode alcançar.

    Mesmo assim a criminalidade esta crescendo.

    Acho que os mais pobres devem ter melhores escolas, acesso a cultura, ao bem estar.

    Ao mesmo tempo penso que uma pessoa que empunha uma arma para assaltar, sequestrar, estuprar deve mesmo ser encarcerada.

    E por muito tempo.

  4. As abelhinhas – câmaras pessoais que filma a ação policial

    Só o uso das abelhinhas ia diminuir o crime em mais de 70%.

    Não fazem porque não querem. A tecnologia é do século passado.

    Falta a muitos aqui do blog e da população mais estudo sobre filosofia e psicologia das massas, eu também não sou um especialista, mas li em um livro do professor Miguel Reale sobre política, como funciona o controle das massas na sociedade moderna, a idéia é de um filosofo Francês, Maurice Haurriou, que diz:

     

    “O controle social se dá em cima do pessimismo individualista”

    Por aqui entra o estado policialesco, que destroi a democracia e os direitos individuais, escancarando a sociedade para a escravidão de fato, exercída de modo despótico por um líder autoritário invisível.

    1984?

  5. Debate sobre violência e suas consequências

    O debate no sentido etmologico da palavra é algo que acontece em qualquer democracia normal e ele deve ser exercido dentro do respeito, sem ofensas e sem brigas, onde o direito de opinar é de todos participantes, mas quando se parte para a violência, se acabou o debate. Idéias muitas pessoas as têm, mas a idéia tem de ser útil, no sentido de ser utilizada, ficar só falando em teorias não leva a nada. O que não pode é um amontoado de baderneiros atearem fogo em lojas, carros e agredindo as pessoas que estão nas ruas. Aí já é coisa de bandido e bandido, penso que a única solução é cadeia, pelo em nosso país, que quatrocentos e tantos anos foi governado pela direita e não chegou a lugar algum, agora com doze anos de esquerda já querem que dê tudo certo. Esperem aí gente a coisa não é desse jeito. Pensar,  vem do latim pensare, que veio também a palavra pesar, colocar na balança, raciocinar. É por aí, o debate saudável sempre é bom e os dois lados ganham.

  6. “em um país convulsionado,

    “em um país convulsionado, com violência nas ruas, é uma grande bobagem”.

    Cinquenta pessoas numa manifestação contra a copa é convulsão social ?  Um país onde as pesquisas colocam a presidenta como reeleita no primeiro turno, está convulsionado ? 

     

    Que brincadeira é essa ? O Brasil merece seriedade. A única coisa que está convulsionada no Brasil é a MÍDIA.

    1. Voce deve achar que 190

      Voce deve achar que 190 onibus e varios caminhões incendiados em SP, algumas cabeça decaptadas em presidios, centenas de armas de uso restrito das FA nas mãos de bandidos, nas favelas, é pouca coisa.

      1. Há muitos aqui em estado de

        Há muitos aqui em estado de letargia profunda. Não esquente a cabeça.

        Matamos uns aos outros 50 mil por ano nos cálculos precários.., mas tá “de boa”. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador