Família Bolsonaro usou e abusou de dinheiro público em voos pessoais

Além das viagens no avião da FAB sem razão governamental, a família oferecia caronas a amigos e levaram até a cachorra

Jair Bolsonaro antes de entrar em avião. | Foto: Alan Santos/PR

Abusos da família Bolsonaro estão pipocando na mídia desde que o mandato de Jair chegou ao fim. Mensagens divulgadas agora, no especial do portal Metrópoles, dão notícia de que a família usou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagens pessoais.

Os aviões levaram tanto a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, quanto os filhos Carlos e Renan Bolsonaro, para participarem de eventos privados, cultos religiosos e transportar amigos e parentes.

Com base em dados oficiais do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República relativos aos quatro anos em que Jair Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto, foram mapeadas mais de 70 viagens da família — todas feitas sem que o próprio Bolsonaro estivesse a bordo.

Foram 54 voos da então primeira-dama Michelle Bolsonaro, 10 do vereador Carlos Bolsonaro e 7 de Jair Renan Bolsonaro, filhos do agora ex-presidente.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) utilizava o aplicativo WhatsApp para trocar mensagens a respeito das viagens solicitadas pela família.

Funcionários revelam que os “pedidos” eram feitos em tom de ordem e tudo sob a tutela e coordenação das Forças Armadas, a chefia do setor.

As 54 viagens de Michelle

Michelle Bolsonaro, por exemplo, usufruiu do dinheiro público sem nenhum pudor. A ex-primeira-dama usava as aeronaves, combustíveis e funcionários, tudo pago com verba do povo, para frequentar eventos religiosos.

No material coletado, existem registros de pelo menos três viagens com o propósito de rezar, sem que houvesse nenhum evento oficial que justificasse o deslocamento de Michelle.

Para ficar ainda mais caro para o bolso do brasileiro, Michelle gostava também de levar amigos e convidados, como Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionário do Senado que emprestava cartão emitido em seu nome para Michelle e que eram pagos por Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair.

Mais e mais viagens

Dos 54 voos de Michelle Bolsonaro, 33 apresentam uma finalidade vaga, sem indicação dos eventos dos quais ela supostamente iria participar.

Em agosto de 2022, Michelle usou um avião da FAB para participar, em Belo Horizonte, de uma celebração em homenagem ao pastor Márcio Roberto Vieira Valadão, pai do também pastor André Valadão, que nos últimos dias ganhou as manchetes por incitar fiéis a matarem pessoas LGBTQIA+. 

Nessas viagens, a então primeira-dama não estava acompanhada do presidente. Foram voos exclusivos para compromissos dela.

O levantamento registra ainda viagens para Cuiabá, Manaus, João Pessoa, Belo Horizonte, Roma e Londres. Lembrando, tudo pago com dinheiro público e viagens com finalidades pessoais.

Filho de presidente não pega carona

A bonança chegou a tal ponto, que até os militares que serviam a presidência demonstraram preocupação com a rotina de voos exigidas pela família Bolsonaro.

No já comentado grupo de WhatsApp, um oficial enviou uma matéria de dez anos atrás. O conteúdo tratava de um voo da FAB que levou amigos de um dos filhos do presidente Lula de São Paulo a Brasília.

Ao preparar a viagem para Jair Renan, um dos militares demonstra preocupação ao comparar pedido com escândalos de outros governos: “As mesmas coisas feitas por outras pessoas”. Acervo Metropoles

Na mensagem, o militar observa: “As mesmas coisas feitas por outras pessoas”. “Temos que prevenir o PR (Presidente da República) e a FAB da história se repetir”, prossegue. Por fim, o oficial escreve: “Filho de presidente não pega carona”. 

Renan, por sua vez, não deixou de fazer suas viagens às custas dos brasileiros. Foi visitar a mãe, na cidade de Resende (RJ), em um voo fretado pela FAB.

Mesmo com as preocupações dos militares, até mesmo uma das cachorras da família presidencial foi transportada em um dos jatos: Beretta, a cadela vira-latas de Eduardo Bolsonaro cujo nome homenageia a famosa fabricante italiana de armas.

Fica evidente, nas mensagens trocadas no grupo de WhatsApp, que aquela não seria a primeira viagem levando a bordo animais da família. 

Mais passeios nos jatinhos com amigos

Também embarcaram nos aviões da FAB o maquiador Paulo Agustin, que acompanhou a primeira-dama em uma visita ao Hospital de Amor de Barretos, especializado no tratamento de pacientes com câncer, em 25 de outubro de 2019

Carlos Bolsonaro, por sua vez, levou como acompanhante seu assessor na Câmara Municipal do Rio. Rogério Cupti que nunca ocupou nenhum cargo no governo federal.

Em maio de 2021, Carlos Bolsonaro levou o Sargento Murilo José Geromini em um voo. A finalidade da viagem era acompanhar uma motociata de Bolsonaro no Rio.

Viagens de campanha

Entre os voos feitos pelos parentes do presidente há alguns que aparecem descritos como viagens de cunho eleitoral — isso está, inclusive, apontado na própria finalidade declarada. 

A legislação autoriza presidentes no exercício no cargo que sejam candidatos a usar aviões da FAB em viagens para cumprir compromissos de campanha. 

Os custos desses deslocamentos, porém, precisam ser ressarcidos aos cofres públicos — no caso em questão, o PL, partido de Bolsonaro, deveria reembolsar a FAB.

Os pagamentos de despesas com voos oficiais feitos pelo partido ainda estão sob análise, mas é certo que esse voo que levou Carlos e outros integrantes do entourage de Bolsonaro, especificamente, não aparecem no rol dos que foram ressarcidos pelo PL. 

Com informações da reportagem feita pelo jornal Metropoles

Isadora Costa

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