Novo presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas), Glauco Arbix admite que os cortes orçamentários darão trabalho mas não comprometerão a área de tecnologia.
Das reuniões com Dilma Rousseff, Arbix tirou a convicção de que ela não se conforma com a ideia do Brasil ser um simples exportador de commodities, com a pauta de exportações brasileiras e de capacitação das empresas. Acha que o momento abriu uma oportunidade para ampliar a inovação. E está ajudando o setor a viabilizar outras formas de captação de recursos.
Na verdade, Dilma adotou um procedimento similar ao de Mario Covas quando assumiu o governo do Estado – e aí as observações são minhas. Numa ponta, ordenou um corte linear de recursos. Depois, o Secretário da Fazenda Yoshiaki Nakano colocou técnicos à disposição de cada secretaria para ajudar a identificar programas prioritários e trabalhar com remanejamentos de verbas.
No caso de C&T, uma das saídas é ampliar a margem de negociação da reserva de contingência do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia).
Outra porta de saída da Finep será recorrer a parte do PSI (Programa de ustentação de Investimento) criado em 2008, no meio da crise. Ao transferir para o BNDES um limite par equalização de juros, permite utilização de fundos com taxas bastante adequadas.
Parte do PSI é destinada à inovação.
O de 2009 vence no final de março. Porém deve sair uma terceira versão para vigorar até fevereiro de 2012.
Finalmente, a Finep está negociando também com o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Com isso, todos os editais serão preservados. No máximo, poderá ocorrer certo impacto nos prazos. Mesmo assim, entre a aprovação e execução tem contratos, papeladas, série de procedimentos que acabam estendendo transferência de recursos, explica Arbix.
Os contratos mais recentes terão flexibilidade maior. A preocupação maior será com os projetos já contratados, para não interromper sua execução. Foi montada uma escala de prioridades para tentar minimizar o impacto.
O estilo Dilma
Arbix trabalhou estreitamente com Lula, na condição de coordenador do Núcleo de Ações Estratégicas. Pelo menos nesse primeiro mês com Dilma, impressionou-se com o novo estilo de gestão.
Dilma não é intuitiva quanto Lula, diz ele. Seu estilo é diferente: coloca o dedo da ferida de cada problema, vai para cima, agarra o touro pelo. A lógica de Brasília é não decidir nada em reuniões, mas fora delas, em acordos ao pé do ouvido. No novo estilo, ela chama reunião e decide.
Com isso, acaba imprimindo uma rota de racionalidade bastante benéfica.
Não dá para avaliar se esse ímpeto se manterá durante todo o governo, diz ele, mas esse início mostra um pique de gestão inédito.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.